Aula 9 - Patologia Esofágica Flashcards

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1
Q

Aspectos de normalidade: descreva as subdivisões regionais do esôfago e a composição de suas camadas histológicas

A

Subdivisões regionais:

  • Superior ou cervical (EES)
  • Média ou torácica
  • Inferior (supra e infra-diafragmática) (EEI)

EE = esfíncter esofágico (inferior ou superior)

Camadas histológicas:
1- Mucosa
2- Submucosa
3- Muscular própria
4- Adventícia

Epitélio estratificado escamoso não queratinizado

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2
Q

Descreva a patogenia das varizes esofágicas

A

As varizes esofágicas são dilatações circunscritas e permanentes das veias dos plexos submucoso e periesofágico, secundárias à hipertensão portal, causada, principalmente, por cirrose (alcoolismo) e esquistossomose hepática (90% dos casos são por esses motivos).

O sangue congesto nas veias do sistema porta constituem as varizes e, devido à proximidade com o esôfago, causam as varizes esofágicas (congestão das veias do esôfago), que não conseguem levar o sangue dele ao fígado lesionado.

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3
Q

Quais são as subdivisões esofágicas e as veias mais afetadas pelas varizes?

A

Terço distal e médio do esôfago: veias esofágicas, que seguem como veia gástrica esquerda e depois como veia porta.

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4
Q

Considerando-se a morfologia das varizes esofágicas, descreva quais os riscos e complicações possíveis de ocorrerem

A

A morfologia das varizes consiste em dilatações, saliências, tortuosidades e irregularidades das veias submucosas e periesofágicas.

Dessa forma, as veias ficam superficiais, expressa pela mucosa azulada e delgada, o que causa o risco de rupturas!

Ruptura –> Sangramento —> Sangue irrita a mucosa espfágica = vômitos com sangue (hematêmese)

É muito sangue no vômito, pois a ruptura das veias ocorre sob alta pressão.

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5
Q

Como é a clínica de um paciente com varizes esofágicas?

A

A clínica costuma aparecer apenas quando as veias se rompem, e é basicamente hematêmese (ruptura de vasos congestos maiores) e anemia (ruptura de vasos congestos menores). A hemorragia não causa dor.

Outros sintomas estão relacionados à perda de sangue excessiva, ou seja, sinais de choque hemorrágico: sensação de desmaio, fraqueza, sudorese, FC elevada e PA baixa.

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6
Q

Como é feito o diagnóstico para varizes esofágicas?

A

Clínica + EDA (endoscopia digestiva alta)

Clínica: portador de doença hepática crônica, hematêmese.

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7
Q

Cite os 4 tratamentos mais comuns utilizados para tratar as varizes esofágicas.

A
  • Vasoconstrição esplâncnica (vasoconstrição dos vasos abdominais, reduzindo o fluxo sanguíneo para as varizes
  • Escleroterapia: cauterização dos vasos
  • Tamponamento por balão: sonda com dois balonetes para comprimir as varizes esofágicas e estancar hemorragias
  • Ligadura elástica: o endoscopista gira o dispositivo de ligadura, soltando um anel de borracha que estrangula a variz, reduzindo seu tamanho até secar, o que ocorre em cerca de duas semanas. O procedimento é indicado para prevenir a ruptura das varizes ou para cessar sangramentos já ocorridos.
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8
Q

Estatísticas relevantes sobre varizes esofágicas:

A
  • Quase metade dos pacientes com cirrose tem varizes esofágicas e cerca de 25% a 40% deles sofrem ruptura dos vasos
  • Cerca de 12% das varizes, anteriormente assintomáticas, sofrem hemorragias a cada ano
  • Apesar de intervenções, 30% dos pacientes com hemorragia das varizes morrem por choque hipovolêmico, coma hepático ou outras complicações
  • Mais de 50% dos pacientes que sobrevivem a um primeiro sangramento de varizes apresentam hemorragias recorrentes dentro de um ano, e isso faz com que a taxa de mortalidade seja semelhante a do primeiro episódio
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9
Q

O que é a Síndrome de Mallory-Weiss?

A

É sinônimo de lacerações esofágicas lineares, longitudinais e próximas da junção gastroesofágica , variando de pouco milímetros a centímetros.

São consequência de vômitos repetidos, que impedem o relaxamento normal da musculatura após o episódio do vômito, o que leva à distensão e ao rompimento da parede esofágica.

Grupos de risco: alcoólatras, bulímicos.

Sintomas: hematêmese (a síndrome é a causa de 10% 15% das HDA)

Na maioria dos casos, o que ocorre é um sangramento leve que tende a se curar rapidamente após o vômito.

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10
Q

O que é a Síndrome de Boerhaave?

A

É uma complicação rara e grave da Síndrome de Mallory-Weiss, em que ocorre laceração transmural e ruptura do esôfago distal.

Esse evento catastrófico produz mediastinite grave e geralmente precisa de intervenção cirúrgica.

O diagnóstico diferencial inicial pode incluir IAM, pois os pacientes podem apresentar severa dor no peito, taquipneia e choque.

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11
Q

O que é a DRGE (Doença do Refluxo Gastroesofágico)?

A

É um refluxo anormal do conteúdo gástrico para o esôfago devido ao relaxamento do EEI (esfíncter esofágico inferior). O esôfago é resistente ao atrito dos alimentos, mas sensível ao ácido.

Essa condição acomete 1% a 20% da população. É mais comum em homens com mais de 40 anos, mas pode ocorrer em qualquer faixa etária e sexo.

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12
Q

Quais os possíveis sintomas e lesões da DRGE?

A
  • Pirose (azia), regurgitação, disfagia (dor ao engolir). Raramente, a DRGE crônica pode provocar dor no peito.
  • No 1/3 distal do esôfago: pode haver esofagite de refluxo ou, em casos mais graves, esôfago de Barrett
  • O refluxo pode atingir as vias respiratórias (laringe, traqueia e pulmão), provocando rouquidão, tosse e infecções como pneumonia por aspiração
  • Na cavidade oral: sialorreia e cáries dentárias (corrosão do esmalte do dente)
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13
Q

Como é feito o diagnóstico para a DRGE?

A

O padrão ouro para diagnosticar a condição é a impedâncio-pHmetria esofágica, um exame longo e desconfortável que consiste em deixar uma sonda nasogástrica no paciente durante 24h para avaliar as variações de pH no estômago.

Porém, a visualização de lesões no esôfago via EDA (endoscopia digestiva alta) somada à clínica do paciente dispensa o exame padrão ouro. Os sintomas típicos, na verdade, já podem ser suficientes para o tratamento.

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14
Q

Descreva a patogênese da DRGE

A

A pressão no interior do estômago é naturalmente positiva, ou seja, um relaxamento do EEI provoca regurgitação do conteúdo gástrico para o esôfago.

Isso é causado por alterações anatômicas e funcionais na JEG (junção gastroesofágica): relaxamento do EEI (a principal barreira para o ácido) ou alterações na musculatura diafragmática.

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15
Q

Apresente os componentes da JEG (junção gastroesofágica) e que compõem a barreira anti-RGE

A

JEG:

  • músculos diafragmáticos
  • EEI
  • conteúdo gástrico (uma alimentação copiosa favorece o refluxo)
  • ligamento frenoesofágico
  • ângulo de His
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16
Q

Quais os principais fatores que alteram a pressão na JEG e provocam a DRGE?

A

Fatores que provocam relaxamento do EEI:

  • Estresses mecânicos e emocionais
  • VIP (peptídeo intestinal vasoativo) e NO (óxido nítrico), que dilatam p esfíncter
  • tabagismo, alcoolismo e fármacos

Fatores que aumentam a pressão abdominal (interferência na musculatura diafragmática): obesidade, gravidez e hérnias de hiato.

17
Q

Como é feito o tratamento para a DRGE e quais as suas possíveis complicações?

A

A DRGE pode ser sintomática ou assintomática, com ou sem lesões, sendo, portanto, a pior combinação aquela em que não há lesões e nem sintomas, sendo a doença diagnosticada quando a agressão ao órgão está muito avançada.

Tratamento: mudanças de hábitos (dormir com a cama inclinada, alimentação menos copiosa e mais leve) e uso de medicamentos anti-ácidos, como IBP (inibidores de bomba de prótons) e anti-histamínicos H2.

Principais consequências: esofagite de refluxo, esôfago de Barrett e neoplasia esofágica

18
Q

O que é hérnia de hiato?

A

É a passagem do estômago (conteúdo abdominal) para a cavidade torácica pelo hiato diafragmático, resultante da separação dos pilares diafragmáticos, que alarga o espaço entre eles.

19
Q

Quais as estatísticas referentes à incidência da hérnia de hiato?

A

É uma condição que pode ser congênita ou adquirida e acomete cerca de 20% dos adultos.

É mais comum em mulheres após os 40 anos de idade (relação com o fato de serem ex-gestantes, sendo a gravidez um fator de risco).

20
Q

Quais são os 4 tipos de padrões anatômicos de hérnias de hiato?

A

Tipo I: esôfago curto. É uma hérnia congênita, na qual o esôfago é curto e traciona o estômago para a cavidade torácica. Correção cirúrgica.

Tipo II: paraesofágica ou hérnia por rolamento. O esôfago permanece em posição normal, mas o fundo gástrico “rola” e penetra o tórax (é como uma bola de fundo gástrico no tórax). Provoca dor semelhante à da isquemia do miocárdio.

Tipo III: esofagogástrica ou hérnia por deslizamento (95% das hérnias de hiato, a mais comum). A pequena porção abdominal do esôfago “desliza” para o tórax, trazendo consigo o estômago. Isso altera a posição anatômica normal do EEI, sendo um fator de risco para a DRGE.

Tipo IV: herniação não apenas do esôfago, mas de outros órgãos também, como intestino e baço.

21
Q

Explique a patogênese das hérnias de hiato e condições de risco.

A

A patogênese consiste no enfraquecimento dos músculos do hiato esofágico.

Os fatores de risco incluem aqueles que aumentam a pressão abdominal, como obesidade, tosse, gravidez, ascite, etc.

22
Q

O que é a tríade de Saint?

A

É a associação entre hérnia de hiato, diverticulose e calculose da vesícula biliar

23
Q

Quais os sintomas da hérnia de hiato?

A

A hérnia de hiato pode ser sintomática ou não. Quando presentes, os sintomas estão associados à DRGE e suas complicações.

24
Q

O que é esofagite de refluxo? Descreva sua patogênese e sua morfologia macroscópica

A

Como o próprio nome diz, é uma inflamação no esôfago causada pelo refluxo, sendo este o principal causador de esofagites.

O epitélio esofagiano (estratificado pavimentoso) é resistente à abrasão de alimentos, mas sensível aos ácidos, que tentam ser neutralizados pelas glândulas submucosas secretoras de mucinas e bicarbonato.

PATOGÊNESE: degeneração do epitélio, que culmina em regeneração epitelial. Esse processo permanece contínuo durante a DRGE, podendo ocorrer um desequilíbrio nesse processo (mais perda do que regeneração), o que resulta em atrofia do epitélio com posterior erosão e ulcerações (hemorragias) = cicatrizes (às vezes, estenose).

MORFOLOGIA: depende do tempo e da intensidade do refluxo, variando desde uma área com hiperemia e edema até um área com erosão e ulceração.

25
Q

O que é o esôfago de Barret?

A

É uma complicação da DRGE crônica, na qual ocorre uma metaplasia intestinal dentro da mucosa esofagiana (epitélio estratificado escamoso torna-se colunar com células caliciformes com borda em escova).

Ocorre em cerca de 10% das pessoas que tem DRGE e é preocupante devido ao seu alto risco de desenvolvimento de adenocarcinoma esofágico.

É mais comum em homens brancos com 40 a 60 anos de idade.

26
Q

Quais os critérios de diagnóstico para o esôfago de Barrett e como ele pode ser classificado de acordo com os segmentos que acomete?

A

O diagnóstico é feito por EDA e requer dois critérios:
1. evidência de mucosa aveludada de cor salmão (o epitélio saudável é rosado), formando pequenas projeções digitiformes acima da JEG

2. evidência histológica de metaplasia intestinal pela biópsia

Pode ser classificado em:
Segmento curto: <3cm superior à JEG
Segmento longo: >3cm superior à JEG

27
Q

Quais as possíveis complicações do esôfago de Barrett?

A
  • Desenvolvimento de úlcera péptica (lesão por ácido), causadora de hemorragias, que levam à reparação por fibrose = estenose do órgão
  • Malignização: metaplasia intestinal –> DBG (displasia de baixo grau) —> DAG —> adenocarcinoma “in situ” –> adenocarcinoma invasor
28
Q

Neoplasias de esôfago

A

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