Aula 11 - Patologia intestinal I Flashcards
Descreva como é a circulação intestinal
Dupla circulação
AMS:
- ID
- Ceco
- Cólon ascendente
- Cólon transverso
AMI:
- Flexura esplênica
- Cólon descendente
- Cólon sigmoide
- Reto
A. gastroduodenal: duodeno
O que é a doença isquêmica intestinal?
A isquemia intestinal é causada por fluxo sanguíneo deficiente no intestino. Costuma acometer idosos (> 70 anos) e tem alta morbidade e mortalidade.
A isquemia pode ser aguda, causando angina, ou crônica, causando um infarto.
Quais as causas da doença intestinal isquêmica?
Interrupção do fluxo sanguíneo devido a uma:
- obstrução arterial (trombose ou embolia) da AMS (mais facilmente obstruída que a AMI): trombose associada à aterosclerose ou embolia causada por IAM, endocardite, arritmias, etc (coração esquerdo)
- obstrução venosa (trombose) das veias mesentéricas: ICC, inflamação de órgãos abdominais, cirurgias, neoplasias, etc. A obstrução venosa leva à congestão, edema e, portanto, prejuízo ao suprimento sanguíneo arterial.
Lembrar da tríade de Virchow
Baixa perfusão tecidual: ICC, desidratação, choque
Fatores mecânicos: hénia inguinal ou umbilical, aderência/brida, volvo ou intussuscepção podem comprimir vasos intestinais
A isquemia intestinal pode ser aguda ou crônica. Explique a isquemia crônica, seus sintomas e suas principais causas
A principal causa da isquemia crônica é a aterosclerose, que reduz a luz arterial e compromete o suprimento sanguíneo adequado, gerando hipóxia e, consequentemente, angina abdominal:
- dor intermitente
- duração variável
- piora após as refeição (quando há maior demanda por sangue)
A aterosclerose ainda pode causar inflamação dos vasos e posterior erosão/ulceração da mucosa (necrose ulcerativa) como consequência à isquemia (como é uma camada mais distante da mucosa, é mais susceptível à isquemia). Além disso, o processo reparativo (fibrose) pode levar à estenose do intestino.
A isquemia intestinal pode ser aguda ou crônica. Explique a isquemia aguda, seus sintomas e suas principais causas
A isquemia aguda ocorre quando há obstrução total súbita de alguma artéria mesentérica por aterosclerose grave, aneurisma, trombose, etc.
Os danos dependem da intensidade e da duração da isquemia:
- ↓duração e intensidade levam à necrose restrita à camada mucosa ou até da muscular da mucosa (infarto mural)
- ↑duração e intensidade levam ao infarto transmural, em que todas as camadas da mucosa são acometidas (locais mais afetados jejuno distal e íleo no ID e flexura esplênica no IG).
Obs: o infarto mural pode ser causado tanto por hipoperfusão crônica quanto aguda, mas o transmural é típico da hipoperfusão aguda
Descreva a patogenia da isquemia intestinal
Os danos à mucosa ocorrem em duas fases: lesão hipóxica, que ocorre no início da isquemia; embora ocorram algumas lesões, as células intestinais são resistentes à hipóxia.
Em seguida, ocorre a lesão de reperfusão, que ocorre devido à dupla circulação do órgão (infarto hemorrágico). Ela é acompanhada de passagem de produtos bacterianos, como o LPS, para a luz intestinal, produção de radicais livres, infiltrado de neutrófilos e liberação de mediadores inflamatório adicionais.
O que são as zonas vertentes?
São segmentos intestinais mais susceptíveis à isquemia e incluem a flexura esplênica (fim da circulação mesentérica superior) e, em menor grau, cólon sigmoide e o reto (fim da circulação pudenda, ilíaca e da AMI), por isso a doença isquêmica deve ser levada em consideração para fazer o diagnóstico diferencial da colite focal da flexura esplênica ou cólon retossigmoide
Qual a assinatura morfológica da doença intestinal isquêmica?
A forma como os capilares intestinais se arranjam torna a superfície do epitélio particularmente vulnerável à isquemia em relação às criptas (vantagem: proteção das células-tronco epiteliais –> regeneração celular). Isso explica o padrão morfológico do doença intestinal isquêmica: atrofia da superfície epitelial com criptas normais ou hiperproliferativas
Descreva o infarto da mucosa ou mural intestinal e sua morfologia
- É a necrose que pode acometer a mucosa, muscular própria e, no máximo, a submucosa (do mais distante ao mais próximo dos vasos sanguíneos), causado principalmente por choque e ICC
- Se a causa é eliminada, ocorre reparação das lesões e o prognóstico é bem melhor do que o infarto transmural
MOROFOLOGIA
- A mucosa é hemorrágica e pode estar ulcerada
- Parede intestinal espessada pelo edema
Descreva o infarto transmural intestinal e sua morfologia. O que determina se a obstrução foi arterial ou venosa?
- Necrose de toda a parede intestinal (todos os tegumentos acometidos), causado principalmente por tromboêmbolo na AMS (60%)
- Trata-se de um infarto hemorrágico (vermelho)
- Prognóstico ruim (alta mortalidade)
MORFOLOGIA
Parede edemaciada, congesta, endurecida de cor vinhosa e enegrecida com sangue na luz
Limite nítido: obstrução arterial
Limite pouco definido (em degradê): obstrução venosa
Como é a clínica da doença intestinal isquêmica?
- Dor abdominal súbita e intensa na região periumbilical
- Taquicardia + hipotensão (hemorragia)
- ↓ruídos hidro-aéreos (redução ou abolição dos movimentos peristálticos)
- náuseas e vômitos
- diarreia sanguinolenta (hematoquezia = HDB) (hemorragia digestiva baixa)
Quais as possíveis complicações do infarto transmural?
- Choque hipovolêmico devido à HDB
- Íleo paralítico ou adinâmico devido à redução do peristaltismo
- Peritonite (devido à perda da impermeabilidade da parede + proliferação bacteriana)
- Perfuração intestinal
- Septicemia e choque séptico
O prognóstico depende da extensão da área isquêmica e do tempo para o diagnóstico, mas a mortalidade é de 40% a 70%
Apresente os dados epidemiológicos e as causas da apendicite aguda
A apendicite aguda é a principal causa de abdômen cirúrgico, sendo mais comum em crianças, adolescentes e adultos jovens, sendo mais comum em homens (H:M = 2:1)
Causas: obstrução da luz intestinal por:
- fecalitos
- parasitas
- corpo estranho (ex: unhas)
- tumores
Descreva a patogênese da apendicite aguda
A obstrução da luz leva à retenção do muco produzido pelo IG, o que causa distensão da parede e proliferação bacteriana. Como resultado, ocorre aumento da pressão intraluminal e, portanto, compressão venosa, que leva à isquemia, hipóxia e reação inflamatória.
Descreva a clínica da apendicite aguda
- Hiporexia (perda anormal de apetite)
- Febre
- Náuseas e vômitos
- Dor periumbilical
- Leucocitose com desvio à esquerda (neutrófilos jovens = bastonetes) = reação inflamatória aguda intensa