Infecções (Bacterianas) Flashcards
Cite as principais infecções relacionadas a bactérias na cavidade oral (10).
Bacterianas:
- Amigdalite
- Escarlatina
- Impetigo
- Difteria
- Sífilis
- Gonorreia
- Tuberculose
- Actinomicose
- Estomatite Necrosante
- Angina de Plaut-Vincent
Sobre as Faringoamigdalites:
- Qual porcentagem dos casos de faringoamigdalites são na verdade de etiologia viral?
- Corresponde a 75% das faringoamigdalites em menores de 2 anos (diminui a prevalência na puberdade, tanto nos casos isolados quanto nas recorrências).
- ADENOVÍRUS (20%). Outros como rinovirus, coronavírus, influenzae, parainfluenzae, VSR. Menos comuns: EBV e HSV também podem causar.
- Febre, tosse, diarreia, rouquidão, mialgia, em alguns pode haver exsudato em orofaringe, coriza, obstrução nasal, conjuntivite, estomatite.
- Hidratação, analgésicos, antitérmicos e cuidados gerais.
Sobre as Faringoamigdalites Bacterianas:
- No caso das bacterianas, qual o principal agente?
- Quais os principais mecanismos patogênicos (3) dessa bactéria?
- Quais outros agentes bacterianos (3) associados a recorrência após infecção inicial?
Principal agente:
- STREPTOCOCCUS PYOGENES DO GRUPO A (Beta-Hemolítico / GAS) é considerado o mais importante, causando 20% dos quadros em crianças e adolescentes, e com risco de complicações. Estreptococos do grupo B e C também podem causar, porém sem as mesmas consequências. Os sorotipos associados a faringite são diferentes dos associados a impetigo e piodermite.
A sua patogenicidade é determinada por MECANISMOS IMUNOMEDIADOS:
- TOXINAS (eritrogênicas e piogênicas).
- ESTREPTOLISINA O e S (faz lise de hemácia e de outras células, como as do miocárdio).
- EXOTOXINA A (pode causar síndrome do choque tóxico).
Sobre as Faringoamigdalites Bacterianas:
- Quais os agentes bacterianos (3) associados a recorrência após infecção estreptocóccica?
- Quais os agentes bacterianos (3) que, embora menos comuns, quando são vistos afetam mais adolescentes de 9-19 anos?
Quando temos recorrrência após infeccção estreptocóccica, esses germes costumam estar associados:
- S.aureus
- Haemophilus spp
- Moraxella catarrhalis
Agentes bacterianos que, embora menos comuns, quando são vistos afetam mais adolescentes de 9-19 anos:
- Mycoplasma pneumoniae
- C. pneumoniae
- Neisseria gonorrheae (sexualmente ativos).
Sobre as Faringoamigdalites Bacterianas:
- Qual a faixa etária mais atingida?
- Qual costuma ser a duração dos quadros?
- Qual o quadro clínico?
- Qual o exame padrão ouro?
- Quais achados aumentam o valor preditivo positivo dos testes rápidos?
- Quais achados clínicos diminuem o valor preditivo dos testes rapidos?
Faixa etária:
- Em média, entre 5-15 anos (a presença de IgG transplacentária protege crianças mais novas, começando os primeiros casos por volta de 2-3 anos). A disseminação é por meio de gotículas.
Duração:
- 3-6 dias no adulto
- 6-10 dias na criança
Sintomas:
- Odinofagia, disfagia
- Febre, sintomas constitucionais
- Linfonodomegalia submandibular dolorosa
- Hiperemia e edema de orofaringe, exsudato e criptas com pontos purulentos.
- Ausência de sintomas virais (tosse, diarreia, rouquidão, mialgia).
Diagnósticos por achados clínicos, epidemiologia e exames laboratoriais:
- CULTURA (PADRÃO-OURO, com sensibilidade de 90-95%)
- Detecção antigênica (testes rápidos como ELISA, imunoensaios, ASLO e ANTI-DNASE, com sensibilidade de 60-90% e especificidade de 95%). O ASLO não é um bom exame para fase aguda. Só pode ser dosado a partir de 1 semana, com pico em 3-6 semanas e declínio em 6-8 semanas, pode estar positivo em um quadro que não é mais ativo. Além disso, pode vir positivo no estrepto grupo C e G. Seus títulos também variam com a idade e alguns antibióticos podem interferir nos resultados.
Testes Rápidos e Valor Preditivo:
- O melhor valor preditivo para Cultura e ASLO positivos é quando houver a tríade: Febre, Adenopatia e Exsudato Tonsilar.
- A Academia Americana de Pediatria informa que na presença de sinais virais (tosse, diarreia, rouquidão, mialgia) NÃO devemos fazer testes rápidos para GAS pois terá valor preditivo ruim (50% falso negativo e 75% falso positivo).
Sobre as Faringoamigdalites Bacterianas:
- Descreva o nome e quais os critérios utilizados para diferenciarmos faringotonsilites virais de bacterianas e determinarmos quando pedir cultura, teste rápido e usar ATB?
Sobre as Faringoamigdalites Bacterianas:
- O que é um portador assintomático do GAS?
- Quando tratar esses pacientes?
Portador assintomático:
- É aquele que tem CULTURA POSITIVA com SOROLOGIA E ASLO NEGATIVOS. Corresponde a 20% da população, principalmente escolar. Esses pacientes tem menor chance de disseminar partículas e de ter complicações.
Não tem indicação de ATB de rotina, apenas em situações específicas:
- Antecedente familiar ou pessoal de febre reumática ou GNDA
- Surto de febre reumática
- Profissionais de hospitais
- Disseminação em “ping-pong”.
Nos casos refratários (cultura ainda positiva) considerar Amigdalectomia.
Sobre as Faringoamigdalites Bacterianas:
- Qual o ATB considerado primeira opção?
- Quais ATB escolher nas recaídas?
- Quanto tempo após início do tratamento com ATB posso indicar retorno ás atividades normais?
- Qual o prazo para entrar com ATB visando a prevenção primária de febre reumática?
A primeira opção é a Penicilina G Benzatina:
- < 20kg = 600 mil UI
- > 20kg = 900 mil a 1.200.000 UI, em dose única).
Alternativas: Amoxicilina (40mg/kg/dia por 10 dias), Ampicilina, Cefalosporinas ou Macrolídeos (alérgicos).
- As recaídas ocorrem por bactérias produtoras de Beta-lactamase: optar por Amoxicilina com Clavulanato, Macrolídeos, Cefalosporinas e Clindamicina.
- Retorno a atividades normais após 36-48h (tempo para suprimir a infecção. O ATB reduz tempo de doença, o contágio, e é uma forma de prevenção primária para Febre Reumática).
- Para prevenção de febre reumática, o prazo é de 9 dias.
Sobre as Faringoamigdalites Bacterianas:
- Cite complicações não supurativas (5).
- FEBRE REUMÁTICA
- GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA (GNDA)
- ESCARLATINA
- BACTEREMIA
- LINFADENITE CERVICAL
A Febre reumática é uma doença endêmica, surgimento 1-4 semanas após angina tonsilar, risco se GAS não tratado com ATB de 1%, cheganbdo a 3% nas epidemias. Associada a mortalidade cardiovascular. Já na GNDA, o uso de ATB não previne essa complicação, que pode ocorrer por cepas nefritogênicas após infecção faríngea ou de pele). Não devemos confundir linfadenite, é uma complicação NÃO supurativa!
Sobre as Faringoamigdalites Bacterianas:
- Cite complicações supurativas (7).
- ABSCESSO PERIAMIGDALIANO
- ABSCESSO RETROFARÍNGEO
- OTITE
- MENINGITE
- ENDOCARDITE
- PNEUMONIA
- PANDAS
Essa última (PANDA) é a Pediatric Autoimmune Neuropsychiatric Disorders Associated with Streptococcal Infections. Predomina no SEXO MASCULINO, em pacientes com HISTÓRICO FAMILIAR, Tendo início PRÉ-PUBERAL e com CRISES ABRUPTAS caracterizadas pela presença de TRANSTORNO COMPULSIVO-OBSESSIVO ou “TICS” SIMILARES A COREIA MINOR. Possui associação com outras alterações neurológicas (hiperatividade motora) e asociação temporal com infecção pelo GAS. O tratamento das exacerbações é feito com ATB E TRATAMENTO NEUROPSIQUIÁTRICO NAS CRISES. A indicação de tonsilectomia ainda é controversa
Sobre as Faringoamigdalites Bacterianas:
- O que é uma faringoamigdalite recorrente?
- Quais as causas para recorrência?
- Qual o tratamento indicado?
- Quais os critérios de PARADISE para indicação de AMIGDALECTOMIA em faringoamigdalite bacteriana recorrente?
Recaída e recorrência:
- Recaída é ressurgimento com ação do mesmo agente. Recorrência pode ser com agente diferente, independentemente do intervalo.
Causas de recorrência:
- Uso abusivo e incorreto de ATB.
- Infecções virais.
- Alterações estruturais e da flora (aumento de espécies e da quantidade de colonização. Presença de bactérias anaeróbias, como Prevotella e Porphyromonas spp. A microbiota de crianças é diferente de adultos).
Tratamento dos casos recorrentes:
- Semelhante aos casos não recorrentes (Penicilina e Amoxilina), e se refratários ATB com ação contra betalactamase.
Critérios de PARADISE (amigdalectomia):
- 7 episódios agudos em 1 ano.
- 5 episódios agudos ao ano, por 2 anos consecutivos.
- 3 episódios agudos por 3 anos consecutivos.
Sobre as Faringoamigdalites Bacterianas:
- Qual o conceito da faringoamigdalite crônica?
- O tamanho da amigdala favorece os quadros crônicos?
- DRGE pode favorecer?
- Qual o agente etiológico desses casos?
- Qual o tratamento?
- Infecção persistente das amigdalas em que temos INFLAMAÇÃO E ODINOFAGIA SUPERIOR A 3 MESES. Pode vir acompanhada de halitose, caseum, eritema e adenopatia persistente. Eventualmente, pode causar sintomas mais intensos, com disfagia e alterações do apetite e humor.
- Tamanho não interfere. Pode ocorrer até mesmo nas ocultas, escondidas atrás dos pilares.
- O papel do refluxo faringolaríngeo é mais bem documentado com hipertrofia amigdaliana do que Amigdalite Crônica, não sendo comprovado sua relação com esses casos.
- Flora mista, frequentemente com aneróbios, GAS e outros estreptococos. Presença de BIOLFILMES em criptas e bactérias com menor resposta a ATB.
- AMIGDALECTOMIA (principalmente em sintomas locorregionais ou sistêmicos evidentes).
Sobre as Faringoamigdalites Bacterianas:
- Cite diagnósticos diferenciais (12) da faringoamigdalite estreptocóccica clássica.
Diagnósticos diferenciais:
- PFAPA
- Difteria
- Escarlatina
- Mononucleose Infecciosa
- Angina de Plaut-Vincent
- Angina Luética (Sífilis)
- Faringite Gonocóccica
- Faringite Herpética
- Herpangina
- Leishmaniose
- Paracocidioidomicose
- CEC de Amigdala
Sobre a Escarlatina:
- Qual o agente?
- Qual faixa etária predomina?
- Qual o período de incubação?
- Cite 3 achados característicos durante o período prodrômico.
- Cite o aspecto do exantema.
- O que é sinal de Filatov?
- O que é sinal de Pastia?
- Qual o tratamento?
- Streptococcus pyogenes (beta-hemolítico do grupo A. Produção de eritrotoxina, que ataca vasos sanguíneos e produz exantema).
- Idade 3-12 anos
- Incubação de 2-5 dias
- Pródromos: FARINGITE ESTREPTOCÓCCICA (hiperemia de orofaringe, petéquias em palato e adenopatia cervical) associado a ENANTEMA LINGUAL (cobertura branca com base eritematosa. Depois de 3-4 dias some a superfície branca, permanecendo superfície dorsal eritematosa com HIPERTROFIA DE PAPILAS FUNGIFORMES: língua em morango branca e vermelha, respectivamente).
- Exantema: surge após 24-48h de sintomas, com hiperemia cutânea difusa, pequenos pontos de que desaparecem à digitopressão, pele áspera, em lixa, correndo descamação fina durante semanas, e descamação lamelar grosseira em lascas nas extremidades.
- Sinal de Filatov (palidez peribucal)
- SInal de Pastia (piora em superfícies flexoras, como axilas e região inguinal)
- Diagnóstico clínico.
- Tratamento: Penicilina G Benzatina (alternativas: Penicilina V Oral ou Amoxicilina por 10 dias).
- Diagnóstico diferencial com Doença de Kawasaki.
Sobre o Impetigo:
- Quais os dois tipos ?
- Quais os agentes associados?
- Diferencie o quadro clínico dessas duas formas.
- Como é feito diagnóstico e tratamento?
Tipos (e agentes):
- Não Bolhoso (Contagioso): é a forma mais comum, geralmente com associação de S.aureus e S.pyogenes (grupo A, beta-hemolítico).
- Bolhoso (estafilcóccico): S.aureus predomina.
Impetigo Contagioso (Não Bolhoso):
- Crianças (idade escolar). Relacionado ao uso da unha, superpopulação, áreas de deficiência de saneamento básico, etc.
- Verão ou começo do outono em zonas quentes e úmidas.
- Geralmente nas pernas (menos comumente no tronco, couro cabeludo e face. As lesões da face em geral desenvolvem-se ao redor do nariz, onde as bactérias esão alojadas, e boca). São máculas ou papulas vermelhas que se tornam vesículas frágeis, que se rompem formando crostas âmbar (marrons) espessas, adetrentes (flocos de milho grudados).
- Faz diagnóstico diferencial com herpes simples e queilite esfoliativa. Pode haver leucocitose em metade dos pacientes com impetigo.
- Ocorre em áreas lesadas (dermatites, cortes, abrasões, picadas de insetos). DM2, diálise e HIV também aumentam prevalência.
Impetigo Bolhoso:
- Recém-nascidos e bebês (embora possa afetar também crianças e adultos).
- As lesões caracterizam-se clinicamente por vesículas superficiais que crescem rapidamente e formam grandes bolhas flácidas. Inicialmente, as bolhas são preenchidas por um líquido claro seroso, porém o conteúdo das bolhas rapidamente se torna turvo e, por fim, purulento. Quando se rompe, as bolhas deixam uma crosta castanha (laca).
Diagnóstico e Tratamento:
- Diagnóstico é clínico (cultura somente quando lesões atípicas ou não responder ao tratamento após 7 dias).
- Mupirocina tópica (impetigo não bolhoso, com poucas lesões e áreas pequenas, devendo ser feita remoção das crostas com toalha limpa molhada com água e sabão antes da medicação).
- Cefalexina, sulfametoxazol-trimetoprim, dicloxacilina, flucloxacilina e amoxicilina-ácido clavulânico (impetigo não bolhoso mais extenso ou forma bolhosa).
obs: o diagnóstico incorreto e o tratamento com corticosteroides tópicos pode levar à resolução das crostas superficiais, porém as lesões infecciosas, vermelhas e inflamadas permanecem.
Sobre a Difteria:
- Qual o agente?
- Qual o quadro clínico?
- Como diagnosticar e tratar?
Corynebacterium diphteriae, bacilo gram (+) anaeróbio.
- É aguda e potencialmente grave (pior se diagnóstico após 3 dias).
- Crianças < 10 anos.
- Outono-inverno (gotículas: tosse/espirro).
- Doença de notificação imediata. Rara devido à vacinação.
- Febre baixa, odinofagia leve, placas pseudomembranosas (manchas branco-amareladas que adquirem COBERTURA ADERENTE ACINZENTADA), linfadenopatia cervical e submandibular (“Pescoço de Touro”). O estado geral do paciente se agrava com a evolução da doença e absorção das toxinas.
- Diagnóstico por Cultura (padrão-ouro).
- Biópsia: padrão em letras chinesas
- Tratamento: Soro antidiftérico (em hospital, para reduzir toxina circulante e proteger órgãos alvos). PENICILINA ou ERITROMICINA (alérgicos). Profilaxia dos contactantes (Vacina se culturapositiva).