MECANISMOS DE ADAPTAÇÃO E LESÃO CELULAR NECROSE E APOPTOSE Flashcards
O QUE ACONTECE QUANDO EM HOMEOSTASIA AS CÉLULAS SOFREM UM ESTÍMULO?
Quando sujeitas um estímulo potencialmente lesivo podem ocorrer lesões reversíveis (hiperplasia, hipertrofia, hipoplasia/atrofia, metaplasia) ou irreversíveis (necrose e apoptose).
COMO SE DÃO AS ALTERAÇÕES CELULARES REVERSÍVEIS?
- Edema generalizado da célula e organelos
- Alterações da membrana citoplasmática como a perda de microvilosidades
- Dilatação do RE: stress por acumulação de proteínas misfolded
- Alterações nucleares com desagregação dos elementos granulares e fibrilares
- Alterações mitocondriais
O QUE É A HIPERPLASIA?
Consiste no aumento do nº de células de um tecido, provocando o crescimento do mesmo. Pode ser fisiológica (aquando da puberdade feminina, se dá a proliferação acinosa nas mamas) ou patológica (hiperplasia induzida por papiloma vírus). Estas alterações são estimuladas por hormonas ou fatores de crescimento, e ocorre em células capazes de se dividirem (crescerem) ou que contêm abundantes stem cells.
O QUE É A HIPERTROFIA?
consiste no aumento do tamanho das células sem ganho no número das mesmas. Ocorre devido à síntese de
componentes celulares estruturais tais como fatores de crescimento, sintetizado em resposta a estímulos mecânicos ou de esforço. Pode ser fisiológica (útero na gravidez) ou patológica (hipertrofia do miocárdio que, por devido ao esforço acrescido na hipertensão, os miócitos respondem aumentando de dimensão.)
O QUE ACONTECE EM HIPOPLASIA/APLASIA/ATROFIA/HIPOTROFIA?
Ocorre uma redução do tamanho celular e do
número de células por perda proteica ou de outros componentes celulares por aumento da taxa autofágica, originando diminuição metabólica. Pode ser fisiológica (atrofia do útero pós-parto) ou patológica (atrofia por compressão em tecidos adjacentes a um tumor)
O QUE É METAPLASIA?
Consiste na substituição da células pré-existentes por outras mais resistentes à agressão (brônquios: alteração do epitélio colunar para escamoso por irritação crónica devido ao tabagismo). Esta alteração não resulta de uma alteração fenotípica numa célula diferenciada, resulta antes na reprogramação de uma local stem cell ou então por colonização devido a células diferenciadas adjacentes. Estas alterações podem resultar de sinais provocados por citoquinas, fatores de crescimento ou componentes da matriz extracelular. Contudo, e apesar do epitélio escamoso ser mais resistente, esta mudança vem com um custo: os mecanismos de proteção contra infeções são perdidos na “redefinição” do epitélio, acrecentando a isto tem se que ter em conta que em situações de exposição prolongada aos estímulos que desencadearam a metaplasia, pode condicionar uma pré-malignidade ou perda de função.
MICROSCÓPICAMENTE COMO SE REVELAM OS DANOS CELULARES?
As alterações celulares que causam dano celular revelam-se microscopicamente pela impregnação com H&E: o citoplasma surge vermelho (eosinofílico) pela perda de RNA, que mascara o azul característico da hematoxilina.
COMO SE DÃO AS ALTERAÇÕES CELULARES IRREVERSÍVEIS?
- Ausência total de ribossomas
- Tumefação (inchaço) das mitocôndrias e do retículo endoplasmático
- Condensação e destruição nuclear
- Fragmentação das membranas internas
QUANTOS PROCESSOS NECRÓTICOS EXISTEM? QUAIS SÃO?
6 tipos de processos necróticos: por coagulação, liquefação, gangrenosa, caseosa, gorda e fibrinóide.
O QUE ACONTECE NA NECROSE POR COAGULAÇÃO?
O tecido tem uma textura firme, onde existe desnaturação não só as proteínas estruturais mas também as enzimas que estariam envolvidas na proteólise (autolíticas). Em resultado disto, eosinófilos permanecem por dias ou semanas no tecido afetado e como a maioria das enzimas autolíticas foram desnaturadas a célula não é destruída fazendo com que a arquitetura tecidual seja mantida até digestão e remoção do tecido necrótico (remanescentes celulares) por leucócitos (fagocitose). Há perda do núcleo e aglutinação do citoplasma. A causa clínica mais comum é isquémia por perda de sangue arterial, como por exemplo o enfarte do miocárdio.
O QUE ACONTECE NA NECROSE POR LIQUEFACÇÃO?
Necrose associada à infecção por agentes biológicos (principalmente bactérias e fungos) a um tecido, ou no caso específico da lesão por isquemia ou hipóxia no tecido cerebral. Os micróbios levam a uma resposta inflamatória, ou seja, estimulam a acumulação de leucócitos e a libertação enzimática destas células, fazendo fagocitose, resultando na transformação do tecido num líquido viscoso. O material necrótico é frequentemente um amarelo cremoso devido à presença dos piócitos que conduzem à formação de pus.
O QUE ACONTECE NA NECROSE GANGRENAR?
A necrose gangrenar não é um padrão específico de morte celular, mas sim um termo utilizado na clínica, para descrever um membro ou extremidade que perdeu o aporte sanguíneo e sofreu necrose (tipicamente necrose por coagulação). Quando isso está associado a uma infeção por microrganismos é uma necrose por liquefação devido à ação das enzimas degradativas das bactérias e dos leucócitos infiltrantes.
O QUE ACONTECE NA NECROSE CASEOSA?
A necrose caseosa, encontra-se mais frequentemente nos focos de infeção tuberculosa. O termo caseoso deriva do aspeto de queijo que este tipo de necrose provoca no tecido. Na examinação microscópica, a área celular necrótica surge sem estrutura, ou com células lisadas e remanescentes granulares amorfos delimitados por um processo inflamatório bem distinguível. Esta aparência é característica de um foco inflamatório conhecido por granuloma. Os contornos celulares são invisíveis e o citoplasma surge com vacúolos.
O QUE ACONTECE NA NECROSE GORDA?
Existe extravasamento de enzimas lipolíticas para o tecido adiposo, o que leva à digestão (liquefação) da membrana de adipócitos e quebra das ligações dos triglicérides, liberando assim ácidos graxos livres. Estes ácidos combinam-se com íons Ca++ (reação de saponificação) e formam áreas esbranquiçadas no tecido adiposo. Esta necrose é vista em casos de pancreatite aguda nos quais as lipases ativadas extravasam os ácinos pancreáticos e caem no parênquima pancreático e na cavidade peritoneal. Histologicamente, há destruição do citoplasma e núcleo; a área necrótica contém limites sombreados de lipócitos necrosados, depósitos basófilos de cálcio e inflamação demarcada.
O QUE ACONTECE NA NECROSE FIBRINÓIDE?
Necrose fibrinóide é uma forma especial de dano vascular geralmente vistas em reações imunes que envolvem vasos sanguíneos. Ocorre tipicamente quando complexos imunes se depositam nas paredes das artérias, e se combinam com proteínas plasmáticas que escaparam desses mesmos vasos, resultam num rosado brilhante amorfo em H&E. Esta aparência denomina-se fibrinóide. Clinicamente, estes achados histológicos são vistos em síndromes de tipo vasculite imunologicamente mediados.