Anti-Inflamatórios e Corticóides Flashcards

1
Q

O desafio é responder com clareza este caso clínico

Maria das Dores, 72 anos de idade, chega ao Hospital com quadro de dor abdominal de início agudo há cerca de 6 horas. É ex-tabagista e faz uso de rotina de dipirona, diclofenaco e captopril.
Ao exame físico apresenta descompressão brusca dolorosa em hipocôndrio direito e esquerdo e no epigastro. Apresenta sinal de Jobert positivo.

O que houve com Maria das Dores?
Porque ela apresenta estes achados no exame físico?

A

Maria das Dores, 72 anos de idade, chega ao Hospital com quadro de dor abdominal de início agudo há cerca de 6 horas. É ex-tabagista e faz uso de rotina de dipirona, diclofenaco e captopril.
- paciente idosa (alto risco para doença ulcerosa péptica por uso de AINES)
- apresenta quadro de abdome agudo
- uso crônico de AINES não seletivo.

Risco elevado de úlcera péptica com evolução para abdome agudo perfurativo

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2
Q

Maria das Dores, 72 anos de idade, chega ao Hospital com quadro de dor abdominal de início agudo há cerca de 6 horas. É ex-tabagista e faz uso de rotina de dipirona, diclofenaco e captopril.
Ao exame físico apresenta descompressão brusca dolorosa em hipocôndrio direito e esquerdo e no epigastro. Apresenta sinal de Jobert positivo.

O que houve com Maria das Dores?
Porque ela apresenta estes achados no exame físico?

A

Ao exame físico apresenta descompressão brusca dolorosa em hipocôndrio direito e esquerdo e no epigastro. Apresenta sinal de Jobert positivo.

Sinais de irritação peritoneal devido a descompressão brusca dolorosa
Sinal de Jobert positivo: manobra semiológica que sugere ar entreposto entre o fígado e o subcutâneo

Caso clássico de abdome agudo perfurativo pelo uso de AINE

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3
Q

Vamos juntos aprender sobre inflamação

O paciente com inflamação vai apresentar no local acometido ou sistemicamente 4 características:

A

DOR
CALOR (febre)
RUBOR
EDEMA

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4
Q

DOR
CALOR (febre)
RUBOR
EDEMA

O uso de AINES (anti-inflamatórios não esteroidais) ou corticóides irá promover melhora neste quadro?

A

Dor -> Analgesia
Calor -> Redução do calor (melhora da febre)
Rubor -> Redução do rubor
Edema -> Melhora do edema inflamatório

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5
Q

Qual mecanismo de ação dos Anti-inflamatórios?

Ácido Aracdônico -> (COX) -> Prostaglandinas/Tromboxano

A

A inflamação é ocasionada pelo aumento da produção da prostaglandina, e a COX tem papel fundamental neste processo.

O ácido aracdônico (bolinha vermelha) entra nas células e é captado pela enzima COX (ciclooxigenase) que o converte em prostaglandinas e também em tromboxano (bolinhas roxas).

Existem 3 tipos de enzimas ciclooxigenase - COX 1, COX 2 e COX 3

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6
Q

Qual mecanismo de ação dos Anti-inflamatórios?

Qual a ação da COX1? Existem três tipos de COX (1, 2 e 3)

A

A COX1 está presente em:

  • plaquetas e exerce a função de produzir tromboxano A2 - TXA2 - que atua na hemostasia (através da formação de coágulos).
  • mucosa grastointestinal que exerce a função de produção de prostaglandinas com a função de proteção da mucosa contra o pH ácido local

COX 1 - Plaquetas - produz tromboxano - hemostasia
COX 1 - Mucosa gastrointestinal - produz prostaglandinas - proteção

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7
Q

Qual mecanismo de ação dos Anti-inflamatórios?

Qual a ação da COX2? Existem três tipos de COX (1, 2 e 3)

A

A COX2 está presente no endotélio vascular e atua na produção de prostaglandinas que irão atuar na proteção cardiovascular através da liberação de óxido nítrico.

COX 2 - Endotélio - proteção cardiovascular

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8
Q

Qual mecanismo de ação dos Anti-inflamatórios?

Qual a ação da COX3? Existem três tipos de COX (1, 2 e 3)

A

A COX3 está presente no SNC e sua função é pouco conhecida.

COX 3 - SNC - ação desconhecida

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9
Q

Qual mecanismo de ação dos Anti-inflamatórios?

Qual das 3 tipos de COX é induzida?

A

A COX2 é denominada de Enzima INDUTIVA - uma vez que é expressa nos tecidos onde há inflamação/infecção.

A COX1, COX 2 e COX3 são todas constitucionais.

A COX2 é indutiva e também é constitucional.

A COX1 é CONSTITUCIONAL (Plaquetas e Mucosa Gastrointestinal) a COX2 é CONSTITUCIONAL (endotélio dos vasos) e INDUTIVA (presente em sítios de inflamação e infecção) e a COX3 é CONSTITUCIONAL (SNC)

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10
Q

Com relação ao uso dos AINES, qual tipo de COX é a intenção de bloquear em processos inflamatórios?

A

A intenção é bloquear a COX2, uma vez que ela é a COX que está presente em sítios de inflamação.

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11
Q

Cite AINES não seletivos

A

IBUPROFENO
DICLOFENACO
NAPROXENO
(…)

Ou seja, atuam em todas as 3 COX.

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12
Q

Cite AINES COX-2 seletivos

A

São os Coxibes
CELECOXIBE
ETORICOXIBE

Ou seja, atuam apenas na COX2, a única indutiva nos processos inflamatórios.

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13
Q

Quais são os principais efeitos colaterais do uso de AINES não seletivos?

No Trato Gastrointestinal

A

Dispepsia e Doença Ulcerosa Péptica

O uso de AINES bloqueia a COX1 (que atua protegendo a mucosa gástrica pela produção de prostaglandias). Este bloqueio deixa a mucosa gástrica mais suceptível a ação da secreção ácida.

Isso pode gerar a formação de úlceras e até perfuração gástrica.

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14
Q

Quais são os indivíduos que possuem maior risco de desenvolver doença ulcerosa péptica ao fazer uso de AINES?

A
  • Idosos
  • Pacientes que usam AINES em doses altas e/ou por longos períodos
  • Pacientes que fazem uso concomitante de corticoides
  • Pacientes com H. pylori
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15
Q

Quais são os principais efeitos colaterais do uso de AINES?

No Sistema Hematológico

A

Disfunção plaquetária

O uso de AINES gera disfunção plaquetária pois inibe a COX1, útil para realização da hemostasia plaquetária.

Entretanto, tal disfunção plaquetária dura em média 24-48h, sendo revertida após este período, mesmo com manutenção do uso do AINE.

Há uma exceção a essa regra de 24-48h -> AAS

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16
Q

Quais são os principais efeitos colaterais do uso de AINES?

Porque o AAS é uma exceção a regra?

A

O AAS não inibe a hemostasia plaquetária por 24-48h, mas sim por 7 - 10 dias. Este é o fato de suspender o AAS por 7-10 dias antes de procedimentos cirúrgicos.

17
Q

Quais são os principais efeitos colaterais do uso de AINES?

No Sistema Cardiovascular

A

Aumenta o risco de eventos cardiovasculares (IAM, AVE, TVP…) principalmente se for um AINE inibidor seletivo da COX2

Ao bloquear a COX2 induzida pela inflamação, é bloqueado também o seu efeito cardioprotetor (relacionado a sua forma constitutiva, presente no endotélio vascular, produzindo prostaglandinas que irão gerar proteção cardiovascular).

18
Q

Se o AAS é um AINE, porque ele gera proteção cardiocascular?

A

Nas doses de 75 - 325 mg/dia o AAS gera proteção cardiovascular pois atua SELETIVAMENTE inibindo a COX1, reduzindo a formação de trombos.

Ainda, nesta dosagem ele INDUZ a formação da COX2 do endotélio a produzir fatores de proteção cardiovascular.

Por isso pacientes pós IAM usam AAS.

AAS na dose de 100mg/d -> inibe seletivamente COX1 e induz a formação de COX2, um paradoxo.

19
Q

Quais são os principais efeitos colaterais do uso de AINES?

Nos Rins

A
  • Doença por lesões mínimas
  • Nefrite Intesticial Alérgica
  • Necrose de papila

Insuficiência pré - renal pois gera a vasoconstrição da arteríola AFERENTE

20
Q

É indicado uso de AAS em crianças?

A

Não é indicado de rotina

Nos casos pediátricos de infecção por varicela ou influenza, poderá haver surgimento da Síndrome de Reye (encefalopatia + disfunção hepática grave) após o uso do AAS.

21
Q

O desafio é responder com clareza este caso clínico

Paciente de 52 anos, ao ser submetido a corticoterapia em dose imunossupressora (1mg/kg/d) para tratamento do Lupus Eritematoso Sistêmico, apresentou quadro de febre e dor abdominal 10 dias após início do uso desta medicação.

Foi internado para avaliação do quadro e no segundo dia de internação evoluiu com quadro de sepse.

Apresentou os seguintes achados de exame físico abdominal.

O que gerou o quadro acima?
Qual medicação poderia ter sido prescrita para evitar o ocorrido?

A

Sem dúvidas um quadro grave relacionado ao uso do corticóide em dose imunossupressora.

Os achados da ectoscopia sugere a presença de púrpuras na região do abdome, secundárias a Estrongiloidíase Disseminada, promovida pelo uso em dose imunossupressora de corticoide, sem a realização de profilaxia correta.

Na imagem percebemos púrpuras lineares na região do abdome, clássicas deste tipo de infestação de larvas.

22
Q

Vamos entender como age o corticoide em nosso organismo

Local onde o corticoide age na célula?

A

O corticoide age sobre o núcleo, inibindo/reduzindo a síntese de proteínas pró-inflamatórias (reduzindo a sua produção).

23
Q

Todo corticóide é exógeno? Ou ele pode ser produzido pelo organismo?

A

O corticóide pode ser endógeno (cortisol, produzido pela glândula suprarrenal) e também exógeno (prednisona, metilprednisona, dexametasona, outros).

Ambos, endógeno ou exógeno, exercem efeito de feedback negativo sobre o eixo Hipotálamo -> Hipófise -> Adrenal.

O eixo Hipotálamo -> Hipófise -> Adrenal é o eixo que regula a produção de cortisol pela suprarrenal.

24
Q

Qual dose de prednisona imunossupressora e qual dose anti-inflamatória?

A

Até 0,5mg/kg/d-> dose anti - inflamatória

Acima de 1mg/kg/d-> dose imunossupressora

25
Q

O aumento de corticoide endógeno ou o excesso do uso de corticóide exógeno pode gerar algum efeito sistêmico?

Lembrar do ACTH

A

Sim.

Ambos promovem feedback negativo sobre a hipófise e também sobre o hipotálamo.

Isso faz com que os níveis de ACTH fiquem baixos.

E o ACTH tem efeito trófico sobre a suprarrenal. Com o ACTH baixo, a suprarrenal “não se desenvolve/não fica preparada” para a produção de glicocorticóides endógenos.

26
Q

Suspensão abrupta de corticoide

A suspensão abrupta do uso de corticóide pode gerar algum problema?

A

Sim.

A suspensão abrupta de corticoide pode gerar Insuficiência Adrenal Secundária.

Entenda, com o uso prolongado de corticoide (dose acima de 7,5mg/d de prednisona por mais de 3 semanas) gera feedback negativo no eixo Hipotálamo -> Hipófise -> Adrenal, o que gera níveis baixos de ACTH.

Na suspensão abrupta de corticoide, níveis baixos de ACTH não conseguem estimular a adrenal, que estará atrófica (por falta de ACTH causada pelo uso de corticoides). Isso irá promover ausência na produção de glicocorticóides endógenos, gerando a Insuficiência Adrenal Secundária.

Estes pacientes poderão ter sintomas graves, tais como hipotensão, hipoglicemia, entre outros sintomas.

27
Q

Porque a prescrição de corticoide em dose elevada pode gerar Estrongiloidíase Disseminada?

A

Os pacientes que recebem doses imunossupressoras (acima de 1mg/kg/d) poderão ter ativação das larvas de estrongilóides intestinais.

Isso porque haverá uma fragilidade do sistema de defesa, secundário ao uso do corticoide em dose imunossupressora, o que permitirá a ativação destas larvas.

Em condições normais de infestação as larvas estão quiescentes no lúmen intestinal. Com o uso dos corticóides elas se tornam maduras, perfuram a parede intestinal e podem gerar infecções em diversos órgãos e tecidos, levando a sepse por carrearem bactérias gram negativas advindas do intestino.

A imunossupressão gera ativação das larvas. Quando elas ficam maduras, perfuram a parede intestinal e caem na corrente sanguínea, levando consigo bactérias intestinais (Gram negativas principalmente), promovendo um quadro de sepse grave.

28
Q

O que pode ser feito para se evitar a Estrongiloidíase Disseminada nos pacientes submetidos ao uso de doses imunossupressoras de corticoides?

A

Utilizar Ivermectina antes do início do uso dos glicocorticoides em doses imunossupressoras

Sugestão é usar 1 cp de 6mg para cada 30kg de peso corporal a cada 7 dias, em duas doses. Por exemplo: paciente com 60kg deverá receber 2cp de 6mg no D0 e 2cp de 6mg no D7 como forma de profilaxia.

29
Q

Quais são os principais efeitos colaterais do uso dos corticóides a longo prazo?

A
  • Hiperglicemia e Diabetes Mellitus (o corticoide é contra insulínico)
  • Síndrome de Cushing
  • Osteoporose (por estímulo a ação dos osteoclastos)
  • Osteonecrose
  • Catarata
  • Glaucoma