Diabetes Mellitus Flashcards

1
Q

o que é o pancreas ?

A

O pâncreas é um órgão retroperitoneal que se encontra posteriormente ao estômago.
O pâncreas tem 4 porções: a cabeça, o colo, o corpo e a cauda, sendo que há ainda outra parte que pode ou não estar presente e que se chama processo uncinado.Em termos de irrigação a porção anterior do pâncreas é irrigada pela veia mesentérica
superior e a porção posterior é irrigada por artérias que derivam do tronco celíaco da aorta.
O pâncreas é uma glândula mista, portanto, é constituído por uma porção exócrina e uma porção endócrina.

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2
Q

como é o pancreas endocrino ?

A

A somatostatina tem como principal função suprimir ação da insulina e da glicagina. Assim, a principal função do pâncreas endócrino é manter e regular a homeostasia energética.
Para uma função de anabolismo e armazenamento atua, principalmente, a insulina e para uma função de catabolismo e utilização de energia é a glicagina que atua. Tal significa que a insulina e a glicagina têm, no fundo, papéis opostos.
A secreção de insulina é regulada por fatores químicos, hormonais e neuro-hormonais.
Esta é aumentada quando aumentamos os níveis de glicose, aminoácidos ou algumas hormonas gastrointestinais. A insulina também é estimulada pelo sistema nervoso parassimpático, através do nervo vago, e tal estimula a secreção da mesma. Esta pode estar reduzida quando temos uma hipoglicemia, um aumento da estimulação simpática ou da PGE2 ou até mesmo quando temos uma grande libertação de insulina, sendo que o excesso desta acaba por inibir a sua secreção através de um feedback negativo.

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3
Q

o que é a insulina ?

A

A insulina é uma molécula que na sua forma ativa é formada por duas subunidades polipeptídicas: a cadeia a e a cabeia b, que vão ser unidas por um péptido com função desconhecida designado por péptido C.
A insulina é formada pelas células β a partir da pró-insulina sendo empacotada em grânulos secretórios que são libertados pelas células β.
A libertação da insulina na circulação é feita com o péptido C e apenas se desliga deste quando alcança o fígado. Tal significa que o péptido C pode ser medido clinicamente para estudar a função das células β.
A insulina, normalmente, circula livremente no plasma, ou seja, não se encontra ligada a nenhuma proteína.
A secreção da insulina é pulsátil, sendo regulada pelos níveis de glicose no sangue: quando há um aumento de glicose temos um aumento da secreção de insulina.

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4
Q

como é a libertacao de insulina e quais sao os picos ?

A

De acordo com o gráfico apresentado abaixo, verifica-se que a libertação de insulina tem 2 picos. O 1º pico ocorre assim que aumentam os níveis de glicose no sangue, pois nesta
fase a insulina que é libertada já tinha sido produzida, mas encontrava-se armazenada nas células pancreáticas. Assim, quando ocorre um estímulo de glicose há, imediatamente, uma
libertação de insulina que já tinha sido previamente formada.
Numa 2º fase ocorre uma maior libertação de insulina, apesar desta libertação ser feita de forma mais lenta, uma vez que a insulina que é libertada nesta fase é a insulina que está a ser sintetizada no momento.
Poucos minutos após uma refeição temos de forma imediata um pico de insulina, depois esta retorna quase a níveis basais e, seguidamente, volta a aumentar podendo atingir, normalmente, outro pico ao fim de 60min e podendo demorar entre 2-3h até estabilizar.

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5
Q

quando temos diabetes esta pode resultar da desregulacao de que passos ?

A
  • Ou da capacidade de sentir os níveis de glicose;
  • Ou defeitos na síntese de glicose;
  • Ou defeitos na libertação da insulina
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6
Q

quais os estimulos para a secrecao de isnulina?

A

O estímulo primário para a secreção de insulina é o aumento dos níveis de glicose, que se dá ± quando se atinge um valor de ≈ 90ml/dl ou 55mmol/L. Outros estímulos podem ser: aminoácidos como a arginina e a alanina; o sódio; estímulo parassimpático pelo nervo vago.

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7
Q

como é feito o transporte da glicose ?

A

Há vários transportadores de glicose sendo um deles o GLUT4, que é um transportador de glicose que depende da insulina.
1º. A insulina entra no sistema porta e vai diretamente para o fígado, onde 50% desta vai ser utilizada ou degradada;
2º. A partir daqui a insulina é rapidamente ligada aos tecidos periféricos ou é destruída pelo fígado e pelos rins (tem uma semivida de 5/10min na circulação sanguínea);
3º. Quando a insulina chega ao tecido alvo liga-se a um recetor na membrana, que são os recetores tirosina-cinase. Este tem duas subunidades: a subunidade α à qual se liga a insulina e a subunidade β que é transmembranar e tem uma cinase;
4º. Para se ativar a cinase, temos que ativar a subunidade β através de autofosforilação. Ou seja, quando duas moléculas de insulina se ligam a este recetor temos umaautofosforilação da subunidade β;
5º. Esta autofosforilação vai ativar o recetor de insulina que faz com que os transportadores de glicose que se encontram no citoplasma se desloquem para a membrana da célula;
6º. Uma vez que existem transportadores de glicose na membrana, a glicose vai poder entrar.

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8
Q

a glicose necessita de transportadores ?

A

A glicose necessita de ter transportadores, porque as membranas celulares são impermeáveis a esta, ou seja, se ela não tiver um transportador não vai conseguir entrar na célula. Logo, se não houver estes transportadores, a glicose vai acumular-se no sangue, porque nunca chega a entrar para o interior da célula. Estes transportadores são, assim, fundamentais, pois movem a glicose muito rapidamente por difusão.

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9
Q

quais sao os tipos de transportadores da glicose ?

A

O GLUT2 é o transportador major de glicose e situa-se nas células pancreáticas, no rim e no fígado. Logo, quando a glicose entra nas células pancreáticas vai levar a que a insulina seja libertada. É um transportador que tem pouca afinidade para a glicose, o que quer dizer que apenas atua quando os níveis de glicose no sangue estão muito elevados, ou seja, como se trata de um transportador de baixa afinidade precisamos de elevadas concentrações de glicose sanguínea para que esta consiga utilizar este transportador.
O GLUT1 e o GLUT3 são transportadores que não necessitam de insulina nem precisam de grandes quantidades de glicose. Estes estão situados ao nível do SNC e da placenta e são transportadores de baixa afinidade, porque estes tecidos consomem grande quantidades de glicose, visto que sem glicose não sobrevivem, e, por isso, não há problema se a glicose
atravessar livremente.
O SGLT1 ou SGLT2 são co-transportadores de glicose e de
sódio. Estes fazem o transporte do lúmen dos enterócitos para o
interior da célula para que a glicose seja absorvida. É através
destes transportadores que a glicose que chega ao trato GI passa
para o interior do enterócito. Também são estes transportadores
que se encontram ao nível do glomérulo renal e que vão permitir
o transporte do filtrado glomerular para os túbulos proximais e
que vão promover a reabsorção de glicose para o sangue.
O GLUT4 é dependente de insulina e encontra-se no musculo esquelético e no tecido adiposo e está sempre no interior da célula até que a insulina dê sinal para este se deslocar para a membrana.

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10
Q

onde se situam as diferentes percentagens de insulna ?

A

90% da insulina atua ao nível do músculo esquelético e o que esta faz é aumentar a capacidade que o musculo esquelético tem para captar mais glicose e a transformar em glicogénio para que assim possa ser armazenada e permitindo, também, a síntese proteica.
10% da insulina localiza-se ao nível do tecido adiposo, do fígado e do pâncreas, que são os principais locais onde esta vai atuar.

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11
Q

como atua a insulina a nivel do tecido adiposo e do figado ?

A

Ao nível do tecido adiposo, tratando-se de um local de armazenamento, a insulina presente neste, vai aumentar o uptake da glicose, ou seja, retirar a glicose do sangue e armazená-la no seu interior; vai aumentar a síntese de triglicéridos e diminuir a lipólise.
Nota: A insulina é uma hormona anabólica.
Ao nível do fígado, o que acontece é que vai aumentar a síntese de glicose, leva ao aumento da síntese de triglicerídeos e pode diminuir a produção de glicose.
Assim sendo, em forma de resumo, a insulina retira a glicose para órgãos de armazenamento como o musculoesquelético, o fígado, o tecido adiposo e o pâncreas.

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12
Q

o que faz a insulina ?

A

A insulina é a única hormona que leva a uma diminuição direta dos níveis de glicose no sangue. A sua principal função é promover o uptake da glicose das células-alvo, e vai fazer com
que esta seja armazenada sob a forma de glicogénio. Por outro lado, também impede/previne a degradação de glicogénio (pois é uma hormona anabólica) e das gorduras. Assim sendo, a
insulina:
• Inibe a gliconeogénese
• Aumenta a síntese proteica
• Promove o armazenamento das gorduras
• Facilita a síntese de triglicéridos a partir da glicose das células
• Inibe a lipólise
• Aumenta a síntese de proteínas, bem como o transporte de aminoácidos

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13
Q

o que é a glicagina / glucagon ?

A

O glucagon/glicagina é uma hormona contrarreguladora, ou seja, que tem um efeito contrário à insulina.
A glicagina é formada pelas células α e ajuda a manter os níveis de glicose entre refeições ou entre períodos de jejum. Durante o período em que estamos a fazer exercício físico esta também ajuda a prevenir descidas muito drásticas da glicose.
A sua maior ação é aumentar os níveis de glicose no sangue, pois tem a capacidade de iniciar a gliconeogénese e a glicogenólise (transformação do glicogénio em glicose) em poucos minutos.

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14
Q

o que faz a gliganina ?

A

Se os níveis de glicose estiverem muito baixos é a partir de aminoácidos (a partir da degradação proteica) que se dá origem a glicose a fim de fazer com que esta aumente. A glicagina estimula a conversão de aminoácidos em glicose.
Por outro lado, esta também vai ativar a lípase fazendo com que os ácidos gordos sejam utilizados como fonte de energia.
No fundo esta glicagina acaba por ser regulada pelos níveis de glicose sanguínea, mas ao contrário da insulina que aumenta a sua secreção quando aumenta os níveis de glicose, a
glicagina aumenta a sua secreção quando temos uma diminuição dos níveis de glicose.

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15
Q

o que acontece apos uma refeicao ?

A

No fígado, após uma refeição, os níveis de glicose
no sangue vão aumentar, estimulando o pâncreas a
produzir e secretar insulina. Quando temos um aumento
dos níveis de glicose temos um aumento dos níveis de
insulina e uma diminuição da glicagina. Este aumento
da insulina vai ter uma ação de bloqueio da degradação
do glicogénio e um aumento da sua síntese a fim de
permitir manter as reservas de glicose.
Portanto, o fígado e o tecido adiposo são as principais fontes de energia quando nos encontramos em jejum, ou seja, quando há uma diminuição dos níveis de glicose.

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16
Q

o que acontece quando ha diminuicao dos niveis de glicose ?

A

Quando há uma diminuição dos níveis de glicose o pâncreas não vai secretar insulina,mas vai secretar glicagina. Há outras hormonas que não são secretadas pelo pâncreas, como o cortisol e as catecolaminas, que fazem com que se possam utilizar as fontes de energia quer do fígado quer do tecido adiposo para aumentar/manter os níveis de glicose dentro dos limites homeostáticos.

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17
Q

o tecido muscular é uma fonte de energia ?

A

O tecido muscular também é uma fonte de energia, mas que só é utilizada em último caso, ou seja, quando já se esgotaram todas as reservas quer hepáticas quer do tecido adiposo, resultante, por exemplo, de uma situação de jejum bastante prolongada.
O musculo esquelético é o principal captador de glicose, seguido do tecido adiposo e do fígado.

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18
Q

o que sao as encretinas ?

A

Cerca de 60-70% da libertação de insulina é estimulada por hormonas que são as encretinas, estas são hormonas intestinais, sendo uma delas o GLP1 e o GIP. Estas encretinas
intestinais levam ao aumento da insulina e a uma diminuição da glicagina. Logo, vão estimular o uptake da glicose pelo músculo e vão inibir a lipólise, diminuindo desta forma os níveis de
ácidos gordos livres no sangue.

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19
Q

o que é a diabetes mellitus ?

A

Trata-se de um grupo de doenças metabólicas que se caracteriza por hiperglicemia (excesso de glicose no sangue), e que resulta de defeitos na secreção de insulina e/ou diminuição da sua ação.
Vai ter repercussões muito importantes no metabolismo lipídico, proteico e dos hidratos de carbono

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20
Q

quais sao as causas de hiperglicemia ?

A
  • Ausência total de insulina
  • Resistência à insulina
  • Aumento de hormonas contrarreguladoras → aumento da secreção de glicagina, do cortisol ou das catecolaminas.
  • A terapia com corticosteroides também faz aumentar os níveis de glicémia no sangue.
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21
Q

o que é que a diabetes pode representar ?

A
  • Uma deficiência absoluta de insulina pelas células pancreáticas;
  • Um défice da produção de insulina pelas células β;
  • Recetores deficientes ou em quantidades reduzidas na membrana que permitam fazer o uptake da glicose do sangue para o interior das células;
  • Uma produção de insulina inativa que é destruída antes de exercer a sua função.
22
Q

o que vai fazer o estado de hiperglicemia ?

A

O estado de hiperglicemia vai levar ao aumento do intake de hidratos de carbono, à diminuição do uptake de glicose pelos tecidos periféricos, diminuição da secreção de insulina e a um aumento da secreção de glicose hepática que vai para a corrente sanguínea e aumenta ainda mais a glicémia

23
Q

quais sao os tipos de diabetes ?

A

diabetes tipo I
diabetes tipo II
diabetes gestacional
diabetes secundarias

24
Q

o que sao as diabetes tipo I ?

A

A diabetes tipo I, normalmente, é considerada uma doença autoimune. Deve-se a uma produção de autoanticorpos que podem ser contra as células β ou contra a insulina, que vão levar à destruição das células β pancreáticas e, portanto, há uma total ausência da produção de insulina. Nestes casos, temos um défice absoluto de insulina, o que significa que é um tipo de diabetes insulinodependente.

25
Q

o que sao as diabetes tipo II ?

A

A diabetes tipo II é a mais prevalente e manifesta-se através de uma resistência e deficiência relativa de insulina. Está muito associada à obesidade, é hereditária e os pacientes não são dependentes de insulina (pelo menos numa fase inicial).

26
Q

o que é diabetes gestacional ?

A

A diabetes gestacional é uma intolerância à glicose que se desenvolve durante a gravidez. As mulheres com este tipo de diabetes têm um risco aumentado para desenvolverem
diabetes tipo II em fases mais tardias da sua vida. Há uma combinação entre a resistência à insulina e uma secreção deficiente. Pode ter uma complicação grave, que é dar origem a um feto com macrossomia.

27
Q

o que é diabetes secundarias ?

A

Existem outros tipos de diabetes sendo que a maioria é decorrente de outras doenças, tratando-se de diabetes secundária. Estas podem ocorrer por defeitos nas células β que levam a uma desregulação na secreção de insulina, defeitos genéticos na ação da insulina muitas vezes associados a mutações do próprio recetor, doenças do pâncreas exócrino e algumas doenças endócrinas como a doença de Cushing que leva a um aumento dos níveis de cortisol
que se trata de uma das hormonas contrarreguladoras da insulina.

28
Q

quais sao os testes para diagnosticar a glicose ?

A

Normalmente, o teste inicial que é pedido para o rastreio da diabetes são os níveis de glicose em jejum. Considera-se que um doente é diabético quando estes valores são iguais ou
superiores a 126mg/dl. Um valor normal está abaixo dos 100mg e valores entre os 100 e os 125 considera-se um pré-diabético.
Também se pode fazer um teste de tolerância à glicose oral, em que se mede a capacidade do nosso organismo eliminar a glicose do sangue após 2h de 75g de glicose em 300mL de água. Este valor quando é superior ou igual a 200mg/dl dizemos que estamos perante um diabético.
O outro teste que se faz é a hemoglobina glicada (HA1C). Este é um marcador de hiperglicemia crónica. Na realidade, este teste dá-nos a média da glicose no sangue nos últimos 2 a 3 meses, isto porque os eritrócitos têm um tempo de semivida de 120 dias. Assim sendo, este é o melhor valor para se controlar os diabéticos. Consideramos diabetes quando temos um valor de hemoglobina glicada superior ou igual a 6,5%. Este valor, normalmente, designa-se por marcador de adesão à terapêutica.

29
Q

como pode ser dividida a diabetes tipo I ?

A

A tipo 1b é idiopática, ou seja, não sabemos a causa.
Temos uma destruição das células β, sendo que a taxa desta
destruição é variável (nas crianças é sempre mais rápida).
A diabetes tipo 1a é imunomediada; representa cerca de 90-95% da diabetes tipo I. É a forma mais comum de diabetes até aos 15 anos e a incidência varia muito entre os diferentes países.

30
Q

como é que se chega a hiperglicemia num doente com pre disposicao genetica?

A

Um doente com pré-disposição genética pode, por exemplo, sofrer uma infeção viral e isto vai ativar o seu sistema imunitário, que, por sua vez, vai produzir autoanticorpos que vão levar à destruição das células β. Tal sucede-se, porque estes novos anticorpos vão reconhecer as células β como sendo estranhas. Assim sendo, estas células vão ser apresentadas como
estranhas ao organismo e o seu sistema imune vai produzir anticorpos que vão ativar depois as células T-citotóxicas que vão levar a uma destruição destas células β. Isto, por sua vez, leva a
que seja produzida menos insulina ou até à ausência total de insulina, o que contribui para hiperglicemia levando a diabetes. Normalmente, este processo e a própria sintomatologia é
rápida.

31
Q

o que acontece na diabetes tipo Ia ?

A

Na diabetes tipo 1a as nossas células β passam a ser reconhecidas como estranhas ao corpo o que leva a um desequilíbrio entre os linfócitos T-reguladores e os linfócitos T-citotóxicos, sendo que estes levam à destruição das células β. Estes autoanticorpos podem ser contra as células do ilhéu pancreático, anticorpos anti insulina, anticorpos anti-GAD e anticorpos anti-tirosinafosfatase.
A progressão desta doença também está associada ao número de anticorpos que se encontram presentes, ao tipo e à afinidade. Consoante o tipo e o número de anticorpos as manifestações também vão ser diferentes.

32
Q

como é a fisiopatologia da diabetes tipo I ?

A

Existe uma predisposição genética ligada a fatores ambientais que vão levar à formação de auto-antigénios, ocorrendo, assim, uma quebra de tolerância ao próprio sistema imune, que faz com que haja um reconhecimento das células pancreáticas como estranhas e, assim sendo, estas vão ser apresentadas às células TCD4 que vão ativar macrófagos que libertam fatores inflamatórios (IL1 e TNFα); vão também ativar as células T-citotóxicas (CD8) que vão levar à destruição das células β. Para além disto, vão levar à ativação dos linfócitos B que vão levar à formação de anticorpos contras as células β.
Tudo isto vai levar a uma destruição das células β com uma consequente diminuição da secreção de insulina

33
Q

como é a evolucao da diabetes tipo 1?

A

• Estadio 1: há uma fase normoglicémica e assintomática; temos apenas uma diminuição da massa das células β e se formos avaliar a presença de autoanticorpos estes já estão presentes (são um marcador muito precoce de lesão).
• Estadio 2: ainda é assintomático, temos autoanticorpos, perda de células β superior há que ocorria no estadio 1, e aqui já há uma disglicémia (aumento dos níveis de glicémia).
• Estadio 3: há uma fase sintomática, há a presença de autoanticorpos, maior perda de células β e uma disglicémia que é mais agravada – hiperglicemia.
Os principais sintomas são os 4P’s – poliúria, polidipsia (aumento da sede), polifagia e perda de peso.

34
Q

quais sao as manifestacoes da diabetes tipo 1 ?

A

O que se sabe é que a sede é consequência da poliúria, que, por sua vez, é consequência da glicosúria, uma vez que temos
uma hiperglicemia e uma diminuição do anabolismo. Esta glicose vai chegar em maior quantidade ao rim. Como temos muita glicose esta acaba por ser filtrada o que leva ao aumento da osmolaridade da urina por um aumento da excreção renal por glicose. Este aumento da excreção renal por glicose inicia-se
para valores acima dos 140mg/dl. A excreção da glicose faz-se sempre acompanhar de um aumento da excreção de água e de sódio, daí a termos poliúria. Se há poliúria então vamos ficar num estado de desidratação, o que vai estimar o centro hipotalâmico da sede e daqui vem a polidipsia.
Por outro lado, a polifagia (aumento da fome) surge porque há um aumento do metabolismo proteico. A perda de peso associada a polifagia deve-se aos níveis de leptina (hormona da saciedade) diminuídos. A ausência de insulina e o aumento da degradação destes lípidos leva a que haja uma maior quantidade de ácidos gordos livres em circulação e isto estimula um processo de
cetogénese ao nível do fígado. Tal, por sua vez, contribui para um estado de cetoacidose diabética, que conduz a uma vasodilatação periférica e, assim, leva a hipotermia e coma.

35
Q

qual é o tratamento da diabete tipo 1?

A

Estes doentes são insulinodependentes, ou seja,
têm que fazer insulina para o resto da vida e podem fazer
terapêutica com insulina ou análogos de insulina.
A administração da insulina pode ser subcutânea, através de canetas de insulina, sendo o local mais comum na parede abdominal. O grande problema deste tipo de administração é que quando se injeta pode-se perfurar algum vaso ou nervo. Por outro lado, se injetar-se sempre no mesmo sítio pode dar origem a
infeções, sendo que, em alguns casos, pode dar origem a irritação da pele ou necrose do local.
Também já existe insulina que pode ser inalada, contudo esta não é uma insulina de uso basal, mas utilizada imediatamente antes das refeições.

36
Q

quais as diferencas entre diabetes tipo1 e tipo 2?

A

A diabetes tipo Iconsiste na ausência total de produção de insulina, pois há destruição das células pancreáticas, levando a que o GLUT4, que é um transportador da glicose para o interior da célula, não passe do citoplasma para a membrana celular, não
conseguindo, assim, haver captação de glicose para o interior
da célula. Tal faz com que a glicose se acumule na circulação sanguínea, aumentando os níveis de glicose no sangue, condição que se denomina de hiperglicemia.
No caso da diabetes tipo 2, o pâncreas produz insulina normalmente numa fase inicial,mas por algum motivo a célula tornou-se resistente à ação da insulina, o que faz com que, à
semelhança da diabetes tipo I, o transportador citoplasmático também não passe para a membrana celular, levando igualmente a um estado de hiperglicemia.

37
Q

qual a incidencia da diabetes tipo 2?

A

Verificamos também que a incidência é maior nos países subdesenvolvidos, como por exemplo, na China e na Índia, apesar de que nestes países a incidência de obesidade é baixa.
Tal significa que apesar destas pessoas terem um IMC normal têm uma massa gorda mais localizada a nível abdominal, sendo algo que está associado a um maior risco de diabetes tipo II.
Quando temos mais massa gorda que massa muscular, em especial gordura abdominal, temos uma maior tendência para desenvolver a diabetes tipo II. Outros fatores que se conhecem é que uma sobrenutrição em adulto e uma vida sedentária aumentam muito o risco para o desenvolvimento de diabetes tipo II. A diabetes tipo II caracteriza-se por ser insulinorresistência, sendo, por isso, uma patologia muito associada a um estilo de vida sedentário. Sabemos que 85% dos diabéticos tipo II são obesos, mas apenas 10% dos obesos desenvolvem diabetes tipo II.

38
Q

como é a patogenese da diabetes ?

A

Há fatores genéticos, como por exemplo, em genes de armazenamento, genes da insulina, na leptina, quando há uma suscetibilidade das células β que vão contribuir para que um indivíduo mesmo que não seja obeso seja insulinorresistente. O sedentarismo e as dietas com refeições hipercalóricas também são enormes fatores de risco.
Assim, a patogénese desta patologia tem origem sobretudo em fatores genéticos, epigenéticos, comportamentais e ambientais.

39
Q

o que faz uma dieta hipercalorica ?

A

90% de todos os diabéticos são diagnosticados com diabetes tipo
II e sabemos que uma predisposição familiar associada a uma dieta
hipercalórica pode contribuir para um estado de obesidade, para o
aumento de ácidos gordos e para o aumento de corpos cetónicos, o que vai levar a uma resistência à insulina e a um quadro de hiperglicemia.
diabetes tipo II pode-se manifestar quer por uma resistência à insulina quer por um défice na secreção de insulina.
Tanto a dieta hipercalórica como sedentarismo podem originar obesidade, que, por sua vez, origina um quadro inflamatório em que as citocinas inflamatórias aumentam, bem como os ácidos gordos livres e a atividade da hormona de saciedade diminui, o que contribui para a resistência à insulina. Devido a esta resistência o pâncreas aumenta a síntese de insulina, o que origina uma hiperinsulinemia, o que numa primeira fase faz com que não se sinta hiperglicemia na maioria dos tecidos.

40
Q

o que pode acontecer com a necessidade do aumento de producao de insulina ?

A

Contudo esta necessidade de produção de mais insulina contribui para a disfunção das células β a longo prazo, pois estas vão entrar em exaustão. Então vamos assim ter uma diminuição das células β e uma diminuição da sua função, o que causa hipoinsulinemia.

41
Q

quais sao as principais causas de hiperglicemia na diabetes tipo 2?

A

o pâncreas diminui a secreção de insulina; há o aumento das
hormonas contra reguladoras como o cortisol e a glicagina; o fígado tem um aumento da produção de glicose; ocorre
resistência vascular à insulina; existe um estado inflamatório (muitas vezes acontece nos diabéticos, quando têm uma infeção que acaba por complicar a diabetes, mesmo que seja diabéticos controlados que tenham os seus níveis de glicémia dentro de valores normais); também a nível muscular pode ocorrer a diminuição do uptake da glicose pelo músculo; no rim, se tiver disfuncional, pode haver um aumento da reabsorção de glicose, aumentando depois a glicose sanguínea; um aumento dos ácidos gordos no tecido adiposo devido ao aumento da lipólise; e uma
diminuição no efeito das incretinas. Normalmente, não é apenas um fator que origina a diabetes tipo 2, mas sim um conjunto de fatores.

42
Q

o que acontece com o aumneto dos AG livres plasmaticos ?

A

• Lipotoxicidade para as células β
• Inibição do uptake de glicose pelos tecidos alvo
• descida Sensibilidade hepática à insulina
o Hiperglicémia em jejum
• Doença hepática não alcoólica
• descida Adiponectina
o descida Sensibilidade celular à insulina
o aumento Risco de aterosclerose e trombose
• Estimulação de pró-inflamatórios
o Angiotensinogénio,
plasminogénio, citocinas

43
Q

a diabetes tipo 2 esta muito associada ao que ?

A

A diabetes tipo II está, como já mencionado anteriormente, muito associada à obesidade, sendo que existem vários órgãos que acabam por ser afetados. A obesidade conduz sempre a um estado inflamatório em que temos aumento das citocinas inflamatórias e um aumento da proporção de espécies reativas de oxigénio, e isso traduz-se em lipotoxicidade, ou seja: os aumentos de ácidos gordos livres plasmáticos aumentam o estado inflamatório, muitas vezes local e que depois pode-se tornar sistémico, aumentam as espécies reativas de oxigénio que contribuem para o stress oxidativo e tal causa lipotoxicidade nas células β.
Isto leva à inibição do uptake de glicose pelos tecidos alvo, portanto, estes não conseguem captar a glicose do sangue para o interior das suas células. Assim, a glicose acumula-se no sangue, levando a hiperglicemia.

44
Q

o que acontece no musculo esqueletico, tecido adiposo e figado ?

A

Ao nível do musculo esquelético, o estado inflamatório vai levar a um aumento do uptake dos ácidos gordos e a uma diminuição da sua oxidação, e leva sempre à ativação e recrutamento de macrófagos que depois vão libertar citocinas inflamatórias e contribuir para este estado inflamatório.
Vai levar ainda, no tecido adiposo, à hipertrofia dos adipócitos, de novo ao aumento da produção de citocinas e da lipólise e a diminuição da adiponectina.
No fígado, temos um aumento do conteúdo lipídico, que, muitas vezes, leva um estado de esteatose hepática (que significa gordura no fígado) com a ativação das células de Kupffer
(macrófagos). Tal leva ao aumento das citocinas e a uma redução do uptake da glicose.
Tudo isto causa lipotoxicidade e reação inflamatória local o que contribui para um estado de insulinorresistência. Portanto, quando diminuímos a adiponectina ao nível do tecido adiposo, vamos diminuir também a sensibilidade celular à insulina e aumentar o risco de aterosclerose e trombose.

45
Q

resumo

A

a presença de gordura visceral, como acontece na esteatose hepática, contribui para um estado de lipotoxicidade. Isto quer dizer que vai levar uma inflamação local visceral permanente e que as células que antes eram sensíveis à ação da insulina vão ser rodeadas por macrófagos. Estes macrófagos estimulam a produção de espécies reativas de oxigénio e de citocina e vão contribuir, assim, para um estado ainda maior de inflamação. Por
outro lado, estas citocinas e espécies reativas de oxigénio, vão impedir a translocação do GLUT4 para a membrana da célula, sendo que tal traduz-se na ausência do uptake da glicose
celular, portanto, esta acumula-se no sangue (hiperglicemia).
Inicialmente, o pâncreas tenta produzir mais insulina para compensar e então vamos ter um diabético tipo II que vai ter obesidade e hiperinsulinismo e tal vai levar ao
desenvolvimento da insulinorresistência. Ao nível do fígado vamos aumentar o VLDL, a presença de lipoproteína lípase em circulação e a lipogénese no tecido adiposo, tudo isto vai
agravar a obesidade destes diabéticos e vai aumentar o processo de glicogenólise hepática e de gliconeogénese, o que aumenta os níveis de leptina em circulação. Quando aumentam os
níveis de leptina num diabético tipo II, este vai manter a polifagia. Apesar da leptina ser a hormona da saciedade, níveis excessivos desta hormona causam saturação dos seus recetorese causa um efeito rebound, que se traduz na polifagia característica da diabetes.
Ao nível do fígado, temos um aumento da glicogenólise e da gliconeogénese, que se traduz em hiperglicemia. Ao nível muscular, temos uma diminuição da captação da glicólise e
uma diminuição do glicogénio, que se traduz em hiperglicemia. No sistema nervoso central, temos uma inibição do centro da saciedade com exaustão dos recetores de leptina que leva a
polifagia e tal agrava a obesidade, o que leva a hiperinsulinismo, que vai levar à resistência à insulina. No tecido adiposo, diminui a lipólise e aumenta a lipogénese e as adipocinas e tudo isto agrava a obesidade.
A hiperglicemia traduz-se, posteriormente, em glicosúria que se traduz, por sua vez,em poliúria, em seguida em desidratação e polidipsia, que são sintomas da diabetes. Temos também um aumento dos níveis de VLDL no sangue, porque aumentamos a lipogénese e diminuímos a lipolise, portanto, aumentamos os níveis de ácidos gordos livres, porque diminuímos a beta oxidação e a lipoproteína lípase e aumentamos os triglicerídeos (esta
gordura não é oxidada).

46
Q

o que é a sindrome metabolica ?

A

A diabetes faz parte do que denominamos por síndrome metabólica, sendo esta caracterizada por obesidade visceral e pelo menos mais 2 dos seguintes critérios: um HDL menor que 40 miligramas por decilitro; triglicerídeo maior que 150 miligramas por decilitro; uma hipertensão arterial; e uma glicose em jejum superior a 100 ou um diagnóstico de diabetes tipo II. Para determinar a obesidade
visceral, pedimos a medição do perímetro.
Esta síndrome metabólica contribui tanto para o diabetes tipo II quanto para doenças cardiovasculares.

47
Q

quais sao os mecanismos de resistencia a insulina ?

A

Considerando um adipócito normal, quando temos obesidade, este adipócito vai alterar a expressão dos seus marcadores, e vai
começar a produzir citocinas inflamatórias ou vai se diferenciar
num macrófago, que também tem capacidade de produzir
citocinas inflamatórias.
Estas citocinas vão, por exemplo, nas células musculares ou
hepáticas, sinalizar uma série de vias que vão levar a vias de
stresse oxidativo para a própria célula, que, por sua vez, vão levar à resistência no recetor da insulina, impedindo que esta exerça a sua ação.
Por outro lado, a acumulação de ácidos gordos livres intracelular vai levar à produção de metabolitos tóxicos nos miócitos e hepatócitos, que vão impedir a sinalização da insulina e ativar várias vias inflamatórias. Também leva a defeitos mitocondriais com a produção de espécies reativas de oxigénio que levam, também, à produção de metabolitos tóxicos que induzem à resistência

48
Q

quais sao as principais altercaoes da dibatetes tipo 2?

A

Ao nível da diabetes tipo II, temos alterações nos principais órgãos do corpo. Um dos órgãos que é mais afetado é o olho (retinopatia diabética), e algumas das consequências são
neuropatias periféricas, aumento de aterosclerose, hipertensão, trombose e doenças cardíacas, aumento de gordura hepática e problemas gastrointestinais, glomeroesclerose, insuficiência renal
cronica, imunossupressão, disfunção dos neurotransmissores, etc.

49
Q

quais sao os sintomas da diaetes ?

A
• Rápida/Insidiosa 
• 3Ps
o Poliúria
o Polidipsia 
o Polifagia 
• Perda de peso 
• Fadiga 
• Alterações da visão 
• Alterações neurológicas 
• Infeções cutâneas
A perda de peso acontece na diabetes tipo I, por outro lado, na diabetes tipo II pode ser o contrário.
50
Q

quais sao as complicacaoes da diabetets ?

A

É uma doença com grande morbilidade se não for tratada. O olho, o rim e o SNC são extremamente sensíveis e quando a glicose entra nessas células em grandes quantidades acaba por se acumular e
formar substratos altamente nocivos. Entre as complicações
macrovasculares, a doença coronária vai ser a que predomina.