Diabetes Mellitus Flashcards
o que é o pancreas ?
O pâncreas é um órgão retroperitoneal que se encontra posteriormente ao estômago.
O pâncreas tem 4 porções: a cabeça, o colo, o corpo e a cauda, sendo que há ainda outra parte que pode ou não estar presente e que se chama processo uncinado.Em termos de irrigação a porção anterior do pâncreas é irrigada pela veia mesentérica
superior e a porção posterior é irrigada por artérias que derivam do tronco celíaco da aorta.
O pâncreas é uma glândula mista, portanto, é constituído por uma porção exócrina e uma porção endócrina.
como é o pancreas endocrino ?
A somatostatina tem como principal função suprimir ação da insulina e da glicagina. Assim, a principal função do pâncreas endócrino é manter e regular a homeostasia energética.
Para uma função de anabolismo e armazenamento atua, principalmente, a insulina e para uma função de catabolismo e utilização de energia é a glicagina que atua. Tal significa que a insulina e a glicagina têm, no fundo, papéis opostos.
A secreção de insulina é regulada por fatores químicos, hormonais e neuro-hormonais.
Esta é aumentada quando aumentamos os níveis de glicose, aminoácidos ou algumas hormonas gastrointestinais. A insulina também é estimulada pelo sistema nervoso parassimpático, através do nervo vago, e tal estimula a secreção da mesma. Esta pode estar reduzida quando temos uma hipoglicemia, um aumento da estimulação simpática ou da PGE2 ou até mesmo quando temos uma grande libertação de insulina, sendo que o excesso desta acaba por inibir a sua secreção através de um feedback negativo.
o que é a insulina ?
A insulina é uma molécula que na sua forma ativa é formada por duas subunidades polipeptídicas: a cadeia a e a cabeia b, que vão ser unidas por um péptido com função desconhecida designado por péptido C.
A insulina é formada pelas células β a partir da pró-insulina sendo empacotada em grânulos secretórios que são libertados pelas células β.
A libertação da insulina na circulação é feita com o péptido C e apenas se desliga deste quando alcança o fígado. Tal significa que o péptido C pode ser medido clinicamente para estudar a função das células β.
A insulina, normalmente, circula livremente no plasma, ou seja, não se encontra ligada a nenhuma proteína.
A secreção da insulina é pulsátil, sendo regulada pelos níveis de glicose no sangue: quando há um aumento de glicose temos um aumento da secreção de insulina.
como é a libertacao de insulina e quais sao os picos ?
De acordo com o gráfico apresentado abaixo, verifica-se que a libertação de insulina tem 2 picos. O 1º pico ocorre assim que aumentam os níveis de glicose no sangue, pois nesta
fase a insulina que é libertada já tinha sido produzida, mas encontrava-se armazenada nas células pancreáticas. Assim, quando ocorre um estímulo de glicose há, imediatamente, uma
libertação de insulina que já tinha sido previamente formada.
Numa 2º fase ocorre uma maior libertação de insulina, apesar desta libertação ser feita de forma mais lenta, uma vez que a insulina que é libertada nesta fase é a insulina que está a ser sintetizada no momento.
Poucos minutos após uma refeição temos de forma imediata um pico de insulina, depois esta retorna quase a níveis basais e, seguidamente, volta a aumentar podendo atingir, normalmente, outro pico ao fim de 60min e podendo demorar entre 2-3h até estabilizar.
quando temos diabetes esta pode resultar da desregulacao de que passos ?
- Ou da capacidade de sentir os níveis de glicose;
- Ou defeitos na síntese de glicose;
- Ou defeitos na libertação da insulina
quais os estimulos para a secrecao de isnulina?
O estímulo primário para a secreção de insulina é o aumento dos níveis de glicose, que se dá ± quando se atinge um valor de ≈ 90ml/dl ou 55mmol/L. Outros estímulos podem ser: aminoácidos como a arginina e a alanina; o sódio; estímulo parassimpático pelo nervo vago.
como é feito o transporte da glicose ?
Há vários transportadores de glicose sendo um deles o GLUT4, que é um transportador de glicose que depende da insulina.
1º. A insulina entra no sistema porta e vai diretamente para o fígado, onde 50% desta vai ser utilizada ou degradada;
2º. A partir daqui a insulina é rapidamente ligada aos tecidos periféricos ou é destruída pelo fígado e pelos rins (tem uma semivida de 5/10min na circulação sanguínea);
3º. Quando a insulina chega ao tecido alvo liga-se a um recetor na membrana, que são os recetores tirosina-cinase. Este tem duas subunidades: a subunidade α à qual se liga a insulina e a subunidade β que é transmembranar e tem uma cinase;
4º. Para se ativar a cinase, temos que ativar a subunidade β através de autofosforilação. Ou seja, quando duas moléculas de insulina se ligam a este recetor temos umaautofosforilação da subunidade β;
5º. Esta autofosforilação vai ativar o recetor de insulina que faz com que os transportadores de glicose que se encontram no citoplasma se desloquem para a membrana da célula;
6º. Uma vez que existem transportadores de glicose na membrana, a glicose vai poder entrar.
a glicose necessita de transportadores ?
A glicose necessita de ter transportadores, porque as membranas celulares são impermeáveis a esta, ou seja, se ela não tiver um transportador não vai conseguir entrar na célula. Logo, se não houver estes transportadores, a glicose vai acumular-se no sangue, porque nunca chega a entrar para o interior da célula. Estes transportadores são, assim, fundamentais, pois movem a glicose muito rapidamente por difusão.
quais sao os tipos de transportadores da glicose ?
O GLUT2 é o transportador major de glicose e situa-se nas células pancreáticas, no rim e no fígado. Logo, quando a glicose entra nas células pancreáticas vai levar a que a insulina seja libertada. É um transportador que tem pouca afinidade para a glicose, o que quer dizer que apenas atua quando os níveis de glicose no sangue estão muito elevados, ou seja, como se trata de um transportador de baixa afinidade precisamos de elevadas concentrações de glicose sanguínea para que esta consiga utilizar este transportador.
O GLUT1 e o GLUT3 são transportadores que não necessitam de insulina nem precisam de grandes quantidades de glicose. Estes estão situados ao nível do SNC e da placenta e são transportadores de baixa afinidade, porque estes tecidos consomem grande quantidades de glicose, visto que sem glicose não sobrevivem, e, por isso, não há problema se a glicose
atravessar livremente.
O SGLT1 ou SGLT2 são co-transportadores de glicose e de
sódio. Estes fazem o transporte do lúmen dos enterócitos para o
interior da célula para que a glicose seja absorvida. É através
destes transportadores que a glicose que chega ao trato GI passa
para o interior do enterócito. Também são estes transportadores
que se encontram ao nível do glomérulo renal e que vão permitir
o transporte do filtrado glomerular para os túbulos proximais e
que vão promover a reabsorção de glicose para o sangue.
O GLUT4 é dependente de insulina e encontra-se no musculo esquelético e no tecido adiposo e está sempre no interior da célula até que a insulina dê sinal para este se deslocar para a membrana.
onde se situam as diferentes percentagens de insulna ?
90% da insulina atua ao nível do músculo esquelético e o que esta faz é aumentar a capacidade que o musculo esquelético tem para captar mais glicose e a transformar em glicogénio para que assim possa ser armazenada e permitindo, também, a síntese proteica.
10% da insulina localiza-se ao nível do tecido adiposo, do fígado e do pâncreas, que são os principais locais onde esta vai atuar.
como atua a insulina a nivel do tecido adiposo e do figado ?
Ao nível do tecido adiposo, tratando-se de um local de armazenamento, a insulina presente neste, vai aumentar o uptake da glicose, ou seja, retirar a glicose do sangue e armazená-la no seu interior; vai aumentar a síntese de triglicéridos e diminuir a lipólise.
Nota: A insulina é uma hormona anabólica.
Ao nível do fígado, o que acontece é que vai aumentar a síntese de glicose, leva ao aumento da síntese de triglicerídeos e pode diminuir a produção de glicose.
Assim sendo, em forma de resumo, a insulina retira a glicose para órgãos de armazenamento como o musculoesquelético, o fígado, o tecido adiposo e o pâncreas.
o que faz a insulina ?
A insulina é a única hormona que leva a uma diminuição direta dos níveis de glicose no sangue. A sua principal função é promover o uptake da glicose das células-alvo, e vai fazer com
que esta seja armazenada sob a forma de glicogénio. Por outro lado, também impede/previne a degradação de glicogénio (pois é uma hormona anabólica) e das gorduras. Assim sendo, a
insulina:
• Inibe a gliconeogénese
• Aumenta a síntese proteica
• Promove o armazenamento das gorduras
• Facilita a síntese de triglicéridos a partir da glicose das células
• Inibe a lipólise
• Aumenta a síntese de proteínas, bem como o transporte de aminoácidos
o que é a glicagina / glucagon ?
O glucagon/glicagina é uma hormona contrarreguladora, ou seja, que tem um efeito contrário à insulina.
A glicagina é formada pelas células α e ajuda a manter os níveis de glicose entre refeições ou entre períodos de jejum. Durante o período em que estamos a fazer exercício físico esta também ajuda a prevenir descidas muito drásticas da glicose.
A sua maior ação é aumentar os níveis de glicose no sangue, pois tem a capacidade de iniciar a gliconeogénese e a glicogenólise (transformação do glicogénio em glicose) em poucos minutos.
o que faz a gliganina ?
Se os níveis de glicose estiverem muito baixos é a partir de aminoácidos (a partir da degradação proteica) que se dá origem a glicose a fim de fazer com que esta aumente. A glicagina estimula a conversão de aminoácidos em glicose.
Por outro lado, esta também vai ativar a lípase fazendo com que os ácidos gordos sejam utilizados como fonte de energia.
No fundo esta glicagina acaba por ser regulada pelos níveis de glicose sanguínea, mas ao contrário da insulina que aumenta a sua secreção quando aumenta os níveis de glicose, a
glicagina aumenta a sua secreção quando temos uma diminuição dos níveis de glicose.
o que acontece apos uma refeicao ?
No fígado, após uma refeição, os níveis de glicose
no sangue vão aumentar, estimulando o pâncreas a
produzir e secretar insulina. Quando temos um aumento
dos níveis de glicose temos um aumento dos níveis de
insulina e uma diminuição da glicagina. Este aumento
da insulina vai ter uma ação de bloqueio da degradação
do glicogénio e um aumento da sua síntese a fim de
permitir manter as reservas de glicose.
Portanto, o fígado e o tecido adiposo são as principais fontes de energia quando nos encontramos em jejum, ou seja, quando há uma diminuição dos níveis de glicose.
o que acontece quando ha diminuicao dos niveis de glicose ?
Quando há uma diminuição dos níveis de glicose o pâncreas não vai secretar insulina,mas vai secretar glicagina. Há outras hormonas que não são secretadas pelo pâncreas, como o cortisol e as catecolaminas, que fazem com que se possam utilizar as fontes de energia quer do fígado quer do tecido adiposo para aumentar/manter os níveis de glicose dentro dos limites homeostáticos.
o tecido muscular é uma fonte de energia ?
O tecido muscular também é uma fonte de energia, mas que só é utilizada em último caso, ou seja, quando já se esgotaram todas as reservas quer hepáticas quer do tecido adiposo, resultante, por exemplo, de uma situação de jejum bastante prolongada.
O musculo esquelético é o principal captador de glicose, seguido do tecido adiposo e do fígado.
o que sao as encretinas ?
Cerca de 60-70% da libertação de insulina é estimulada por hormonas que são as encretinas, estas são hormonas intestinais, sendo uma delas o GLP1 e o GIP. Estas encretinas
intestinais levam ao aumento da insulina e a uma diminuição da glicagina. Logo, vão estimular o uptake da glicose pelo músculo e vão inibir a lipólise, diminuindo desta forma os níveis de
ácidos gordos livres no sangue.
o que é a diabetes mellitus ?
Trata-se de um grupo de doenças metabólicas que se caracteriza por hiperglicemia (excesso de glicose no sangue), e que resulta de defeitos na secreção de insulina e/ou diminuição da sua ação.
Vai ter repercussões muito importantes no metabolismo lipídico, proteico e dos hidratos de carbono
quais sao as causas de hiperglicemia ?
- Ausência total de insulina
- Resistência à insulina
- Aumento de hormonas contrarreguladoras → aumento da secreção de glicagina, do cortisol ou das catecolaminas.
- A terapia com corticosteroides também faz aumentar os níveis de glicémia no sangue.