Aula 12 - Patologia intestinal II Flashcards

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1
Q

O que é a doença inflamatória intestinal (DII)? Cite os seus subtipos e a característica que os diferencia de forma primária

A

A DII é uma condição crônica (anos ou décadas) e idiopática caracterizada por ativação imunológica inapropriada da mucosa do TGI contra sua microbiota normal. Ela não tem cura e deve ser tratada com imunossupressores.

Como há especulações de várias causas associadas, sendo idiopática, não é considerada uma doença autoimune.

Os dois distúrbios que compreendem a DII são a Doença de Crohn e a Retocolite ulcerativa, que são diferenciadas, primariamente, pelas suas morfologias.

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Q

Quais os principais dados epidemiológicos da doença inflamatória intestinal?

A

Costuma acometer mais mulheres, caucasianas (brancas) com idade entre 20 e 40 anos

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3
Q

A patogênese das DII não são muito bem esclarecidas, mas acredita-se que ela seja o resultado de combinações de fatores envolvendo genética, defeitos epiteliais da mucosa e alterações na microbiota do indivíduo.

Explique quais fatores genéticos estão relacionados à DII.

A
  • O risco da doença é maior quando um membro da família é afetado (evidência em testes com gêmeos monozigóticos)
  • Genes associados à Doença de Drohn: NOD2 (principalmente), ATG16LI e IRGM (papeis na doença ainda não muito bem esclarecidos), mas existem mais de 160 genes associados

Obs: A presença ou alteração de um dos genes envolvidos na Doença de Crohn é apenas um fator de risco para que ela se desenvolva, mas não um determinante.

Para entender melhor: menos de 10% dos indivíduos que carregam o gene NOD2 manifestam a doença. Ele é responsável por codificar a proteína que se liga aos peptideoglicanos bacterianos para gerar resposta inflamatória

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4
Q

A patogênese das DII não são muito bem esclarecidas, mas acredita-se que ela seja o resultado de combinações de fatores envolvendo genética, defeitos epiteliais da mucosa e alterações na microbiota do indivíduo.

Explique como defeitos epiteliais da mucosa intestinal estão relacionados à DII.

A

Uma variedade de defeitos epiteliais foram descritos tanto na Doença de Crohn quanto na colite ulcerativa e estão relacionados principalmente a defeitos na função de barreira do intestino, que permite a entrada de microrganismo para o interior do epitélio com a geração de resposta inflamatória.

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5
Q

A patogênese das DII não são muito bem esclarecidas, mas acredita-se que ela seja o resultado de combinações de fatores envolvendo genética, defeitos epiteliais da mucosa e alterações na microbiota do indivíduo.

Explique como alterações na microbiota estão relacionados à DII.

A
  • Animais isentos de microbiota não desenvolvem colite, apenas animais colonizados tem DII
  • Transplantes de microbianos fecais, a partir de indivíduos saudáveis, podem beneficiar pacientes com DII
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6
Q

Qual é o tratamento das doenças inflamatórias intestinais e por que?

A

Uso de imunossupressores é a base para tratar a doença, já que, apesar de ainda carecer de detalhes, fica claro que a ativação desordenada da imunidade da mucosa e da imunorregulação contribuem para o desenvolvimento da Doença de Crohn e para a colite ulcerativa.

É uma resposta imune do tipo celular (ativação de LT CD4+)

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7
Q

Como é feito o diagnóstico de DII?

A

Associação entre clínica, histopatologia e laboratório.
É feita EDB (colonoscopia) para indentificar as lesões e, ainda, pode ser requisitada uma EDA para verificar se há lesões e,m outras regiões do TGI, já que a Doença de Crohn pode acometer qualquer um de seus órgãos.

Obs: em 10% dos casos, a colite é indeterminada

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8
Q

Descreva as características gerais da Doença de Crohn quanto ao local do TGI que acomete e seus aspectos morfológicos mais característicos.

A
  • DII que comete principalmente o íleo terminal, válvula íleo cecal e e ceco (40% dos casos), por isso também é chamada de ileíte regional. Cólon isoladamente (30%); ID + IG (30%). Qualquer parte do TGI, porém, pode ser acometida (da boca ao ânus)
  • Morfologia apresenta lesões salteadas (não contínuas)
  • A inflamação é tipicamente transmural
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9
Q

Descreva as características gerais da Colite Ulcerativa quanto ao local do TGI que acomete seus aspectos morfológicos mais característicos.

A
  • DII que acomete de forma contínua, e no sentido proximal, o reto e pode alcançar o cólon sigmoide
  • A inflamação é superficial: apenas mucosa e submucosa são acometidas
  • Lesões contínuas caracterizadas pela presença de úlceras e pseudopólipos

Proctite ulcerativa: afeta a parte inferior do cólon e o reto
Colite distal: quando afeta apenas o lado esquerdo do cólon
Pancolite: quando envolve todo o cólon

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10
Q

Quais as principais características morfológicas macroscópicas da Doença de Crohn

A

A inflamação ocorre em estágios:

1. Congestão, edema e processo inflamatório, com destruição epitelial e erosões

2. Formação de úlceras aftosas profundas e estreiras, que podem evoluir e tornarem-se alongadas e serpentiformes. A lesão tem o aspecto de “pedra de calçamento” (mucosa saudável entremeada pelas úlceras)

3. As úlceras podem se coalecer e formar fissuras lineares e tortuosas

Lembrando que tratam-se de lesões salteadas e transmurais.

4. Quando as lesões atingem a serosa, podem causar perfuração, aderência ou fístulas com outros órgãos.

5. Fibrose, que leva à estenose do órgão

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11
Q

Explique o que é a “gordura trepadeira”, aspecto da macroscopia da Doença de Crohn.

A

É quando a gordura mesentérica estende-se ao redor da superfície serosa, o que ocorre frequentemente quando a lesão transmural é extensa.

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12
Q

Como é a clínica da Doença de Crohn?

A
  • Sintomas extremamente variados
  • Diarreia leve e dor abdominal
  • Febre
  • Diarreia mucossanguinolenta (hematoquezia)
  • Períodos assintomáticos de semanas, meses ou anos
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13
Q

Quais as complicações da Doença de Crohn?

A
  • Anemia
  • Obstrução intestinal
  • Perfuração (fístulas, abscessos) que podem causar peritonite e sepse
  • Desidratação e desnutrição
  • Aumento de risco para câncer colorretal
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14
Q

Quais as principais características morfológicas macroscópicas da Retocolite Ulcerativa?

A

A inflamação ocorre em dois estágios:

1. Mucosa hiperemiada, friável, granular e que sangra com facilidade. Há uma transição abrupta entre a mucosa sadia e a inflamada.

2. Formação de úlceras rasas e largas limitadas à mucosa e à submucosa, com pólipos inflamatórios. A parede intestinal encontra-se delgada, e não espessada como na Doença de Crohn.

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15
Q

Como é a clínica da Retocolite Ulcerativa? Cite alguns fatores desencadeantes para os episódios da doença

A
  • Episódios recorrentes de dor abdominal com diarreia mucossanguinolenta.

Os sintomas podem persistir por um longo período de tempo e então cessarem por semanas, meses ou anos.

Fatores desencadeantes de episódios: não são muitos conhecidos, mas é comum que eles seja precedidos de enterite infecciosa e estresses psicológicos (observado, por exemplo, em pacientes que interromperam o tabagismo).

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16
Q

Quais as possíveis complicações da Retocolite Ulcerativa?

A
  • Anemia
  • Desidratação
  • Risco aumentado para câncer colorretal (ainda maior do que a Doença de Crohn)
17
Q

Existem testes sorológicos para diagnosticar se o paciente tem Doença de Crohn ou Retocolite Ulcerativa. Explique que exame é esse e sua aplicabilidade.

A

O anticorpo ASCA está mais relacionado à Doença de Crohn, enquanto o anticorpo p-ANCA está mais relacionado à Retocolite Ulcerativa. Apesar de terem baixa especificidade, são muito sensíveis, e podem ser usados como critério diagnóstico.

Portanto, exames laboratoriais positivos para cada DII seria:

  • ASCA + e p-ANCA - = Doença de Crohn
  • ASCA - e p-ANCA + = Retocolite Ulcerativa
18
Q

Quais as principais diferenças entre a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa? Observe as diferenças na tabela do slide.

A

A diferenciação é, principalmente, morfológica

DOENÇA DE CROHN
Exames laboratoriais: ASCA+ e p-ANCA-

Morfologia:

  • Região: pode ser qualquer parte do TGI (boca ao ânus)
  • Distribuição: lesões salteadas
  • Úlceras: profundas e lineares
  • Presença de fissuras, fístulas e perfurações
  • Inflamação transmural
  • Presença de fibrose e estenose
  • Aspecto da parede: espessada
  • Aspecto da mucosa: “pedra de calçamento
  • Microscopia apresenta granulomas (35% dos casos)

RETOCOLITE ULCERATIVA
Exames laboratoriais: ASCA - e p-ANCA +

Morfologia:

  • Região: cólon apenas (retossigmoide, geralmente)
  • Distribuição: lesões contínuas
  • Úlceras: rasas (superficiais) e largas
  • Sem fissuras, fístulas ou perfurações
  • Inflamação limitada à mucosa e à submucosa
  • Fibrose e estenose são raras
  • Aspecto da parede: delgada
  • Aspecto da mucosa: pseudopólipos
  • A microscopia não apresenta granulomas
19
Q

O que é a colite indeterminada e como ela é tratada?

A

Como há muitas semelhanças entre as manifestações clínicas e morfológicas da Doença e Crohn e da Retocolite Ulcerativa, em cerca de 10% dos casos a DII não pode ser determinada. Mesmo os resultados sorológicos podem ser ambíguos em casos indeterminados pela clínica.

Felizmente, apesar do diagnóstico incerto, a sobreposição extensa no tratamento médico da colite ulcerativa e da Doença de Crohn permite que os pacientes com colite indeterminada sejam tratados efetivamente.

20
Q

Quais são os tumores do IG e do ID?

A

Tumores do ID são raros, por isso não focaremos neles.

Os tumores no IG são os pólipos, que podem ser:

  • Não-neoplásicos: pólipos hiperplásicos (benignos) e pólipos hamartomatosos ou hamartomas (maior risco de malignizarem)
  • Neoplásicos: pólipos adenomatosos (benigno); têm altos riscos de evoluírem para um câncer colorretal

Os neoplásicos tem maior risco de evoluírem para um câncer

21
Q

Defina pólipo

A

É uma lesão elevada formada por criptas e glândulas da mucosa que projetam para cima dessa camada, formando uma protrusão para a luz colônica.

22
Q

Diferencie os pólipos hiperplásicos (não-neoplásicos) dos pólipos adenomatosos (neoplásicos)

A

Os pólipos hiperplásicos são formados a partir de hipertrofia das glândulas e criptas da mucosa.

Já os pólipos adenotamosos surgem a partir de proliferação neoplásica das criptas e glândulas da mucosa.

23
Q

Apresente as principais características dos pólipos hiperplásicos

A
  • Resultam da hiperplasia (↑nº de células) do número de criptas e glândulas da camada mucosa
  • Costumam ser pequenos (0,1cm a 1cm) e sésseis (implantados diretamente na musoca, sem a necessidade de um pedículo)
  • Costumam ser únicos ou múltiplos, mais comuns no retossigmoidee têm maior incidência em pessoas > 50 anos
  • Na microscopia: a maturação das células é preservada, ou seja, não há displasia e apresenta um aspecto serrilhado (clássico do pólipo hiperplásico) ou frondosos, ou seja, as glândulas não são arredondadas
24
Q

Apresente as principais características dos pólipos adenotamosos (adenomas)

A
  • Resultam de proliferação de células epiteliais com diferentes graus de atipias celulares (displasia), portanto são lesões neoplásicas, mas que que ainda não se malignizaram (lesões pré-cancerosas), pois para se tornar um câncer, deve haver proliferação para a lâmina basal
  • Podem ser únicos ou múltiplos, sésseis ou pediculados e podem ter até 10 cm de diâmetro
  • Mais comuns no cólon esquerdo (retossigmoide) em pessoas após os 40 anos, mas principalmente após os 50 anos
  • A maioria deles são assintomáticos, mas podem causar sangramentos (hematoquezia e anemia), sendo que o grande problemas dele é o alto risco de evolução para um adenocarcinoma

Obs: A partir dos 50 anos, a colonoscopia se torna recomendada como exame de rotina, para homens e mulheres (diretriz do SUS).

25
Q

ADENOMA TUBULAR (onde vc parou na aula gravada do Valadão)

A