7. JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA Flashcards

1
Q

Qual a diferença entre OVERCHARGING e BYPASS PROCESSUAL?

A
  • OVERCHARGING (excesso acusatório) - se busca agregar fatos, crimes e fundamentos claramente desvinculados do objeto do processo ou das provas dos autos para fins de obtenção de uma vantagem processual indevida. É exatamente o que ocorre no caso que o MPF formulou acusação manifestamente incabível de crimes financeiros contra o réu, com o claro objetivo de manter o processamento do feito perante a Justiça Federal, ocasionando nítido excesso acusatório. STF. 2ª turma. HC 161.021/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/12/2021.
  • BYPASS PROCESSUAL - consiste em uma forma de tentativa de burlar a competência da justiça eleitoral, a Segunda Turma já rechaçou inúmeras tentativas de se burlar a competência da Justiça Eleitoral a partir do arquivamento imediato das infrações penais eleitorais que foram reconhecidas através de acórdãos do STF, naquilo que se resolveu denominar de bypass processual. (Segunda Turma, Red. p/ o acórdão Min. Ricardo Lewandowski, 14.9.2021).
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
2
Q

Nos crimes PLURILOCAIS, onde o indivíduo começa a execução em um local e o resultado de seus esforços somente ocorrerá em outro local do mesmo país, em regra aplica-se a Teoria do Resultado. Contudo, tem-se uma teoria que excepciona a regra, chamada de TEORIA DO ESBOÇO DO RESULTADO, no que ela consiste e em qual caso ela é aplicada?

A

A TEORIA DO ESBOÇO DO RESULTADO, se aplica no caso de homicídio, quando a execução é em um local e a consumação em outro local. Nesses casos, a jurisprudência do STJ de forma excepcional aplica a (teoria da atividade), por razoes probatórias e política criminal, ao invés da regra do Art. 70 do CPP (teoria do resultado).

  • Ex.: Tiros são desferidos em Campinas, mas a vítima morre em hospital de São Paulo. Pela regra do art. 70, seria São Paulo o local da consumação e, consequentemente, do foro competente. No entanto, para a jurisprudência, nesse caso, não aplica a regra do art. 70 (teoria do resultado), prevalecendo que o foro competente será o do local da conduta (teoria da atividade), aplicando a teoria do esboço do resultado, devido a Questões probatórias e a Questões de política criminal.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
3
Q

Qual a diferença entre crimes PLURILOCAIS e crimes a DISTÂNCIA ou ESPAÇO MÁXIMO?

A

a. PLURILOCAIS: é aquele em que o indivíduo começa a execução em um local e o resultado de seus esforços somente ocorrerá em outro local do mesmo país.

b. CRIMES A DISTÂNCIA ou ESPAÇO MÁXIMO: a execução e o resultado se manifestam em países diferentes, havendo ao menos uma das pontas do iter criminis (execução ou resultado), sendo cometidos no nosso país, evidentemente.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
4
Q

A Polícia Rodoviária, em fiscalização de rotina, parou o veículo no qual havia um casal. Eles se identificaram como Juliana Lemos e Jorge Oliveira e apresentaram CNH com esses nomes. Os policiais fizeram vistoria no veículo e encontraram identidades funcionais do Poder Judiciário Federal. As identidades tinham a fotografia de Juliana, mas estavam preenchidas com nomes e dados diversos, ou seja, eram documentos falsificados. NESSE CASO SERÁ COMPETENTE A JUSTIÇA ESTADUAL, uma vez que, o documento é “federal”, mas foi apreendido por agentes Estaduais. (CERTO ou ERRADO)?

A

ERRADO.
Uma vez que, embora a REGRA seja a Súmula 546-STJ: A competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público, não importando a qualificação do órgão expedidor.

A situação narrada merece uma distinção (DISTINGUISHING) em relação à diretriz jurisprudencial acima mencionada, pois não estavam usando o documento, nem se teve um particular em prejuízo. Dessa forma, nessa hipótese a vítima primária é a União, pois o falso atinge direta e essencialmente a fé pública e a presunção de veracidade de documento cuja expedição atribui-se à Administração Pública Federal. Logo, o crime em questão foi praticado em detrimento da Administração Pública federal, atraindo a competência da Justiça Federal, nos termos do art. art. 109, IV, da CF/88 a falsificação de identidades funcionais do Poder Judiciário da União. STJ. 3ª Seção. CC 192.033-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 14/12/2022 (Info 763).

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
5
Q

No caso do Golpe do falso sequestro (crime de EXTORSÃO), esse crime se trata de um crime formal, logo, consuma-se com a simples exigência, sendo a obtenção do resultado dispensável, sendo essa obtenção mero exaurimento do crime. Portanto, será competente o juiz do local?

A

Em que a vítima estava no momento da exigência!

        * A competência para julgar o crime de falso sequestro (ou extorsão mediante grave ameaça) é determinada pelo local onde a vítima sofreu o constrangimento ilegal, ou seja, onde ela recebeu a ligação e foi induzida a realizar o pagamento. Por exemplo, se a vítima recebeu a ligação em São Paulo e fez o depósito em uma conta bancária em outra cidade, a competência será do juízo de São Paulo, onde a vítima foi constrangida.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
6
Q

No caso do crime do anuncio falso (crime de ESTELIONATO), qual será o juiz competente?

A

Art. 70, §4 - DOMICILIO DA VITIMA ( na modalidade de pratica por transferência de valores).

        * A competência para julgar o crime de golpe do anúncio falso (ou estelionato) é determinada pelo local onde a vítima sofreu o prejuízo, ou seja, onde ela foi induzida a erro e realizou o pagamento. Por exemplo, se a vítima viu o anúncio falso e fez o pagamento em São Paulo, a competência será do juízo de São Paulo.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
7
Q

Em regra, no Estelionato será aplicado a TEORIA DO RESULTADO do CPP, logo sendo competente o juízo do lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.
Contudo, em se tratando do ESTELIONATO mediante falsificação de cheque, será competente o juízo?

A

o Súmula 48-STJ: Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido mediante falsificação de cheque.

  • Exemplo: João, domiciliado no Rio de Janeiro (RJ), achou um cheque em branco. Ele foi, então, até Juiz de Fora (MG) e lá comprou inúmeras roupas de marca em uma loja da cidade. As mercadorias foram pagas com o cheque que ele encontrou, tendo João falsificado a assinatura. De quem será a competência territorial para julgar o delito?  Do juízo da comarca de Juiz de Fora (MG), local da obtenção da vantagem indevida.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
8
Q

Nos casos do crime de ESTELIONATO, na emissão de cheques: Sem fundos em poder do sacado; Com o pagamento frustrado ou Mediante transferência de valores, será competente?

A

Local do DOMICÍLIO DA VÍTIMA!

Art. 70,§ 4º Nos crimes previstos no art. 171, quando praticados mediante depósito, mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento frustrado ou mediante transferência de valores, a competência será definida pelo local do domicílio da vítima, e, em caso de pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á pela prevenção.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
9
Q

Exemplo: Pedro, domiciliado no Rio de Janeiro (RJ), foi passar o fim de semana em Juiz de Fora (MG). Aproveitando que estava ali, ele foi até uma loja da cidade e comprou inúmeras roupas de marca, que totalizaram R$ 4 mil. As mercadorias foram pagas com um cheque de titularidade de Pedro, contudo, ele sabia que em sua conta bancária havia apenas R$ 200,00, ou seja, que não havia fundos suficientes disponíveis. Ele agiu assim porque supôs que não teriam como responsabilizá-lo já que não morava ali.
Nesse caso, a competência territorial para julgar o delito seria do juízo do local onde se situa a agência bancária do autor que recusou o pagamento devido à ausência de fundos. (VERDADEIRO ou FALSO)?

A

FALSO.
A competência passou a ser do local do DOMICÍLIO DA VÍTIMA, ou seja, do juízo de Juiz de Fora (MG) devido a alteração ocorrida no Art. 70,§ 4º do CPP.

OBS.: Antes dessa Lei, a competência para julgar seria a competência elencada na pergunta.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
10
Q

Exemplo: Carlos, morador de Goiânia (GO), viu um anúncio na internet que oferecia empréstimo “rápido e fácil”. Ele entrou em contato com a pessoa, que se identificou como Henrique. Carlos combinou de receber um empréstimo de R$ 70 mil, no entanto, para isso, ele precisaria depositar uma parcela de R$ 1 mil a título de “custas” para a conta bancária de Henrique, vinculada a uma agência bancária localizada em São Paulo (SP). Carlos efetuou o depósito e, então, percebeu que se tratava de uma fraude porque nunca recebeu o dinheiro do suposto empréstimo.
Nesse caso, a competência territorial para julgar o delito passou a ser do local do DOMICÍLIO DA VÍTIMA, ou seja, em nosso exemplo, do juízo de Goiânia (GO). (VERDADEIRO ou FALSO)?

A

VERDADEIRO, conforme o Art. 70,§ 4º do CPP.

OBS.: Antes dessa Lei, a competência para julgar seria a competência seria o juízo do local onde se recebeu a vantagem indevida, sendo competente no caso do exemplo a comarca de são Paulo.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
11
Q

O delito de furto consuma-se no local em que a coisa é retirada da esfera de disponibilidade da vítima, ou seja, a competência territorial será determinada em virtude do local onde mantida a conta corrente no caso do EMPREGO DE FRAUDE ELETRÔNICA PARA OBTENÇÃO DE VALORES DE CONTA DE TERCEIRO. (Furto qualificado pelo emprego de fraude - Art. 70 CPP – teoria do resultado). Nesse caso, a competência será da justiça estadual ou federal?

A
  • Para a jurisprudência, como a fraude foi usada para burlar o sistema de vigilância do banco, quem suportará o prejuízo financeiro é a instituição bancária. Logo, o sujeito passivo do crime é a instituição bancária, pois ela que teve o sistema de segurança violado e, por isso, a competência é da Justiça Federal.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
12
Q

Exemplo: Passando-se por funcionária de certa instituição financeira, Helena usou um aplicativo de mensagens para fazer contato com a idosa Abigail, informando-lhe falsamente que o cartão bancário desta fora clonado e pediu que a idosa fornecesse seus dados qualificativos e senha do cartão para cancelamento. Abigail, confiando na suposta funcionária, repassou os dados. Em seguida, Helena disse para Abigail cortar seu cartão ao meio e entregar ambas as partes a outra funcionária, que iria até sua casa para buscá-las. A própria Helena, então, usando camiseta da instituição financeira e um crachá falso, foi até a casa de Abigail, em Niterói, e pegou as duas partes do cartão. Qual é a competência desse crime?

A

o A conduta de Helena de ligar para a idosa Abigail se passando por funcionária de uma instituição financeira e se apropriar dos dados pessoais da idosa e posteriormente se apropriar do cartão bancário da idosa é fato atípico. Isso porque, segundo os tribunais superiores o cartão de crédito em si não tem valor econômico intrínseco, fazendo com que não haja prejuízo patrimonial para a vítima:

O cartão bancário de crédito, por não possuírem valor econômico intrínseco, não podem ser considerados, no casso, para efeito de tipicidade da conduta” (STJ – Habeas corpus 124.858 – MG).

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
13
Q

Exemplo: A própria Helena, então, usando camiseta da instituição financeira e um crachá falso, foi até a casa de Abigail, em Niterói, e pegou as duas partes do cartão, passando-se por funcionaria de determinado banco. Após, como o chip se encontrava preservado, Helena o utilizou para a confecção de um novo cartão, com o qual transferiu dinheiro da conta de Abigail, sediada em uma agência de São Gonçalo, para conta diversa, com agência em Rio Bonito. Qual é a competência desse crime?

A

Já de posse do cartão e com as informações pessoais da idosa, Helena comete o crime de furto qualificado pela fraude ao subtrair os valores da conta bancária da idosa (uma vez que a vítima não entregou deliberadamente os bens ao autor, e sim teve a sua posse invertida mediante o uso da fraude).

  • O crime de furto consuma-se com a inversão da posse da coisa alheia móvel (teoria da amotio). Portanto, o crime de furto consumou-se no local da agência bancária onde a idosa é correntista (possui a conta), nos termos do art. 70 do Código de Processo Penal - CPP; no caso, na Comarca de São Gonçalo.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
14
Q

Exemplo: caso alguém faça compras em uma loja virtual, tendo recebido as mercadorias adquiridas em sua casa, mediante o uso de cartão clonado, Qual é a competência desse crime?

A

o A conduta de fazer compras em lojas virtuais configura o CRIME DE ESTELIONATO, pois com o cartão falso e os dados pessoais obtidos, INDUZEM AS LOJAS AO ERRO obtendo vantagem ilícita e causando prejuízo.

Assim, sua conduta se amolda ao delito do art. 171 do Código Penal, que neste caso, consumou-se no LOCAL DE OBTENÇÃO DA VANTAGEM, ou seja, em Maricá.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
15
Q

De um exemplo de Conexão intersubjetiva POR SIMULTANEIDADE (ou ocasional), onde ocorrendo duas ou mais infrações no mesmo contexto fático, sendo praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas (sem liame subjetivo). Há uma similitude de tempo e espaço entre as infrações?

A

Exemplo: várias pessoas, após o tombamento de um caminhão na rodovia, saqueiam sua mercadoria. Todos os autores do furto deverão ser julgados em um único processo. Diz-se ocasional porque não se exige nenhum ajuste prévio entre os agentes, ou seja, um planejamento anterior quanto à prática dos crimes.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
16
Q

De um exemplo de Conexão intersubjetiva - CONCURSAL, onde duas ou mais infrações (concurso de crimes), praticadas por várias pessoas em concurso de agentes, embora diverso o tempo e o lugar. Caracterização do liame subjetiva entre os agentes, mesmo que em contextos fáticos distintos?

A

Exemplo: nos casos em que 1 rouba o carro, o outro o banco. A conexão intersubjetiva concursal é aquela onde presente o concurso de pessoas, porém praticando 2 ou mais crimes (concurso de crimes).

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
17
Q

De um exemplo de Conexão intersubjetiva - POR RECIPROCIDADE, onde ocorrendo 2 ou mais infrações, sendo por várias pessoas, umas contra as outras, já que Rixa não é exemplo, visto que é crime único?

A

Exemplo: lesões corporais recíprocas decorrentes de uma briga envolvendo várias pessoas.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
18
Q

Na conexão OBJETIVA, MATERIAL, CONSEQUENCIAL, LOGICA, FINALISTA NO INCISO II: ocorrendo 2 ou mais infrações, que ocorreram para facilitar ou ocultar as outras ou para conseguir impunidade/vantagem em relação a qualquer delas. Se TELEOLÓGICA, ocorre no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, EX.: Mata o marido para poder estuprar a esposa. Se CONSEQUENCIAL, ocorre para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas, EX.: Concurso material de crimes, tais como o fato de matar a única testemunha do fato. (VERDADEIRO ou FALSO)?

A

VERDADEIRO.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
19
Q

A competência será determinada pela continência quando, houver a CUMULAÇÃO Subjetiva ou em razão do concurso de pessoas, onde Duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração (apenas 1 infração - Ex.: coautores em um crime de homicídio). Bem como. será CUMULAÇÃO Objetiva ou em razão de concurso formal de crimes, no caso de infração cometida em Concurso formal de crimes (1 ação ou omissão 2 ou mais crimes); Erro na execução ou ABERRATIO ICTUS ou Erro no resultado diverso pretendido ou ABERRATIO CRIMINIS. (VERDADEIRO ou FALSO)?

A

VERDADEIRO.

20
Q

Será obrigatória a separação dos processos quando as infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e para não ilhes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação. (VERDADEIRO ou FALSO)?

A

FALSO. (Art. 80 diz ser facultativa)

o A reunião de processos em razão da conexão é uma faculdade do Juiz, conforme interpretação a contrário sensu do art. 80 do CPP que possibilita a separação de determinados processos. STJ. 5ª Turma. RHC 157077-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 03/05/2022 (Info 735).

21
Q

Imagine que “X” foi preso trazendo mercadoria proibida do exterior (contrabando) e, durante a busca, foi encontrado um revólver que lhe pertencia (porte de arma de fogo). Qual é a competência desses crimes?

A

Não há conexão entre estes crimes. Logo, deverão ser julgados separadamente. Assim, o contrabando será julgado pela Justiça Federal e o porte de arma de fogo pela Justiça Estadual. STJ. 3ª Seção. CC 120630-PR, Rel. Min. Alderita Ramos de Oliveira (Desembargadora convocada do TJ-PE), julgado em 24/10/2012 (Info 507).

22
Q

A Justiça Militar é competente para processar e julgar crime cometido policial militar, que fazia “bico” de segurança de uma empresa, abordou, amarrou e agrediu a vítima para que ela confessasse a prática de um furto. Vale ressaltar, contudo, que o agente estava de folga, sem farda, não se identificou como policial e não utilizou o veículo ou a arma da corporação. (VERDADEIRO ou FALSO)?

A

FALSO. (INCOMPETENTE).
o A Justiça Militar é incompetente para processar e julgar crime cometido por policial militar que, ainda que esteja na ativa, pratica a conduta ilícita fora do horário de serviço (de folga), em contexto dissociado do exercício regular de sua função e em lugar não vinculado à Administração Militar. STJ. 5ª Turma. HC 764059-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 7/2/2023 (Info 763). BRAINSCAPE

23
Q

Não se enquadra no conceito de crime militar previsto no art. 9º, II, b e c, do Código Penal Militar o delito cometido por Policial Militar que, ainda que esteja na ativa, pratica a conduta ilícita fora do horário de serviço, em contexto dissociado do exercício regular de sua função e em lugar não vinculado à Administração Militar. (VERDADEIRO ou FALSO)?

A

VERDADEIRO.

24
Q

Compete ao juiz militar determinar o arquivamento do inquérito que investiga fato que possa ter adequação típica de CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA PRATICADO POR MILITAR CONTRA CIVIL, ainda que sua conclusão aponte para a presença de excludente de ilicitude de legítima defesa e/ou do estrito cumprimento do dever legal. (VERDADEIRO ou FALSO)?

A

FALSO.
* Não é da competência do juiz militar determinar o arquivamento do inquérito que investiga fato que possa ter adequação típica de CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA PRATICADO POR MILITAR CONTRA CIVIL, ainda que sua conclusão aponte para a presença de excludente de ilicitude de legítima defesa e/ou do estrito cumprimento do dever legal. STJ. AgRg nos EDcl no REsp 1.961.504-PR, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 21/06/2022, DJe 27/06/2022.

25
Q

Compete à justiça comum processar e julgar militar por crime de abuso de autoridade, ainda que praticado em serviço?

A

FALSO. Esse era o antigo entendimento da Súmula 172 STJ .

o Agora o abuso de autoridade será julgado pela JUSTIÇA MILITAR.

26
Q

Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar delito decorrente de acidente de trânsito envolvendo viatura de Polícia Militar, salvo se autor e vítima forem policiais militares em situação de atividade?

A

FALSO. Esse era o antigo entendimento da Súmula 6 STJ .

o Agora se o militar da PM estiver em serviço, resultando do acidente lesão ou morte culposa de um civil, trata-se de CRIME MILITAR.

27
Q

Todo crime praticado pela internet é de competência da Justiça Federal com base neste inciso V - Os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente?

A

NÃO. Segundo entendimento pacífico da jurisprudência, o fato de o delito ter sido cometido pela rede mundial de computadores não atrai, por si só, a competência da Justiça Federal.

o REQUISITOS CUMULATIVOS:
1) que o fato seja previsto como crime em tratado ou convenção Internacionais, e que o Brasil tenha assinado; (convenção de Budapeste de crimes virtuais por exemplo);

2) Crime à distância (iter criminis com origem ou destino no Brasil, logo uma das pontas do iter criminis envolvem o território nacional e a outra ponta um território estrangeiro). 

3) que exista uma relação de internacionalidade entre a conduta criminosa praticada e o resultado que foi produzido ou que deveria ter sido produzido.
28
Q

Havendo solução de continuidade entre os mandatos, não exercidos de maneira ininterrupta, cessa o foro por prerrogativa de função referente a atos praticados durante o primeiro mandato. (VERDADEIRO ou FALSO)?

A

VERDADEIRO.

o Exemplo adaptado: João, Deputado Federal, respondia inquérito no STF em razão da suposta prática de crime cometido no exercício do mandato e relacionado com as suas funções. Ele renunciou ao mandato de parlamentar federal para assumir o cargo de Vice-Governador, razão pela qual o STF declinou da sua competência para o juízo de 1ª instância considerando que não havia mais o foro por prerrogativa de função perante o Supremo. Antes que a ação penal fosse julgada em 1ª instância, o acusado foi diplomado Senador da República. João continuará sendo julgado em 1ª instância porque houve a quebra da necessária e indispensável continuidade do exercício do mandato de parlamentar federal para fins de prorrogação da competência, conforme é exigido pelo STF em situações como essa.

29
Q

O termo jurisdição nasce do latim juris (direito) e dicere (dizer), e é a nomenclatura utilizada para definir o poder do Estado de aplicar o direito ao caso concreto, ou seja, de dizer o direito. A competência é uma delimitação da jurisdição, é o espaço no qual determinada autoridade judiciária poderá aplicar o direito aos litígios que lhe forem apresentados, ou seja, a jurisdição é um poder que todo magistrado possuirá, porém, a competência será diferenciada concedida através de permissão legal. Contudo, qual seria a visão sobre a Jurisdição e Competência no processo penal segundo Aury Lopes Jr?

A
  • Como um Poder-Dever e como um Direito Fundamental - O que se evidencia é a coexistência dos conceitos.
           * A jurisdição penal deve ser concebida como poder-dever de realização de Justiça Estatal, por órgãos especializados do Estado. Trata-se de decorrência inafastável da incidência do princípio da necessidade, peculiaridade do processo penal, inexistente no processo civil. Para tanto, é uma jurisdição cognitiva, destinada a conhecer da pretensão acusatória (e de seu elemento objetivo, o caso penal) para, em acolhendo-a, exercer o poder de penar que detém o Estado-juiz. Assim, é lugar-comum na doutrina vincular o conceito de jurisdição ao de poder-dever. 
    
           * A jurisdição é também um direito fundamental, tanto que, ao tratarmos dos princípios/garantias do processo penal, a garantia da jurisdição, sendo o direito fundamental de ser julgado por um juiz, natural (cuja competência está prefixada em lei), imparcial e no prazo razoável. É nessa dimensão que a jurisdição deve ser tratada, como direito fundamental, e não apenas como um poder-dever do Estado.
30
Q

O PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL, É o direito que cada cidadão tem de saber, previamente, a autoridade que irá processar e julgá-lo caso venha a praticar uma conduta definida como infração penal pelo ordenamento jurídico. Esse princípio, foi encampado pelo ordenamento jurídico nas suas 2 vertentes:
Uma proibindo a instituição de tribunais de exceção e Outra garantindo ao indivíduo o seu julgamento por autoridade judiciária com competência definida previamente no ordenamento jurídico. Um questionamento que pode surgir acerca do princípio do juiz natural diz respeito à entrada em vigor de lei que altere a competência e sua aplicação imediata aos processos em andamento, nesse caso, fere o citado princípio?

A
  • A despeito de posições doutrinárias em sentido diverso, tem prevalecido na jurisprudência entendimento de que a modificação da competência criminal, decorrente de lei que a altere em razão da matéria, não viola o princípio do juiz natural.
         * No Processo Penal, vige o PRINCÍPIO DA APLICAÇÃO IMEDIATA DA LEI PROCESSUAL, inclusive em matéria de jurisdição e competência, a qual regulará o restante do processo. (STJ, Rcl n. 26.500/MS, relator Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Terceira Seção, julgado em 10/8/2016, DJe de 16/8/2016.).
31
Q

No crime de INJURIA ONLINE, Em regra é um crime formal, sendo o local da publicação. O local da consumação do delito é aquele onde incluído o conteúdo ofensivo na rede mundial de computadores. Contudo, tal entendimento diz respeito aos casos em que a publicação é possível de ser visualizada por terceiros, indistintamente, a partir do momento em que veiculada por seu autor. Contudo, de forma excepcional, será no local em que a vítima tomou conhecimento, se privado o conteúdo. Embora tenha sido utilizada a internet para a suposta prática do crime de injúria, o envio da mensagem de áudio com o conteúdo ofensivo à vítima ocorreu por meio de aplicativo de troca de mensagens entre usuários em caráter privado, no qual somente o autor e o destinatário têm acesso ao seu conteúdo, não sendo acessível para visualização por terceiros, após a sua inserção na rede de computadores. (VERDADEIRO ou FALSO)?

A

VERDADEIRO.

     * O crime de injúria praticado pela internet por mensagens privadas, as quais somente o autor e o destinatário têm acesso ao seu conteúdo, consuma-se no local em que a vítima tomou conhecimento do conteúdo ofensivo. STJ. 3ª Seção. CC 184.269-PB, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 09/02/2022 (Info 724).
32
Q

João é contrabandista. Ele compra mercadorias no Paraguai e as revende no Brasil. Determinado dia, João voltava do Paraguai com seu carro repleto de cigarros importados sem registro na ANVISA. Quando já estava no Brasil, ele avistou uma blitz da Polícia Militar e fugiu. Um dos policiais determinou que o agente parasse, mas João não atendeu e atirou contra o PM, que acabou falecendo. O crime de contrabando é de competência da Justiça Federal. A dúvida é o delito de homicídio. A Justiça Federal também julgará esse crime contra a vida praticado em desfavor do PM?

A

SIM.

       * Isso porque existe uma CONEXÃO INSTRUMENTAL ou PROBATÓRIA entre o contrabando (crime da justiça federal) e o homicídio. Se o intento da prática do homicídio era o de impedir o exercício do jus puniendi em relação ao crime de contrabando, ou seja, visava embaraçar a persecutio in criminis que seria realizada na Justiça Federal, há o interesse federal na persecução, também, dos crimes dolosos contra a vida, pois cometidos para obstar ou dificultar o exercício de atribuições conferidas a órgãos federais. Além disso, a simples conexão ou continência com crime federal atrai a competência da Justiça Federal para o julgamento de todos os delitos, nos termos da Súmula 122/STJ, na qual não faz nenhuma exceção quando se trata de delito doloso contra a vida. STJ. 3ª Seção.CC 194.981-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 24/5/2023 (Info 778).
33
Q

A Polícia Federal deflagrou a Operação Hipócrates que apurava possíveis crimes de peculato, falsidade ideológica e estelionato contra um hospital que presta serviços ao SUS. Os delitos seriam praticados em detrimento de bens da União (recursos federais), razão pela qual as medidas de busca e apreensão foram deferidas pela Justiça Federal. Na busca e apreensão foram apreendidos documentos médicos da internação de João Carvalho em uma clínica psiquiátrica. João Carvalho era um terceiro que não tinha nenhuma relação com os supostos crimes contra a União e a internação não foi no hospital que presta serviços ao SUS, mas sim em uma clínica psiquiátrica diversa. Enfim, os documentos foram apreendidos aleatoriamente. O que esses documentos revelaram? Que a internação foi registrada como voluntária, ou seja, João teria consentido em ser internado. No entanto, algumas inconsistências foram notadas no prontuário médico do paciente, incluindo anotações a lápis e a assinatura de outra pessoa, não do paciente, autorizando a internação. Isso levantou suspeitas de falsidade ideológica, pois sugeria que a internação pode não ter sido voluntária como oficialmente registrada. O Promotor de Justiça tomou conhecimento do fato e iniciou um procedimento investigatório criminal (PIC) para apurar as circunstâncias da internação de João. Diante disso, surgiu a seguinte dúvida: esse suposto delito de falsidade ideológica relacionado com a internação de João também deverá ser apurado na Justiça Federal?

A

NÃO ESTÁ. A jurisprudência do STJ é firme no sentido de que, se NÃO HOUVER CONEXÃO PROBATÓRIA, não é da Justiça Federal a competência para processar e julgar crimes de competência da Justiça estadual, ainda que os delitos tenham sido descobertos em um mesmo contexto fático. Nesse sentido:

    * Compete à Justiça estadual processar e julgar crimes sem conexão probatória com os que estão em curso na Justiça Federal, mesmo que os delitos tenham sido descobertos dentro do mesmo contexto fático. STJ. 3ª Seção. AgRg no CC 200.833-PR, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 13/3/2024 (Info 804).
34
Q

Uma organização criminosa enviava ouro para o exterior sem passar pelos controles aduaneiros. O Juiz Federal do Rio de Janeiro entendeu que duas acusadas teriam praticado crimes de descaminho em São Paulo e teriam mantido relações comerciais com a organização criminosa do Rio de Janeiro, mas sem poder dizer que integrariam o grupo. Assim, o Juiz Federal desmembrou o processo em relação as duas e declinou da competência para o Juízo Federal de São Paulo, pois, não havia conexão entres os crimes cometidos pelas duas acusadas com os delitos perpetrados pela organização criminosa. Contudo, O juiz federal em São Paulo, ao analisar os autos, não concordou com o desmembramento e suscitou conflito negativo de competência. Para o magistrado, as provas das infrações penais descritas na denúncia oferecida no Rio de Janeiro teriam influência nas provas das infrações penais imputadas às investigadas Antônia e Regina, o que implicaria conexão instrumental. O STJ concordou?

A

NÃO. O STJ decidiu que não há conexão e que, portanto, foi correto o desmembramento.

      * É INCABÍVEL a conexão de processos quando ausente a exposição de um LIAME CIRCUNSTANCIAL que demonstre a relação de interferência ou prejudicialidade entre as condutas criminosas. STJ. 3ª Seção. CC 185.511-SP, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 26/4/2023 (Info 773).
35
Q

A condição funcional do agente implica que o crime seja federal, ainda que não haja ofensa a bem/serviço/interesse da União? Pelo simples fato de ser agente federal? Vamos supor um caso de um delegado da PF que entra um pronto socorro e exige prontuário médico. Diante da negativa, agride o médico. De quem é a competência?

A

NÃO.

     *  Há de ser RESTRITIVA A INTERPRETAÇÃO da cláusula "em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou de empresas públicas", constante do art. 109, IV, da Constituição. Por isso mesmo, o ato praticado por delegado de polícia federal - tendo como vítima médica em hospital - quando não se encontrava no exercício da função não é bastante para se fixar a competência da Justiça Federal. STJ. 5ª Turma. HC 102.049/ES, Rel. Min. Nilson Naves, julgado em 13/04/2010 (Info 430).
36
Q

Existindo indícios de que o CRIME DE TORTURA fora praticado por policiais militares estaduais no interior de Delegacia da Polícia Federal, compete à Justiça estadual. (VERDADEIRO ou FALSO)?

A

FALSO - Compete à Justiça Federal, a teor do art. 109, IV, da Constituição Federal, o processamento e julgamento do feito. STJ. 3ª Seção. CC 102.714/GO, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 26/05/2010 (Info 436).

     * No caso dos autos, conquanto não se tenha notícia de que policiais federais teriam participado ativamente das agressões, de um lado, o prosseguimento das investigações poderia apontar a omissão de funcionário público federal (policiais federais) prevista no art. 1º, I, 2º da aludida lei. De outro lado, os fatos, em tese, teriam sido praticados no interior de Delegacia da Polícia Federal, o que atrairia também a competência da Justiça Federal, a teor do art. 109, IV, da Carta Magna. Nesse vértice, a lição de Guilherme de Souza Nucci: "a tortura é crime comum. Logo, a competência é da Justiça Estadual ou Federal, conforme o lugar em que for cometida, além de outros fatores previstos no art. 109 da Constituição Federal. Assim, ilustrando, se o suspeito é torturado em delegacia de polícia civil, deve apurar o delito a Justiça Estadual. Se, por outro lado, é torturado em uma delegacia da polícia federal, cabe à Justiça Federal (...) Leis Penais e Processuais Comentadas, GUILHERME DE SOUZA NUCCI,3ª ed. pág. 1.088).
37
Q

Todo crime praticado pela internet é de competência da Justiça Federal com base neste inciso V do Art. 109 da CF (Os crimes previstos em TRATADO ou CONVENÇÃO INTERNACIONAL, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente)?

A

NÃO. Segundo entendimento pacífico da jurisprudência, o fato de o delito ter sido cometido pela rede mundial de computadores não atrai, por si só, a competência da Justiça Federal.

  • REQUISITOS CUMULATIVOS PARA ATRAÇÃO DA COMPETENCIA:
       * 1 - que o fato seja previsto como crime em tratado ou convenção Internacionais, e que o Brasil tenha assinado; (convenção de Budapeste de crimes virtuais por exemplo);
    
       * 2 - Crime à distância (iter criminis com origem ou destino no Brasil, logo uma das pontas das fases do crime, envolvem o território nacional e a outra ponta um território estrangeiro). Iniciada a execução do crime no Brasil, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro - teoria da atividade, ou Iniciada a execução do crime no estrangeiro, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no Brasil - teoria da ubiquidade.
    
       * 3 -  Que exista uma relação de internacionalidade entre a conduta criminosa praticada e o resultado que foi produzido ou que deveria ter sido produzido. (Aqui, NÃO se exige prova incontestável da transnacionalidade da conduta, e sim, meros INDÍCIOS CONCRETOS de que tenha ocorrido dessa forma.
38
Q

João é líder de uma organização criminosa que “vende” clandestinamente sinal de TV por assinatura. O modus operandi da organização criminosa é o seguinte: João assina uma conta de TV paga (ex: NET). Após a assinatura, ele irá receber um receptor com um cartão dentro. Neste cartão constam os dados necessários para que ele possa assistir todos os canais do plano contratado. Ocorre que João liga esse aparelho em um computador que lê os dados do cartão e os repassa para os seus “clientes”, que poderão também assistir à TV por assinatura em suas casas como se tivessem um cartão original. A prática do “cardsharing” é considerada crime, punido como Violação de direito autoral (art. 184 do CP) e Crime da Lei de Software (Lei nº 9.609/98 Art. 12. Violar direitos de autor de programa de computador). De quem será a competência para apurar os eventuais crimes cometidos por João?

A
  • Justiça Federal. Para que o delito seja de competência da Justiça Federal com base neste inciso são necessários três requisitos:
         * a) Previsão do fato como crime no Brasil  A conduta de compartilhar, de forma ilícita, sinal de TV por assinatura por meio de serviços de “cardsharing” configura os crimes de violação de direito autoral e crime contra a lei de software.
    
         * b) Compromisso de combater este crime assumido pelo Brasil em tratado ou convenção internacional  O Brasil é signatário da Convenção de Berna.
    
         * c) Relação de internacionalidade   No “cardsharing” as chaves criptográficas são quebradas por intermédio de especialistas situados em outras partes do mundo. Verifica-se, nesse contexto, que tais crimes ultrapassam as fronteiras nacionais.
39
Q

Em um Município no interior do Estado do Amazonas, a Polícia Civil instaurou inquérito policial para apurar a existência de uma organização criminosa suspeita de roubos, homicídios e tráfico de drogas na localidade. Descobriu-se que essa organização estaria invadindo terras indígenas, ameaçando a comunidade e roubando os produtos que os indígenas conseguiam com as atividades de caça e pesca (os delitos ultrapassam a violação de direito individual - art. 231 da CF/88). Além disso, os suspeitos, estavam criando regras que deveriam ser seguidas, sob pena de retaliação (usurpando as funções de órgãos e entidades federais de fiscalização, como o Ibama, a Funai). O Delegado de Polícia representou ao juízo de Direito da comarca, pedindo a prisão dos suspeitos. O magistrado entendeu que os fatos deveriam ser apurados pela Justiça Federal e declinou da competência, decidindo o STJ que a justiça estadual seria competente, concordando com o delegado. (VERDADEIRO ou FALSO)?

A

FALSO - STJ que a justiça federal é competente nesse caso.

40
Q

Segundo o Art. 109, V-A, Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. Nesses casos, quais são os requesitos do STJ e do STF?

A
  • REQUISITOS STJ:
          * 1 -caso de grave violação de direitos humanos;
          * 2 - necessidade de se assegurar o cumprimento, pelo Brasil, de obrigações decorrentes de tratados internacionais;
          * 3 - exista uma incapacidade - oriunda de inércia, omissão, ineficácia, negligência, falta de vontade política, de condições pessoais e/ou materiais, etc. - de o Estado-Membro, por suas instituições e autoridades, levar a cabo, em toda a sua extensão, a persecução penal.
  • REQUISITOS STF:
    * 1 -caso de grave violação de direitos humanos;
    * 2 - necessidade de se assegurar o cumprimento, pelo Brasil, de obrigações decorrentes de tratados internacionais;
  • No julgamento das ADI 3.486/DF e ADI 3.493/DF, o STF rechaçou expressamente a existência do terceiro requisito, acima mencionado.
41
Q

houve inserção de dados falsos de madeira no sistema DOF (Documento de Origem Florestal). O Sistema DOF foi instituído e implantado pelo IBAMA e se encontra hospedado em seu site. Apesar disso, o STJ entende que isso, por si só, não atrai a competência da Justiça Federal para julgamento do crime de falsificação de documento de origem florestal. Para o STJ, no caso concreto, não foi indicado nenhum prejuízo concreto ao ente federal ou demonstrada a ofensa a interesse direto e específico da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas com a suposta apresentação de informação falsa no sistema DOF (Documento de Origem Florestal), motivo pelo qual o feito deve ser processado e julgado pela Justiça comum estadual. (VERDADEIRO ou FALSO)?

A

VERDADEIRO - STJ. 3ª Seção. AgRg no CC 193.250-GO, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 24/5/2023 (Info 780).

42
Q

EM se tratando do Foro EM RAZÃO DA FUNÇÃO e o IP, as investigações envolvendo AUTORIDADES COM FORO PRIVATIVO NO STF somente podem ser INICIADAS APÓS AUTORIZAÇÃO formal do STF. Bem como, a CONSTITUIÇÃO ESTADUAL ou o REGIMENTO INTERNO do Tribunal, pode exigir que a investigação contra autoridade com foro no TJ somente se inicie após autorização do desembargador-relator. E por fim, a CONSTITUIÇÃO ESTADUAL ou REGIMENTO INTERNO pode exigir que as MEDIDAS CAUTELARES contra os investigados com foro de prerrogativa, somente sejam tomadas pela maioria absoluta do órgão especial do TJ. (VERDADEIRO ou FALSO)?

A

FALSO - NÃO PODE.

      * É inconstitucional — por violar a competência privativa da União para legislar sobre direito penal e processual penal (art. 22, I, CF/88), o sistema acusatório e o princípio da isonomia (art. 5º, caput e LIII, CF/88) — norma de Constituição estadual que condiciona à prévia autorização judicial, mediante decisão fundamentada da maioria absoluta do órgão especial do respectivo tribunal de justiça, o pedido de medida cautelar para fins de investigação criminal ou instrução processual penal em desfavor de autoridades com foro por prerrogativa de função. STF. Plenário. ADI 7.496 MC-Ref/GO, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 24/06/2024 (Info 1142).
43
Q

EM se tratando do Foro EM RAZÃO DA FUNÇÃO, pode-se dizer que o STF fez uma REDUÇÃO TELEOLÓGICA ou técnica da “dissociação” (reduzir o campo de aplicação) – uma interpretação teleológica restritiva do art. 102, I, b e c da CF c/c art. 53, §1º. Logo, foi restringido o foro aos crimes cometidos durante o exercício do mandato e que tenham relação com ele: O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas. (VERDADEIRO ou FALSO)?

A

VERDADEIRO

44
Q

EM se tratando do Foro EM RAZÃO DA FUNÇÃO qual o momento processual, a partir do qual mesmo que o réu perca o foro privilegiado, ainda assim ele continuará sendo julgado pelo Tribunal?

A
  • FIM DA INSTRUÇÃO - Com a publicação do despacho de intimação para apresentação de alegações finais.
           * Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para apresentação de alegações finais, a competência para processar e julgar ações penais não será mais afetada em razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo. STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018.
45
Q

O STF tem entendido que o foro em decorrência da função alcança os chamados “mandatos cruzados” de parlamentar federal. Assim, prorroga-se a competência originária do STF, por excepcionalidade, quando o parlamentar, sem solução de continuidade, estiver investido em novo mandato federal, mas em casa legislativa diversa daquela que originariamente deu causa à fixação da competência originária (art. 102, I, “b”, da CF/88). É o caso de um Deputado Federal ser eleito para o cargo de Senador ou vice-versa. Porém, se houve a interrupção ou o término do mandato parlamentar federal, sem que o acusado tenha sido novamente eleito para os cargos de Deputado Federal ou Senador, haverá obrigatoriamente o declínio da competência para a 1ª instância. No caso, constata-se que houve a quebra da necessária e indispensável continuidade do exercício do mandato político para fins de prorrogação da competência, conforme é exigido pelo STF. (VERDADEIRO ou FALSO)?

A

VERDADEIRO.

       * Na hipótese em que o delito seja praticado em um mandato e o réu seja reeleito para o mesmo cargo, a continuidade do foro por prerrogativa de função restringe-se às hipóteses em que os diferentes mandatos sejam exercidos em ordem sequencial e ininterrupta. (Inq 4.127, Rel. Ministro Ricardo Lewandowski, Tribunal Pleno, DJe 23/11/2018). STJ. 5ª Turma. RHC 111.781/CE, Rel. Min. Ribeiro Dantas, DJe 01/7/2019. 

       * Havendo solução de continuidade entre os mandatos, não exercidos de maneira ininterrupta, cessa o foro por prerrogativa de função referente a atos praticados durante o primeiro mandato. STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 182.049-DF, Rel. Min. Messod Azulay Neto, julgado em 8/8/2023 (Info 785).
46
Q

João, fazendeiro, teria adquirido duas cabeças de gado mesmo sabendo que seria produto de crime. Ele foi denunciado pela prática de receptação de animal (art. 180-A do CP). O juiz prolatou sentença condenatória e o réu interpôs apelação. O recurso foi distribuído para a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (ou seja, um órgão fracionário). Antes que o recurso fosse julgado, João foi diplomado e empossado como Prefeito do Município. Diante disso, a defesa pediu que o recurso fosse redistribuído da Câmara Criminal para o Pleno do Tribunal de Justiça. Isso porque, segundo a Constituição do Estado e o Regimento Interno do TJ, a competência para julgar ações penais contra Prefeitos é do Tribunal Pleno (e não da Câmara Criminal). O pedido não deve ser acolhido. (VERDADEIRO ou FALSO)?

A

VERDADEIRO.

     * O foro por prerrogativa de função exige CONTEMPORANEIDADE e PERTINÊNCIA TEMÁTICA entre os fatos em apuração e o EXERCÍCIO DA FUNÇÃO PÚBLICA. No caso concreto, além de o crime ser anterior à posse como chefe do Poder Executivo Municipal, o ato praticado não guarda relação com o seu cargo eletivo, não havendo que se falar em deslocamento do feito para julgamento pelo Pleno do Tribunal de Justiça. STJ. 6ª Turma. REsp 1982779-AC, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF 1ª Região), julgado em 14/09/2022 (Info 755).