Micoses Profundas Flashcards
Definição das micoses profundas
- Doenças causadas por fungos que invadem a derme e/ou hipoderme e até órgãos internos.
- Subcutâneas: se restritas à derme e hipoderme.
- Sistêmicas: se disseminação hematogênica, atingindo outros órgãos
Principais características da esporotricose (agente etiológico, via de transmissão, população mais afetada)
- Sporotrix shenkii, dimórfico;
- Primariamente afeta a pele, por inoculação;
- Eventualmente transmitida por vias áreas ou digestivas;
- Clima tropical, subtropical, zona rural;
- Predomina em jardineiros, agricultores, empalhadores;
- Não há contágio inter-humano.
Etiopatogenia da esporotricose
- S. shenkii: solo, vegetais, palhas, madeira
- Inoculação pós-trauma
- Gatos: reservatórios e portadores
- Período de incubação: 3-12 semanas
- Área traumatizada: bloqueio imune ou não (sem doença, forma localizada, disseminações)
Formas clínicas da esporotricose
• Cutânea localizada: boa resistência.
- Pápula, nódulo, tubérculo, placa verrucosa, com ou sem ulceração.
- Face é mais acometida. Pode ser de mucosa (conjuntiva, boca, faringe)
• Cutâneo-linfática: 75% dos casos.
- Cancro de inoculação e nódulo, goma.
- Progressão em trajeto linfático até cadeia ganglionar.
- Mais em extremidades superiores.
• Cutânea disseminada: lesões papulonodulares, gomas, lesões ulceradas.
- Disseminação via hematogênica.
- Mais em imunodeprimidos. Ingestão ou inalação (primária) ou precedida de lesão cutânea (secundária).
• Formas extra-cutâneas e visceral: depende da resistência imune.
- Ossos, pulmões, articulações, testículos, SNC, rins, fígado, baço, pâncreas, glândula mamária, tireoide.
Diagnóstico diferencial da esporotricose
- Lesões verrucosas: PLECT (paracoccidioidomicose, leishmaniose, esporotricose, cromomicose, tuberculose cutânea) ou neoplasias;
- Leishmaniose: úlcera grande e linfangite pequena, ao contrário da esporotricose = “regra de Azulay”.
Diagnóstico da esporotricose
- Exame direto: difícil ser positivo. Gram+
- Cultural: Sabouraud, cresce entre 3-14 dias.
- Histopatologia: granuloma, raros fungos em forma de charutos ou arredondados
Tratamento da esporotricose
- Iodeto de potássio em solução saturada: 2-4g dia, por 4-8 semanas e manutenção 1-2 meses após cura clínica;
- Itraconazol 100-200mg/dia;
- Anfotericina B;
- Criocirurgia
Evolução e prognóstico da esporotricose
- Com o tratamento, na grande maioria dos casos: cura completa;
- Pode haver cura espontânea;
- Gravidade: formas sistêmicas, imunodeprimidos
Cromomicose
- Infecção crônica, derme e hipoderme;
- Fungos demáceos, “corpos fumagóides” - “fungos negros”;
- Não precisa corar;
- Fonsecaea pedrosoi, Fonsecaea compacta, Cladosporium carrionii, Phialophora verrucosa.
- Regiões tropicais e subtropicais;
- Área rural.
Etiopatogenia da cromomicose
- Fungos habitam o solo/vegetais: ferimentos;
- Agricultores;
- Propagação por contiguidade;
- Raro acometimento linfonodal e excepcional disseminação hematogênica;
- Estado geral bom
Quadro clínico da cromomicose
- Período de incubação: 1-2 meses
- Membros inferiores: pápula ou nódulo, placa vegetante verrucosa ou condilomatosa, crescimento contínuo;
- Placa infiltrada, circinada e bordas delimitadas;
- Complicações: infecção bacteriana secundária, linfedema, elefantíase, pode desenvolver CEC sobre a lesão.
Diagnóstico da cromomicose
- Micológico direto: corpos escleróticos ou fumagóides isolados ou agrupados;
- Cultural: Sabouraud, Mycosel – crescimento lento, colônias escuras, preta-acizentadas;
- Histopatologia: granuloma, microabscessos, corpos fumagóides
Tratamento da cromomicose
Formas localizadas: • Cirurgia • Criocirurgia com nitrogênio líquido • Termoterapia • Laser de CO2
Formas extensas:
• Itraconazol 200-400mg/dia
• Flucitosina 150mg/kg/dia
• Anfotericina B 1mg/Kg/dia (total: 1750mg) associada com flucitosina em casos resistentes e graves
Paracoccidioidomicose
- Paracoccidioides brasiliensis, descrita por Lutz, SP-Brasil, em 1908;
- Fungo dimórfico, infecção aguda que pode evoluir para cronicidade;
- Zona rural;
- América do Sul e Central;
- Forma aguda e subagudas: crianças, jovens;
- Forma crônica: homens adultos
Etiopatogenia da paracoccidioidomicose
- Vegetais, solo: forma miceliana
- Contágio: respiratório, digestivo, cutâneo-mucoso.
- Disseminação hematogênica e contiguidade
- Gravidade proporcional ao estado imunológico
Classificação da paracoccidioidomicose
Formas clínicas Sampaio: • Tegumentar (cutâneo e/ou mucosa) • Linfonodular • Visceral • Mista
Forma tegumentar - mucosa da paracoccidioidomicose
- Estomatite moriforme (Aguiar Pupo)
- Lesões infiltrativas, vegetantes, ulcerativas
- Sialorreia
- Localização: gengivas, mucosas jugais, palato, língua, assoalho bucal, faringe, laringe, traqueia.
Forma tegumentar - cutânea da paracoccidioidomicose
- Lesões polimorfas, diferentes estágios: pápulas, nódulos, placas, pústulas, úlceras vegetações.
- Granulação moriforme
- Linfonodomegalia
- 80% associada a doença pulmonar
- Pode ocorrer mal-estado geral
Forma linfonodular da paracoccidioidomicose
- Primária ou secundária
- Região cervical e submandibular
- Tumefação, endurecimento, dor.
- Amolecimento, aderência, fistulização, ulceração, pus caseoso
- Região intra-abdominal: massas tumorais simuladoras de neoplasias/TBC.
Forma visceral da paracoccidioidomicose
- Pulmões 50-90% - alterações em “asa de borboleta” no Rx de tórax;
- Associado à TBC - 12%.
- Outros: generalização (fungemia), trato gastrointestinal, fígado, baço, suprarrenais, SNC, trato geniturinário, músculos, coração, globo ocular.
- Formas juvenis: adenopatias, fígado, baço, lise de ossos
Forma cicatricial da paracoccidioidomicose
- Complicações pós-tratamento: fibrose tecidual.
- Cor pulmonale
- Doença de Addison
- Microstomia
Paracoccidioidomicose em imunideprimidos
• Mais frequentemente: formas graves e multifocais, com acometimento do sistema retículo-endotelial
Diagnóstico da paracoccidioidomicose
- Micológico direto: a fresco ou Giemsa (esfregaço): cél. arredondadas, membrana com duplo contorno, gemulação única ou múltipla.
- Cultural: ágar-sangue 37ºC, 15-20 dias, cerebriforme creme ou Sabouraud 25ºC, 20 dias.
- Histopatologia: fungo por PAS ou prata
- Imunologia: sorologias com anticorpos.
Tratamento da paracoccidioidomicose
- Sulfonamidas: sulfametoxazol + trimetropim. Usar até completar 1 ano de sorologia negativa
- Opções VO: itraconazol 200mg/dia, cetoconazol 400mg/dia
- Fluconazol 400-800mg/dia EV: se SNC acometido
- Anfotericina B: casos extensos, graves
- Corticoesteroides: diminuem a fibrose cicatricial
Evolução e prognóstico da paracoccidioidomicose
- Pode ocorrer cura espontânea
- Após instalação da doença, depende da forma e da imunidade: pode ocorrer curso progressivo e grave
- Formas graves, antes das sulfas: alta mortalidade