Aula 2 - Economia política Flashcards

1
Q

1 Variáveis do comércio internacional

A

O comércio internacional está inserido dentro do cálculo do PIB através do setor externo. No setor externo, representamos as importações como M e
as exportações como X.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país em um determinado período de tempo (MENDES, 2004). Para esse cálculo, somamos o consumo das famílias, o investimento das empresas e os gastos do governo com o resultado das exportações líquidas (que é o resultado das exportações menos as importações).
As exportações são as operações de comércio em que os bens e serviços são
vendidos para outros países. Já as importações são as operações em que os residentes
compram bens e serviços de outros países.
Para estudarmos os fatores que influenciam o comércio internacional, iremos adotar o dólar como moeda internacional, os fatores que influenciam na exportação de bens e serviços ao exterior são:
• preços externos em dólares – com o preço externo dos produtos elevado, os
produtores nacionais tendem a exportar mais seus produtos para aproveitar o preço
favorável;
• preços internos em reais – ao ocorrer uma elevação dos preços internos (inflação), a tendência
é que os produtos tipo exportação tenham uma redução no mercado externo, pois o
mercado interno oferece maiores incentivos do que as exportações;
• taxa de câmbio (reais por dólares) – um aumento da taxa de câmbio tende a estimular as exportações, pois os consumidores externos poderão comprar mais produtos nacionais com menos dólares e os produtores nacionais receberão mais reais pelo mesmo valor em dólares. Com uma redução da taxa de câmbio tende a ocorrer um desestímulo às exportações;
• renda mundial – com o aumento da renda mundial há um estímulo ao comércio internacional como um todo, tendendo a ocorrer um aumento das exportações
nacionais. A redução da renda mundial faz o movimento inverso;
• subsídios e incentivos às exportações – os subsídios e incentivos às exportações podem ser fiscais, com isenções de impostos, ou financeiros, com financiamentos a taxas subsidiadas e linhas de créditos específicas, estimulando assim as exportações.
Já os fatores que influenciam no comportamento das importações são:
• preços externos em dólares – o aumento dos preços dos produtos importados no
exterior fará com que o consumidor nacional diminua seu consumo de produtos
importados;
• preços internos em reais – quando ocorre o aumento dos preços dos produtos
nacionais, isso tende a aumentar o consumo de produtos importados.
• taxa de câmbio (reais por dólares) – uma elevação da taxa de câmbio provoca aumento
dos custos dos importadores, pois tem que pagar mais reais pelo mesmo preço em
dólares.
• renda e produto nacional – o aumento da produção e da renda nacional irá afetar as
importações, pois por representarem o crescimento da economia nacional, tende
a haver o aumento do consumo de matéria-prima, bens de capital e de consumo
importados;
• tarifas e barreiras às importações – as barreiras à importação podem ser quantitativas,
com aumento das tarifas sobre os produtos importados, ou qualitativas, como a
proibição da importação de alguns produtos e também o estabelecimento de cotas
ou aumento na burocracia para alguns produtos ou países.

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Q

1.1 Balanço de pagamentos

A

O balanço de pagamentos mede de maneira contábil todas as transações econômicas feitas entre os residentes de um país e os outros países, ou seja,
contabiliza as transações feitas entre o Brasil e os demais países.
No balanço de pagamentos estão registradas as operações de exportação e importação realizadas no período (usualmente um ano). Também se incluem
os fretes, seguros e empréstimos realizados no exterior.
A partir do balanço de pagamentos é possível saber o quanto a dívida externa variou no
período. Isso é possível através da diferença entre a entrada de empréstimos e financiamentos e os
pagamentos realizados, registrados na conta amortizações e liquidação de atrasados comerciais.
O balanço de pagamentos possui as seguintes subdivisões: balança comercial, balanço
de serviços e rendas, transferências unilaterais correntes, balanço de transações correntes,
conta capital e financeira e, por último, a rubrica de erros e omissões.
No balanço de serviços e renda são registrados os serviços e rendas pagos e recebidos.
Os serviços podem ser de fretes, seguros, lucros, juros, royalties, assistência técnica e viagens
internacionais.
4 conta “transferências unilaterais correntes” registra as doações interpaíses. Essas doações podem ser em divisas ou em mercadorias. Os brasileiros que trabalham em outros países, são exemplos de doações em divisas que são registradas na conta transferências unilaterais correntes.
O balanço de transações correntes é o saldo entre as contas balanço comercial, balanço de serviços e rendas e das transferências unilaterais correntes. Quando este saldo é positivo, ele indica que o Brasil enviou mais bens e serviços para o exterior do que recebeu, sendo considerada uma poupança externa negativa. Ao ter um saldo negativo, ele indica que o Brasil recebeu mais bens e serviços do exterior do que enviou e tem uma poupança externa positiva, pois aumentou seu endividamento externo.
Na conta capital e financeira aparecem as transações que alteram a situação devedora ou
credora de um país com o resto do mundo. Nessa conta, são registradas as contrapartidas financeiras das exportações e importações de mercadorias e de serviços, e também as transações financeiras puras, como as ações de empresas, as cotas de participação
governamental em organismos internacionais, títulos de outros países e empréstimos em moeda.
A rubrica “erros e omissões” apresenta a diferença entre o saldo do balanço de pagamentos e o financiamento do resultado, ou seja, ao ocorrer um resultado diferente de zero, as compensações são feitas através da rubrica erros e omissões.
O balanço de pagamentos demonstra os resultados agregados das relações econômicas
internacionais de um determinado país.

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Q

1.2 Análise do balanço de pagamentos

A

O resultado desse balanço, ou seja, seu saldo, é transferido para os estoques de divisas externas. O nível destes estoques indica a liquidez internacional da economia.
O conjunto histórico dos resultados do balanço das transações correntes demonstra o endividamento externo líquido da economia. O resultado final do balanço de pagamentos revela a posição do país em suas transações externas. Caso aconteça um déficit no balanço de pagamentos, este indica que ocorreram, no
período, mais saídas de reservas cambiais do que entradas. Já nos casos em que ocorre superávit no balanço de pagamentos, há o aumento das reservas cambiais do país no período.
Os superávits no balanço de pagamentos indicam que o país tem obrigações financeiras externas a serem cumpridas. Esse superávit pode ocasionar uma pressão inflacionária no mercado interno, pois tendem a aumentar a quantidade de moeda na economia e
também podem ocasionar uma desacumulação externa líquida.
Essa desacumulação significa que em suas transações com o resto do mundo a economia nacional
perdeu, isto é, sua absorção de mercadorias, serviços e fatores de produção foi menor que seus fornecimentos aos outros países.
Os déficits no balanço de pagamentos levam à perda de obrigações cambiais, reduzindo a liquidez internacional do país e podendo ocasionar uma redução da capacidade de inserção mundial do país ou à solicitação do país a empréstimos internacionais, aumentando o endividamento externo.
Esses desequilíbrios, tanto superavitários quanto deficitários, não se sustentam ao longo do tempo e afetam os objetivos macroeconômicos de crescimento econômico e estabilidade do nível de preços.

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4
Q

1.3 Custos e benefícios das transações externas

A

Os custos mais relevantes, são uma
menor autossuficiência, um enfraquecimento do poder interno e o desemprego estrutural.
A menor autossuficiência ocorre, pois o aumento da interdependência dos países leva a
uma maior exposição aos riscos e aos choques externos. Esses riscos e choques podem ter
origem nas crises econômicas internacionais, na inconstância das moedas estrangeiras, no
não cumprimento de contratos e acordo multinacionais e até mesmo no não abastecimento
da demanda mundial, como ocorreu nos choques do petróleo de 1973 e 1979.
O enfraquecimento do poder interno se refere à subordinação da política pública
interna aos interesses multilaterais, ocasionados pelo aumento no número de agentes, no
grau de complexidade e na importância estratégica das relações externas. O desemprego
estrutural retrata a preocupação com as pressões externas que podem forçar a busca por
maior competitividade, levando a redução das estruturas organizacionais, cortes em postos
de trabalho e expansão das taxas de desemprego.
Porém, o comércio internacional possui suas vantagens. Os benefícios mais relevantes
são: a diversidade de produtos, os ganhos de eficiência e a aceleração de mudanças. A
diversidade de produtos se justifica pela maior pauta de produtos que pode ser utilizada
pelas nações, especialmente as de menores dimensões territoriais e com baixa diversidade
na dotação de recursos naturais.
Os ganhos de eficiência resultam da abertura comercial, levando a um aumento da concorrência. Os ganhos de eficiência também resultam numa ampliação das escalas de produção, uma redução dos custos totais e o desaparecimento dos pontos de estrangulamento
nas cadeias de suprimentos, pois agora possuem novas empresas para seu abastecimento.
om relação à aceleração de mudanças, a abertura comercial propicia a transmissão de
novos padrões tecnológicos, uma aceleração das inovações e um estímulo para a melhoria dos
fatores sistêmicos e estruturais da competitividade.

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