Estridor de Origem Congênita Flashcards
Cite a definição de estridor e a diferença do inspiratório e expiratório.
Respiração ruidosa decorrente do turbilhonamento de ar em uma via aérea estreitada. Pode ocorrer em:
- Quando acomete via aérea extratorácica (nasofaringe, orofaringe,laringe ou traqueia cervical) o estridor é do tipo INSPIRATÓRIO.
- Quando acomete via aérea intratorácica (árvore traqueobrônquica) o estridor é do tipo EXPIRATÓRIO.
Acontece mais em crianças.
Cite os 3 sítios de obstrução da laringe, o tipo de estridor observado e os sintomas mais associados em cada um.
Supraglótica:
- Estridor INSPIRATÓRIO
- Voz abafada
- Alteração na deglutição
Glótica:
- Voz rouca (estreitamento glótico)
- Estridor INSPIRATÓRIO (pode virar BIFÁSICO SE GRAVE)
Subglótica:
- Estridor BIFÁSICO
- Choro fraco
- Voz com loudness reduzido
- Tiragem intercostal, supraesternal, supraclavicular, batimento de asas nasais.
Cite a melhor forma de avaliação da criança com sintomas laríngeos (e qual mneumônico de avaliação clínica pode ser usado para indicá-la).
- Fibronasolaringoscopia (como alternativa, a endoscopia pode ser feita sob centro cirúrgico sob sedação e ventilação espontânea.).
- A presença de qualquer um dos parâmetros do mneumônico SPECSR indica avaliação endoscópica:
S(LEEP) = estridor ao sono.
P(ROGRESSION) = progressão rápida.
E(ATING) = disfagia
C(YANOTIC) = cianose
S(EVERITY) = impressão dos pais
R(ADIOLOGY) = radiografia alterada
Sobre o estridor congênito:
Qual a prevalência do estridor de origem congênito?
- Dos casos congênitos, qual a prevalência de causa laríngeas?
- Cite 10 causas de estridor congênito.
Conceitos:
- Cerca de 85% das causas de estridor são congênitas em crianças < 2,5 anos.
- E das causas congênitas. cerca de 80% são provenientes da laringe.
Principais doenças:
- Laringomalácia
- Paralisia Laríngea
- Estenose Subglótica
- Hemangioma Subglótico
Outras:
- Fenda Laringotraqueal
- Membrana e Atresia Glótica
- Cistos Laríngeos e Laringoceles
- Linfangioma da Laringe
- Síndrome de Cri du Chat
- Síndrome de Richieri Costa
Sobre a Laringomalácia:
- Qual sua importância?
- Qual sua etiologia?
- Qual o quadro clínico?
- Qual exame deve ser solcitado?
Importância:
- Primeira causa de estridor inspiratório em lactentes.
- MALFORMAÇÃO CONGÊNITA MAIS COMUM DA LARINGE (45-75%).
Fisiopatologia:
- Etiologia ainda não completamente definida (talvez IMATURIDADE DOS TECIDOS LARÍNGEOS E DA PLACA NEUROMUSCULAR CAUSANDO PROLAPSO DOS TECIDOS SUPRAGLÓTICOS, pois há melhora do tônus com a maturação).
Quadro clínicio:
- Estridor INSPIRATÓRIO que AGRAVA AOS ESFORÇOS (choro, alimentação, agitação, supino) e melhora com repouso e hiperextensão cervical.
- ALTERAÇÕES DESDE O NASCIMENTO, MAS SINTOMAS APARECEM COM 1-2 SEMANAS.
- Piora com 4-8 meses
- Melhora com 8-12 meses
- Resolução com 12-24 meses.
Avaliação indicada:
- Fibronasolaringoscopia flexível
Sobre a Laringomalácia:
- Como é feito a classificação clínica de gravidade (casos leves, moderados e graves)?
- Cite fatores de mau prognóstico (e aqueles não relacionados).
- Cite a comorbidade mais associada.
- Cite a síndrome mais associada.
Classificação de gravidade:
- LEVE (40%): “estridor e mais nada” (estridor inspiratório isolado sem outros achados).
- MODERADA (40%): tosse, engasgos, regurgitação, DIFICULDADE ALIMENTAR (mas ganhando peso).
- GRAVE (20%): apneia, cianose, hipóxia, cor pulmonale, hipertensão pulmonar ou DIFICULDADE DE GANHO PONDERAL.
Mau prognóstico:
- APGAR baixo ao nascimento
- SatO2 basal baixa,
- Lesões sincrônicas (estenose subglótica, traqueomalácia).
- Comorbidades (DRGE, Down, neurológicas, cardíacas).
Sem relação com prognóstico: prematuridade, idade gestacional, peso ao nascimento, gênero e etnida.
Comorbidade mais associada:
- Refluxo Gastroeofágico (65-100%). As estruturas redundantes em cima do ádito laríngeo ao cair faz uma pressão negativa (mecanismo igual desentupidor de vaso sanitário) por isso o refluxo está associado, e geralmente relaciona-se a quadros mais graves.
Síndrome mais associada:
- Síndrome de Down (5-20%). Dos pacients diagnosticados com Down e apresentando sintomas respiratórios, cerca de 50% terão laringomalácia.
Sobre a Laringomalácia:
- Qual o nome da classificação endoscópica e seus 3 subtipos?
Classificação de Olney:
- Olney 1 = Prolapso de mucosa redundante sobre as cartilagens aritenoides e acessórias (cuneiformes e corniculadas).
- Olney 2 = Encurtamento das pregas ariepiglóticas.
- Olney 3 = Queda posterior da epiglote sobre o ádito laríngeo.
Dica: “MUCO PREGA na EPIGLOTE”
Sobre a Laringomalácia:
- Qual a conduta para casos leves, moderados e graves?
- Cite a cirugia de escolha (e como ela varia conforme o Olney do paciente).
- Quais as complicações de cirurgia mais comuns?
Tratamento expectante na maioria das vezes. Realizar acompanhamento:
- LEVE: revisão em 1 mês, se favorável, revisão em 3 meses. NÃO É INDICADO TRATAMENTO DO REFLUXO NOS CASOS LEVES, mas pode ser feita REPOSIÇÃO DE CÁLCIO E VITAMINA D para melhora da maturidade neuromuscular e tônus laríngeo.
- MODERADA: TRATAR REFLUXO (inibidor de bomba de próton ou ranitidina) e avaliação fonoaudiológica.
- GRAVE: TRATAR REFLUXO, AVALIAÇÃO DA DEGLUTIÇÃO (VED/VEG) E CONSIDERAR CIRURGIA.
Cirurgia mais indicada:
- SUPRAGLOTOPLASTIA (feita com uso de laser de CO2 ou a frio. Remove mucosa redundante no tipo 1. No tipo 2 incisão nas pregas ariepligóticas encurtadas. No tipo 3 é feito EPIGLOTOPEXIA (fulguração da face lingual da epiglote com laser buscando retração, ou sutura da mesma na base da língua).
- ESTENOSE e ASPIRAÇÃO são complicações cirúrgicas, portanto cirurgia deve ser mais CONSERVADORA possível, e costuma ter 90% de índice de sucesso.
Sobre a Paralisia de Pregas vocais na infância:
- É mais comum ser unilateral ou bilateral?
- Qual a causa e sintomas mais frequentes se unilateral?
- Qual a causa e sintomas mais frequentes se bilateral?
- Cite o exame diagnóstico e qual manobra é fundamental durante sua realização.
Paralisia unilateral:
- É MAIS FREQUENTE E SUA MAIOR CAUSA É IATROGÊNICA (ou seja, não é congênita, por procedimentos cardiotorácicos com risco de lesão do laríngeo recorrente).
- Diferentemente do adulto, a CRIANÇA PODE APRESENTAR ESTRIDOR DESDE O NASCIMENTO EM PARALISIA UNILATERAL PARAMEDIANA (adulto costuma ter sintomas mais leves). Pode vir associada a choro fraco e dificuldade de amamentação. Em alguns casos, cianose e dessaturação, o que facilita o diagnóstico.
- Em uma minoria, a criança tem choro fraco, sintomas disfônicos e obstrução respiratória leve ou ausente (às vezes só descobre na infância, na escola).
Paralisia Bilateral:
- ARNOLD-CHIARI É A CAUSA MAIS COMUM DE PARALISIA BILATERAL CONGÊNITA, mas pode ser outras causas centrais: hidrocefalia, HIC, disgenesia nuclear, encefalocele, plastibasia. Na Síndrome de Arnold-Chiari geralmente temos conteúdo da fossa posterior herniado e comprimindo o nervo vago bilateralmente.
- É MAIS FREQUENTE PARALISIA EM ABDUÇÃO (segundo capítulo de estridor na infância), com SINTOMAS ASPIRATIVOS associada a CHORO FRACO e DISFAGIA.
- Porém, SE PARALISIA PARAMEDIANA BILATERAL (essa é a mais comum segundo capítulo de paralisias laríngeas), terá SINTOMAS RESPIRATÓRIOS INTENSOS DESDE O NASCIMENTO (estridor, que piora aos esforços, cianose e dessaturação).
Diagnóstico:
- Fibronasolaringoscopia ou endoscopia sob sedação para DIFERENCIAR DE IMOBILIDADE LARÍNGEA (subluxação, estenose glótica posterior, anquilose) por meio da PALPAÇÃO DA ARTICULAÇÃO CRICOARITENOIDEA. Porém é um diagnóstico bastante difícil.
Sobre a Paralisia de Pregas vocais na infância:
- Cite 3 condutas iniciais que podem ser tomadas.
- Cite técnicas definitivas para paralisia laríngea na infância.
Tratamentos iniciais:
- Expectante (pode ter recuperação espontânea dentro dos 6 primeiros meses de vida) em casos leves e unilaterais.
- Toxina Botulínica (pode evitar cirurgias e traqueostomia).
- Traqueostomia (casos que não podem esperar, quando a possibilidade de recuperação da mobilidade da prega vocal é grande, oferecendo tempo antes de indicar cirurgia).
Cirurgias definitivas:
- Cordotomia posterior
- Aritenoidectomia a laser
- Split cricoide posterior
- Aritenopexia
- Laringoplastia
- Tireoplastia tipo 1
- Reinervação do laríngeo recorrente.
Observação: capítulo de paralisias menciona para paralisia unilateral a TIREOPLASTIA TIPO 1 (cirurgia de medianização) ou INJEÇÃO DE MATERIAL INTRACORDAL. A tireoplastia tipo 1 tem limitações na faixa pediátrica (não poder fazer sob anestesia local dificulta o ajuste, e há preocupação com impacto no crescimento das cartilagens). Se paralisia bilateral indica-se a ARITENOIDECTOMIA A LASER (parcial ou total) ou CORDOTOMIA POSTERIOR.
Sobre a Estenose Subglótica:
- Qual sua definição teórica e do ponto de vista prático?
- Qual sua importância?
- Qual sua causa mais comum?
- Qual a sintomatologia típica?
- Quando suspeitar de casos congênitos?
- Qual o exame padrão ouro e manobra que deve ser realizada?
Estenose subglótico:
- Diâmetro subglótico < 4mm na região subglote no termo (se prematuro considerar < 3mm).
- Do ponto de vista prático, deve passar um tubo orotraqueal número 2.5 (diâmetro externo 3,6mm), se não progredir pensar nessa possibilidade.
- É a causa mais comum de defeito laríngeo com necessidade de traqueostomia em crianças antes de 1 ano de idade.
- Estenose pode ocorrer também na glote ou supraglote, mas é raro.
Causa:
- Causa mais comum é a adquirida, por INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL PROLONGADA
- Na ausência de trauma por intubação, pensar em falha na recanalização durante 10 semanas de idade gestacional (congênita).
Quadro clínico:
- ESTRIDOR BIFÁSICO por acometer subglote (pode ser inspiratório em alguns casos), podendo haver dispneia e esforço respiratório.
- Na maioria dos casos, SINTOMAS PRESENTES NAS PRIMEIRAS SEMANAS DE VIDA (em outros, pode se manifestar tardiamente, após IVAS ou laringites).
- Em casos de SINTOMAS AO NASCIMENTO QUE SE AGRAVARAM APÓS INTUBAÇÃO, PENSAR EM ESTENOSE SUBGLÓTICA CONGÊNITA (possui o problema na cartilagem ao invés de mucosa ou submucosa, podendo aparecer desde o início e se AGRAVAR após IOT).
- Pode se associar a Sd. Down ou Fraser.
Diagnóstico:
- Fibronasolaringoscopia flexível (suspeita e triagem).
- LARINGOSCOPIA DIRETA (PADRÃO OURO). Necessário PALPAR a área de estenose para diferenciar de hemangioma ou fendas).
Sobre a Estenose Subglótica:
- Qual o nome e os graus de obstrução da classificação endoscópica utilizada?
Classificação de Cotton Mayer:
- Grau 1 = até 50% (do lúmen)
- Grau II = 51%-70%
- Grau III = 71%-99%
- Grau IV = Obstrução completa.
Sobre a Estenose Subglótica:
- Cite 3 importantes medidas de prevenção.
- Quando é indicado conduta expectante?
- Cite 4 intervenções cirúrgicas e suas indicações.
PREVENÇÃO
- Tubo de tamanho adequado
- Manutenção da sedação
- Tratar condições associadas (refluxo gastroesofágico, IVAS, esofagite eosinofílica).
Tratamento expectante:
- Se sintomas leves, pode haver observação, com melhora dos sintomas com crescimento
Técnicas cirúrgicas:
- BALÃO DE DILATAÇÃO
(Tem seu USO LIMITADO EM CASOS CONGÊNITOS, por se tratar de problema na cartilagem e não na mucosa. Alguns autores ainda usam nos casos congênitos porém associado a incisões radiais da cartilagem e injeção de corticoide)
- SPLIT CRICOTRAQUEAL ANTERIOR
(É uma opção para NEONATOS COM FALHA DE EXTUBAÇÃO, por não ser possível diferenciar se é apenas edema local ou estenose. Porém eficácia é controversa).
- RECONSTRUÇÃO LARINGOTRAQUEAL
(Consiste em fissura laringotraqueal mediana, exposição da via aérea e da área de estenose, podendo se colocar ENXERTO DE CARTILAGEM ALAR DA TIREÓIDE OU COSTAL NA CRICÓIDE posterior ou anterior, com sucesso superior e 90%).
- RESSECÇÃO CRICOTRAQUEAL
(Indicado para COTTON 3 ou 4, com ressecção completa da área de estenose e anastomose término-terminal da via aérea. Sucesso também superior a 90%).
Sobre o Hemangioma Subglótico:
- Qual sua definição?
- Costuma aparecer junto do hemangioma cutâneo?
- Predomina em qual local da laringe?
- É mais comum em qual sexo?
- Causa sintomas ao nascimento?
- Qual o principal diagnóstico diferencial?
- Qual o padrão ouro para diagnóstico e a manobra que deve ser realizada?
- Deve ser biopsiado?
- Qual a droga de escolha, sua dosagem e seus 3 principais efeitos colaterais?
Conceito:
- Tumor benigno vascular, acometendo mais frequentemente a pele, e menos comumente a laringe (1,5%).
- Quando acomete laringe, temos associação com hemangioma cutâneo em 50% dos casos (“área de barba”).
- Mais comum na SUBGLOTE, mas pode estar presente em qualquer região da laringe.
- Há predominância no SEXO FEMININO e LADO ESQUERDO.
Dica “Hemangioma /Helena/ HEsquerdo”.
Quadro clínico:
- NÃO APRESENTA SINTOMAS AO NASCIMENTO, apesar de já estar presente.
- Estridor BIFÁSICO e episódios de falta de ar por volta dos 3-6 MESES.
- Maioria involui por volta de 2-3 anos de idade.
Principal diagnóstico diferencial:
- Estenose Subglótica.
Sobre o Hemangioma Subglótico:
- Qual o padrão ouro para diagnóstico e a manobra que deve ser realizada?
- Deve ser biopsiado?
- Qual a droga de escolha, sua dosagem e seus 3 principais efeitos colaterais?
Diagnóstico:
- Fibronaso flexível (triagem).
- LARINGOSCOPIA DIRETA (PADRÃO OURO). Necessária palpação da lesão para diferenciar da estenose.
- Aparece como massa COMPRESSÍVEL (o que difere da estenose), AVERMELHADA ou azulada, IRREGULAR, em região póstero-lateral ESQUERDA da SUBGLOTE.
- NÃO BIOPSIAR devido ao alto risco de sangramento.
- RM pode ajudar porém subestima tamanho e gravidade dele (especialmente se paciente intubado, com tubo comprimindo o tumor).
Tratamento:
- PROPANOLOL (betabloqueador) é o tratamento clínico de escolha
- Dose de 1 mg/kg/dia e, em paciente que evolui bem, a dose de manutenção é dobrada após 3 dias. É realizado até melhora da lesão, e depois feito desmame.
- Antes do propranolol era usado corticoide, porém entrou em desuso.
Efeitos colaterais do propranolol:
- BRADICARDIA
- HIPOTENSÃO
- HIPOGLICEMIA ASSINTOMÁTICA.
Cirurgia se resistência ao tratamento clínico.