Aula 10 - Patologia Gástrica Flashcards
Quais são as regiões anatômicas do estômago?
- Fundo
- Cárdia
- Corpo
- Antro (rica vascularização)
- Parte pilórica e piloro
- Grande curvatura (GC)
- Pequena curvatura (PC)
- Incisura angular (localizada na pequena curvatura. marca a junção entre o corpo do estômago e a parte pilórica)
Veja as imagens nos slides de um estômago aberto
Como é dividido o tegumento do estômago
- Mucosa:
- epitélio
- lâmina própria
- muscular da mucosa
- ** Submucosa**
- Muscular própria:
- Muscular interna
- Muscular externa
- Serosa
Quais os tipos de mucosas que existem no estômago, quais células que as compõem e em quais regiões do estômago elas se localizam?
Mucosa oxíntica (fundo e corpo):
-células parietais (eosinofílicas/ ricas em mitocôndrias): HCl e FI (fator intrínseco)
-células principais/zimogênicas (basófilas): pepsinogênio e lipase
- células neuroendócrinas (ECL): histamina
Mucosa antral (antro e cárdia):
- células mucossecretoras (citoplasma mais claro): muco e HCO3-
- células G: gastrina
- células D: somatostatina (inibe a produção de ácido)
Quais fatores físicos e químicos protegem a mucosa e que tipo de substâncias ou efeitos podem afetá-los?
- HCO3- (carbonato)
- camada de muco e barreira epitelial (afetados pelo álcool)
- fluxo sanguíneo adequado (afetado em casos de isquemia)
- prostaglandinas (produção de muco e HCO3-, inibição da secreção de HCl e vasodilatação): afetadas pelos AINES, que inibem a COX-1 e COX-2 de produzir as prostaglandinas.
O que é gastrite aguda, gastropatia e gastrite crônica?
A gastrite é o processo inflamatória da mucosa do estômago que pode acometer a mucosa antral, oxíntica ou ambas (pangastrite).
É uma condição histopatológica (necessita de biópsia para se ter um diagnóstico) e sem quadro clínico específico.
- Quando há presença de neutrófilos, a gastrite é classificada como aguda.
- Quando células inflamatórias são ausentes ou raras, chama-se gastropatia, que inclui diversos distúrbios marcados por lesão ou disfunção gástrica.
- Gastrite crônica: é a forma mais comum de gastrite, sendo a causa mais comum o H. pylori (80%), além de doença auto-imune (10%) e outras causas como refluxo, lesão por radiação, uso de AINES, álcool, ect). A maioria é assintomática, mas podem haver sintomas dispépticos (de “má digestão”)
O que é a gastrite crônica autoimune? Descreva sua patogenia
- Menos de 10% dos casos de gastrite crônica
- É a destruição de células parietais pela presença de anticorpos contra as ATPases da bomba de prótons, o que acaba afetando toda a mucosa oxíntica (fundo e corpo, com antro preservado)
Características: o ataque às células parietais reduz a produção de HCl e FI pelas células parietais. Isso também pode acabar afetando as células principais, mesmo que não hajam Ac específicos contra elas. Com isso, as células G não inibem a secreção de gastrina e hipertrofiam. Logo, as características dessa doença incluem:
- redução de pepsinogênio I sérico (↓ cél. principais)
- Ac para células parietais
- hipertrofia de células G e hipergastrinemia (↑gastrina)
- ↓B12 (anemia megaloblástica ou pernisiosa)
- Redução da secreção de HCl (hipocloridria = ↑pH)
Descreva os aspectos morfológicos da gastrite crônica autoimune
Morfologia macroscópica: atrofia da mucosa oxíntica, que perde as pregas gástricas e fica lisa. O antro encontra-se preservado.
Morfologia microscópica:
Predomínio de IIMN (linfócitos e macrófagos), atrofia, metaplasia intestinal (MI) pelo ↑pH e hiperplasia de células neuroendócrinas (ECL) devido à ausência de feedback negativo, que também estimula a hipertrofia dessas células
Qual uma possível complicação da gastrite crônica autoimune?
Tumor Neuroendócrino ou tumor carcinoide gástrico.
É um tumor de células ECL, devido à sua hipertrofia, possivelmente estimulada pela ausência de feedback negativo assim como ocorre com as células G.
Desnecessário dizer que é um tumor raro.
Quais os aspectos clínicos da gastrite crônica autoimune?
- Ac para células parietais e FI são encontrados no soro e em secreções gástricas no início do curso da doença
- A atrofia gástrica ocorre ao longo de 2 ou 3 décadas da doença, por isso os pacientes costumam ser diagnosticados por volta dos 60 anos (mulheres são levemente mais afetadas que homens)
- A anemia perniciosa ou megaloblástica ocorre em alguns poucos pacientes apenas, causando neuropatias
- A apresentação clínica pode estar ligada aos sintomas da anemia, mas é assintomática na maioria dos casos
Descreva a patogenia da gastrite crônica por H. pylori
- Bacilo espiralado gram -
- É o principal causador de gastrite no mundo, transmissão oro-fecal, costuma ser adquirida na infância e acomete 60% da população
- Ocorre preferencialmente inflamação da mucosa antral com produção gástrica excessiva e hiper-ácida
Quais os fatores de virulência do H. pylori?
- Morofologia espiralada e flagelos (ajudam a bactéria a penetrar o muco para aderir à mucosa, mas a bactéria não a ultrapassa)
- Adesinas (aderência à mucosa)
- Produção da enzima urease, que converte ureia em CO2 e NH3 (amônia)
- As cepas CagA+ e VacA+ são as mais virulentas, sendo que uma cepa pode ser mais ulcerogênica (UPG e UPD) ou mais carcinogênica.
Descreva a fisiopatologia da gastrite crônica pro H. pylori
A bactéria inflama a mucosa antral, tornando-a mais básica pela alta concentração de amônia (NH3), que aumenta continuamente o pH gástrico.
Devido à redução de acidez no antro, as células G hipertrofiam e aumentam a produção de gastrina, que estimulam maior secreção de HCl pelas células parietais. Com a proliferação bacteriana, porém, o aumento do pH é constante, o que torna a estimulação das células G (hipergastrinemia) e das células parietais desenfreada.
Consequentemente, a secreção gástrica fica extremamente ácida (hipercloridria), o que pode causar úlcera péptica duodenal (UPD) pela secreção de conteúdo gástrico hiper-ácido no duodeno.
Descrevas os aspectos macroscópicos (endoscópicos) e microscópicos da gastrite por H. pylori
Macroscopia: mucosa hiperemiada (biópsia antral é preferida devido à presença da bactéria ser mais comum no antro), eritematosa, com aparência grosseira ou mesmo nodular.
Microscopia: em coloração hematoxilina-heosina (HE), vê-se uma gastrite inespecífica. Com a coloração de Gram ou a de Giemsa, é possível identificar a bactéria.
Também é possível ver agressão neutrofílica às glândulas do epitélio na tentativa de alcançar a bactéria, que não penetra a mucosa.
O H. pylori tem maior preferência por infectar a região do antro, sendo a região da cárdia também comum, mas menos frequente. Porém, ela também pode infectar a região do corpo e do fundo, apesar de raro, caracterizando uma pangastrite.
Diferencie a gastrite bacteriana antral da pangastrite.
ANTRAL (+ comum)
- lenta hipotrofia de mucosa
- MI (sempre focais)
- hipersecreção ácida
- muitas vezes associada à UPD
PANGASTRITE (antro, corpo e fundo)
- evolução mais rápida para hipotrofia de mucosa
- MI (gastrite atrófica multifocal)
- hipocloridria (devido à hipotrofia da mucosa)
- associado à UPG e a um maior risco de desenvolvimento de carcinoma gástrico
Perceba que há uma relação inversa entre a UPD e o adenocarcinoma gástrico, o qual se correlaciona com o padrão da gastrite, determinados por fatores do hospedeiro e da bactéria.
Quais fatores do hospedeiro também influenciam na infecção por H. pylori?
Polimorfismos genéticos (aumento da expressão de TNF, citocinas pró-inflamatórias, interleucinas, etc) e deficiência de ferro