Doenças de Glândulas Salivares Flashcards
Sobre as Glândulas Salivares:
- Com quantos dias de vida intrauterina começa a diferenciação de glandulas salivares?
- Qual a origem embriológica da parótida e submandibulares?
Origem:
- Com 35 dias (principais) e 40 dias (acessórias)
- Parótida (ectoderma) e submandibulares (endoderma).
Sobre as Glândulas Salivares:
- Qual glândula principal não é encapsulada?
- Parótida e submandibulares são encapsuladas, mas a sublingual não tem cápsula.
A encapsulação ocorre tardiamente (inclusive acarreta linfonodos dentro do tecido glandular na parótida, ou tecido glândular dentro de linfonodos próximos, especialmente das submandibulares).
Sobre as Glândulas Salivares:
- Quais são as três glândulas salivares maiores e como são classificadas cada uma (serosas, mucosas ou mistas)?
- Qual possui a saliva mais viscosa?
- Qual é responsável pela maior produção de saliva?
Glândulas Maiores:
- Parótida (SEROSO puro).
- Submandibular (MISTA com predomínio seroso).
- Sublingual (MISTA com predomínio mucoso).
Saliva mais viscosa:
- SUBMANDIBULARES, e isso justifica ser a glândula mais acometida na sialolitíase. Da sublingual é intermediária, e da parótida é a menos viscosa.
Maior produção de saliva:
- SUBMANDIBULARES (70% da saliva, seguida por parótidas com 25%, sublingual e gl. menores o restante, totalizando 750mL por dia).
Sobre as Glândulas Salivares:
- Quais estruturas se encontram superior, posterossuperior, posteroinferior, anterior e inferior à parótida?
- Arco zigomático (Superior)
- Conduto Auditivo Externo (Posterossuperior)
- Ponta da Mastoide e ECM (Posteroinferior)
- Masseter (Anterior)
- Digástrico (Inferior)
Sobre as Glândulas Salivares:
- Qual o epônimo do ducto principal da parótida e onde fica sua abertura?
- Qual nervo é responsável pela produção de saliva (parassimpático) da parótida?
- Qual é responsável pela inervação sensitiva da parótida?
- Como é feita a inervação simpática da glândula?
- O nervo facial participa da sua inervação?
Ducto principal:
- Ducto de Stenon (abre próximo ao segundo molar superior).
Nervos:
- A inervação parassimpática, que estimula a produção de saliva, provém do nervo GLOSSOFARÍNGEO e chega ao gânglio ótico através do nervo petroso menor.
- A inervação sensitiva é fornecida pelo nervo AURICULOTEMPORAL, derivado do ramo mandibular do nervo TRIGÊMEO.
- A inervação simpática provém do PLEXO CAROTÍDEO.
Facial:
- O facial passa dentro da parótida mas NÃO A INERVA.
Sobre as Glândulas Salivares:
- O que é Síndrome de Frey?
Também conhecida como síndrome auriculotemporal, fibras autonômicas do nervo auriculotemporal regeneram após parotidectomia e inervam as glândulas sudoríparas adjacentes. Os pacientes afetados tipicamente se queixam de sudorese e rubor durante as refeições.
Sobre as Glândulas Salivares:
- Qual o nome do ducto da
glândula submandibular, onde se localiza? - Qual o nome dos 2 ductos da glândula sublingual?
- Em qual região predominam as glândulas salivares menores?
Submandibular:
- Ducto de Wharton (passa entre os dois músculos digástricos, no V formado entre eles, penetra o assoalho da boca junto do freio sublingual. Essa glândula é inervada pelo ramo mandibular (trigêmeo).
Sublingual:
- Rivinus e Bartholin.
Gl. Menores:
- Predomínio no lábio inferior
Sobre as Glândulas Salivares:
- Cite os 4 tipos celulares das glândulas salivares.
- Citoqueratina pode ser encontrada em quais células?
- Actina de músculo liso pode ser encontrada em quais células?
- A proteína S-100 pode ser encontrada em quais células?
- Células acinares, ductais, basais e mioepiteliais.
- Citoqueratina em todas, exceto nas Acinares.
- Actina de músculo liso apenas nas Mioepiteliais.
- S100 presente em todas (seu aumento indica tumores neuroendócrinos e melanoma).
Sobre os Distúrbios das Glândulas Salivares:
- Cite distúrbios não tumorais (14) das glândulas salivares.
Distúrbios não tumorais:
- Hipossalivação (Xerostomia)
- Hiperssalivação (Sialorreia)
- Caxumba, CMV, HIV e TBC
- Sialoadenite Aguda Supurativa
- Parotitide Recorrente da Infância
- Sialoadenite Crônica
- Sialolitíase
- Sialoadenose
- Pneumoparotida
- Mucocele
- Rânula
Sobre Hipossalivação:
- Qual a diferença de hipossalivação e xerostomia?
- Qual a clínica?
- Cite 4 exames complementares para investigação.
Conceito:
- Hipossalivação é a redução do fluxo salivar. Pode ou não ser a causa da xerostomia (sensação de boca seca).
Quadro:
- Clínica: limitações, dor e prejuízos às funções bucais incluindo xerostomia, alterações gustativas (disgeusia) e na habilidade de fala e deglutição (disfagia e odinofagia). Adicionalmente, a hipossalivação predispõe os pacientes à ardência bucal, a infecções oportunistas da mucosa bucal (candidíase) e às cáries dentárias. Fissuras labiais crônicas, queilite angular persistente, ulcerações traumáticas recorrentes e língua despapilada.
- Realizar exame físico (palpação das glândulas e linfonodos cervicais, ordenha dos ductos glandulares).
Sobre Hipossalivação:
- Cite 4 exames complementares para investigação.
Exames complementares:
- Sialometria (fluxo salivar não estimulado e após estimulação) e análise sialoquímica.
- Exames laboratoriais (hemograma, FAN, anti-SSA, anti-SSB, FR), PCR e VHS, IgGs).
- Exames de imagem (Sialografia, USG, Cintilografia, TC, RM, Sialoendoscopia).
- Histopatológico e citológico (biópsia de gl. salivar menor, PAAF nas gl. maiores).
Sobre Hipossalivação:
- Quais os resultados do fluxoo salivar não estimulado e estimulado para confirmar hipossalivação na sialometria?
- Como é esperado o resultado desse exame se hipossalivação medicamentosa?
Sialometria:
- Não estimulado: hipossalivação se após 10 minutos houver ≤ 0,1 mL/min.
- Estimulado: hipossalivação se houver após 5 minutos ≤ 0,5 mL/min.
Obs: a média normal é 0,3 mL/min (não estimulado) e 1,5 mL/min (estimulado). O estímulo pode ser gustativo (ácido cítrico) ou mecânico (mastigar parafina).
Medicamentos:
- A presença de fluxo não estimulado reduzido, porém após estimulação normal indica normalidade estrutural das glândulas (hipossalivação por uso de medicamentos, por exemplo).
Sobre Hipossalivação:
- Qual a classificação usada para o desconforto gerado pela hipossalivação (Xerostomia)?
- Classificação de Eisbruch (quadro abaixo).
Sobre Hipossalivação:
- Cite uma condição fisiológica como causa.
- Cite doenças associadas.
- Cite drogas e tratamentos que podem gerar hipossalivação.
Fisiológico:
- Hipossalivação senil (substituição dos ácinos por tecido fibrogorduroso, o que é mais comum em submandibulares e menos frequentes nas outras glândulas, além da mudança da composição, com redução de sódio, aumento de IgA e lisozima).
Doenças sistêmicas:
- Diabetes
- Sd. Sjogren (100%)
- LES, AR, Esclerodermia
- Cirrose Biliar Primária
- HIV, CMV, EBV, Hepatite C
- Doença Renal Crônica
- Doença enxerto vs hospedeiro
- Deficiências nutricionais
- Alcoolismo e tabagismo
- Traumatismos
- Neoplasias
Terapias:
- Drogas como antihistamínicos, descongestionantes, analgésicos, diuréticos, antidepressivos, antipsicóticos, ansiolíticos, sedativos, relaxantes musculares. Atuam em vias de atividade anticolinérgica (inibindo a secreção) ou ligando-se a receptores colinérgicos muscarínicos.
- Radioterapia (100%) e quimioterapia
Sobre Hipossalivação:
- Cite tratamentos não medicamentosos para hipossalivação.
- Cite 2 opções de sialogogos.
- Cite 1 medicamento para evitar hipossalivação por radioterapia.
Tratamentos não medicamentosos:
- Saliva artificial
- Aumento da ingesta hídrica (2-3 litros de água por dia).
- Goma de mascar e bala sem açúcar (estímulo).
- Evitar alimentos secos e duros ou ácidos.
- Protocolos de higiene oral com o dentista.
Sialogogos:
- Cloridrato de PILOCARPINA (5-10mg, 3 a 4 vezes ao dia), é um agonista parassimpático colinérgico. Contraindicado se úlcera TGI, asma, glaucoma, HAS, alterações cardiovasculares e mal de Parkinson. Efeitos adversos incluem sudorese excessiva, náuseas, diarreia, rinite, cefaleia, cervicalgia, aumento da FC, HAS.
- Cloreto de BETANECOL (25mg, 2 a 3 vezes ao dia) é um análogo da acetilcolina. Mais seletivo e tem menos efeitos colaterais. Tem maior custo-benefício e maior tempo de atividade sialogoga.
Prevenção de hipossalivação por radioterapia:
- AMIFOSTINA (200mg/m² IV).
Pode ser feita também transferência cirúrgica das glândulas submandibulares para o espaço submentoniano para evitar lesão durante a radioterapia (realizada durante esvaziamento cervical em pacients com CA de cabeça e pescoço, antes da radiação.
Sobre Sialorreia:
- Qual seu conceito?
- Quais seus 2 mecanismos?
- Quais suas principais causas?
- O que significa Ptialismo?
- Definido como derramamento involuntário ou aumento do fluxo salivar devido à incapacidade de manipulação das secreções bucais.
- Aumento de produção ou dificuldade de deglutição da saliva.
- A sialorreia acomete entre 58% e 70% dos pacientes com retardo no desenvolvimento neuropsicomotor, que pode ser resultado de paralisia cerebral, ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA (língua não projeta a saliva para faringe, e fraco controle labial), paralisia facial, AVC, epilepsia, PARKINSON (inncoordenação orofacial e palatolingual, com acúmulo de saliva na porção anterior da cavidade bucal), Down, medicamentos, idiopática, entre outras.
- PTIALISMO (BABUGEM) é a incontinência salivar FISIOLÓGICA com escape sobre o lábio inferior. Comum em bebês. Normal até os 4 anos. Ocorre por ineficiência na fase faríngea, falta de coordenação do fechamento labial. Não está associada a aumento do fluxo salivar.
Sobre Sialorreia:
- Quais repercussões pode trazer?
- Cite 4 modalidades de tratamento e o nome da cirurgia para sialorreis graves e persistentes.
Repercussões:
- Suscetibilidade de infecções peribucais, pelo excesso do fluxo salivar que pode ocasionar queilites e ulcerações na comissura labial, resultando em infecções oportunistas e desidratação.
Tratamento:
- FONOAUDIOLÓGICO (terapia de motricidade bucal).
- ANTICOLINÉRGICOS (glicopirrolato, propantelina, escopolamina). Efeitos adversos: constipação, retenção urinária, cansaço, irritabilidade, sonolência.
- TOXINA BOTULÍNICA do tipo A (inibe os receptores colinérgicos na glândula salivar, com efeito terapêutico em 1 semana, e retorno dos sintomas após 12 semanas da injeção).
- CIRURGIA DE WILKIE: ligadura cirúrgica dos canais das glândulas parótida com retirada das sbumandibulares (para sialorreis graves e persistentes).
Sobre Caxumba:
- Qual sua importância?
- Qual seu agente etiológico?
- Qual faixa etária mais acometida?
- Vacinação garante 100% de proteção?
- Como é a transmissão?
- Qual o período de incubação?
- Qual o quadro clínico?
- Como é feito diagnóstico?
- Cite seu tratamento.
- Cite 4 complicações.
Conceitos:
- Principal causa de abaulamento parotídeo e afecção viral (Paramixovírus) mais comum que acomete as glândulas salivares.
- Incidência maior em 4-6 anos
- Vacinação não protege 100% (Tríplice viral: Sarampo, rubéola e caxumba). Ainda pode ter a doença.
- Transmissão por perdigotos
Quadro:
- Incubação de 1-3 semanas
- AUMENTO DIFUSO e doloroso na região de uma ou ambas parótidas, cefaleia, febre, mal-estar, adinamia, linfonodomegalia.
- Óstio com hiperemia e drenagem de secreção NÃO purulenta à expressão.
Diagnóstico:
- Diagnóstico clínico
- Sorologia confirma a suspeita, com aumento de 4x nos títulos de anticorpos em 3 semanas após início dos sintomas.
- Leucograma com contagem normal e sem desvio.
- Aumento de amilase sanguínea.
Tratamento:
- Suporte clínico, analgesia, repouso e hidratação.
Complicações:
- Surdez súbita
- Pancreatite
- Meningite
- Orquite
Sobre CMV nas gl. salivares:
- Como se manifesta no adulto?
- Qual seu risco no período perinatal?
- Geralmente assintomática no adulto (quando for imunossuprimido pode ter Sd. Mononucleose-like com hepatoesplenomegalia, trombocitopenia e linfadenopatias).
- Período perinatal: SURDEZ, HEPATOESPLENO, ICTERÍCIA e PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA. Possui tropismo por gl. salivares e pode ser eliminado na saliva, o que ajuda no diagnóstico (flashcards de PANS infecciosas).
Sobre HIV nas gl. salivares:
- Qual achado característico pode ocorrer?
- Qual a importância desse achado?
- Porque pode fazer diagnóstico diferencial com Sjogren?
- AUMENTO CÍSTICO e linfoproliferativo das glândulas é bastante frequente.
- PODE SER A PRIMEIRA MANIFESTAÇÃO DA AIDS.
- Comum aumento parotídeo ou de outras gl. salivares, com XEROSTOMIA, OLHOS SECOS e ARTRALGIA (diagnóstico diferencial com Sjogren).
Sobre a Sialoadenite Aguda Supurativa:
- Quais seus agentes etiológicos?
- Qual glândula é a mais acometida?
- Quais os fatores precipitantes?
- Qual o conceito de parotidite pós-operatória?
Etiologia:
- Infecção bacteriana por GRAM POSITIVOS (s.aureus, s.pyogenes, s.viridans, s.pneumoniae, haemophilus). Anaeróbios e gram negativos são menos frequentes. Ocorre por migração retrógrada de bactérias provenientes da cavidade oral por meio do ducto da glândula.
- Acomete mais PARÓTIDA em adultos (secreção com menor atividade bacteriostática em relação á subdmandibular).
Fatores precipitantes:
- Sialolitíase, estenose ductal, hipossalivação, desidratação, anticolinérgicos ou diuréticos, jejum prolongado, higiene oral inadequada, imunodeficiências.
- Parotidite pós-operatória (ocorre 3-5 dias após cirurgia, especialmente cirurgia abdominal, geralmente por s.aureus).
Sobre a Sialoadenite Aguda Supurativa:
- Costuma ser uni ou bilateral?
- Qual o quadro clínico?
- Como diagnosticar e quando pedir exames de imagem?
- Qual o tratamento?
- Pode gerar quais complicações?
Quadro clínico:
- Unilateral em 80% dos casos.
- Dor, edema, hiperemia, febre, protração, leucocitose com neutrofilia. Raramente paralisia facial (quando associada, o tratamento da parotidite a corrige).
Diagnóstico:
- É essencialmente clínico
- USG OU TC SE NÃO MELHORAR APÓS 48-72H DE TRATAMENTO (suspeita de abscesso).
Tratamento:
- CEFALOSPORINAS ou QUINOLONAS + CORTICOTERAPIA (melhora do edema e da drenagem).
- Hidratação, expressão diária da glândula, higiene oral, calor local, analgesia.
- Se abscesso confirmado é recomendado DRENAGEM CIRÚRGICA (eventualmente, punção aspirativa guiada por USG ou TC).
Complicações:
- Abscesso (imagem abaixo)
- Disseminação para a pele, CAE e ATM
- Tromboflebite de veias faciais
- Osteomielite
Sobre TBC nas gl. salivares:
- É raro ou comum o acometimento de gl. salivar?
- Qual glândula é mais afetada na tuberculose?
- Qual sinal clínico pode indicar essa etiologia?
- Raro
- Parótida
- Aumento INDOLOR da glândula (pode eventualmente fistulizar e apresentar febre, sudorese e perda de peso).
Sobre a Sialoadenite Crônica:
- Qual sua etiologia?
- Quais seus fatores de risco?
- Qual o quadro clínico?
- Como confirmar?
- Qual o tratamento indicado?
- Porque casos recorrentes devem ser acompanhados de perto, especialmente em mulheres?
Conceito:
- Inflamação crônica das glândulas salivares. Origina-se habitualmente APÓS QUADRO AGUDO INICIAL MUITO IMPORTANTE Há destruição do parênquima e substituição por tecido fibroso associado a infiltrado linfocítico e ALTERAÇÃO IRREVERSÍVEL DOS DUCTOS, resultando em ectasias com regiões de estenose devido a FIBROSE e ESTASE SALIVAR.
- Fatores que predispõem à redução de secreção salivar (sialolitíase, estreitamentos ductais, efeitos colaterais de drogas, caquexia, desidratação, radioterapia, quimioterapia, lesão linfoepitelial benigna, Sjögren e estresse).
Quadro:
- Períodos de dor e inflamação recorrentes (períodos de remissão assintomáticos podem durar semanas a meses).
- Mais comum em PARÓTIDA , sendo geralmente UNILATERAL.
- Aumento da glândula com ESCASSA SAÍDA de saliva pelo ducto.
Diagnóstico:
- Clínico (complementado por USG ou TC).
Tratamento:
- Conservador com sialogogos, massagem, expressão da glândula e antinflamatórios.
- ATB e corticoide nas reagudizações.
- Sialoendoscopia, dilatação periódica do ducto, irradiação ou excisão da glândula nos casos mais importantes.
Parotidite crônica recorrente:
- Risco de lesão linfoepitelial benigna com metaplasia ductal e acinar (mais em mulheres, sem necessidade de tratamento. Mas deve ser acompanhada pelo risco de linfoma ou pseudolinfoma).