Aula 1 - Teorias do comércio internacional Flashcards
- Teorias do comércio internacional:
A economia é uma ciência social que se preocupa em estudar como os indivíduos, famílias, empresas e governo alocam seus recursos escassos a fim de satisfazer suas inúmeras necessidades.
Todos nós lidamos com um problema de escassez, ou seja, nossos recursos são limitados (mão de obra, por exemplo) e em contrapartida nossas necessidades são ilimitadas.
A economia pode ser dividida em quatro ramos de estudo: a microeconomia, a macroeconomia,
a economia internacional e o desenvolvimento econômico.
A economia internacional se preocupa em estudar como ocorrem as relações econômicas entre os diversos países e entre as pessoas que residem no
país e as que não residem, em relação à compra e venda de produtos e serviços e também das
operações financeiras.
1.1. Vantagens do comércio internacional:
Os países realizam as trocas internacionais de bens e serviços basicamente por dois motivos: o primeiro deles é que os países são diferentes entre si e, portanto, possuem características de produção diferentes.
O segundo motivo refere-se ao aumento de produção devido à economia de escala - quando há um aumento da produção e em contrapartida há uma redução dos custos de produção.
Esse aumento de produção vem a partir da especialização do país (ou da empresa) na produção de determinados bens. O país, ao tentar produzir todo os bens disponíveis no mercado, gera uma menor eficiência na produção. Desta forma, a especialização faz com que se produza mais com custos menores, atingindo assim a economia de escala.
[QUADRO 1]
Para explicar o porquê dos países realizarem comércio internacional, foi utilizada a teoria clássica da economia internacional. Um dos principais teóricos desta corrente foi David Ricardo. Para esse autor, as trocas ocorrem a
partir da vantagem comparativa e esse conceito é essencial para entendermos as teorias de
comércio internacional.
1.2. A vantagem comparativa:
A vantagem comparativa é observada quando um país possui uma vantagem na produção de um bem se o custo de oportunidade pela produção desse produto é menor do que em outros países.
Mas o que é custo de oportunidade?
O custo de oportunidade implica no custo de você deixar de produzir o bem X para produzir o bem Y, não em termos financeiros, mas em termos de sacrifício.
O comércio entre dois países pode beneficiar a ambos os países se cada um exportar os bens que possui uma vantagem comparativa.
O comércio internacional ocorre a partir das diferenças internacionais de produtividade. O modelo ricardiano de comércio internacional busca explicar essas diferenças a partir da vantagem comparativa.
Muitas vezes, um país pode ter vantagem absoluta na produção de todos os bens, porém, é necessário fazer uma escolha, pois esse país ao utilizar sua mão de obra e matéria-prima na produção de todos os bens irá subutilizar um desses fatores.
Porém, o que é vantagem absoluta?
A vantagem absoluta acontece quando um país apresenta vantagem na produção de um bem, pois apresenta custos menores em sua produção
Porém, a teoria das vantagens comparativas tem suas limitações pois não considera os seguintes aspectos:
• custos de transporte;
• tarifas, barreiras e regulamentação que podem prejudicar o comércio internacional;
• investimento do setor público para impulsionar as vantagens comparativas nacionais;
• o aumento do fluxo de capitais em decorrência da tecnologia e internet facilitando o
investimento nos setores mais frágeis da
economia;
• necessidade de algumas empresas em acessar os mercados internacionais, no caso
de seu mercado nacional ser pequeno.
1.3. Teoria da dotação de fatores:
Na década de 1920 surge uma nova teoria que busca explicar o comércio internacional a partir das diferenças existentes entre os países.
Os economistas suecos Heckser e Ohlin, na década de 1920, publicam uma teoria que procura explicar o comércio internacional a partir de dois pontos de vista. O primeiro deles é de que os produtos fabricados utilizam diferentes fatores de produção, ou seja, cada produto utiliza uma quantidade de horas de trabalho, matéria prima e capital diferentes.
O segundo aspecto de análise desta teoria é a dotação de fatores dos países. Cada país é diferente nos fatores que possui. Portanto, alguns países possuem uma maior dotação de recursos naturais enquanto outros possuem uma maior disponibilização de mão de obra.
Portanto, para essa teoria, é a dotação dos fatores de produção que irá determinar os bens nos quais a economia irá apresentar vantagem comparativa.
Os países desenvolvidos possuem recursos como o capital e o conhecimento em maior intensidade; sendo assim, possuem vantagem comparativa na produção de bens de capital. São exemplos deles as máquinas e equipamentos. Também tem vantagem comparativa na produção de bens que exigem um alto conhecimento em química fina, como exemplo podemos citar os medicamentos.
No entanto, os países participantes dos BRICS, possuem uma dotação para a mão de obra e, por isso, sua vantagem comparativa está na produção de bens que usam como principal recurso a mão de obra. Como exemplos podemos mencionar os produtos de vestuário, agricultura e calçados.
Assim, a principal diferença entre a teoria da dotação de fatores e a teoria da vantagem comparativa está na eficiência da produção.
Para a teoria das vantagens comparativas, o país irá exportar a partir da eficiência na produção de determinado bem, visto que, para essa teoria, o fator de produção mais importante é a mão de obra.
A dotação de fatores, por outro lado, analisa que além da eficiência da produção, o comércio internacional será feito a partir de produtos em que o país tenha uma maior quantidade de fatores para a sua produção.
O comércio internacional depende de muitos fatores e uma teoria não é suficiente para explicar e analisar essa complexidade. A teoria da dotação de fatores foi complementada com a adição de outros fatores na análise, entre esses fatores estão a tecnologia e o conhecimento, que ajudam a explicar a especialização
de alguns países em determinados setores.