Cirurgia pediátrica Flashcards
O que é o higroma cístico?
Malformação linfática mais comum em crianças. Decorre da obstrução linfática, desenvolvendo a massa cística
Qual a clínica do higroma cístico?
Tumoração indolor, multiloculada de paredes finas cervical posterior (70%), axilar, mediastinal…
A compressão de estruturas adjacentes (vias aéreas…)
Infecção e hemorragia
Como é feito o diagnóstico de higroma cístico?
Clínico
USG, TC, RM (mais para avaliar invasão de estruturas adjacentes ou se a massa não estiver em locais de fácil palpação)
Qual o tratamento do higroma cístico?
Ressecção cirúrgica (2-6 meses de vida)
Agentes esclerosantes: injeta dentro do higroma - bleomicina ou derivados do Streptococcus pyogenes OK432 - a médio prazo tem a involução da lesão
O que é o cisto do ducto tireoglosso?
Massa mediana cervical mais comum na pediatria. É a persistência do ducto tireoglosso, que nada mais é do que o canal formado durante a migração da glândula tireoide, do forame cecum (base da língua) para sua posição cervical. Essa persistência pode ser preenchida por fluido e se tornar um cisto
Qual o quadro clínico do cisto do ducto tireoglosso?
Massa cística na linha média, em qualquer lugar entre a base da língua e a tireoide. Apresenta mobilidade junto a deglutição ou protrusão da língua
Como é feito o diagnóstico do cisto do ducto tireoglosso?
Clínico
Se dúvida diagnóstica, utilizar USG ou a cintilografia para afastar a possibilidade de um tecido tireoidiano ectópico. A cintilografia é com iodo marcado
Quais as possíveis complicações do cisto do ducto tireoglosso?
Fístula cutânea
Infecção do cisto
Potencial de malignidade (tecido tireoidiano no interior do cisto)
Qual o tratamento do cisto do ducto tireoglosso?
Cirurgia com ressecção de todo o trajeto do ducto, incluindo a ressecção da porção mediana do osso hioide (pois os cistos tem uma relação próxima com esse osso e para diminuir a chance de recidiva a porção central é retirada)
Cirurgia de Sistrunk
O que é um cisto branquial?
Decorrem do não fechamento das fendas branquiais durante o desenvolvimento embrionário. Se apresentam como uma massa cervical lateral.
O que são as fendas branquiais?
As estruturas da cabeça e pescoço se originam de 6 pares de arcos branquiais, suas fendas e bolsas. Quando essas estruturas não regridem ou não fecham durante o desenvolvimento embriológico, podem originar cistos ou fístulas cervicais. A sua localização define sua origem
Como identificar pela localização qual cisto branquial foi acometido?
Primeiro cisto: linha do canal auditivo até o ângulo da mandíbula
Segundo: MAIS COMUM, borda anterior do músculo ECM
Terceiro e quarto: raros - parte inferior do pescoço
Qual a clínica dos cistos branquiais?
As manifestações podem variar desde uma mancha a um cisto, até a presença de descarga de conteúdo mucinoso ou até mesmo infeccioso. Podem se apresentar ao longo da vida e não só ao nascimento
Como classificar os defeitos do primeiro arco branquial?
São identificados na região auricular, anterior ou posterior, ou inferiores ao lóbulo da orelha na região submandibular.
Tipo I: anomalias de duplicação do canal auditivo externo e são de origem ectodérmica. Passam através da glândula parótida, muitas vezes com proximidade do nervo facial
Tipo II: mais comum, passam abaixo do ângulo da mandíbula. Contém tanto o ectoderma como o mesoderma, passam atravpes da parótida medial ou lateral ao nervo facial
Como classificar os defeitos do segundo arco branquial?
Mais comum (95%)
Abaixo do ângulo da mandíbula, anterior ao músculo ECM
Tipo I: anterior ao músculo ECM, não tem contato com a bainha carotídea
Tipo II: mais comum. Passa profundamente ao músculo ECM e anterior ou posterior à bainha carotídea
Tipo III: passa entre as artérias carótidas interna e externa, termina de forma adjacente à faringe
Tipo IV: medial à bainha da carótida adjacente à fossa tonsilar
Como classificar os defeitos do terceiro e quarto arcos branquiais?
São raros
3ª fenda: anteriormente ao músculo ECM, tipicamente mais baixos no pescoço do que aqueles decorrentes do 2º arco
4ª fenda: extremamente raros, podem estar associados à laringoceles
Como é feito o diagnóstico do cisto branquial?
Clínico
Pode ser usado se dúvida um USG para identificar uma massa cística, hipoecoica, sem septações, em posição típica
Como é feito o tratamento do cisto branquial?
Ressecção completa do cisto e de todo o seu trajeto. É indicado devido ao risco de complicações, como a infecção do cisto
O que é a atresia de esôfago?
Interrupção ou descontinuidade congênita do esôfago, que causa obstrução esofágica.
A fístula traqueoesofágica é uma comunicação anormal entre o esôfago e a traqueia que pode estar presente ou não na atresia de esôfago.
A fístula traqueoesofágica também pode se apresentar de maneira isolada
Quais são as formas de apresentação da atresia esofágica?
- Tipo A: Atresia esofágica pura (7%)
- Tipo B: Atresia esofágica + fístula traqueoesofágica proximal 2% (mais grave - broncoaspiração)
- Tipo C: atresia esofágica + fístula traqueoesofágica distal (86%) mais comum
- Tipo D: Atresia esofágica + fístula traqueoesofágica distal e proximal (1%)
- Tipo E: Fístula traqueoesofágica pura (H) (4%)
Qual a apresentação clínica da atresia esofágica? Com ou sem fístula?
Sialorreia + engasgo e tosse na 1ª mamada, polidramnia
Com fístula traqueoesofágica: distensão abdominal, tosse, apneia (tipo mais comum, respira e o ar vai para o estômago)
Somente fístula traqueoesofágica: clínica respiratória mais branda
Como é feito o diagnóstico da atresia esofágica?
Pré-natal: polidramnia e a presença de uma bolha gástrica pequena ou ausente. A USG não confirma o dx, a RM tem sido usada e o diagnóstico é feito pela não visualização do esôfago torácico
Em geral incapacidade de passar SNG
RX: sonda no coto esofágico
Se gás no estômago: fístula traqueoesfágica distal ou somente fístula
Como é realizado o tratamento da atresia esofágica?
Medidas gerais: antibioticoprofilaxia, correção de distúrbio hidroeletrolítico, drenagem contínua do coto esofágico
Cirúrgico: fechamento da fechamento da fístula traqueoesofágica + anastomose primária (24-72h)
* se a distância entre os cotos for maior do que 2 vértebras, geralmente não é possível fazer a anastomose primária
2-6 vértebras: cirurgia de tração
> 6 vértebras: GTT + esofagostomia (para drenar o conteúdo)
Quais as anomalias associadas a atresia esofágica?
Baixo peso ao nascimento
Polidramnia
VACTREL: acrônimo para anomalias vertebrais, anorretal, cardíaca, traqueal, esofágica, renal e em membros (limbs)
O que é a estenose hipertrófica de piloro?
Mais comum entre 2-8 semanas de vida
Hipertrofia dos músculos circulares do piloro, causando obstrução ao esvaziamento gástrico
Qual o quadro clínico da estenose hipertrófica de piloro?
Vômitos - não biliosos, que se iniciam por volta da 3ª semana de vida, associado a desidratação e perda ponderal
Criança se encontra faminta após os vômitos
Ao exame físico é visível a peristalse gástrica e uma massa palpável na topografia do piloro (entre o umbigo e o gradil costal: oliva pilórica
Qual o distúrbio hidroeletrolítico e ácidobásico mais associado a estenose hipertrófica de piloro?
Alcalose metabólica, hipoclorêmica e hipocalêmica
Como é feito o diagnóstico da estenose hipertrófica de piloro?
Diagnóstico clínico
Palpação da oliva pilórica - patognomônico, não é necessário exame complementar
USG: espessamento persistente do músculo pilórico, associado a obstrução gástrica - melhor exame
Rx: distensão gástrica
Como é feito o tratamento da estenose hipertrófica de piloro?
Estabilizar a criança, corrigir os distúrbios hidroeletrolíticos e a desidratação
Cirurgia para a correção da estenose: pilorotomia extramucosa de Fredet-Ramstedt
Cirurgia laparoscópica (piloromiotomia)
O que é a atresia duodenal?
Decorre da falta de vacuolização duodenal e as manifestações aparecem nos primeiros dias de vida
Quais as anomalias associadas à atresia duodenal?
Síndrome de Down Prematuridade Polidramnia Pâncreas anular Atresia de vias biliares
Qual o quadro clínico da atresia duodenal?
Distensão abdominal, vômitos ainda nos primeiros dias de via, BILIOSOS e não há oliva palpável
Como é feito o diagnóstico de atresia duodenal?
Rx evidenciando sinal da dupla bolha
O dx também pode ser feito pré natal através da USG que também pode identificar a dupla bolha
Qual o tratamento da atresia duodenal
Inicialmente estabilizar a criança, corrigir os distúrbios hidroeletrolíticos e desidratação
Duodeno-duodenostomia lateral: anastomose desviando o trânsito da obstrução duodenal
Qual é mais comum: a estenose hipertrófica de piloro ou atresia duodenal?
A estenose hipertrófica do piloro é 10x mais frequente do que a atresia duodenal ( 1-3:1000)