Aula 14 - Novas Teorias Do Comércio Internacional Flashcards
1 Teoria dos Fatores Específicos
Devido à especificidade das indústrias e dos fatores de produção que elas exigem, a distribuição de renda pode prejudicar determinados indivíduos ou setores em detrimento de outros.
Por conta destas características, na década de 1970 surge o modelo de fatores específicos, que busca explicar o comércio internacional a partir de outros fatores de produção além do trabalho. Além disso, este modelo busca evidenciar o porquê de os países manterem setores considerados ineficientes, de acordo com a Teoria das Vantagens Comparativas.
Assim, o modelo de fatores específicos supõe que a economia produz somente dois bens (manufaturas e alimentos) e irá alocar o trabalho disponível na economia para a produção destes bens. Mas em qual ponto esse modelo difere do modelo das vantagens comparativas? Este modelo considera que um fator é móvel, ou seja, pode se deslocar de um setor para outro e que os outros fatores são fixos no curto prazo. Tais fatores fixos são chamados de fatores específicos.
Eles são assim chamados porque o modelo considera que podem ser utilizados somente na produção de um bem em particular.
Logo, esses fatores de produção, capital e terra, são tidos como específicos, pois requerem um maior período de tempo para o ajuste de um setor para outro, enquanto que o trabalho pode ser movido em um prazo menor. No entanto, quanto maior a capacitação exigida, menor a mobilidade do trabalho.
Assim, o modelo dos fatores específicos considera que apesar de o fator trabalho poder ser deslocado de um setor para outro, os fatores capital e terra são constantes no curto prazo para alguns setores. Isso impacta diretamente no comércio internacional, visto que os países produzem os mesmos produtos em alguns setores, pois sua população tem demandas parecidas. No entanto, a produtividade marginal do trabalho nestes setores pode ser diferente em cada país, além disso, um país pode ser mais abundante em capital ou terra do que outro. Essas diferenças de fatores também contribuem para o aumento da produtividade do trabalhador.
A partir deste modelo, se espera que o país irá alocar mais mão de obra no setor em que o fator específico é maior.
Portanto, a Teoria do Fator Específico nos mostra que o comércio internacional beneficia o fator que é específico do setor exportador e prejudica o fator que é específico do setor que concorre com as importações. Mas por que, apesar desses prejuízos, os países realizam comércio internacional?
De acordo com essa teoria, os países realizam as trocas internacionais por três razões, apesar dos prejuízos para um dos setores. Primeiro, porque sem o comércio internacional o país precisaria produzir todos os bens e serviços de que necessita. Segundo, porque com o comércio internacional é possível consumir e produzir mais de todos os setores. Por fim, com esse aumento do consumo, cada indivíduo poderá adquirir mais de ambos os bens. A partir deste último motivo, podemos constatar que, apesar dos prejuízos que possam ser causados, o comércio internacional deixaria a todos em uma situação melhor do que a inicial, sem o comércio internacional.
Essa teoria nos afirma, então, que o comércio internacional amplia as possibilidades de escolha para o consumidor. Com mais possibilidades, é possível redistribuir a renda de maneira que todos ganhem com o comércio. No entanto, não é porque todos podem ser beneficiados com o comércio internacional que todos, de fato, serão beneficiados por ele. A existência de setores da sociedade que podem se prejudicar com o livre comércio faz com que os países ainda adotem medidas protecionistas.
2 Nova Teoria do Comércio
Um dos cenários que chamou a atenção do teórico foi o de que os países industrializados, que tinham dotação de fatores semelhantes, tinham uma alta taxa de comércio entre si. A partir desta observação, podemos perceber que os países não estavam complementando o seu mercado interno com produtos e serviços aos quais não tinham dotação de fatores Um dos cenários que chamou a atenção do teórico foi o de que os países industrializados, que tinham dotação de fatores semelhantes, tinham uma alta taxa de comércio entre si. A partir desta observação, podemos perceber que os países não estavam complementando o seu mercado interno com produtos e serviços aos quais não tinham dotação de fatores.
Sendo assim, por que esses países realizam trocas entre si? Apesar de não terem vantagens comparativas claras, essa teoria demonstrou que esses países realizam trocas entre si a partir dos ganhos de escala. É a economia de escala que os setores podem atingir pela especialização que garantem um desempenho superior no mercado internacional. Isto ocorre porque alguns setores conseguem maior lucratividade quando aumentam o volume produzido.
O que se percebe nesta teoria é que os países, apesar de terem dotação de fatores parecidas, preferem a especialização em alguns setores-chave. Isso lhes garante benefícios para suas economias locais a partir das economias de escala que conseguem ao realizarem o comércio no mercado internacional.
Portanto, para a Nova Teoria do Comércio, o resultado final almejado pelo país da especialização e do comércio internacional para suprir os setores que não possui fabricação nacional são o aumento da variedade de produtos que esta economia tem acesso e os custos mais baixos que estes produtos chegam ao mercado interno. Essa redução de custos ocorre pela existência do comércio internacional e pelas economias de escala que os produtos conseguem ter no mercado interno, devido à especialização. Sendo assim, o comércio internacional seria benéfico para os países que produzem uma quantidade limitada de bens e serviços.
3 Diamante de Porter
O modelo de Diamante de Porter é a teoria de comércio internacional mais recente, visto que foi lançada em 1990 no livro The competitive advantage of nations. Porter notou que os países estavam disputando entre si um posicionamento vantajoso no cenário internacional para atrair o investimento e novos negócios estrangeiros.
Assim, Porter notou que as vantagens competitivas dos países eram provindas das vantagens competitivas das empresas nacionais. Além disso, percebeu que as vantagens competitivas dos países fomentavam a criação de novas empresas e de setores econômicos que seguiam a tendência das vantagens competitivas do país.
A vantagem competitiva da empresa surge quando ela possui ao menos uma fonte de competência que a distingue das demais, o que lhe permite um desempenho melhor que as concorrentes. Para Porter, tanto a vantagem competitiva das nações quanto das empresas é atingida a partir da inovação. As empresas podem inovar a partir do desenvolvimento de novos produtos, de novos processos, novas formas de organização e novas abordagens.
Já sobre a capacidade inovadora dos países, ela deriva da capacidade de inovação das empresas, visto que quanto mais empresas inovadoras existirem maior será a vantagem competitiva do país. Além disso, a inovação das empresas também promove a produtividade, ou seja, mais eficiente será a empresa na utilização de seus recursos. Para os países a produtividade também é importante, pois determina o padrão de vida no longo prazo de um país e o auxilia no crescimento da renda per capita.
Apresentadas as condições iniciais do modelo, vamos conhecer quais são os aspectos que dão vantagem competitiva para as empresas e países de acordo com o Modelo de Diamante.
Os fatores são setores econômicos correlatos e de apoio, as condições de demanda, as condições de fatores e a estratégia, estrutura e rivalidade das empresas.
O primeiro elemento para a vantagem comparativa seria a estratégia, estrutura e rivalidade das empresas. Este elemento refere-se à competição no mercado interno, das condições dos países para a criação, organização e administração de empresas. A importância destes elementos se explica tendo em vista que a rivalidade entre as empresas de um mesmo setor promove a inovação e o aprimoramento, assim, as empresas irão competir por participação de mercado, mão de obra qualificada, liderança técnica e qualidade.
O elemento seguinte consiste nas condições dos fatores de produção. Este elemento nos mostra que a situação interna dos fatores como mão de obra, recursos naturais, capital, tecnologia, empreendedorismo e know-how são essenciais para que sejam desenvolvidas vantagens comparativas. Este elemento demonstra consonância com as teorias anteriormente estudadas, visto que os países sempre irão apresentar algum recurso no qual são abundantes ou escassos. Porém, o modelo de Porter apresenta uma nova visão a respeito dos recursos escassos. Para o modelo, as empresas e o país podem analisar a escassez de fatores como uma forma de se aprimorar na utilização dos recursos, ou seja, tornarem-se mais eficientes, produzindo melhor apesar da escassez existente.
Após analisar as condições dos fatores de produção e como eles podem influenciar na determinação das vantagens competitivas dos países, vamos analisar o próximo elemento, as condições de demanda. Este elemento nos mostra que o mercado interno por bens e serviços pode facilitar ou dificultar o desenvolvimento das vantagens competitivas em alguns setores. O país que apresenta consumidores exigentes, que requerem novos produtos, com melhor qualidade, pressiona as empresas a inovarem e a melhorarem seus processos.
Por fim, o último elemento é a existência de setores econômicos correlatos e de apoio. Um setor que apresenta um conglomerado de fornecedores, concorrentes e empresas complementares tende a se destacar. Este ambiente proporciona um terreno fértil para o surgimento de vantagens provindas da troca de informação e conhecimento, assim como de economias de escala e de escopo e acesso a insumos melhores.
Como você pode notar pelas explicações a respeito dos quatro elementos que podem garantir vantagens competitivas, eles não são isolados, visto que um elemento influencia o desenvolvimento dos demais. Um país que possui uma demanda interna forte, com consumidores exigentes e atentos às inovações, tende a aumentar a competitividade das empresas nacionais para atender e conquistar uma maior participação de mercado, tornando- se líder tecnológico e lançador de tendências. Essa competitividade tende a vir acompanhada por melhorias na utilização dos recursos escassos que pode proporcionar a formação de conglomerados para uma obtenção de economias de escala.
O que se percebe a partir deste nosso exemplo é que a vantagem competitiva não é obtida somente pela dotação de fatores, ou seja, ela pode ser criada. O país pode investir nos fatores que considera importantes para criar novas vantagens competitivas. As políticas industriais que os países podem adotar para gerar novas capacidades são:
• incentivos fiscais para estimular a poupança e o investimento nacional;
• políticas monetárias e fiscais para auxiliar o investimento das empresas;
• investimento em sistemas educacionais;
• desenvolvimento e manutenção de infraestrutura em TI, sistemas de comunicação e transportes; e
• criação de sistemas judiciário e regulatório eficientes e confiáveis.
A partir destas políticas, o governo estará incentivando o investimento em aumento da capacidade produtiva do país, melhorando a P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) das empresas, infraestrutura nacional e capacitando a força de trabalho. A partir das políticas destacadas é possível ao país não depender somente das vantagens competitivas vindas da dotação de fatores, mas também criar vantagens competitivas em setores mais lucrativos, pouco explorados ou carentes nacionalmente.