Aula 12 - Internacionalização das empresas Flashcards

1
Q

1 Internacionalização de empresas

A

A internacionalização ocorre quando a empresa passa a se relacionar de alguma
maneira com o mercado internacional, ou seja, expande suas operações além das fronteiras
de seu país. Assim, a internacionalização é considerada uma incorporação com o exterior
da estrutura produtiva da empresa. Porém, as empresas que ampliam seus negócios para
operarem no mercado internacional, normalmente o fazem a partir de um processo (DALLA
COSTA; SOUZA-SANTOS, 2010).
Mas como seria esse processo? A maioria das empresas não inicia seus negócios com o
exterior desde seu nascimento, tampouco já iniciam suas operações com uma sede em outro
país. Assim, podemos perceber que, no geral, as empresas começam a se internacionalizar
aos poucos. Dalla Costa e Souza-Santos (2010) definem uma série de passos que as empresas
normalmente seguem até atingir o estágio de investimento estrangeiro direto. A figura 1 nos
mostra essa evolução.
Sempre quando falamos dos estágios de internacionalização, estamos nos referindo à
maioria das empresas, visto que existem algumas empresas que já nascem com o objetivo de
atenderem ao mercado internacional. Porém, para as demais empresas, aquelas que nascem
pequenas, visam a atender ao mercado local, para depois atender ao mercado consumidor
nacional e, por fim, atender ao mercado internacional.
Como você observou na figura 1, na fase 1, a inicial, as empresas não realizam negócios
de qualquer tipo com o exterior. Assim, é nessa fase que a empresa começa a se solidificar no
mercado interno nacional e passa a ter uma maior participação de mercado nacionalmente.
Nesse estágio não há internacionalização dos negócios da empresa. Com a empresa
consolidada no mercado interno, o estágio 2 de desenvolvimento da internacionalização é o
início das exportações.
O estágio 2 se caracteriza por uma exportação ocasional, ou seja, a empresa verifica
uma oportunidade de vender seus produtos ou serviços no mercado internacional, porém de
forma pontual. Essa exportação pontual é muito útil para as empresas, pois pode ser utilizada
como uma forma de adquirir conhecimento a respeito do mercado consumidor de outro
país, assim como sobre as regras de comercialização para este país, como legislação, carga
tributária e barreiras burocráticas.
Esse estágio é essencial para as empresas que desejam testar seus produtos no mercado
externo e verificar quais são as oportunidades de melhoria do produto ou serviço que podem
agradar o consumidor externo, assim como o interno. Além disso, a partir do conhecimento
das regras do país, a empresa poderá verificar se é vantajosa ou não a internacionalização
em um nível mais elevado, sem incorrer em grandes prejuízos para suas operações ou marca.
A partir desse estágio, se a empresa verificar que é vantajoso aumentar o grau de
internacionalização, é preciso buscar um intermediário que realize as vendas do produto no
outro país. Esse intermediário, além de vender os produtos ou serviços da empresa no exterior,
tem como função ser um facilitador para a conquista do mercado consumidor estrangeiro.
Será esse intermediário que ajudará a empresa a definir quais estratégias devem ser adotadas
para o público do país e quais são as preferências e gostos dos consumidores locais.
A partir desse exemplo, podemos seguir com os estágios de internacionalização. Por fim,
a empresa se estabelece no mercado e assim já consegue instalar uma unidade produtiva em
território estrangeiro para atender aquele mercado. A empresa também pode utilizar essa
unidade produtiva como base para exportar para países ao redor (DALLA COSTA; SOUZASANTOS,
2010).
Apesar de termos falado da internacionalização pela visão da exportação de bens e
serviços, também podemos ter a internacionalização a partir de fornecedores no exterior.
Assim, as empresas que possuem fornecedores de insumos (matérias-primas, peças,
equipamentos) também estão se internacionalizando (DALLA COSTA; SOUZA-SANTOS, 2010).
Mas, por que buscar insumos no exterior?
No geral, as empresas buscam insumos no exterior para conseguirem menores custos
para esses insumos ou também uma maior qualidade destes insumos, agregando maior valor
ao seu produto final. Em alguns setores, as empresas que detêm o controle de certos insumos
conseguem diferenciais de lucratividade e competitividade que os concorrentes não detêm
(DALLA COSTA; SOUZA-SANTOS, 2010).
Como falamos anteriormente, esses estágios apresentam a forma geral com as quais a
maioria das empresas se internacionalizam. Porém, existem outras maneiras das empresas
se internacionalizarem. Vale destacar que nem sempre é vantajoso para a empresa possuir
uma unidade produtiva no exterior ou passar a ser a própria fornecedora dos insumos que
utiliza. Isto ocorre, pois muitas vezes é vantajoso terceirizar a produção e somente gerenciar
as operações. A terceirização permite que a empresa busque novos fornecedores assim que
lhe for conveniente (DALLA COSTA; SOUZA-SANTOS, 2010).
A empresa pode também associar-se com empresas locais, criando juntas uma planta
produtiva para a produção de um item específico que abasteça a cadeia global, tendo,
assim, um menor custo na produção final do bem. Isso garante menores custos sem que seja
necessária uma internacionalização total da produção. Agora que já sabemos quais são os
casos em que pode não ser vantajoso o investimento estrangeiro direto, veremos as outras
formas de internacionalização que a empresa pode adotar.
Uma das formas de se internacionalizar é por meio da venda de conhecimento. Você
deve estar se questionando: como assim vender conhecimento? Sim, as empresas possuem
determinados conhecimentos sobre as técnicas de produção, distribuição e gestão que podem
ser interessantes para empresas nacionais ou internacionais. Porém, esse conhecimento é
protegido como propriedade intelectual. Assim, outras empresas só poderão adotar esses
procedimentos a partir da compra desse conhecimento (DALLA COSTA; SOUZA-SANTOS, 2010).
Logo, a venda de conhecimento pode ser feita a partir de franchising, licenciamento ou
transferência de tecnologia. O franchising, ou franquia, consiste na venda pela empresa de
toda a estrutura de negócio para outras empresas (DALLA COSTA; SOUZA-SANTOS, 2010).
O segundo tipo de venda de conhecimento é a partir do licenciamento. O licenciamento
ocorre quando a empresa vende uma autorização para que outra empresa possa produzir e
comercializar seus produtos. Por fim, pode ocorrer a transferência de tecnologia (ToT) que
consiste em vender e transferir a tecnologia para outra empresa (DALLA COSTA; SOUZASANTOS,
2010).
Além da transferência de conhecimento, outra forma de internacionalização é a prestação
de serviços. Nesse caso, as empresas prestam algum tipo de serviço a empresas localizadas
no exterior. As formas mais comuns de prestação de serviços no exterior são a assistência
técnica e contrato de gestão. Na assistência técnica, a empresa se responsabiliza em prestar
assistência técnica como a manutenção de máquinas e equipamentos para firmas no exterior.
Já os contratos de gestão são contratos terceirizados em que a empresa assume a gestão da
produção de uma firma, porém sem ter a propriedade desta produção, além de o contrato ser
por tempo determinado (DALLA COSTA; SOUZA-SANTOS, 2010).
Os negócios internacionais também podem ocorrer a partir da sociedade entre empresas
para a realização de uma atividade específica. As formas de associação entre empresas são
os consórcios, as joint venture e as alianças estratégicas. Os consórcios são a associação de
empresas para conseguir os recursos necessários para a realização de um negócio específico,
como a construção de uma ponte. A joint venture é uma associação de empresas para criar uma
nova empresa. Já as alianças estratégicas são parcerias entre empresas para um determinado
objetivo. Essas categorias de negócio internacional são mais complicadas, pois podem gerar
conflitos de interesse e levar a batalhas judiciais (DALLA COSTA; SOUZA-SANTOS, 2010).
Agora que já sabemos todos os tipos de internacionalização que as empresas podem ter,
vamos pensar nas razões pelas quais as empresas se internacionalizam. Em nosso exemplo
inicial mencionamos que por falta de consumidores a empresa expandiu seus negócios para
outras cidades e depois países. Esse exemplo representa um dos motivos pelos quais as
empresas buscam o mercado internacional. Além disso, quais são os outros motivos?
A internacionalização é uma estratégia da empresa e pode ser utilizada basicamente por
três motivos. Em primeiro lugar, a empresa pode buscar se internacionalizar para assegurar
o fornecimento de insumos essenciais para a sua produção. Isto ocorre, pois existem certos
bens que não são produzidos localmente; assim, a empresa precisa se internacionalizar para
buscar fornecedores em outros países. Dessa forma, as empresas buscarão insumos com
preço baixo e qualidade para manterem a rentabilidade e atratividade de seus produtos, não
importando onde estejam os fornecedores (DALLA COSTA; SOUZA-SANTOS, 2010).
O segundo motivo para se internacionalizar é a busca de novos mercados, como
mostramos em nosso exemplo. Quando o mercado nacional já está saturado, ou seja, não
há crescimento da demanda ou quando não há possibilidade de crescimento no mercado
nacional, pois existe muita concorrência no mercado nacional e seria custoso e trabalhoso
aumentar a participação de mercado, as empresas podem optar pela internacionalização
(DALLA COSTA; SOUZA-SANTOS, 2010).
Por fim, as empresas podem se internacionalizar para conseguir preços melhores para
seus insumos. A redução de custos não fica restrita à matéria-prima, ela também pode ocorrer
a partir da busca de mão de obra mais barata ou qualificada, assim como de equipamentos
mais eficientes e mais baratos.

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Q

2 Estratégias de internacionalização

A

Como observamos, as empresas adotam a internacionalização por diversos motivos.
Porém, ao optarem por essa estratégia de vendas, elas estão em busca de vantagens
estratégicas que podem beneficiar não só suas vendas e lucros, mas também sua posição no
mercado interno. Vamos conhecer as estratégias que as empresas podem estar perseguindo
na internacionalização de suas operações.
A primeira estratégia diz respeito à busca de novas oportunidades de crescimento a
partir da diversificação de mercado. Assim, a diversificação para o exterior pode gerar novas
oportunidades de venda e de lucros que a empresa não tem no mercado interno. Além disso,
a internacionalização pode auxiliar a empresa na extensão da vida útil de um produto que já
atingiu a maturidade no mercado interno. Nesse momento, as vendas não aumentam mais
no mercado interno e a empresa pode inserir o produto em um mercado em que as vendas
deste produto ainda estão crescendo (CAVUSGIL; KNIGHT; RIESENBERGER, 2010).
A próxima estratégia é a obtenção de maiores margens e lucros. As empresas podem
buscar a internacionalização como estratégia para aplicar margens de lucros maiores e com
isso auferirem maiores lucros (CAVUSGIL; KNIGHT; RIESENBERGER, 2010). No Brasil, a margem
de lucro das empresas montadoras de carros chega a ser o dobro da margem aplicada no
mundo. Enquanto a média da margem de lucro das montadoras é de 5%, no Brasil ela chega
a 10%. Assim, as montadoras viram no Brasil um mercado que permitiria a aplicação de uma
margem de lucro maior que nos demais países.
Outra estratégia é a aquisição de novas ideias sobre produtos, serviços e formas
de negociação. Devido às particularidades de cada mercado, as empresas podem se
internacionalizar para se exporem a novas ideias sobre produtos e serviços que possam
oferecer, podendo trazer novidades para o mercado interno e aumentar a participação no
mercado nacional (CAVUSGIL; KNIGHT; RIESENBERGER, 2010).
A estratégia também pode ser para atender melhor a um cliente importante que se
internacionalizou. Também pode ser adotada pela proximidade das fontes de insumos e com
isso ganhar flexibilidade no fornecimento de matéria-prima. Nessa linha, também temos a
estratégia de internacionalização ligada a fatores de produção com menores custos ou melhor
valor (CAVUSGIL; KNIGHT; RIESENBERGER, 2010).
O desenvolvimento de economias de escala e o investimento em pesquisa e
desenvolvimento é outra razão estratégica para a internacionalização das empresas. A
economia de escala consiste na produção de mais unidades com uma menor quantidade de
insumos ou em menor tempo. Assim, com uma base de consumidores maior, as empresas
podem conseguir se aprimorar e atingir níveis maiores de economia de escala. Também é
possível ter acesso a tecnologias de pesquisa e desenvolvimento, bem como novas estratégias
de marketing, distribuição e pós-venda que no mercado interno não tinham (CAVUSGIL;
KNIGHT; RIESENBERGER, 2010).
A outra estratégia é o enfrentamento da concorrência internacional para melhorar sua
competitividade tanto no mercado externo quanto no mercado interno. Assim, a empresa
pode melhorar sua competitividade ao lidar com uma concorrência internacional forte, o
que lhe ajudará no mercado doméstico para antecipar-se às estratégias dos concorrentes
nacionais. Por fim, as parcerias faladas no tópico anterior podem beneficiar a empresa no
desenvolvimento de novos produtos, posicionamento em mercados que ela almeja para o
futuro e novas oportunidades de negócios (CAVUSGIL; KNIGHT; RIESENBERGER, 2010).
Entre os tipos de internacionalização, a mais frequente é a exportação. As vantagens para
as empresas ao exportarem são: os maiores lucros, a melhoria na qualidade e a incorporação
de novas tecnologias, o desenvolvimento de novos produtos e maior eficiência na utilização
de sua capacidade produtiva, melhoria na imagem da empresa e uma diminuição na carga
tributária. Os primeiros motivos já foram bem abordados nesta aula. Focaremos agora na
melhoria da imagem e na diminuição da carga tributária.
As empresas, ao exportarem, normalmente conseguem uma melhoria na imagem da
empresa, visto que seus produtos ganham a denominação de “tipo exportação”. Já com
relação à diminuição da carga tributária, as empresas exportadoras podem se isentar de alguns
tributos no mercado interno como o Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto
Sobre Mercadorias e Serviços (ICMS), Programa de Integração Social (PIS), Contribuição
Para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), entre outros. Essa isenção aumenta a
rentabilidade das vendas para o mercado externo (KRUGMAN, 2010).
Você deve ter percebido que os países, entre eles o Brasil, constantemente motivam seus
empresários a exportarem os produtos nacionais. Você sabe por quê? Vamos conhecer quais
são as vantagens que os países conseguem a partir da escolha das empresas pela exportação.
A primeira vantagem para os países é o ingresso de divisas, visto que a exportação traz
moeda estrangeira para o país que é utilizada pelo governo para o pagamento de dívidas e
das importações (KRUGMAN, 2010).
Além disso, as exportações podem alavancar a absorção de mão de obra, uma vez
que ao aumentar a produção para atender ao mercado internacional, as empresas geram
empregos que podem, em um efeito cascata na economia, ampliar o emprego em outros
setores correlacionados. Os países apoiam as exportações, pois elas geram uma maior
competitividade entre as empresas, tornando-as mais eficientes (KRUGMAN, 2010). Outro fator importante para os países é que o aumento das exportações gera uma maior
cobrança sobre o governo para modernização e ampliação das estradas, portos e aeroportos.
Por fim, as exportações são importantes para os países, pois diminuem a vulnerabilidade do
mercado doméstico. Isso significa que a economia nacional fica menos vulnerável às pressões
de demanda no mercado nacional (KRUGMAN, 2010)

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