Úlceras Genitais Flashcards
Infecções transmitidas essencialmente por via sexual
Sífilis, cancro mole, linfogranuloma venéreo, gonorreia e uretrites
Infecções transmitidas frequentemente por via sexual
Donovanose, condiloma acuminado, herpes simples genital, candidíase, ftiríase, hepatite B, HIV.
Infecções transmitidas eventualmente via sexual
Molusco contagioso, escabiose, shigelose, hepatite C e A.
Definição e etiologia da sífilis
Definição: doença infecciosa, sistêmica, de evolução crônica, sujeita a surtos de agudização e latência, que pode atingir vários sistemas, produzindo lesões cutâneas, mucosas, cardiovasculares e nervosas.
Etiologia: Treponema pallidum
Classificação da sífilis
- Adquirida recente (< 1 ano de evolução): primária, secundária e latente recente
- Adquirida tardia (> 1 ano de evolução): latente tardia e terciária
- Congênita recente: diagnóstico até os 2 anos de vida
- Congênita tardia: diagnóstico após os 2 anos de vida
Período de incubação da sífilis
10-90 dias (21 dias - média)
Manifestações da sífilis primária ou cancro duro
- Lesão ulcerada, geralmente única, pouco dolorosa, base endurecida, fundo liso e brilhante e secreção serosa escassa.
- Adenopatia regional móvel, indolor
- Homem: glande, sulco coronal e bálano-prepucial, corpo do pênis
- Mulher: pequenos lábios, paredes vaginais, colo uterino.
- Áreas extra-genitais
Período de aparecimento da sífilis secundária
6-8 semanas após o cancro duro aparecer
Manifestações cutâneas da sífilis secundária
- Manchas eritematosas (roséola)
- Pápulas eritemato-acastanhadas, escamas (sifílides papulosas)
- Alopécia (couro cabeludo e sobrancelhas)
- Placas mucosas
- Pápulas e placas úmidas (condiloma plano ou lata).
Manifestações clínicas da sífilis secundária
- Microadenopatia generalizada
- Artralgias, mialgias
- Febre, cefaléia
- Astenia, emagrecimento
- Comprometimento ocular, hepático, ósseo, do SNC
- Sífilis maligna precoce
Manifestações clínicas da sífilis latente e recidivante
- Latente (recente e tardia): sintomatologia ausente, diagnóstico por sorologia.
- Recidivante: lesões papulosas, pouco numerosas, que ocorrem após o secundarismo e antes do terciarismo.
Período de aparecimento da sífilis terciária
3-12 anos após a infecção, em média
Manifestações clínicas da sífilis terciária
- Lesões cutâneo-mucosas: túbero-circinadas e gomas;
- Gomas em outros órgãos: oral, laringe, estômago, fígado, rins, óssos, articulações
- Manifestações cardiovasculares: aortite, miocardite.
- Neurosífilis: meningite, hemiplegias, tabes dorsalis.
Dx diferencial da sífilis
- Primária: outras ISTs
* Secundária: farmacodermias, exantemas, hanseníase, colagenoses
Dx laboratorial da sífilis
- Pesquisa direta em campo escuro: cancro e secundária
- Sorologia não-treponêmica (VDRL: 14 dias após o aparecimento do cancro duro; RPR): screening e seguimento pós-terapêutico
• Sorologia treponêmica (FTA-abs, MHATP) confirmação da infecção, fases precoces, congênita.
- Permanece positivo para o resto da vida
Tratamento da sífilis
- Primária: Penicilina Benzatina 2,4 milhões UI IM
- Secundária e latente recente: Penicilina Benzatina 4,8 milhões UI IM
- Latente tardia e terciária: Penicilina Benzatina 7,2 milhões UI IM. Se CV ou NS= Pen Cristalina EV
- Reação de Jarish-Herxheimer (febre, mal estar, piora das lesões)
- Opções: dessensibilizar, eritromicina, tetraciclina, doxiciclina
- Seguir sorologia 3-3 meses por 1 ano.
- Cicatriz sorológica
Agente etiológico e período de incubação do cancro mole (cancroide)
- Infecção pelo Haemophilus ducreyi
- “Cavalo”
- Regiões tropicais
- Período de incubação: 3-14 dias
- Mais em homens
Manifestações clínicas do cancro mole
- Lesões ulceradas, múltiplas e dolorosas
- Borda edematosa e talhadas a pique, fundo irregular e base mole, exsudato necrótico, odor fétido, sangramento fácil
- Adenopatia que fistuliza por 1 orifício
- Homem: frênulo, sulco bálano-prepucial
- Mulher: fúrcula, pequenos e grandes lábios
- 40%: linfonodos, unilaterais, podem fistulizar
- Cancro Misto de Rollet
Dx laboratorial do cancro mole
- Gram (úlcera ou linfonodo): bacilos Gram negativos intracelulares.
- Cultura: ágar-chocolate e ágar-sangue
Tratamento do cancro mole
- Azitromicina 1g VO dose única
- Ceftriaxona 250mg IM dose única
- Ciprofloxacina 500mg VO 12/12h 3 dias
- Eritromicina 500mg VO 6/6h 10 dias
- Tianfenicol 5g VO dose única
- Doxiciclina 100mg VO 12/12h 10 dias
- Tetraciclina 500mg VO 6/6h 10 dias
Agente etiológico e período de incubação do linfogranuloma venéreo
- Infecção sistêmica pela Chlamydia trachomatis, sorotipos L1, L2, L3.
- “Mula”
- Período de incubação: 3-30 dias
Manifestações clínicas do linfogranuloma venéreo
- Manifestações gerais
- Lesão de inoculação: pápula, pústula ou ulceração indolor que involui sem sequela, pode não ser percebida
- Disseminação linfática: 1-6 semanas após a lesão inicial.
- Sequelas
ADENOPATIAS: • Homem: - Inguinal dolorosa, eritematosa, unilateral - Fusão, massa, necrose - Múltiplas fístulas • Mulher: - Ilíacos profundos ou pararretais
Manifestações clínicas raras: • Meningite, encefalite • Eritema nodoso • Eritema multiforme • Fotossensibilidade • Artrite • Hepatoesplenomegalia • Conjuntivite
Complicações do linfograuloma venéreo
- Ulceração, fístulas, esclerose, hipertrofia, estenose (vaginal, uretral, retal)
- Elefantíase
Diagnóstico laboratorial do linfogranuloma venéreo
- Anticorpos positivos 4 semanas após infecção aguda
- Fixação do complemento (>1:64 ou aumento em 4 vezes)
- Microimunofluorescência (IgG, IgM)
- ELISA
- PCR, LCR
- Cultura
Tratamento do linfogranuloma venéreo
- Doxiciclina 100mg VO 12/12h 21 dias
- Eritromicina 500mg VO 6/6h 21 dias
- Sulfametoxazol 800mg+Trimetrop. 160mg VO 12/12h 21 dias
- Tianfenicol 500mg VO 8/8h 14 dias
Principais características da donovanose (granuloma inguinal)
• Infecção pela Klebsiella granulomatis • Gram-Negativo • Evolução crônica, pouco contagiosa • Auto-inoculação • Zonas tropicais e subtropicais Condições sócio-econômicas baixas Período de incubação: 1- 6 meses
Manifestações clínicas da donovanose
- Pápula, nódulo ou pústula que ulcera e se torna ulcero-vegetante
- Pele e mucosas genitais, perianais, inguinais
- Lesões satélites confluem = grandes lesões indolores, com crescimento lento e progressivo
- Bordas bem delimitadas, irregulares, duras
- Fundo carnoso, secreção e sangue
- Ausência de adenopatia satélite
- Manifestações gerais são incomuns
- Localizações extra-genitais: oro-faríngea
- Donovanose sistêmica é rara: fígado, baço, ossos, articulações
Complicações da donovanose
• Estiomeno- sinéquias, parafimose, estenose uretral/ vaginal/ anorretal, fístulas, linfedema (elefantíase)
• Infecção fusoespiralar: destruições teciduais
• Risco de evolução para carcinoma espinocelular
• A gravidez agrava a donovanose
HIV requer tratamento mais prolongado
Dx diferencial da donovanose
ISTs, tuberculose, amebíase, neoplasias, leshmaniose, pioderma gangrenoso, micoses profundas, condiloma acuminado.
Diagnóstico laboratorial da donovanose
- Exame direto ou histopatologia com coloração de Wright, Giemsa, Leishman:
- Corpúsculos de Donovan
Tratamento (até a cura) da donovanose
- Ciprofloxacina 750mg VO 12/12h
- Eritromicina 500mg VO 6/6h
- Gentamicina 1mg/kg/dia 8/8h EV