Dermatoses bolhosas Flashcards
Diferença entre vesícula, bolha
Vesícula: ≤ 1cm de diâmetro
Bolha: > 1 cm de diâmetro
Dermatoses bolhosas intra-epidérmicas ou subepidérmicas
Intra-epidérmicas:
- Pênfigos
- Impétigo bolhoso
- HSV
- Eczema
Suepidermémica • Penfigóide bolhoso / cicatricial • Penfigóide gestacional • Dermite herpetiforme • Dermatose bolhosa IgA linear
Pênfigo
O que é?
Classificação
Dermatose bolhosa crónica, com uma incidência de 5/1M.
- Expressão histopatológica: fenómeno de acantólise – deixa de haver adesão dos queratinócitos. Manifesta-se pela formação de bolhas intraepidérmicas (flácidas).
CLASSIFICAÇÃO:
- Pênfigo Vulgar (variante: Pênfigo Vegetante) – 70%
- Pênfigo Foliáceo (variantes: fogo selvagem e pênfigo eritematoso) – 15%
- Pênfigo Induzido por fármaco
- Pênfigo IgA
- Pênfigo Paraneoplásico
Teoria de compensação de desmogleína
- desmogleína 1 sobretudo na pele, com menor expressão nas mucosas
- desmogleína 3 pouco na pele e com maior expressão nas mucosas.
Doença seja com anticorpos anti-desmogleína 1 ou 2, vamos ter predominância de bolhas nas mucosas ou na pele.
No pênfigo foliáceo, predominam os anticorpos anti-desmogleína 1, portanto, as bolhas serãopredominantemente na pele e na porção mais superficial e com poucas lesões nas mucosas.
No pênfigo vulgar, teremos erosões nas mucosas e poucas ou nenhumas lesões na pele.
No pênfigo vulgar mucocutâneo em que há a presença de ambos os anticorpos, encontramos tanto bolhas suprabasais, como erosões nas mucosas.
O soro de doentes com pênfigo foliáceo contêm apenas IgG anti-Dsg1, que causa bolhas superficiais na pele, pois a Dsg3 compensa funcionalmente a Dsg1 na epiderme inferior (A1); esses AC não causam bolhas nas membranas mucosas porque aí a adesão célula-célula é mediada principalmente por Dsg3 (B1).
Os soros que têm apenas IgG anti-Dsg3 podem não cursar com bolhas ou apenas com bolhas limitadas à pele, porque a Dsg1 compensa a perda de adesão mediada por Dsg3 (A2); no entanto, estes soros induzem a separação nas membranas mucosas, onde a baixa expressão de Dsg1 não compensa a perda adesão mediada por Dsg3 (B2). Quando o soro contém IgG anti-Dsg1 e IgG anti- Dsg3, a função de ambas as Dsgs é comprometida e aparecem bolhas tanto na pele como nas membranas mucosas (
Pênfigo vulgar
• Idade média da vida
• Sexo masculino = sexo feminino
• Associação a outras d. imunológicas (Timoma, Miastenia
Gravis, Lupus, D. linfoproliferativas e Carcinomas)
• Associação ao HLA-DRB1 (MHC classe II)
• Ag: desmogleína 3 (desmossomas e membrana dos
queratinócitos)
Pênfigo vulgar
Clínica
- Afeção de mucosas (100% casos)
- Mucosa oral:
- Afetada em 50 – 70 % casos
- Precedência de lesões > 5 meses em relação às cutâneas - Fácil rotura das bolhas
- Erosões dolorosas
- Lesões cutâneas (maioria dos casos)
- Bolhas serosas
- Face, couro cabeludo, pontos de pressão (movimentos tangenciais à pele), virilhas e axilas
Sinal de Nikolsky positivo (fricção induz a formação de bolha)
Pênfigo vulgar
Serologia
- IF indirecta: Anticorpos circulantes positivos (80% casos) - ELISA: Anticorpos anti desmogleína 3 (95% casos)
- Anticorpos anti-desmogleína 1 (50% casos)
→IF direta com depósitos de IgG e complemento no cimento intercelular e membranas dos queratinócitos
Pênfigo vulgar
Histologia
HISTOPATOLOGIA:
• Acantólise supra-basal
• Bolhas pavimentadas pelas células basais
• Infiltrado inflamatório ligeiro na derme superficial
Pênfigo vegetante
CLÍNICA:
- Idade de início mais precoce
- Clinicamente semelhante ao Pênfigo Vulgar, exceto:
- Erosões hipertróficas friáveis
- Massas vegetantes com exsudado sero-purulento
- Surge sobretudo nas pregas.
Pênfigo foliáceo
O que é?
Clínica
Histopatologia
É uma bolha a um nível mais superficial da epiderme (bolha subcórnea).
Antigénio: desmogleina 1 (desmossomas).
CLÍNICA:
- Pequenas bolhas flácidas ou erosões envolvidas por eritema
- Início lento (face, couro cabeludo e tronco)
- Generalização das lesões
- Margens bem definidas - Grandes escamas
- Eritrodermia
- Odor característico
- Lesões orais raras
HISTOPATOLOGIA:
- Acantólise da camada superior da epiderme
Eritema com escama
PÊNFIGO ERITEMATOSO (S.
Senear-Usher)
Apresenta características imunológicas de LE e pênfigo
IF), sem envolvimento sistémico de LE (IgG e C3 intercelular e na membrana basal e ANA +
PÊNFIGO FOLIÁCEO ENDÉMICO (Fogo Selvagem / Pênfigo Foliáceo Brasileiro)
Endémico a certas regiões da América do Sul (incidência 3.4%) . Distingue-se do pênfigo foliáceo clássico por:
- Características epidemiológicas (geográfica, casos familiares)
- Maior prevalência em adultos jovens
- Associação a HLA-DRB1 específicos
TTO Pênfigos
• Prednisolona: 1,0 – 1,5 mg/Kg/dia • Rituximab (Ac monoclonal anti-CD20) On label apenas no pênfigo vulgar • Azatioprina: 2,5 mg/kg/dia • Micofenolato Mofetil: 2g/dia • Ciclosporina: 5 mg/Kg/dia • Ig EV: 2g/Kg • Ciclofosfamida: 1 – 3 mg/kg/dia • Metotrexato: 10 – 17,5 mg/semana • Plasmaferese
Pênfigo paraneoplásico
• Doença multissistémica • Associado a neoplasias benignas/malignas - Linfoma não-Hodgkin (42%) - Leucémia Linfocítica crónica (29%) - Doença de Castleman (10%) - Timomas (6%) - Sarcomas (6%) - Macroglobulinémia de Waldenstrom (6%) • Estomatite grave • Conjuntivite pseudomembranosa grave • Lesões em outras mucosas • Erosões/bolhas na porção superior do corpo e palmo-plantares • Refractário a todos os tratamentos
Pênfigo induzido por fármaco
penicilamina e o captopril.
As características clínicas são sobreponíveis às do pênfigo foliáceo. Ocorre remissão em 15-40% dos casos após suspensão do medicamento.