IST 1 - Sífilis, cancróide, herpes Flashcards
FACTORES DE RISCO
- No elevado e mudança frequente de parceiros sexuais
- Relações sexuais com parceiros ocasionais
- Ausência do uso de métodos barreira
Classificação IST consoante a queixa clínica
Úlcera
- sífilis
- cancróide
- herpes genital
Corrimento
- uretrite/cervicite
- gonocócica
- não gonocócica
Lesões vegetantes:
- condilomas genitais
- molusco contagioso
Sífilis
Bactéria
Treponema pallidum
Bactéria gram -, espraiada e móvel
Sífilis
- Co-infecção com VIH ↑
- Transmissão por via sexual ou vertical mãe-filho in utero
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A sífilis sintomática é geralmente mais recente (sífilis recente), enquanto a sífilis latente é predominante nas fases mais tardias da doença (sífilis tardia).
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Diferença entre sífilis recente e sífilis tardia
Sífilis recente: Fase inicial contagiosa, clinicamente polimorfa - Primária - Secundária - Latente recente (<2A)
Sífilis tardia Expressão clínica menos exuberante Lesões sistémicas graves - Latente tardia (>2A) - Terciária: envolvimento cutâneo, cardiovascular e neurológico
Inoculação (1/3 fica infetado) —> 14 a 21d Sífilis primária
.
Sífilis primária
- após 10 a 90 dias (média 3 semanas) da infecção por T.Pallidum
- Úlcera genital
- única
- fundo limpo avermelhado
- indolor
- indurada
- linfadenopatia satélite inguinal, unilateral indolor, dura, não supurativa
Cura espontânea em 2-3 semanas
Localização da sífilis primária
Sexo masculino
o Sulco balanoprepucial, glande
Sexo feminino
o Vulva
§ podem passar despercebidas
pelo próprio doente:
o ânus, recto, canal anal e períneo o colo do útero
Localizações extragenitais:
o mucosa oral , mama, dedos
o elevado grau de suspeição clínica
Inoculação (1/3 fica infetado) —> 14 a 21d Sífilis primária —-> 3 a 12 s Sífilis secundária
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Sífilis secundária
- disseminação hemaxtogénica e linfática
- elevada infeciosidade
- clinicamente polimorfa
- manifestações mucocutâneas
- duração 2 a 12 semans
- recaída em 25% dos casos
- Febre
- cefaleias
- mialgias
- artralgias
- astenia e anorexia
- sudação
- linfadenopatias (50-80%): micropoliadenia das cadeias ganglionares superficiais; gg duros, indolores, não inflamatórios
Manifestações cutâneas sífilis secundária
• polimorfismo clínico (“a grande imitadora”)
• Erupção macular transitória (Roséola sifilítica)
10% dos casos
+ tronco e áreas flexoras MS
manchas ovalares, rosadas, disseminadas
rapidamente resolutiva
• Erupção cutânea papulodescamativa generalizada (70%)
prurido pouco frequente
máculas e pápulas de cor vermelha escura ou acastanhada
(cor de presunto), ovalares, infiltradas
tronco, face, área genital, palmas e plantas
colarette de descamação
• Máculas hipopigmentadas pós-inflamatórias cervicais (Colar de Vénus)
Sílifis secundária
- Mucosas
- Cabelo
MUCOSAS • Condiloma lata (9 a 44%) - pápulas ou placas condilomatosas - base séssil - superfície plana ou com vegetações - área genital e anal (++) • Placas mucosas (7 a 12%) - erosões indolores e arredondadas - descamação acinzentada e macerada - língua e lábios (++) • Faringite (até 25%) ü odinofagia e rouquidão
CABELO
• alopécia em clareiras
• deflúvio capilar difuso
Inoculação (1/3 fica infetado) —> 14 a 21d Sífilis primária —-> 3 a 12 s Sífilis secundária —–> Lesões desaparecem 4 a 12 semanas —> Sífilis latente
50% sífilis primária pode ser sífilis latente
25% sífilis latente pode dar origem a sífilis secundária
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Sífilis latente
- Serologias positivas, sem clínica
- 50% dos episódios primários evoluem para a latência
- Maioria com remissão espontânea
- Recente (CDC: < 1A; WHO: < 2A)
- Tardia (CDC: > 1A; WHO: > 2A)
Inoculação (1/3 fica infetado) —> 14 a 21d Sífilis primária —-> 3 a 12 s Sífilis secundária —–> Lesões desaparecem 4 a 12 semanas —> Sífilis latente—-> Remissão (2/3) ou Sífilis ternária (1/3)
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Sífilis terciária afeta:
• Sífilis benigna tardia
ü Nódulos granulomatosos
ü Placas granulomatosas psoriasiformes
ü Gomas
• Óssea
ü osteocondrite sifilítica
• Sífilis cardiovascular
ü Aortite; Insuficiência aórtica
ü Estenose das coronárias
ü Miocardite gomatosa
• Neurosífilis ü Assintomática ü Meníngea ü Parenquimatosa ü Gomatosa
Sífilis congénita
Transmissão
Consequências
• Transmissão placentária (++)
– > risco se mãe adquire infecção
entre concepção e 7o mês
• Consequências
– morte intra-uterina
– aborto no 2o e 3o trimestre
– sífilis congénita
Sífilis congénita
Manifestações recentes e tardias
• Recente ( 1o 2 anos) ü Comparável à sífilis 2a ü Sinais e sintomas sistémicos ü Erupção cutânea maculopapular ü Rinorreia purulenta ü Fissuras periorais ü Bolhas (Pênfigo sifílitico) ü Pseudoparalisia de Parrot
• Tardia (> 2 anos) ü Queratite intersticial ü Dentes de Hutchinson ü Molares de Mulberry ü Nariz em sela de montar ü Bosseladura frontal (fronte olímpica) ü Tíbia em lâmina de sabre ü Surdez neurosensorial ü Gomas mucocutâneas ü Hepatomegália, Esplenomegália
Sífilis aumenta o risco de transmissão por VIH, isto porque causa lesões da mucosa que facilita a transmissão do vírus
Já a infeção por VIH não influencia de forma significativa o curso da sífilis
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Doente com VIH e sífilis
Manifestações
Serologias
- Sífilis primária: enquanto num indivíduo sem VIH podemos observar uma úlcera única, num doente severamente imunodeprimido vamos poder observar múltiplas úlceras, sendo estas mais persistentes.
- Sífilis secundária: enquanto num doente sem VIH observamos lesões papulo- descamativas generalizadas, no caso de um doente com VIH vamos poder observar lesões mais nodulares, muito inflamatórias, e até úlceras cutâneas.
- Sífilis terciária: num doente severamente imunodeprimido, a neurosífilis pode ser a primeira manifestação da doença
SEROLOGIA
interpretação das análises laboratoriais nestes doentes, como:
- Testes não treponémicos com títulos muito elevados;
- Falsos positivos nos testes treponémicos (a existência de infeção por VIH é uma das
poucas causas de falsos positivos nos testes treponémicos).
Diagnóstico laboratorial de sífilis
Identificação T. pallidum
Microscopia de campo escuro PCR
Serologia
Testes não treponémicos
- VDRL (Venereal Disease Research
Laboratory)
- RPR (Rapid Plasma Reagin)
Testes treponémicos
- TPHA (T. Pallidum hemabsorption test)
- MHA-TP (Microhemagglutination assay for antibodies to T. Pallidum)
- FTA- ABS (Fluorescent treponemal absorption assay)
Testes não treponémicos
Testes não treponémicos
VDRL com titulação de reaginas/RPR
§ 4 semanas após a infecção
§ Diagnóstico inicial e follow-up
§ Diminuição 4X: Tratamento eficaz § Aumento 4X: Re-infecção
§ Falsos positivos o Gravidez o Doenças auto-imunes o Toxicodependência o Linfomas o Infecções o Cirrose hepática o Idiopático
Testes treponémicos
Testes treponémicos TPHA § 2 semanas após infecção § Confirmação de diagnóstico § Sem utilidade no follow-up § Positivo durante toda a vida § Avaliação qualitativa
§ Falsos positivos raros
o Treponematoses endémicas o Borreliose
o Infecção VIH
o Doenças auto-imunes
TPHA sempre positivo, uma vez positivi
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VRDL baixa 4x após tto como pode baixar sem tto - só sabemos se está baixo por estar em remissão se o doente nos disser que fez tto para a sífilis
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Ver esquema de interpretação dos testes serológicos
.
TTO Sífilis
• Sífilis recente
▪ Penicilina Benzatínica 2,4 milhões U, IM
Se Alergia à penicilina ▪ Doxiciclina 200 mg/dia 14 dias PO ▪ Tetraciclina 500 mg 6/6h 14 dias PO ▪ Eritromicina 500 mg 6/6h 14 dias PO ▪ Ceftriaxone 250 mg/dia 1O dias IM
• Sífilis tardia ou de tempo indeterminado
▪ Penicilina Benzatínica 2,4 milhões U, IM, semanal (3 sem)
Se Alergia à penicilina
▪ Doxiciclina 200 mg/dia 21-28 dias PO ▪ Tetraciclina 500 mg 6/6h 28 dias PO ▪ Eritromicina 500 mg 6/6h 28 dias PO
Cancroide
Haemophilus ducryei
§ bactéria patogénica humana estrita que infecta a pele, as mucosas genitais e os gânglios linfáticos
§ penetração transcutânea através de pequenas abrasões
Cancroide
Epidemiologia
§ bactéria patogénica humana estrita que infecta a pele, as mucosas genitais e os gânglios linfáticos
§ penetração transcutânea através de pequenas abrasões
Cancroide
Período de incubação
Manifestações clínicas
Úlcera ou “cancro” mole
• período de incubação: 3 a 7 dias
• manifestações clínicas: 4o e 7o dia
• Úlcera Genital
- única ou múltiplas (50%)
dolorosas
- bordos mal definidos e base de aspecto purulento
- em poucos dias surgem novas úlceras por autoinoculação;
- nas pregas surgem face a face, “em folha de livro””kissing ulcer”
- as mais antigas aumentam gradualmente de dimensões e profundidade
Cancroide
Outros sintomas
Lesões extragenitais pouco frequentes
Adenopatia inguinal
- genital ou perigenital
- dolorosa
- mais frequente nos ♂ (40%)
- > unilateral
- supuração com drenagem espontânea de pus
não origina doença sistémica e repercussão geral da doença é em geral discreta
Cancroide - Dx provável
Diagnóstico provável, os seguintes critérios têm de estar reunidos:
1. Quadro clínico compatível:
a. Uma ou mais úlceras dolorosas;
b. Úlceras de aspeto típico na presença de linfadenopatia;
2. Exclusão das outras duas principais causas de úlcera genital:
a. Sem evidência de infeção por T. pallidum – sífilis (serologia negativa 7 dias
após aparecimento de úlcera);
b. Sem evidência de infeção por HSV (PCR).
Cancróide - tto
§ Ceftriaxone 250mg IM (dose única)
§ Azitromicina 1g PO (dose única)
Resposta ao Tratamento
ü Melhoria clínica em 3 – 7 dias
ü Tempo de cura depende do tamanho da úlcera e da sua localização (média
de 14 dias)
ü Resolução de adenopatia inguinal mais lenta
ü Menor resposta ao tratamento em doentes HIV e não circuncisados
Herpes simplex vírus I e II - locais
Orolabiais
- HSV-1
Crianças assintomáticas
90% Ac HSV-1
Genitais:
HSV-2 - 70 a 90%
HSV-1 - 10 a 30%
HERPES GENITAL
Etiopatogénese
• IST muito comum
• ↑ risco se imunodeficiência
• Período de incubação: 3 a 7 dias
• Infecção mucocutânea 1a penetração transepidérmica
replicação viral em células da epiderme e derme
• Estabelecimento de latência
vírus é neurotrópico, progride nas terminações sensitivas da pele e mucosas e atinge os gânglios nervosos subsidiários
• Recorrência
reinicia replicação e progride pelas vias nervosas até atingir células epiteliais
Herpes genital
Infeção primária
- em indivíduo não infectado previamente
- período de incubação de 1 semana– contactantes com lesões ulcerativas infectadas ou clinicamente assintomáticos
- febre, mal-estar geral, mialgias, cefaleias (máximo de intensidade entre 7 e 11 dias)
- vesículas sobre pele normal ou levemente eritematosa circunscritas e agrupadas
- prurido e ardor, disúria, por vezes corrimento uretral
- vesiculopústulas à ulcerações isoladas ou confluentes
- linfadenopatia local dolorosa
- cura em 2-3 sem
Herpes genital
Infeção recorrente
• órgãos genitais externos e zonas próximas: região perianal
• mais frequentes quando a infecção é causada pelo HSV2
• manifestações clínicas atenuadas
• sinais e sintomas mais intensos
– pródromos como prurido e dor tipo nevrálgico – resolução espontânea em 1 a 2
semanas
• intensidade das manifestações e periodicidade das recidivas é variável
• frequência das recidivas ao longo dos anos tende a diminuir
• podem ser subclínicas ou mesmo assintomáticas, com eliminação viral sem manifestações aparentes
Herpes genital
Dx
TTO
Dx
Clínico - aparecimento de lesões em cachos de uva
Avaliação laboratorial § Esfregaço de Tzank - citologia esfoliativa - esfregaço por raspagem de pavimento de vesícula, coloração por Giemsa: células acantolíticas em degenerescência acantolítica § Cultura Viral § Serologias (Western Blot) § PCR
TTO:
Terapêutica supressiva tem duração de 6M
Primário: Aciclovir ou valaciclovir - 10d
Recorrente: Aciclovir ou Valaciclovir - 5d
Supressão: Aciclovir e valaciclovir - 6M
Herpes
Transmissão materno-fetal
Transmissão materno-fetal
- maior risco se mãe sofre primo-infecção na altura do parto: indicação para parto por cesariana e terapêutica com aciclovir
- se infecção durante a gravidez: tratamento com aciclovir
Manifestações no recém
- erupção vesiculosa difusa
- infecção sistémica séptica com evolução fatal
- sequelas neurológicas graves