HEPATO Vol 4 - Vias biliares e tumores hepatobiliares Flashcards

Vias biliares e tumores hepatobiliares

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1
Q

10 – Com relação aos abscessos hepáticos, assinale a afirmativa INCORRETA:

a) As bactérias alcançam o fígado mais frequentemente pela via biliar.
b) Os abscessos hepáticos amebianos quase sempre requerem drenagem no seu tratamento.
c) A tomografia computadorizada é o método de imagem de escolha, com sensibilidade superior a 90%.
d) A maioria dos pacientes com abscesso amebiano não apresenta simultaneamente amebíase intestinal, dificultando seu diagnóstico.

A

B
Vamos analisar as alternativas:
a) Doença do trato biliar subjacente, como colelitíase e/ ou obstrução biliar, é encontrada em 40-60% dos casos de abscesso hepático (correta).
b) A taxa de cura dos abscessos amebianos com o uso de metronidazol é superior a 90%, sendo a drenagem reservada para os casos em que não houve resposta ao tratamento antibiótico, ou então em casos que apresentam elevado risco de complicações, como os abscesso localizados no lobo hepático esquerdo, que têm maior chance de fistulização para o pericárdio, gerando pericardite amebiana (incorreta).
c) A TC de abdome possui acurácia bastante elevada para o diagnóstico de abscesso hepático, pois revela lesões parenquimatosas heterogêneas, com áreas de necrose (não captantes de contraste) entremeadas com gás (correta).
d) Diarreia (por colite amebiana) é observada numa minoria dos pacientes com abscesso hepático amebiano - dito de outro modo, no abscesso hepático amebiano não costuma haver outras manifestações da infestação por ameba (correta).
Resposta: letra B.

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2
Q

22 – A colecistite aguda enfisematosa é MAIS comumente encontrada em pacientes:

a) Jovens do sexo feminino com história familiar de colelitíase.
b) Do sexo masculino e em portadores de diabetes mellitus.
c) Do sexo masculino com história de alcoolismo.
d) Idosos e portadores de hiperparatireoidismo.

A

B
A colecistite aguda enfisematosa é um tipo incomum de colecistite (cerca de 1% dos casos) que se caracteriza pela presença de gás na parede da vesícula biliar. Os germes mais frequentemente envolvidos são o Clostridium perfringens , Clostridium welchii e aeróbios, como a E. coli . A maioria dos pacientes são HOMENS idosos (acima dos 60 anos) e DIABÉTICOS. O quadro clínico é semelhante ao da colecistite calculosa, porém, de evolução mais rápida e resposta inflamatória sistêmica mais intensa. Seu diagnóstico pode ser feito pela visualização de gás na topografia da vesícula biliar, através de métodos de imagem (incluindo o próprio raio X simples de abdome).
O tratamento é a colecistectomia emergencial, devido ao risco elevado de gangrena e perfuração. Resposta: B.

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3
Q

30 – A neoplasia que não cursa com sinal de Courvoisier-Terrier é a neoplasia:

a) De papila duodenal.
b) De cabeça pancreática.
c) De Klatskin.
d) De colédoco distal.
e) Duodenal.

A

C
O sinal de Courvoisier-Terrier é a presença de vesícula palpável e indolor ao exame físico, devido à presença de um tumor periampular: de papila duodenal, de cabeça pancreática, de colédoco distal ou de segunda porção duodenal. Os tumores de Klatskin são os tumores da via biliar proximal, incluindo os ductos hepáticos ou não e, por sua localização anterior ao ducto cístico, NÃO cursam com dilatação da vesícula biliar, de modo que não há sinal de Courvoisier-Terrier. Resposta da questão: alternativa C.

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4
Q

15 – Paciente masculino, 55 anos, portador de hepatite viral C e cirrose hepática descompensada (Child-Pugh C), apresenta carcinoma hepatocelular de 4,5 cm de diâmetro, sem invasão vascular e/ou metástases. A melhor opção terapêutica é:

a) Transplante hepático.
b) Embolização transarterial.
c) Quimioembolização transarterial.
d) Sorafenibe.
e) Segmentectomia hepática.

A

A O tratamento ideal para o Carcinoma Hepatocelular (CHC) “curável” é a hepatectomia! Porém, em pacientes sem nenhuma reserva funcional hepática, como os portadores de cirrose “descompensada” Child C, a realização de hepatectomia simplesmente não é viável (pois o paciente desenvolveria falência hepática aguda fatal no pós-operatório). Logo, para estes indivíduos, a única opção terapêutica potencialmente curativa é o TRANSPLANTE HEPÁTICO. Para que este procedimento possa ser realizado num portador de CHC, é preciso obedecer aos critérios de Milão :

1) Lesão única < 5 cm;
2) Até 3 lesões, cada uma < 3 cm;
3) Ausência de metástases ou invasão vascular. Logo, nosso paciente é candidato ao transplante hepático, uma abordagem que pode resolver tanto a neoplasia quanto a própria cirrose que ele apresenta. Resposta certa: A.

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5
Q

28 – O nome do sinal encontrado em paciente ictérico com vesícula palpável em hipocôndrio direito e na ausência de dor é:

a) Murphy.
b) Baungartner.
c) Courvoisier-Terrier.
d) Blumberg.
e) Giordano.

A

C
O sinal de vesícula palpável e indolor foi descrito pelo cirurgião suíço Ludwig Georg Courvoisier e pelo patologista francês Félix Terrier no final do século XIX. Estes médicos observaram a associação de vesícula biliar muito distendida e indolor (fato explicado pela distensão insidiosa), em pacientes ictéricos, com os chamados tumores periampulares (cabeça de pâncreas, segunda porção do duodeno, papila de Vater e colédoco distal).
Resposta: C.

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6
Q

33 – O colangiocarcinoma é um tumor infrequente, que pode ocorrer em qualquer segmento do trato biliar. Sobre esse tumor, assinale a alternativa CORRETA:

a) A localização mais frequente é a confluência dos ductos hepáticos.
b) O tumor de Klatskin pode ser tratado com a duodenopancreatectomia.
c) A ressecção está contraindicada em tumores distais maiores que 2 centímetros.
d) A presença de linfonodos portais hipertrofiados à USG endoscópica contraindica a ressecção de tumores hilares.
e) O tratamento do tipo IV de Bismuth-Corlette é uma hepatectomia direita.

A

A
O colangiocarcinoma é classificado segundo Bismuth-Corlette. Analisando as alternativas:
a) Correta. O colangiocarcinoma proximal (na confluência dos ductos hepáticos) é a localização mais comum.
b) Incorreta. O tumor de Klatskin representa o colangiocarcinoma proximal e deve ser tratado com ressecção cirúrgica da via biliar acometida e reconstrução com y de Roux na placa hilar ou nos ductos hepáticos não acometidos. Em caso de doença mais avançada, pode ser necessária hepatectomia associada.
c) Incorreta. Tumores distais possuem prognóstico melhor do que os proximais. Com 2 cm estaria indicada a ressecção com cirurgia de Whipple.
d) Incorreta. A linfadenopatia não contraindica a ressecção cirúrgica, ainda que essa não seja curativa.
e) Incorreta. O tipo IV acomete tanto o ducto hepático direito quanto o esquerdo, não sendo adequadamente tratado apenas com hepatectomia direita.
Gabarito correto: opção A.

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7
Q

41 – A tríade de Charcot ocorre na:

a) Apendicite aguda com abscesso.
b) Colangite aguda.
c) Perfuração endoscópica do esôfago distal.
d) Úlcera perfurada.
e) Pancreatite necro-hemorrágica.

A

B
Icterícia, dor em hipocôndrio direito e febre, a clássica tríade de Charcot, condição que, no contexto apropriado, permite o diagnóstico clínico de colangite aguda! A colangite aguda é uma complicação infecciosa das vias biliares que ocorre quando a via biliar está obstruída, seja por cálculo, tumor, estenose cicatricial etc. A bile estagnada torna-se meio de cultura para bactérias, principalmente Gram-negativas entéricas e anaeróbias.
Resposta: B.

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8
Q

42 – Um paciente gravemente queimado, evolui com falência hepática aguda, cuja hipótese diagnóstica é colecistite aguda enfisematosa. No momento, está instável hemodinamicamente. Diante desse quadro, a melhor conduta será realizar:

a) CPRE.
b) Colecistostomia percutânea.
c) Colecistectomia convencional.
d) Colecistectomia videolaparoscópica.

A

B
Em um paciente crítico de alto risco cirúrgico (ex.: grande queimado que está evoluindo com falência hepática aguda), devemos, sempre que possível, evitar a realização de procedimentos invasivos, como uma cirurgia abdominal (ex.: colecistectomia). No entanto, não podemos deixar de tratar de maneira intervencionista um quadro de colecistite aguda, pois, de outro modo, o mesmo evoluirá com sepse abdominal ininterrupta (ex.: supuração da vesícula e posterior peritonite generalizada). Em uma situação como esta, a melhor abordagem consiste em um procedimento “minimamente invasivo” capaz de controlar o foco séptico sem produzir um forte componente adicional de resposta inflamatória sistêmica. Desse modo, em vez de apenas prover tratamento clínico (conduta insuficiente perante a colecistite aguda), e em vez de proceder à colecistectomia (conduta mais invasiva), podemos recorrer ao rápido procedimento de colecistostomia percutânea (punção e drenagem percutânea da vesícula biliar por meio de um cateter “pig-tail”), o qual acarreta menor morbimortalidade do que a cirurgia. Esta, no entanto, ainda assim poderá ser necessária, caso a colecistostomia percutânea não resolva temporariamente o problema.
Seja como for, resposta certa: B.

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9
Q

43 – Mulher de 39 anos apresenta dor em hipocôndrio direito, acompanhada de vômitos e febre há 1 dia. Refere uso de enalapril e insulina. Exame físico: T = 38,5°C, anictérica. Abdome: massa palpável em hipocôndrio direito com dor à palpação e à percussão. A principal hipótese diagnóstica e a conduta são, respectivamente:

a) Pancreatite aguda; colangiografia endoscópica com papilotomia e antibioticoterapia.
b) Colecistite aguda; antibioticoterapia e, após melhora clínica, realizar colangiografia endoscópica e cirurgia.
c) Colangite aguda; papilotomia endoscópica e cirurgia de urgência.
d) Colecistite aguda; cirurgia o mais precoce possível associada à antibioticoterapia.

A

D
Mulher com dor em hipocôndrio direito há mais de 6 horas, apresentando vômitos e febre, com massa palpável e sinais de irritação peritoneal local, até prova em contrário, é portadora de colecistite aguda, o que poderá ser facilmente confirmado através de uma simples ultrassonografia de abdome. A conduta ideal consiste de suporte clínico (incluindo antibioticoterapia) e cirurgia precoce, de preferência uma colecistectomia videolaparoscópica.
Esta recomendação de operar precocemente ganha ainda mais força quando se trata de paciente diabético: neste subgrupo em particular os riscos do atraso terapêutico são grandes, sendo desaconselhável adotar a estratégia de cirurgia “tardia” (ATB e suporte clínico para esfriar o processo, operando 6-10 semanas depois).
Resposta certa: D.

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10
Q

44 – Em relação às imagens nodulares ou císticas encontradas em exames de imagem de rotina do abdome em indivíduos assintomáticos, assinale a alternativa CORRETA:

a) Adenomas hepáticos são tumores benignos, que ocorrem principalmente em mulheres em uso de contraceptivo. Podem apresentar eventualmente elevação da alfafetoproteína quando sofrem transformação maligna, uma rara complicação.
b) Hemangiomas hepáticos são lesões sólidas raras ao ultrassom, em geral múltiplos, por apresentarem tendência a crescimento rápido e hemorragia intraparenquimatosa, têm indicação cirúrgica.
c) Cistos hepáticos simples, isolados e não septados requerem vigilância constante, pois podem apresentar complicações como ruptura, sangramento ou transformação maligna.
d) Pólipos de vesículas com crescimento progressivo em exames ultrassonográficos de rotina, com dimensões maiores que 1 cm, não devem causar preocupação e não exigem investigação mais aprofundada.

A

A
Vamos relembrar alguns conceitos? O hemangioma cavernoso é o mais comum tumor hepático benigno. São mais comuns em mulheres entre a segunda e quinta década. Sua etiologia ainda não é conhecida. Em sua maioria são lesões solitárias, no lobo hepático direito, pequenas, constituindo achado nos exames de imagem. Pode provocar sintomas
epigástricos, porém na maioria dos casos cursa assintomático. A ruptura é muito rara. Tratamento expectante pelo baixo risco de ruptura e sintomas associados (B INCORRETA). Cistos hepáticos simples requerem acompanhamento radiológico periódico no início do quadro, entretanto se não houver mudanças no aspecto da lesão, esse acompanhamento pode ser dispensado pelo baixo risco de ruptura, hemorragia ou transformação maligna (C INCORRETA). Pólipos na vesícula biliar com crescimento progressivo, maiores que 1 cm são indicação de colecistectomia e pesquisa de neoplasia na peça cirúrgica, pois estes podem representar doença maligna (D INCORRETA). Os adenomas têm indicação de cirurgia em seu manejo pelo risco de hemorragia, ruptura e baixo risco de transformação maligna em carcinoma hepatocelular. No site UpToDate , os autores citam dois estudos pequenos que não são significativos que evidenciam 8% de transformação maligna. Por isso, de acordo com a literatura vigente, tal complicação não é comum (A CORRETA).
Portanto, gabarito correto: opção A.

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11
Q

45 – O que está em desacordo, nessas afirmações, a respeito do câncer da vesícula biliar?

a) É mais frequente na mulher.
b) É mais frequente em pessoas idosas.
c) É a neoplasia mais comum do trato biliar.
d) Seu diagnóstico frequentemente é precoce.
e) É mais frequente no Japão, Chile e parte da Índia.

A

D
Do ponto de vista epidemiológico, a incidência de câncer de vesícula biliar aumenta progressivamente com a idade, é de duas a seis vezes maior em mulheres do que em homens, e é mais frequente no Chile (país que detém a maior taxa de mortalidade relacionada a esta neoplasia), Bolívia, e Equador, assim como em algumas áreas da Índia, Paquistão, Japão e Coreia. Apesar de incomum, consiste na neoplasia mais prevalente do trato biliar, e representa uma malignidade altamente fatal (sobrevida em 5 anos de apenas 5%), basicamente porque a grande parte dos diagnósticos é feita quando a doença neoplásica encontra-se em estágio avançado.

Logo, a resposta da questão é a letra D.

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12
Q

46 – O tumor maligno que mais acomete o fígado é:

a) Tumor metastático.
b) Colangiocarcinoma.
c) Carcinoide.
d) Hepatocarcinoma.

A

A
Excelente questão! Talvez com exceção apenas de algumas nações asiáticas com altíssima prevalência de hepatite B (o que leva a altos índices de hepatocarcinoma), as metástases hepáticas são mais comuns que os tumores malignos primários do fígado na maioria das populações! Os principais sítios de metástases para o fígado são: colorretal, pâncreas e mama. Outros sítios incluem: pulmões, estômago, via biliar, tumores geniturinários, neuroendócrinos e melanoma. Essas lesões geralmente representam estágios avançados e incuráveis de seus tumores de origem, com exceção do câncer colorretal em que a ressecção da metástase está relacionada à maior sobrevida em casos selecionados. Radiologicamente, as metástases geralmente se apresentam como lesões
múltiplas (multifocais), bilobares, de captação periférica do contraste e de tamanho semelhante, enquanto no hepatocarcinoma é comum a presença de uma lesão principal maior associada à lesões satélites menores.
Face ao exposto, melhor resposta: opção A.

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13
Q

47 – A patologia que constitui-se de múltiplas dilatações císticas congênitas da árvore biliar intra-hepática, com o maior risco de malignidade e de recorrência de colangite, podendo até nos casos difusos complicados, ter o transplante como único tratamento eficaz, é denominada doença de:

a) Buerger.
b) Castleman.
c) Bowen.
d) Caroli.
e) Cowden.

A

D
A doença de Caroli é caracterizada pelo surgimento de dilatações císticas permanentes de algum ponto da via biliar. O grande fator de risco, presente em 70% dos casos, é junção pancreatobiliar anormal.
O grande problema é o surgimento de complicações.
A mais temida de todas é o colangiocarcinoma, que pode chegar a 30% em indivíduos com mais de 20 anos de idade. A incidência do carcinoma de vesícula biliar também está aumentada. A hepatolitíase pode complicar os tipos com cistos intra-hepáticos (doença de Caroli).
Colangite bacteriana aguda recorrente pode ocorrer, especialmente nos casos associados à hepatolitíase.
Episódios de pancreatite aguda ocorrem em 25% dos casos, associados à anomalia da junção pancreaticobiliar. Outra complicação temida é a cirrose biliar secundária.
Resposta: D.

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14
Q

48 – A clássica tríade de sintomas e sinais da hemobilia é:
a) Icterícia, cólica biliar e irritação peritoneal.
b) Dor abdominal baixa, hemorragia digestiva baixa e irritação peritoneal.
c) Dor abdominal superior, hemorragia gastrointestinal
alta e icterícia.
d) Dor epigástrica, irritação peritoneal e febre.

A

C
A hemobilia, isto é, sangramento no interior das vias biliares, é caracterizada pela tríade de Sandblom (icterícia, dor em hipocôndrio direito e hemorragia digestiva alta) tem como principal etiologia o trauma das vias biliares, seja acidental, seja iatrogênico (durante procedimento cirúrgico). O diagnóstico é dado pela arteriografia, mesmo que o exame se preste à
conduta terapêutica.
Resposta: C.

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15
Q

49 – A.B.T., 62 anos, sexo masculino, foi submetido à
colecistectomia laparoscópica há 12 dias, sem intercorrências, tendo recebido alta no primeiro dia pós-operatório. Retornou no controle ambulatorial queixando-se de prurido intenso, coloração amarelada nos olhos e urina “da cor de coca-cola”. Foi solicitada colangiorressonância, que identificou obstrução total do colédoco. O cirurgião optou pelo tratamento cirúrgico da complicação. Em relação ao preparo deste paciente para o procedimento
cirúrgico, assinale, dentre as opções abaixo, a alternativa ERRADA:
a) Administrar solução de Glicose-Insulina-Potássio (GIK) 6h a 12h antes do procedimento cirúrgico.
b) Aliviar o prurido com o uso de colestiramina.
c) Corrigir o RNI administrando vitamina K.
d) Hidratar bem o paciente, administrando um a dois litros além das necessidades diárias.

A

B
O paciente apresenta uma complicação grave das colecistectomias: a ligadura inadvertida da via biliar principal, ou seja, do colédoco. A conduta para esses casos é a realização de uma derivação biliodigestiva, sendo a hepaticojejunostomia em y de Roux o procedimento mais aceito. Dentre as medidas de preparo pré-operatório citadas, a única que não acrescenta em nada é a administração de colestiramina, sendo a mesma, inclusive, contraindicada em casos de obstrução completa da via biliar.
Por isso, a única medida errada está na opção B.

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16
Q

50 – B.T.C., 64 anos, sexo feminino, laboratorista, encontra- se em jejum pós-operatório prolongado devido à cirurgia de grande porte e desenvolve quadro de dor em região subcostal direita, associada à febre e náuseas. Leucograma mostra 12.200 leuc/mm³, com desvio para a esquerda. Ultrassonografia evidencia vesícula biliar com paredes espessadas, sem cálculos em seu interior. Sobre este caso, assinale a alternativa CORRETA:

a) A ausência de cálculos exclui o diagnóstico de colecistite aguda.
b) A colecistectomia não deve ser indicada inicialmente, considerando o caráter benigno desta afecção.
c) A ocorrência de necrose e perfuração é rara nesses casos.
d) Na cirurgia prévia, não houve necessariamente manipulação do trato biliopancreático.

A

D
Observe que a paciente está em jejum prolongado por conta de um pós-operatório. Nesse contexto, haverá grande ESTASE de bile no interior da vesícula biliar, facilitando o surgimento de LAMA BILIAR. Esta última está envolvida na gênese de uma colecistite um pouco diferente daquela com a que você está acostumado (a). Estamos falando da colecistite aguda acalculosa (A errada), que costuma ocorrer em pacientes em contexto de terapia intensiva, em jejum prolongado (muitas vezes com suporte de nutrição parenteral total), a qual frequentemente será suspeitada em um paciente internado na terapia intensiva que desenvolve febre, dor abdominal e leucocitose. Tal quadro ocorre independente do fato da cirurgia ter sido abdominal ou não (D certa). O tratamento é cirurgia de urgência (colecistectomia - B errada). Como os doentes que evoluem com tal condição muitas vezes já têm algum grau de hipoperfusão generalizada, é comum a necrose e perfuração do órgão (C errada).
Resposta certa: D.

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17
Q

51 – Ao visitar uma família pela primeira vez, o médico encontra uma senhora de 50 anos, multípara, 3 cesáreas prévias e um parto normal, Iaqueada com uma ultrassonografia mostrando cálculos biliares. É CORRETO afirmar que:
a) Há indicação de cirurgia se a paciente apresentar
cólicas biliares.
b) Se o cálculo for maior que 3 cm não é necessário operar, já que não há risco de pancreatite biliar.
c) A colelitíase com múltiplos cálculos é fator de risco para o câncer da vesícula.
d) A colecistectomia videolaparoscópica não deve ser realizada por se tratar de abdome com várias cirurgias prévias.
e) A colangiografia endoscópica retrógrada é exame obrigatório antes da realização da colecistectomia.

A

A
A questão nos mostra uma paciente com quadro de colelitíase. A principal indicação de tratamento é a doença sintomática. Ou seja, se existe cólica
biliar a cirurgia é indicada, letra A CORRETA.
Vamos avaliar as outras:
B - INCORRETA. Nos quadros assintomáticos
as indicações de tratamento cirúrgico são: vesícula em porcelana, cálculo maior do que 2,5-3,0 cm e a associação com pólipos de risco.
C - INCORRETA. Múltiplos cálculos pequenos são fator de risco para pancreatite aguda biliar
e não câncer de vesícula.
D - INCORRETA. Cuidado! Cirurgia abdominal prévia é uma contraindicação relativa ao procedimento laparoscópico.
E - INCORRETA. Paciente não apresenta fatores de risco para coledocolitíase, não
sendo indicado CPRE.
Gabarito: A.

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18
Q

52 – Nos serviços que empregam a colangiografia seletiva escolha a alternativa em que não está indicada a colangiografia peroperatória:
a) Colecistite aguda há 48 horas.
b) História de pancreatite aguda biliar há 2 meses.
c) Paciente com 68 anos com passado de gastrectomia e reconstrução à Billroth II.
d) Paciente do sexo feminino, diabética, multípara e obesa.
e) Fosfatase alcalina e gama GT com valores 4 vezes
acima do normal.

A

D
Em todo paciente que será submetido à cirurgia de colecistectomia, por qualquer motivo, devemos avaliar a possibilidade de coledocolitíase associada, de modo que, se esta possibilidade for alta, um exame de imagem da via biliar principal possa ser indicado. Caso este exame seja positivo, a coledocolitíase deverá ser tratada no mesmo procedimento! Pois bem, alguns serviços indicam uma colangiografia peroperatória em todos os pacientes de forma rotineira. A literatura mostra que o rendimento dessa estratégia está em torno de 7%, ou seja, cerca de 7% dos pacientes, de forma geral, apresentarão um exame positivo. Ora, isso quer dizer que a imensa maioria dos pacientes (93%) não precisava do exame. Logo, em geral os serviços de cirurgia atuais têm preferido uma estratégia “seletiva”, isto é, avalia-se no pré-operatório o risco de coledocolitíase associada, e a colangiografia é realizada somente quando este risco for significativo. Quais são os parâmetros que utilizamos para estratificar o risco de coledocolitíase no pré-operatório de colecistectomia? Existe controvérsia na literatura, com os livros de referência valorizando muitos parâmetros em comum, porém, sempre há divergências. A seguir, um apanhado dos principais fatores de risco citados:
1. Antecedente de icterícia, pancreatite e/ou colangite;
2. Alterações no hepatograma, principalmente aumento de FAL e GGT; 3. Via biliar principal dilatada (> 10 mm) em USG pré-operatório, ou demonstração de cálculos em seu interior; 4. Ducto cístico dilatado (> 5 mm), ou com calibre superior ao do menor cálculo vesicular observado;
5. Evidência prévia de colelitíase (ex.: cólica biliar, cálculos visualizados em USG prévia), porém, ausência de cálculos no interior da vesícula durante o procedimento;
6. Presença de cálculo multifacetado único no interior da vesícula;
7. Cálculos palpáveis na via biliar principal durante a cirurgia;
8. Suspeita de lesão iatrogênica do colédoco durante a cirurgia ou necessidade de verificar com precisão a anatomia (ex.: realização de cirurgia com derivação biliodigestiva prévia, como uma gastrectomia com reconstrução à BII);
9. História de colecistite aguda (controverso).
Logo, como deu para perceber, a única opção possível de resposta nessa questão é sem dúvida a letra D.

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19
Q

53 – Em ambulatório de cirurgia geral foram atendidas três pacientes. A primeira paciente, 60 anos de idade e assintomática, realizou ultrassonografia de abdome total, como exame periódico, sendo identificada a presença de
colelitíase com múltiplos cálculos de 1 e 2 mm, ducto cístico de 2 mm, colédoco de 6 mm. A segunda paciente, 47 anos de idade, sem comorbidades, com ultrassonografia de abdome total com calcificação vesicular abrangendo cerca de 60% das paredes da vesícula, confirmada por tomografia. Ausência de dilatação de vias biliares intra-hepáticas, ducto cístico de 3 mm, colédoco de 6 mm. A terceira paciente, 50 anos de idade, colecistectomizada, com ultrassonografia de abdome total evidenciando colédoco de 10 mm com cálculo de 5 mm, ausência de dilatação de vias biliares intra-hepáticas. Diante do exposto, indique qual dessas pacientes pode ser acompanhada sem intervenção cirúrgica.

A

Em qual dessas 3 pacientes podemos realizar o tratamento conservador?
Vamos analisar.
A 1a: colelitíase assintomática e sem fatores de risco: conduta conservadora.
A 2a: vesícula com calcificação ou em porcelana que é fator de risco para o câncer de vesícula: a conduta é a colecistectomia.
A 3a: coledocolitíase, muito provavelmente residual: a conduta de todo caso de coledocolitíase é a retirada do cálculo. Logo, somente na primeira paciente adotamos a conduta conservadora.

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20
Q

54 – Associe as apresentações clínicas das patologias de via biliar aos respectivos tratamentos.

1 - Cólica biliar;
2 - Colecistite aguda;
3 - Estenose cicatricial do colédoco;
4 - Síndrome de Mirizzi tipo I;
5 - Pancreatite aguda.

( ) Hepaticojejunoanastomose em y de Roux;
( ) Colecistectomia em até 72 horas;
( ) Colecistectomia com colangiografia intraoperatória.

A sequência numérica CORRETA, de cima para baixo, da segunda coluna, é:

a) 3 - 1 - 5.
b) 3 - 2 - 5.
c) 4 - 1 - 2.
d) 4 - 5 - 1.
e) 5 - 2 - 4.

A

B
Os tratamentos corretos são os seguintes:
1) Cólica biliar - tratamento conservador e programação de colecistectomia videolaparoscópica eletiva. Indicação: colelitíase sintomática.
2) Colecistite aguda - colecistectomia em até 72 horas. Indicação: urgência cirúrgica/abdome agudo inflamatório.
3) Estenose cicatricial do colédoco - derivação biliodigestiva (hepaticojejunostomia em y de Roux) para transpassar a área de estenose eletiva. Indicação: risco de evolução para cirrose biliar secundária.
4) Síndrome de Mirizzi - colecistectomia convencional retrógrada (iniciada pelo fundo) e colocação de dreno de Kehr caso haja manipulação e lesão da via biliar principal. Indicação: risco de evolução para cirrose biliar secundária.
5) Pancreatite aguda - se for de origem alcoólica, dieta zero, hidratação parenteral, interrupção do álcool, analgesia e antieméticos. Se for de origem biliar, dieta zero, hidratação, analgesia, antieméticos e colecistectomia com colangiografia
intraoperatória na mesma internação.
Gabarito correto: Sequência 3 - 2 - 5. Opção B.

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21
Q

55 – Em pacientes com presença de pólipo de vesícula biliar ao exame ecográfico, DEVEMOS CONSIDERAR:

a) São mais frequentemente adenomas.
b) Idade maior que 60 anos e pólipo maior que 1 cm são fatores de risco associados a maior incidência de malignidade.
c) Pacientes com pólipos múltiplos assintomáticos, independente do diâmetro, devem ser operados imediatamente.
d) Em casos de grande suspeita de malignidade, deve ser preferencial a realização de colecistectomia videolaparoscópica pela menor chance de disseminação neoplásica na cavidade peritoneal.
e) Adenomiomas de vesícula são frequentemente múltiplos e pediculados, sólidos ao ultrassom.

A

B
Os pólipos de vesícula biliar não são achados raros, 5% da população tem pelo menos um pólipo à ultrassonografia de abdome. Geralmente, quanto à histologia, são hiperplásicos (MAIORIA) ou adenomiomatosos. Nem sempre devem ser operados, sendo indicada a cirurgia em (1) pacientes sintomáticos ou (2) naqueles com maior risco de malignidade:
1) associado à colelitíase,
(2) idade > 60 anos,
(3) diâmetro > 1 cm,
(4) crescimento documentado na USG seriada.

Lembre-se de que nesses casos, pela suspeita de carcinoma, a colecistectomia deve ser aberta (a ideia é que na videolaparoscopia há risco de a vesícula romper-se durante a cirurgia, disseminando células neoplásicas no peritônio).
Resposta: B.

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22
Q

56 – Paciente masculino, 42 anos, apresenta-se no pronto atendimento com quadro de dor em hipocôndrio direito, associado à náuseas e vômitos, com cerca de 12 horas de evolução. Ao exame, encontra-se anictérico e hipocorado +/IV. Abdome com sensibilidade e defesa abdominal no quadrante superior direito. Em relação a este quadro, assinale a alternativa que contenha o provável diagnóstico, o melhor exame complementar e tratamento:

a) Colecistite aguda acalculosa; tomografia computadorizada de abdome; jejum, hidratação e antibioticoterapia.
b) Colangite piogênica; ecografia abdominal; colangiopancreatografia endoscópica retrógrada.
c) Pancreatite biliar aguda; tomografia computadorizada de abdome; jejum e hidratação.
d) Colecistite calculosa crônica; ecografia abdominal; colecistostomia.
e) Colecistite aguda calculosa; ecografia abdominal; colecistectomia.

A

E
Como a dor está localizada no hipocôndrio direito, está associada a náuseas e vômitos e, o mais importante, possui duração maior do que 6 horas, a suspeita principal será de uma colecistite aguda calculosa. Como o autor pediu o MELHOR exame ao invés do exame padrão-ouro para o diagnóstico, deve-se escolher a ultrassonografia de abdome para avaliar as características da vesícula biliar e a associação do quadro com dilatação, ou não, da via biliar principal. Se fosse pedido o exame padrão-ouro seria a cintilografia biliar. O tratamento para esses casos é a colecistectomia, de preferência videolaparoscópica.
Gabarito: opção E.

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23
Q

57 – Paciente submetida à colecistectomia há quatro meses, apresenta episódios de dor em hipocôndrio direito, febre, calafrios e icterícia flutuante. O diagnóstico mais provável é:

a) Tumor de Klatskin.
b) Litíase residual de colédoco.
c) Estenose cicatricial de colédoco.
d) Hepatite pelo vírus “B”.

A

B
Questão que poderia ter sido melhor redigida e que por isso gera margem para dúvidas. Pacientes com dor em hipocôndrio direito + icterícia + febre com calafrio resultam na tríade de Charcot e, consequentemente, colangite aguda. No entanto, não temos essa opção entre as alternativas e, por isso, a questão poderia ter sido melhor escrita. Entendendo a banca examinadora, quando é descrita uma icterícia flutuante, devemos pensar em coledocolitíase que pode ser primária ou um cálculo residual pós-colecistectomia.
Gabarito: B.

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24
Q

58 – O tumor de Klatskin é de origem:

a) Biliar.
b) Esplênica.
c) Gástrica.
d) Pancreática.
e) Duodenal.

A

A
Questão bem tranquila. O tumor de Klatskin é um colangiocarcinoma peri-hilar. Ou seja, apresenta origem biliar.
Gabarito: A.

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25
Q

59 – Na etiologia do carcinoma da vesícula, estão inclusos os fatores abaixo, EXCETO:

a) Colangite esclerosante primária.
b) Cálculo biliar.
c) Obesidade.
d) Colangite.

A

D
Os grandes fatores de risco implicados na etiopatogênese do carcinoma de vesícula biliar estão associados à inflamação crônica do órgão:
colelitíase (incidência 7x maior, especialmente quando há sintomas - não marcaremos B), colangite esclerosante primária (não marcaremos A), vesícula em porcelana, anomalia da junção hepatobiliar, obesidade (não marcaremos C), infecção por Salmonella. A colangite é a única que não se encaixa aqui.
Resposta: D.

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26
Q

60 – Paciente de 50 anos, sexo feminino, procura atendimento de urgência por dor abdominal. Refere que estava assintomática até 12 horas antes, quando passou a apresentar desconforto leve em quadrante abdominal superior direito que progrediu, ao longo de 4
horas, para dor de grande intensidade. Refere alguns
episódios de vômitos nesse período. Ao exame físico,
apresentava temperatura de 38ºC, pressão arterial de
130 x 90 mmHg; anictérica; ausculta cardiopulmonar normal; abdome flácido, dolorido e com parada de movimentos respiratórios à palpação profunda de hipocôndrio direito. Qual dos exames abaixo representa a condição clínica apresentada pela paciente?
A

B

C

D

A

C
O quadro da paciente nos sugere fortemente a possibilidade de uma colecistite aguda calculosa! Trata-se de uma complicação ocasionada pela impactação de um cálculo no infundíbulo da vesícula biliar ou na sua via de saída mais distal, fazendo com que haja represamento de bile no seu interior por períodos prolongados, o que determina a liberação de mediadores inflamatórios. Quando se examina o abdome da nossa paciente, pode-se detectar o sinal de Murphy: pede-se para o paciente inspirar fundo ao passo em que se realiza palpação profunda do hipocôndrio direito. Haverá um momento em que o
paciente abruptamente interromperá a inspiração por
intensa dor, sendo este o clássico sinal de Murphy.
O exame MAIS USADO para seu diagnóstico é a
ultrassonografia abdominal, que mostra espessamento da parede da vesícula biliar, assim como podemos observar na imagem da alternativa C. Perceba, ainda, que o exame da letra A traz uma vesícula com cálculo no seu interior, mas sem espessamento da parede (A errada). O exame da letra B é uma colangiopancreatografia retrógrada endoscópica, que não é o melhor exame para diagnóstico de colecistite aguda e, neste caso, simplesmente quase não mostra a vesícula e seus contornos (B errada). A tomografia da letra D mostra imagem sugestiva, um abscesso hepático (imagem hipodensa no parênquima, D errada).
Resposta: C.

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27
Q

61 – Paciente de 32 anos, mulher, com diagnóstico de coledocolitíase, 01 ano após colecistectomia videolaparoscópica. À colangiorressonância nota-se cálculo único em colédoco distal, com cerca de 6 milímetros no maior eixo. O colédoco mede aproximadamente 12 milímetros de diâmetro. Atualmente a doente encontra-se assintomática.
Qual a melhor conduta para o caso em questão?
a) Seguimento clínico com exames de imagem seriados.
b) Papilotomia endoscópica com remoção do cálculo.
c) Coledocolitotomia por videocirurgia e colocação de drenoem T de Kehr.
d) Papilotomia transduodenal com papiloesfincteroplastia.
e) Anastomose biliodigestiva com reconstrução em “y
de Roux”

A

B
Estamos diante de uma paciente com uma coledocolitíase residual de 6 mm, causando dilatação da via biliar extra-hepática (vale lembrar que o colédoco de pacientes colecistectomizados sofre uma dilatação natural, podendo chegar a 10 mm), porém assintomática! Mas é aí que devemos lembrar de um conceito importante: a coledocolitíase SEMPRE deve ser tratada, independente da presença de sintomas! E qual o método de escolha para o seu tratamento? A realização de uma papilotomia endoscópica através de CPRE! Alternativa B CORRETA.

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28
Q

62 – Com relação aos tumores hepáticos benignos, assinale a alternativa CORRETA:

a) Na moderna era da semiologia armada, com altos índices de precisão diagnóstica não há indicação para realização de biópsias das lesões.
b) Depois dos cistos simples, os hemangiomas são os tumores benignos mais frequentes, seguidos dos adenomas e hiperplasia nodular focal.
c) Os adenomas hepáticos estão relacionados com o uso de anticoncepcionais orais, uso de esteroides anabolizantes e doença de depósito de glicogênio.
d) Todas as alternativas anteriores estão corretas.

A

C
Analisando as assertivas de A a C: Os avanços na tecnologia médica nas últimas décadas estão facilitando, cada vez mais, o diagnóstico dos tumores
hepáticos. A ampla disponibilidade da ultrassonografia e da tomografia computadorizada ocasionaram um aumento considerável da identificação de tumores hepáticos benignos, gerando situações de grande ansiedade para pacientes e médicos. Por outro lado, concomitante a isso, técnicas como o estudo trifásico foram aprimoradas e podem muitas vezes determinar o diagnóstico de forma não invasiva. Apesar disso, eventualmente os achados podem ser inconclusivos e a única forma de descartar uma neoplasia maligna será através de biópsia - A INCORRETA.
B - Com exceção dos hemangiomas cavernosos, os
tumores hepáticos sólidos benignos são raros em todas as faixas etárias. Os hemangiomas são os tumores benignos mais frequentes. Estudos de autópsia chegam a reportar uma incidência de até 20% de hemangiomas na população e talvez sejam mais fidedignos que os populacionais, limitados pela utilização e sensibilidade dos métodos de imagem. Em seguida temos a hiperplasia nodular focal com uma prevalência em torno de 0,3% e por último
os adenomas, bastante raros - B INCORRETA. Apesar de ser uma neoplasia rara, pacientes com neoplasia hepática e uso de ACO de longa data devem sempre ligar o alerta para o Adenoma Hepatocelular (AHC). O maior risco ocorre em mulheres com mais de 30 anos que fazem uso de ACO por mais de 5 anos. É importante ressaltar que o uso não apenas está relacionado a uma maior incidência de adenoma (93% dos casos), como
também estes tumores tendem a ser maiores e evoluir com um maior risco de sangramento quando comparados aos que surgem em pacientes não usuárias de ACO. Os AHCs ocorrem também em associação com diabetes mellitus, glicogenose tipo I ou III, gravidez e uso crônico de esteroides anabolizantes - C CORRETA (gabarito).

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29
Q

63 – Qual das seguintes afirmações sobre incidência e fatores de risco para o carcinoma hepatocelular é verdade?

a) A incidência de carcinoma hepatocelular está diminuindo.
b) A esteato-hepatite não alcoólica não está associada a um risco aumentado para carcinoma hepatocelular.
c) A toxina química, produzida por espécies de Aspergillus, aflatoxina B, tem uma forte associação com o desenvolvimento de carcinoma hepatocelular e pode ser encontrada em grãos armazenados em locais quentes e úmidos.
d) Menos de 5% dos indivíduos diagnosticados com carcinoma hepatocelular não têm cirrose subjacente.
e) O risco de desenvolvimento de carcinoma hepatocelular em indivíduos com infecção por Hepatite C é de 50%.

A

C
Questão sobre carcinoma hepatocelular. Vamos analisar as assertivas?
- A incidência de CHC está aumentando na população geral, tanto que esta é uma das neoplasias malignas mais comuns na população mundial (em especial em alguns países asiáticos com alta prevalência de Hepatite
B). Assertiva A ERRADA. - A esteato-hepatite não
alcoólica é um fator de risco crescente para CHC. Vale lembrar que QUALQUER condição que possa levar à cirrose (e a NASH é uma delas) é fator de risco potencial.
Assertiva B ERRADA. A única CERTA é a opção C:
o principal fator ambiental associado ao CHC é aflatoxina B1 produzida pelo fungo do gênero Aspergillus sp. Ele cresce em grãos armazenados em condições de alta umidade e temperatura. - Cerca de 20%, e não 5% dos pacientes com CHC não têm cirrose subjacente.
Estes pacientes são, na maioria dos casos, portadores de hepatite B crônica – que pode levar ao CHC sem o desenvolvimento de cirrose. Assertiva D ERRADA. - Algumas séries relataram ocorrência de CHC em até 20% dos portadores de cirrose pelo HCV! Considerando que nem todos os pacientes com infecção pelo HCV apresentam cirrose, concluímos que o risco de CHC ao analisarmos a população com HCV como um todo é ainda inferior a 20% – passando, portanto, “longe” de 50%. Assertiva E ERRADA.

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30
Q

64 – Paciente de 45 anos de idade, sexo feminino, com relato recente de dor abdominal em andar superior, associado a náuseas, vômitos, febre, calafrios, colúria e icterícia. Após investigação diagnóstica, o quadro de colecistite aguda calculosa com coledocolitíase e colangite. Submetida à papilotomia endoscópica com coledocolitotomia e colecistectomia videolaparoscópica. Duas semanas após o procedimento cirúrgico, evoluiu com dor em hipocôndrio direito, febre, calafrios e queda no estado geral. Submeteu-se à tomografia computadorizada do abdome que evidenciou a presença de abscesso hepático único, com
11 x 8 x 7 cm de diâmetros em segmento V do fígado. Assinale a alternativa INCORRETA:
a) O abscesso hepático bacteriano de origem hematogênica venoso comumente compromete segmentos do lobo direito do fígado em função da distribuição do fluxo portal.
b) Trata-se de um provável abscesso hepático de etiologia bacteriana (piogênico) em função do quadro prévio de colecistite com colangite.
c) A maioria dos abscessos hepáticos piogênicos tem flora polimicrobiana com predomínio de Gram-negativos entéricos (aeróbicos e/ou anaeróbicos).
d) O manejo da paciente envolve a realização de um procedimento para drenagem do abscesso (percutâneo ou cirúrgico) e antibioticoterapia sistêmica empírica voltada para germes Gram-positivos (vancomicina), até que se tenha o resultado da cultura pós-punção e antibiograma.
e) A obstrução biliar de natureza benigna ou maligna tem se destacado com causas comuns de abscessos piogênicos do fígado no mundo ocidental.

A

D
A história é simplesmente clássica: paciente com quadro de infecção das vias biliares que evolui, em um segundo momento, com abscesso hepático!
O que acontece é que a principal via de chegada de
bactérias causadoras de abscesso no parênquima hepático é ascendente (isto é, uma infecção das vias biliares acaba sendo a fonte dos micro-organismos - A certa). Uma outra via de disseminação das bactérias ao parênquima hepático é a hematogênica, acometendo predominantemente o lobo direito do fígado, que é mais ricamente vascularizado pela
veia porta do que o esquerdo (A certa). Como é fato que a obstrução das vias biliares é fator de risco para colangite, reconhece-se que também seja fator de risco para abscesso hepático (E certa). Os germes são os mesmos que causam colangite (Gram-negativos entéricos, C certa). Ora, se dissemos que a microbiota responsável pelo abscesso é frequentemente de Gram-negativos, não há como a
alternativa estar correta!
Resposta: D.

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31
Q

65 – Paciente de 68 anos, sexo masculino, chega ictérico, relatando que há 4 meses apresenta dor abdominal do tipo cólica em hipocôndrio direito e epigástrio, emagrecimento de 4 kg no período, e que nos últimos 15 dias notou que os olhos começaram a ficar amarelados associando-se a prurido intenso. Ao exame geral, encontra-se em bom estado geral, ictérica 2+/4+, afebril, consciente. Cardiovascular sem alterações. Abdome globoso, flácido, indolor, sem massa palpável. Os exames laboratoriais solicitados revelaram: hemograma normal, bilirrubina total = 10 mg/dl, bilirrubina direta = 7,4 mg/dl e bilirrubina indireta = 2,6 mg/dl; ALT e AST discretamente elevadas; fosfatase alcalina 400 U/L e gama GT = 900 U/L. Na ultrassonografia abdominal, visibilizou-se colelitíase, dilatação das vias biliares intra-hepáticas, colédoco normal, pâncreas não estudado devido interposição de alças, demais órgãos normais. Pergunta-se: de acordo com os achados clínicos e laboratoriais, assinale a alternativa CORRETA:

a) O paciente apresenta síndrome ictérica de origem hepática, justificada pela elevação da ALT, AST, FA e GGT.
b) O paciente apresenta síndrome ictérica de origem hepática, de provável etiologia neoplásica.
c) O paciente apresenta síndrome ictérica colestática, não sendo possível firmar corretamente a etiologia apenas com os dados apresentados.
d) O paciente apresenta síndrome ictérica colestática, tendo como etiologia a coledocolitíase.
e) O paciente apresenta síndrome ictérica de origem hemolítica, sendo necessária complementação com exames laboratoriais mais específicos.

A

C
Muita atenção ao resolver essa questão. Veja que o enunciado nos descreve um quadro clássico de síndrome ictérica colestática já avaliada pela USG (primeiro exame do algoritmo diagnóstico), no entanto, não nos fornece dados suficientes para descobrirmos etiologia. Este paciente deverá ser melhor avaliado através de uma colangiorressonância e/ou tomografia abdominal, métodos secundários mais acurados na investigação das causas da colestase extra-hepática.
Gabarito: C.

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32
Q

66 – Entre as situações abaixo, a que evolui preferencialmente com icterícia flutuante é:

a) Câncer de cabeça de pâncreas.
b) Câncer de vesícula.
c) Câncer de colédoco terminal.
d) Câncer de duodeno.
e) Câncer de papila de Vater.

A

E
Excelente questão. Pensou em icterícia flutuante, pensou em COLEDOCOLITÍASE (este é o normal de prova - mas esta opção não existe entre as alternativas, então, vamos em frente). Os tumores periampulares e o carcinoma de vesícula biliar (que não comumente causa icterícia) geralmente determinam amarelamento de pele e mucosas PROGRESSIVO, isto é, quanto maior o tumor, maior a obstrução biliar. Entretanto, o carcinoma da papila de Vater ter uma característica interessante. Às vezes, ele cresce tanto, mas tanto, que não é capaz de sustentar a sua própria vascularização, sofrendo necrose e, por conta disso, redução volumétrica. Tal redução permite que a bile, anteriormente com drenagem obstruída, ganhe o duodeno, resolvendo – temporariamente – a icterícia do doente e associando MELENA ao quadro, já que o tumor em necrose também sangra (e o sangue é digerido ao longo do trato digestivo).
Resposta: E.

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33
Q

67 – Homem, 60 anos, chega em seu consultório em bom estado geral com queixa de dor em hipocôndrio direito, náuseas e vômitos há mais ou menos 6 meses quando ingere alimentos gordurosos. Trouxe ultrassom de abdome realizado na semana anterior quando ele procurou a urgência devido a dor com a conclusão de colelitíase com cálculo de 3,0 cm no infundíbulo. Sobre este caso, é CORRETO afirmar que:

a) O paciente corre o risco de ter síndrome de Mirizzi caso evolua com icterícia.
b) O paciente tem indicação de fazer colangiorressonância.
c) O paciente deve fazer CPRE antes da colecistectomia.
d) Deve-se complementar com tomografia de abdome para melhor avaliação.
e) O ideal é esfriar o processo e fazer tratamento conservador devido a idade avançada do paciente.

A

A
Nos casos de colecistolitíase (ou simplesmente colelitíase), haverá indicação de investigar a via biliar principal para calculose (coledocolitíase) quando o paciente tiver alguns sinais clinicolaboratoriais, a exemplo de icterícia flutuante (sinais ausentes aqui, B e C erradas: ambos são métodos de avaliação de coledocolitíase neste contexto). Não há também por que solicitar tomografia, uma vez que a ultrassonografia de abdome é considerada o melhor exame para diagnóstico da colelitíase (D errada). Caso estivéssemos diante de uma COLECISTITE AGUDA, a conduta seria operar de urgência o paciente (sem esfriar o processo, letra D errada e descabida neste contexto). Vamos relembrar a definição de Síndrome de Mirizzi (SM)? Trata-se da obstrução extrínseca do ducto hepático comum por um grande cálculo impactado no ducto cístico ou no infundíbulo da vesícula. Veja que o cálculo portado pelo paciente é suficientemente GRANDE para complicar com SM!
Resposta: A.

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34
Q

68 – Leia as alternativas abaixo e assinale a CORRETA:

a) O triângulo de Calot é formado pelo ducto cístico, ducto colédoco e borda inferior do fígado.
b) Durante a confecção do pneumoperitônio, verifica-se sinal de Jobert negativo.
c) A lesão de canalículos de Luschka pode ser responsável por coleperitônio no pós-operatório.
d) Pacientes diabéticos e transplantados com colelitíase assintomática não necessitam de cirurgia obrigatoriamente.
e) A colangiografia intraoperatória não é obrigatória se o paciente tiver história de icterícia.

A

C
O triângulo de Calot (importante marco anatômico durante colecistectomias, memorize-o!) é formado pela borda inferior do fígado, ducto cístico e hepático comum (A errada). Durante a confecção do pneumoperitônio em cirurgias laparoscópicas ou daquele de etiologia traumática uma lâmina de ar interpõe-se entre a superfície do fígado e a parede abdominal, causando uma substituição, à percussão da loja hepática, da característica macicez pelo timpanismo (sinal de Jobert - B errada). As indicações de colecistectomia em pacientes portadores de litíase vesicular assintomáticos
incluem
(1) vesícula em porcelana,
(2) pólipos de alto risco (idade > 60 anos, > 1 cm, crescimento documentado na USG seriada),
(3) cálculos grandes (> 2,5-3 cm),
(4) vesículas com anomalia congênita
(ex.: vesícula duplicada),
(5) anemias hemolíticas (ex.: anemia falciforme),
(6) portadores de um longo ducto após junção do colédoco e ducto pancreático (D certa).
Se o paciente com colelitíase vai ser operado e já teve história de icterícia, deverá passar por colangiografia intraoperatória (em busca de cálculos coledocianos causadores de icterícia - E errada). O vazamento de bile (causa de coleperitônio) no pós-operatório de colecistectomias (especialmente daquelas motivadas por colecistite aguda) pode ser ocasionado pela lesão do ducto cístico ou dos canalículos de Luschka (ductos císticos acessórios). O diagnóstico é suspeitado pela presença de febre, calafrios, dor em hipocôndrio direito, icterícia, vazamento de bile através de um dreno ou de uma ferida operatória, além de gases e anorexia persistente.
Gabarito da banca: C. Gabarito
MEDGRUPO: C e D.

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35
Q

69 – Analise as seguintes assertivas sobre colecistopatias:
I - A bile consiste em solução heterogênea formada por colesterol, sais biliares, lecitina, eletrólitos e água. Estima-se sua produção diária em torno de 500 a 1.500 ml;
II - Na colecistite aguda, a duração do evento e o grau de obstrução promovido pela impactação de um cálculo no infundíbulo são fatores determinantes no processo de inflamação e na progressão da doença;
III - O USG de abdome superior permite o diagnóstico da maioria dos quadros de colecistite aguda, sendo um exame de alta sensibilidade e especificidade nesta doença. Informações como, espessamento da parede vesicular, presença de
líquido perivesicular e dor à compressão do ponto cístico, ratificam o diagnóstico ultrassonográfico desta situação clínica;
IV - A fístula colecistoduodenal (síndrome de Bouveret) é a apresentação clínica mais comum das fístulas colecistoentéricas nos quadros de colecistite aguda;
V - O termo discinesia biliar se refere aos pacientes com sintomas clássicos de cólica biliar na ausência de cálculos biliares pelos métodos de imagem diagnósticos habituais, sendo portanto um diagnóstico de exclusão.
a) Todas as assertivas estão corretas.
b) Nenhuma assertiva está correta.
c) Apenas I, II, III e V estão corretas.
d) Apenas IV e V estão corretas.
e) Apenas III está correta.

A

C
Vamos avaliar as assertivas:
I: CORRETA: A produção diária de bile gira em torno
de 1.000 ml ao dia, no entanto, as referências aceitam valores entre 500-1.500 ml.
II: CORRETA: O ponto principal na fisiopatologia da colecistite aguda é a obstrução da vesícula biliar pela impactação do cálculo no infundíbulo ou ducto cístico.
III: CORRETA: Cuidado com essa assertiva. A USG não é o padrão-ouro para o diagnóstico da colecistite aguda (padrão-ouro é a cintilografia), no entanto, a sensibilidade e especificidade da USG são elevadas. Os aspectos que sugerem a colecistite são: parede espessada (> 3 mm), cálculo impactado no infundíbulo ou ducto cístico e “Murphy” sonográfico.
IV: INCORRETA: A fístula mais comum é a colecistoduodenal, que leva à síndrome de “íleo biliar”. Síndrome de Bouveret é a obstrução pilórica por cálculo biliar, secundária a uma fístula entre a vesícula e o estômago (condição extremamente rara). V: CORRETA: Podemos considerar essa assertiva CORRETA! No entanto, o termo discinesia
biliar refere a um não funcionamento ideal da vesícula biliar. Com isso, o paciente pode apresentar estase biliar na vesícula e como consequência, sintomas biliares sem a presença do cálculo.
Logo, CORRETAS I, II, III e V.
Gabarito: C.

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36
Q

70 – Quanto ao colangiocarcinoma, pode-se afirmar que:
a) A maioria ocorre na bifurcação dos ductos hepáticos
direito e esquerdo.
b) Tumor de Klatskin é epônimo do tumor de terço médio do colédoco.
c) O tumor de terço distal do colédoco raramente cursa
com icterícia.
d) Esse tumor é característico de mulheres em uso de
estrogênio.
e) A melhor opção é sempre radioterapia associada à cirurgia.

A

A
Boa questão para firmarmos conceitos. O tumor da via biliar ou colangiocarcinoma predomina em homens (D errada) e, mais comumente, localiza-se na junção dos ductos hepáticos (em cerca de três quartos dos casos, quando se chama tumor de Klatskin - A certa, B errada). Quando obstruir completamente a luz coledociana, independente da topografia, causará icterícia (C errada). O tratamento é eminentemente cirúrgico, sendo que a químio e a radioterapia NÃO TÊM eficácia comprovada (E errada).
Resposta: A.

37
Q

71 – Diabético, com diagnóstico de colelitíase há 12 meses, com febre alta, dor intensa no andar superior do abdome há 48 horas, sem relato de colúria ou acolia fecal no período, apresentando-se toxêmico, com discreta icterícia, com a vesícula palpável e dor intensa no ponto cístico.
Qual o diagnóstico provável?
a) Colecistite crônica com coledocolitíase obstrutiva.
b) Pancreatite biliar com hidropsia vesicular.
c) Empiema vesicular.
d) Vesícula em porcelana.

A

C
Questão em que as alternativas acabam te ajudando. Paciente diabético, com história de colelitíase (fator de risco para colecistite aguda e pancreatite aguda), que desenvolve quadro de dor abdominal intensa em andar superior. Somente com isso, devemos pensar em colecistite aguda e pancreatite. Porém, o que mais chama atenção no quadro clínico é uma “vesícula” palpável e dor intensa no ponto cístico.
Repare que essa “vesícula” palpável na verdade é uma massa inflamatória, decorrente de uma colecistite aguda grave. O diabetes é um fator agravante para a ocorrência de complicações da colecistite aguda, seja a colecistite enfisematosa, ou quadros com desenvolvimento de empiema vesicular. Gabarito: C.

38
Q

72 – A colelitíase, patologia muito comum em nosso meio, tem as seguintes alternativas corretas, EXCETO:

a) Tem que ser realizada a colangiorressonância na maioria dos casos.
b) A cirurgia laparoscópica é padrão-ouro para o tratamento.
c) A cirurgia convencional ainda é realizada com muita frequência.
d) Os cálculos de colesterol são mais frequentes.
e) A ultrassonografia continua sendo o principal exame para o diagnóstico.

A

A
Vamos avaliar as alternativas sobre a colelitíase:
A- INCORRETA: o diagnóstico é feito através da ultrassonografia! A colangiorressonância fica reservada para aqueles casos com suspeita de coledocolitíase associada.
B- CORRETA: atualmente a colecistectomia videolaparoscópica é o padrão-ouro para o tratamento das colelitíases.
C- CORRETA: infelizmente ainda encontramos muitos serviços que não dispõem de recursos necessários para o procedimento laparoscópico e, mesmo não sendo a técnica de escolha, a colecistectomia é feita por cirurgia aberta.
D: CORRETA: os cálculos de colesterol representam 80% dos cálculos biliares.
E: CORRETA: como dito na letra A, a USG é o padrão-ouro para o diagnóstico de colelitíase.
Gabarito: A.

39
Q

73 – Paciente masculino de 64 anos, pardo, procurou o ambulatório CM HU pois há um mês percebe sua urina “escura”, sente-se cansado, com perda de cerca 4 kg e desconforto abdominal superior após se alimentar. Portador de HAS, DM, FA crônica, ICC e IRC, usando marevan, enalapril, carvedilol, insulina, omeprazol, furosemida e AAS. Ao exame físico: ictérico ++/4; hipocorado +/4; ritmo cardíaco irregular; abdome globoso; flácido, mas doloroso em epigástrio; sem edemas. Laboratório: hemoglobina = 11.8 g/dl; leucócitos = 8.230/mm³; plaquetas = 232.000; TAP(RNI) = 2; TGO = 57 UI/l; TGP = 87 UI/l; FA = 456 UI/l; GGT = 689 UI/l; BilT = 12 mg/dl; BilD = 10.2 mg/dl; creatinina = 2.4 mg/dl; ureia = 62 mg/dl; glicemia = 197 mg/dl; albumina = 3.6 g/dl. Com base no caso clínico acima, assinale a alternativa CORRETA, que apresenta o raciocínio e a conduta iniciais, respectivamente:

a) O uso de AAS associado a cumarínicos provoca aumento significativo de lesões gastroduodenais, sendo a provável causa da dor abdominal – solicitar EDA.
b) O achado de urina “escura” é suspeito para hematúria por uso de anticoagulante fora da faixa terapêutica – administrar vitamina K IM para a rápida reversão do efeito cumarínico.
c) Os achados clinicolaboratoriais chamam a atenção para uma síndrome colestática – solicitar internação, suspender cumarínicos e AAS e programar biópsia hepática.
d) A hipótese principal é de icterícia obstrutiva – solicitar ultrassom com a expectativa do achado de dilatação das vias biliares.
e) Os achados clinicolaboratoriais chamam a atenção para uma síndrome colestática – na ausência de achados significativos no ultrassom, o exame de escolha para avaliar a via biliar distal é a TC de abdome.

A

D
Estamos frente a um paciente que se apresenta com colúria, perda ponderal, astenia e desconforto abdominal que piora com a alimentação. O que mais chama a atenção em seus exames laboratoriais é uma elevação importante da fosfatase alcalina e da gama GT, bem como uma hiperbilirrubinemia à custa de bilirrubina direta, o que denota a presença de um perfil colestático. Diante desta evolução, é mandatório investigarmos causas de icterícia obstrutiva, visando, principalmente, afastar a presença de uma neoplasia periampular (icterícia colestática + síndrome consumptiva).
Neste contexto, podemos iniciar a investigação com um ultrassom de vias biliares, visando determinar a dilatação das vias biliares, bem como a presença de alguma causa de obstrução extrínseca ou intrínseca (cálculo biliar).
Alternativa D CORRETA.

40
Q

74 – Sobre doenças biliopancreáticas, é CORRETO afirmar que:

a) Tríade de Charcot é composta de febre com calafrios, icterícia e hipotensão arterial.
b) O melhor tratamento para crise de colecistite aguda litiásica é a colecistectomia videolaparoscópica.
c) Pêntade de Reynolds é sugestiva de colecistite aguda grave.
d) O paciente portador de pancreatite aguda biliar deverá ser submetido a colecistectomia nas primeiras 48 horas do início do quadro.

A

B
Vamos avaliar as alternativas:
A- INCORRETA. A tríade de Charcot é constituída por: febre com calafrio + dor abdominal + icterícia.
B- CORRETA. O tratamento da colecistite aguda consiste em antibioticoterapia + colecistectomia, idealmente precoce e videolaparoscópica.
C- INCORRETA. A pêntade de Reynolds é composta por: febre com calafrio + icterícia + dor abdominal + hipotensão + rebaixamento do nível de consciência. A pêntade indica colangite aguda supurativa.
D- INCORRETA. Nesses casos, a colecistectomia deve ser feita ainda na internação, mas não nas primeiras 48 horas.
Gabarito: B.

41
Q

75 – O estadiamento TNM de neoplasia de vesícula biliar descrito a seguir é:
T- tumor invadindo além da serosa da vesícula e invadindo fígado;
N - metástase para linfonodo do ducto hepático comum;
M - metástase a distância.
a) T2 N1 M1.
b) T3 N1 M1.
c) T1 N2 M0.
d) T4 N2 M1.

A

B
Questão decoreba de estadiamento TNM. Vamos relembrar:
T3: o tumor invade a serosa e/ou invade diretamente o fígado e/ou outro órgão adjacente, ou estrutura como o estômago, duodeno, cólon, pâncreas, omento ou ductos biliares extra-hepáticos;
N1: metástases para linfonodos regionais, como ducto cístico, artéria hepática, veia porta e/ou ducto hepático comum; (lembrar que o estadiamento MUDOU da 18 ed. para a 19 ed. do Sabiston! Prestar atenção na referência bibliográfica da prova; na 18 ed., temos N0 e N1; na 19 ed., temos N0, N1 e N2) M1: metástases a distância. Portanto, o paciente da questão possui estadiamento T3N1M1, que corresponde ao estádio IVB.

42
Q

76 – Homem, 74 anos, diabético insulinodependente, com quadro de dor subcostal à direita, sinal de Murphy positivo e febre. Radiografia simples de abdome mostra aerobilia. O quadro sugere infecção provocada por:

a) Pseudomonas aeruginosa.
b) Escherichia coli.
c) Proteus mirabilis.
d) Clostridium perfringens.

A

D
A colecistite enfisematosa aguda é um quadro que ocorre em apenas 1% dos pacientes com colecistite aguda e caracteriza-se pela presença de gás na parede da vesícula biliar. A maioria dos pacientes são homens idosos (acima dos 60 anos) e diabéticos. Os germes mais frequentemente envolvidos são o Clostridium perfringens (em primeiro lugar – mais provável) e aeróbios, como a Escherichia coli.
Resposta: letra D.

43
Q

77 – Um paciente de 52 anos, portador do vírus da hepatite B, durante avaliação ultrassonográfica de rotina apresentou nódulo hepático de 2,5 cm no segmento 5 e outro de 2 cm no segmento 3. Os exames laboratoriais não mostraram anemia ou plaquetopenia. Os resultados foram: bilirrubina total de 0,9 mg/dl; albumina de 3,6 g/dl e INR de 1,0. A tomografia e a ressonância magnética demonstraram nódulos hipervasculares com “wash out”. No caso relatado, o critério que pode CONTRAINDICAR a ressecção hepática é:

a) Função hepática.
b) Número de nódulos.
c) Tamanho dos nódulos.
d) Características nos exames de imagem.

A

B
Excelente questão! Vamos entender com calma, pois muita gente deve ter feito confusão aqui. Em primeiro lugar, qual é o diagnóstico? Muito provavelmente se trata de CHC (Carcinoma Hepatocelular). Veja bem: este paciente é portador de hepatite B crônica, mas não possui indícios de cirrose hepática (ausência de sinais de hipertensão porta, como edema, anemia ou plaquetopenia e ausência de sinais de deficit sintético hepatocelular, como hipoalbuminemia, alargamento do INR ou icterícia). Não se esqueça que o vírus B – ao contrário de outras etiologias de hepatopatia crônica – pode causar CHC ANTES DO SURGIMENTO DE CIRROSE (trata-se de vírus diretamente oncogênico). O fato é que todo nódulo hepático > 2 cm de diâmetro, que demonstra “wash out” do contraste na TC com estudo trifásico (hipercaptação na fase arterial, com rápida eliminação nas fases venosa e portal) deve ser considerado CHC até prova do contrário, em particular, quando a alfafetoproteína é > 200. O “wash out” do contraste quer dizer que o nódulo possui hipervascularização arterial, o que é absolutamente típico do CHC e fala contra outras causas de nódulo hepático. Como tratar o CHC? Na ausência de metástases a distância, existem duas abordagens básicas com potencial curativo:
(1) hepatectomia parcial;
(2) transplante hepático.
Sabemos que, sempre que possível, deve-se preferir a hepatectomia, pois o transplante hepático é um procedimento muito mais caro e complexo, que não só requer disponibilidade de doadores (o que pode não ocorrer), como também condena o paciente ao tratamento imunossupressor perpétuo (com toda a carga de morbimortalidade que deve ser esperada neste tratamento). Acontece que, antes de indicar uma ressecção hepática, temos que nos certificar de que o paciente será capaz de tolerar o procedimento, pois a remoção de uma parte do parênquima funcionante pode acarretar falência hepática aguda no pós-operatório imediato. O primeiro escore validado para estimativa do risco de falência hepática aguda pós-operatória em hepatopatas crônicos foi o sistema de Child-Pugh, cujo emprego (dado seu poder de prognosticação geral desses doentes) não apenas continua válido como acabou também sendo extrapolado para classificar a cirrose hepática de uma forma genérica, mesmo fora do contexto cirúrgico. O sistema de Child-Pugh estadia a doença hepática em três graus sucessivos (A, B e C), podendo-se subestadiar a gravidade dentro de cada grau através da atribuição de pontos (5-6 pontos = Child A; 7-9 pontos = Child B; 10-15 pontos = Child C). Por definição, considera-se que a hepatopatia entrou na fase “descompensada” a partir do momento em que o paciente atinge o “Child B”. Logo, para pacientes com Child > B7, a ressecção hepática está CONTRAINDICADA, pois se o paciente já possui uma função hepática basal “descompensada”, qualquer perda de parênquima agravará ainda mais a descompensação, uma vez que não há “reserva” (se houvesse, evidentemente, ele não estaria “descompensado”). Dito de outro modo, apenas no Child A é que podemos indicar hepatectomia! Para Child B ou C a única opção é o transplante. Mesmo sem calcular formalmente o Child neste caso, é fácil perceber que se trata de paciente Child A: como já frisamos, não há sinais de hipertensão porta ou falência hepatocelular (que representam a fase “descompensada” da doença). Todavia, não poderíamos indicar a ressecção hepática aqui, pois independentemente do Child, é preciso que a ressecção não seja muito extensa. A presença de mais de um nódulo de CHC em segmentos hepáticos distintos demanda a realização de hepatectomias abrangentes (já que temos que obedecer ao preceito oncológico de ressecção das lesões com margens de segurança), o que acarreta risco extremamente alto de falência hepática em qualquer pessoa. Assim, de maneira clássica, a presença de mais de um nódulo de CHC em segmentos hepáticos distintos contraindica a hepatectomia no hepatopata crônico. Muitos podem argumentar que nos dias de hoje, em casos altamente selecionados, já é possível uma abordagem pré-operatória de quimioembolização tumoral lançando mão do cateterismo seletivo de ramos da artéria hepática. Com essa estratégia, pode-se reduzir o tamanho das lesões individuais e ao mesmo tempo promover uma hipertrofia compensatória do parênquima normal adjacente, permitindo a ressecção combinada de pequenas porções de parênquima doente sem que o volume hepático remanescente seja incompatível com a vida. No entanto, a fim de realizar tal estratégia, devem ser empregadas complexas técnicas de imageamento volumétrico do fígado, as quais são capazes de predizer se a hepatectomia combinada será factível ou não. O fato é que, como dissemos, de forma clássica a presença de mais de um nódulo de CHC contraindica a hepatectomia e, de qualquer maneira, a questão não fornece subsídios objetivos para pensarmos na possibilidade de quimioembolização seletiva (ex.: não há dados de volumetria hepática). Para o nosso paciente, a única
esperança viável será o transplante hepático.
Enfim, vamos recordar quais são os critérios que autorizam a realização de transplante hepático no tratamento do CHC (os famosos critérios de Milão):
(1) presença de nódulo único < 5 cm;
(2) presença de até 3 nódulos, cada um < 3 cm;
(3) ausência de metástases a distância e invasão de estruturas vasculares.
Logo, a despeito da contraindicação à hepatectomia, essencialmente por causa do número de nódulos observados, não há qualquer impedimento ao transplante hepático aqui.
Resposta certa: B.

44
Q

78 – Marta, 70 anos, apresenta quadro de febre alta com calafrios e dor epigástrica há oito horas. É diabética. Encontra-se sonolenta, ictérica, hipotensa e com dor à palpação profunda do epigástrio e hipocôndrio direito. Os exames laboratoriais revelaram leucocitose e aumento da bilirrubina, transaminases e fosfatase alcalina. A ultrassonografia mostrou colelitíase, dilatação das vias biliares e imagem hiperecoica com sombra acústica posterior no colédoco distal. Não há serviço de endoscopia digestiva disponível. Dentre as opções abaixo, a melhor conduta terapêutica é:

a) Dieta oral zero e antibioticoterapia.
b) Anastomose coledocoduodenal laterolateral.
c) Colecistectomia videolaparoscópica de urgência.
d) Drenagem da via biliar principal com dreno em T.

A

D
Nossa paciente apresenta a famosa pêntade de Reynolds: repare como além da tríade de Charcot (dor em hipocôndrio direito, febre com calafrios e icterícia) – um conjunto de sinais e sintomas que permite o diagnóstico clínico de colangite aguda – ela também tem sinais de disfunção orgânica grave (hipotensão arterial e alterações do sensório). Logo, trata-se de um caso de colangite aguda supurativa, com “pus sob pressão dentro da árvore biliar”, o que é corroborado pelos achados da ultrassonografia de abdome (colelitíase + coledocolitíase obstrutiva) e dos exames laboratoriais (colestase). Na vigência de colangite aguda com uma via biliar obstruída, o aumento de pressão no interior do colédoco faz com que as bactérias e seus constituintes (como o lipopolissacarídeo – uma importante endotoxina indutora de sepse) consigam “refluir” para a circulação venosa sistêmica. Tal fenômeno acontece da seguinte forma: os enteropatógenos Gram-negativos e anaeróbios que infectam a bile ascendem até os pequenos ductos biliares do parênquima hepático e, movidos pelo gradiente de pressão hidrostática, atravessam a parede de hepatócitos (por fendas que se abrem entre as células) chegando à luz dos sinusoides hepáticos, de onde atingem a circulação sistêmica. Como tratar a colangite aguda supurativa? A medida emergencial mais importante – após, é claro, o início das manobras de estabilização clínica, como dieta zero, reposição volêmica vigorosa e antibioticoterapia empírica – consiste na DRENAGEM DA VIA BILIAR. Se há “pus sob pressão” no interior de uma via biliar obstruída, temos que de alguma forma aliviar rapidamente essa pressão e retirar a bile infectada. Assim, não poderíamos marcar as opções que não citam técnicas de drenagem, como as letras A e C. A técnica de escolha para a drenagem biliar emergencial, por ser “semi-invasiva” e ainda por cima resolver a coledocolitíase obstrutiva, é a esfincterotomia endoscópica, levada a cabo por meio de uma CPRE (Colangiopancreatografia Endoscópica Retrógrada). No entanto, o enunciado deixa claro que não será possível realizar este procedimento. A opção de segunda escolha seria então a drenagem externa por punção percutânea guiada por imagem, passando um cateter através da parede abdominal e do parênquima hepático, ficando esse cateter inserido na via biliar principal dilatada. Tal estratégia também consegue drenar a via biliar de maneira “semi-invasiva” (não cirúrgica), porém, é inferior à esfincterotomia endoscópica, por não permitir a resolução do problema básico (isto é, não se removem os cálculos impactados). Evidentemente, também não temos essa opção entre as alternativas de resposta. Por que marcar a letra D? Simples: a anastomose coledocoduodenal laterolateral foi basicamente abandonada, por estar sujeita a uma série de complicações e apresentar resultados inferiores à drenagem cirúrgica externa com um tubo em T (dreno de Kehr). Segundo o Sabiston (tratado de cirurgia), a drenagem cirúrgica com tubo em T seria a opção de escolha diante da impossibilidade de se fazer uma CPRE ou a drenagem por punção percutânea. Vale ressaltar que a drenagem com um tubo em T é um procedimento meramente “de alívio”, que não resolve a doença básica do paciente (não se faz colecistectomia nem exploração do colédoco para retirada dos cálculos). A cirurgia tem que ser rápida e objetiva porque o paciente está INSTÁVEL. Num segundo momento, resolvida a sepse grave, ele poderá ser submetido a uma abordagem cirúrgica mais complexa, visando a resolução definitiva.
Resposta certa: D.

45
Q

79 – Em relação aos tumores benignos do fígado, é CORRETO afirmar que:

a) A maioria dos hemangiomas apresentam sintomatologia dolorosa e associação com o uso de contraceptivos orais.
b) Os adenomas apresentam sintomatologia em até 75% dos casos no momento do diagnóstico.
c) Os maiores riscos dos hemangiomas são a ruptura e icterícia obstrutiva.
d) A hiperplasia nodular focal é mais comum em pacientes masculinos com associação ao uso de esteroides anabolizantes.

A

B
Vamos analisar as opções sobre os tumores benignos do fígado:
Opção A ERRADA. Em sua quase totalidade os hemangiomas são assintomáticos e são diagnosticados durante a realização de exames complementares para investigação de outra patologia.
Opção B CORRETA. Frase retirada do Sabiston! A maioria dos pacientes com adenoma tem sintomas no momento do diagnóstico.
Opção C ERRADA. Nos raros casos de hemangiomas sintomáticos, as manifestações são rotura ou trombocitopenia e coagulopatia de consumo (síndrome de Kasabach-Merritt).
Opção D ERRADA. A hiperplasia nodular focal é mais comum em mulheres.
Resposta: opção B.

46
Q

80 – A anatomia funcional hepática começou a ser descrita e aplicada cirurgicamente no final do século XIX. Com base na divisão de Couinaud, pode-se dizer que uma hepatectomia direita inclui a ressecção dos seguintes segmentos:

a) 5 e 8.
b) 2, 3, 4, 5 e 8.
c) 5, 6, 7 e 8.
d) 1, 2, 3 e 4.
e) 4, 5, 6, 7 e 8.

A

C
Observe na tabela a seguir as definições classicamente empregadas para nomenclatura das
hepatectomias.
Resposta certa: C.

47
Q

81 – Qual dos fatores abaixo NÃO é fator de risco para o carcinoma da vesícula biliar?

a) Cálculos biliares.
b) Cistos de colédoco.
c) Obesidade.
d) Infecção por Enterococcus sp.
e) Infecção por Salmonella Typhi.

A

D
Os principais fatores de risco para câncer de vesícula biliar são:
(1) colelitíase crônica, particularmente quando associada a cálculos grandes, com mais de 3 cm de diâmetro;
(2) fístulas colecistoentéricas;
(3) vesícula em porcelana;
(4) pólipos adenomatosos;
(5) colecistite xantogranulomatosa;
(6) retocolite ulcerativa;
(7) malformações do trato biliar, como cistos de colédoco e junção pancreaticobiliar anômala;
(8) obesidade e
(9) infecção por Salmonella typhi, um patógeno que pode persistir por anos na mucosa da vesícula biliar, promovendo inflamação crônica e evolução para displasia/ neoplasia.
Resposta certa: D.

48
Q

82 – Marque a alternativa CORRETA. A colangiorressonância é um exame muito utilizado para diagnóstico das patologias das vias biliares intra e extra-hepáticas. Este exame utiliza como contraste:

a) Bile.
b) Gadolínio.
c) Iodado intravenoso.
d) Verde de indocianina.

A

A
Ótima questão que nos faz parar para pensar nos fundamentos de um exame que vem crescendo bastante na avaliação das vias biliares nos últimos anos: a colangio-RM. Ela fornece excelente detalhamento anatômico, com sensibilidade e especificidade de 95 e 98%, respectivamente, para coledocolitíase. Além disso, evita a necessidade de CPRE em mais de 50% dos pacientes, sendo tradicionalmente utilizada como método complementar em pacientes com risco baixo a moderado de ter cálculos. A grande vantagem é ser um método não invasivo, não dependendo da injeção de contraste, sem radiação ionizante e pouco operador dependente. A técnica para a realização de colangio-RM é baseada em sequências pulsantes T2. Fluidos estacionários, como a bile e secreção pancreática, produzem sinal de alta intensidade à RM, enquanto estruturas sólidas geram o contrário. Assim, o contraste obtido com o sinal hiperintenso dos fluidos biliar e pancreático é grande, proporcionando imagens bem definidas da árvore biliar intra e extra-hepática, bem como do ducto pancreático comum.
Resposta: A.

49
Q

83 – Mulher, 67 anos de idade, queixa-se, há um ano, de cólicas no hipocôndrio direito, que pioram com alimentos gordurosos. Na última crise, há dois meses, foi ao pronto-socorro e os exames revelaram bilirrubina total = 4 mg/dl e bilirrubina direta de 3,5 mg/dl. Enzimas hepáticas discretamente elevadas. Após dois dias todos os exames se normalizaram. É diabética controlada com insulina NPH 20 UI de manhã e 10 UI à noite. Toma regularmente atenolol 50 mg uma vez ao dia e enalapril 10 mg uma vez ao dia, para manter a pressão arterial controlada. Peso = 85 kg; medida = 1,65 m de altura; com IMC = 31,2 kg/m². Realizou ultrassonografia que constatou a presença de litíase vesicular. Está internada para tratamento operatório (indicada colecistectomia videolaparoscópica). Durante a operação, qual exame complementar é obrigatório? Justifique sucintamente o motivo.

A

Se existe uma paciente com cálculo biliar sintomático, realizar a colecistectomia é óbvio e ninguém se opõe, não é? Mas por que explorar a via biliar nesse caso? Bom, na prática, sabemos que o paciente teve icterícia, o que é perfeitamente compatível com o diagnóstico de coledocolitíase!
Teremos a resposta apenas explorando o ducto biliar com a colangiografia (ou CPRE, ou cistografia).

50
Q

84 – Dos exames abaixo, qual apresenta maior capacidade de resolução no diagnóstico do pólipo assintomático de vesícula?

a) Cintilografia de vias biliares.
b) Colecistograma oral.
c) Ecografia abdominal total.
d) Raio X simples de abdome.
e) Colangiorressonância nuclear magnética.

A

C
Observem como são comuns as questões sobre avaliação das vias biliares com foco nas características das imagens ou de seus métodos. Nesse caso, temos que reconhecer que as lesões polipoides da vesícula biliar incluem lesões normalmente benignas, como pólipos de colesterol e adenomiomatose. No entanto, pode ser difícil diferenciar do adenocarcinoma da vesícula biliar. Em certos casos, sobretudo quando o paciente apresenta outros fatores de risco associados à malignidade (ex.: idade > 60 anos), apenas com a colecistectomia é possível sanar a dúvida. OK, mas com qual exame ficaremos na questão? Conceito básico: a ultrassonografia apresenta acurácia diagnóstica superior aos demais. A sensibilidade e a especificidade da USG na detecção de lesões polipoides de vesícula biliar estão em torno de 90%. A maioria dessas lesões são pólipos de colesterol, dos quais cerca de 90% têm menos de dez milímetros de diâmetro. A apresentação mais comum é de uma imagem pequena, arredondada, ecogênica e sem sombra acústica. Na questão, apenas para marcar: USG = ecografia. Para comparar, outra opção já bem documentada que seria a tomografia
computadorizada, apresenta sensibilidade aproximada de 70%.
Resposta: letra C.

51
Q

85 – Um paciente apresentando icterícia, febre, calafrios, hipotensão arterial e alterações sensoriais fazem sugerir o diagnóstico de:

a) Hepatite fulminante.
b) Colecistite enfisematosa.
c) Pancreatite aguda biliar.
d) Colangite supurativa aguda.
e) Colecistite aguda alitiásica.

A

D
Estamos diante da famosa pêntade de Reynold, característica dos quadros de colangite aguda COMPLICADA (supurativa). Ao contrário da conduta empregada nos casos não complicados, a drenagem da via biliar passa a ser uma prioridade no tratamento, ganhando status de procedimento de EMERGÊNCIA.
Gabarito: letra D.

52
Q

86 – Paciente com litíase biliar assintomática tem indicação absoluta de cirurgia na seguinte situação:

a) Diabético.
b) Mais de 2 cálculos.
c) Idade superior a 65 anos.
d) Vesícula em porcelana.
e) Nenhuma das acima.

A

D
As indicações clássicas são: Cálculos associados a pólipo > 1 cm; Vesícula escleroatrófica; Vesícula em porcelana; Cálculo > 3 cm; Portadores de doença hemolítica crônica; Episódio de coledocolitíase. Dentre as alternativas, a única que se apresenta como uma indicação absoluta devido ao risco de malignidade associado a esse achado é a VESÍCULA EM PORCELANA.
Gabarito: letra D.

53
Q

87 – Uma ocorrência de alto impacto em relação à morbidade de uma colecistectomia por vídeo é a lesão da via biliar principal. As situações mais comuns de ocorrência destas lesões são:

a) Colecistites agudas.
b) Vias biliares finas.
c) Cirurgiões de pouca experiência.
d) Tumores de via biliar.

A

B
O principal fator associado à lesão iatrogênica das vias biliares é a má identificação de marcos anatômicos durante a dissecção do triângulo de Calot em uma colecistectomia (seja ela videolaparoscópica ou laparotômica). A via biliar principal (colédoco) pode ser confundida com um vaso sanguíneo, o que motiva o cirurgião a realizar sua ligadura cirúrgica inadvertidamente (e o paciente desenvolve icterícia progressiva, colangite e/ou falência hepática no pós-operatório). Apesar de no passado se ter considerado que a inexperiência do cirurgião (realização de < 20 de colecistectomias) fosse o fator causal mais importante, estudos recentes indicam que a má identificação de marcos anatômicos responde por cerca de 97% dos casos de lesão iatrogênica da via biliar, ao passo que a inexperiência justifica somente cerca de 3%. Quando falamos em má identificação de marcos anatômicos devemos incluir a existência de variações anatômicas que podem não ser percebidas ou lembradas, como é o caso da presença de colédoco fino.
Logo, resposta certa: B.

54
Q

88 – Em paciente cirrótico com nódulo hipervascularizado medindo 4 cm, com trombose portal associada e alfafetoproteína com alteração significativa, o provável diagnóstico é:

a) Doença metastática de provável origem colorretal.
b) Hepatocarcinoma.
c) Colangiocarcinoma, pois a alfafetoproteína é marcador específico desse tipo de câncer.
d) Doença de Caroli.
e) Rabdomiossarcoma.

A

B
Vamos usar as alternativas para relembrar alguns conceitos:
A) O marcador para a neoplasia colorretal é o CEA e um nódulo HIPERvascularizado não é o padrão de suas metástases – INCORRETA.
B) É uma boa hipótese, pois seu aspecto na topografia com contraste é exatamente de um nódulo
hipervascularizado com elevação de AFP – CORRETA.
C) Os marcadores para colangiocarcinoma são CA-19.9 e CEA, ambos com sensibilidade e especificidades variáveis – INCORRETA.
D) A doença de Caroli é o tipo V da classificação de Todani para dilatação das vias biliares. Não tem qualquer relação com nódulo hepático ou elevação de AFP – INCORRETA.
E) Rabdomiossarcomas são neoplasias mais comuns na infância, com baixíssimo risco de metástase hepática. Mesmo que tivessem, não existe qualquer relação com alfafetoproteína – INCORRETA. Ficamos com o hepatocarcinoma.
Gabarito: letra B.

55
Q

89 – Paciente feminina, 34 anos, usuária há 14 anos de anticoncepcional oral, procura atendimento médico especializado devido achado ecográfico incidental de nódulo sólido em lobo direito do fígado, com 2,5 cm de diâmetro, hiperecogênico. Em investigação complementar revelou na tomografia computadorizada lesão com cicatriz central em segmento VIII hepático. Sobre a lesão em questão é possível AFIRMAR que:

a) Provavelmente se trata de um hemangioma hepático.
b) A biópsia hepática é mandatória.
c) A hepatectomia com margens está indicada.
d) A rotura e sangramento são raros neste tipo de lesão.
e) Trata-se de hepatocarcinoma fibrolamelar devido cicatriz central.

A

D
Estamos provavelmente diante de uma Hiperplasia Nodular Focal (HNF), que é o segundo tumor hepático benigno mais comum. Essa reação caracteriza-se por uma cicatriz fibrosa central com septos irradiados. Sua relação com anticoncepcionais é controversa, no entanto, alguns estudos defendem esta associação. O tratamento é conservador e são raras as complicações. O grande desafio neste tipo de questão é diferenciar qual o tipo de massa hepática, e uma dica é você guardar os padrões tomográficos. No caso da HNF, o padrão é uma lesão homogênea, com rápida captação de contraste, podendo ser visualizada cicatriz central hipodensa contendo uma artéria que dá origem a múltiplos ramos contrastados (aspecto em “roda de carruagem”).
Logo, gabarito: letra D.

56
Q

26 – Roberto, 60 anos, queixa-se de dor abdominal contínua, em hipocôndrio direito e epigástrio há 3 dias, refere ainda febre baixa aferida e vômitos. Refere início da dor após alimentação. Ao exame físico, apresenta-se ictérico +/4+; desidratado; afebril; abdome pouco distendido; flácido; doloroso à palpação em hipocôndrio direito com sinal de Murphy positivo. Hemograma com 11.000 leucócitos; 5% de bastões; 70% de segmentados. Qual o diagnóstico mais provável?

a) Úlcera gástrica.
b) Cólica biliar.
c) Colecistite aguda.
d) Pancreatite aguda.

A

C
Dor persistente (> 6h de duração) localizada em hipocôndrio direito, principalmente quando desencadeada após alimentação, e acompanhada de manifestações inflamatórias sistêmicas (ex.: febre) configura quadro altamente suspeito para colecistite aguda. Se ao exame físico encontrarmos o sinal de Murphy (interrupção brusca de uma inspiração profunda, por dor, quando o ponto cístico do abdome é comprimido pelo dedo polegar), um diagnóstico clínico desta entidade poderá ser estabelecido. Em uma cólica biliar a dor não dura tanto tempo. Em uma úlcera gástrica a dor é epigástrica, e na pancreatite aguda há náuseas e vômitos importantes, além da dor ser “em barra” no epigástrio e não haver sinal de Murphy positivo (lembre-se de que o pâncreas é retroperitonial, ou seja, não se espera sinais de irritação do peritônio em uma pancreatite).
Resposta certa: C.

57
Q

38 – Homem, 25 anos, informa diagnóstico de retocolite ulcerativa em cólon e reto há 10 anos. Apresenta dor articular desde o diagnóstico, com piora importante nos últimos 2 anos. Refere prurido e dor abdominal vaga há 18 meses, evoluindo com icterícia há 3 meses. Está em uso de antifator de necrose tumoral alfa e azatioprina, sem clínica. APÓS A RETOCOLECTOMIA TOTAL ESPERA-SE:

a) Manutenção da artralgia.
b) Diminuição do risco de neoplasia de vias biliares.
c) Evolução da colangite esclerosante e cirrose.
d) Melhora do prurido.

A

C
Dor abdominal vaga, prurido e icterícia progressiva são achados que num portador de doença inflamatória intestinal de longa data, particularmente a retocolite ulcerativa, sugerem MUITO o diagnóstico de uma clássica complicação extraintestinal dessa doença: a colangite esclerosante (agressão autoimune aos ductos biliares extra-hepáticos, levando à colestase progressiva e podendo evoluir para cirrose hepática “biliar”). Sabemos que, a despeito da associação entre RCU e colangite esclerosante, não existe associação entre a ATIVIDADE da RCU e a atividade da colangite esclerosante. Uma vez instalada, esta última tende a ser uma doença crônica e progressiva e mesmo que o paciente seja CURADO da RCU com a realização de proctocolectomia total (procedimento que, como sabemos, resolve em definitivo a RCU, uma doença restrita ao colorreto), pode-se esperar um pior prognóstico devido à continuidade da colangite esclerosante.
Resposta certa: C.

58
Q

21 – Uma mulher com 40 anos de idade comparece ao ambulatório de cirurgia geral de um hospital de atenção secundária, com história de dor em hipocôndrio direito irradiada para hemidorso ipsilateral, de início súbito, forte intensidade e caráter intermitente, predominantemente pós-ingesta lipídica, com períodos de acalmia, associada a náuseas e vômitos. Refere inúmeras crises de dor nos últimos 3 anos, com algumas internações para medicação intravenosa. Relata ainda que, na última crise, há 3 meses, recorda-se de “ter ficado com os olhos amarelados e a urina escura’’. A paciente traz o ultrassom realizado durante a última internação, com laudo descritivo de “vesícula biliar de paredes espessadas, contendo cálculos e hepatocolédoco dilatado de 1,3 cm com sombras acústicas posteriores em seu interior”. Diante do quadro clínico apresentado, qual a conduta adequada ao caso?

a) Realizar colecistectomia por laparotomia eletiva, com papilotomia endoscópica.
b) Realizar colecistectomia videolaparoscópica e exploração radiológica intraoperatória de vias biliares.
c) Realizar colangiopancreatografia endoscópica retrógrada com posterior realização de colecistectomia videolaparoscópica eletiva.
d) Realizar colangiopancreatografia endoscópica retrógrada com colecistectomia por laparotomia associada a coledocoduodenoanastomose eletiva.

A

C
Estamos diante de uma paciente que nos relata uma sintomatologia compatível com dor biliar, sendo que na última crise a mesma apresentou icterícia e colúria, o que nos sugere a presença de coledocolitíase levando a síndrome colestática. A US das vias biliares, além de colelitíase e sinais de colecistite crônica (espessamento das paredes), mostra um colédoco dilatado (> 0,6 cm) o que é sinal indireto de coledocolitíase. Neste contexto, é mandatório realizarmos uma CPRE para retirada do cálculo (ou cálculos) de dentro da via biliar e posteriormente programarmos uma colecistectomia
laparoscópica.
Alternativa C correta.

59
Q

32 – Cistos de colédoco são lesões raras, que podem ser classificadas em diferentes subtipos. Sobre esses cistos, assinale a alternativa CORRETA:

a) O colangiocarcinoma está presente ao diagnóstico em 70% dos casos.
b) O tratamento do cisto tipo III é a papilotomia endoscópica.
c) O tratamento do cisto tipo II é a drenagem percutânea da via biliar.
d) O tratamento do cisto tipo I é a hepatectomia.
e) O cisto IVb corresponde à doença de Caroli.

A

B
Os cistos de colédoco são classificados de acordo com Todani. Analisando as alternativas:
a) Incorreta. Os cistos de colédoco, com exceção do tipo III, representam um fator de risco claramente conhecido para o colangiocarcinoma.
b) Correta. O tipo III representa uma dilatação intrapapilar, a qual não possui potencial maligno como as demais. Por isso, é a única que possui tratamento exclusivamente endoscópico, com papilotomia para maximizar a drenagem.
c) Incorreta. O tipo II representa uma lesão diverticular do colédoco e deve ser tratada com ressecção cirúrgica e derivação biliodigestiva.
d) Incorreta. O tipo I representa uma dilatação fusiforme do colédoco e deve ser tratada com ressecção cirúrgica da via biliar extra-hepática e reconstrução em y de Roux.
e) Incorreta. A doença de Caroli corresponde ao cisto dotipo V.
Gabarito correto: opção B.

60
Q

1 – Mulher, 26 anos de idade, sem comorbidades, na 21a semana de gestação, admitida em unidade de pronto atendimento, com episódio de dor forte e contínua no epigástrio e hipocôndrio direito, após ingesta de massas, há 10 horas, associada a náuseas e vômitos. Refere dois episódios semelhantes com duração mais curta que cederam após vômitos e medicação sintomática, no último bimestre. O exame ultrassonográfico está abaixo.

A conduta mais indicada é:

a) Antibioticoprofilaxia, colecistectomia videolaparoscópica, em hospital de média complexidade, de imediato.
b) Antiespasmódico, antibioticoterapia e colecistectomia em hospital de média complexidade, após resolução de gravidez.
c) Antibioticoterapia e colecistectomia videolaparoscópica, em hospital de elevada complexidade, de imediato.
d) Antiespasmódico, antibioticoterapia e colecistectomia, em hospital de elevada complexidade, após resolução da gravidez.

A

A
Um quadro de colecistite aguda em uma gestante é sempre um desafio, pois a indicação e, principalmente, o momento de se indicar a colecistectomia devem ser criteriosamente avaliados. A paciente em questão apresenta quadro clínico compatível com colecistite aguda, tendo já dois episódios de dor biliar anteriores. A ultrassonografia confirma o diagnóstico de colecistite litiásica, pois mostra vesícula de paredes espessadas com vários cálculos em seu interior. Por tais motivos, a colecistectomia está indicada! O melhor momento para a cirurgia laparoscópica é o segundo trimestre, o período crítico de abortamento (primeiro trimestre) já passou, a organogênese já está completa e o útero ainda não está tão grande que possa atrapalhar o acesso dos trocateres e a exposição da vesícula, como no terceiro trimestre. O uso de antibióticos nestes casos deve ter finalidade TERAPÊUTICA, pois mesmo que na maioria dos casos os pacientes tenham apenas colecistite inflamatória e não apresentem leucocitose, a cultura da bile é positiva em mais da metade das vezes. A cobertura deve ser para germes Gram-negativos e anaeróbios, principalmente, conforme recomendado pelos principais tratados de cirurgia (Sabiston e Schwartz). Quanto ao melhor local para se realizar a cirurgia, o desejável é que seja em hospital de grande porte, dotado de UTI neonatal visto que tanto o procedimento cirúrgico quanto o anestésico podem induzir um trabalho de parto prematuro. Logo, no entender da equipe MEDGRUPO, o gabarito mais correto seria letra C.
Gabarito da banca: A.

61
Q

31 – O desenvolvimento de um abscesso hepático ocorre quando o inóculo de bactéria excede a capacidade do fígado de eliminá-la. Sobre esta patologia, marque a alternativa ERRADA:

a) A maioria dos abscessos hepáticos está do lado direito e únicos.
b) As infecções da árvore biliar são as causas mais comuns de abscesso hepático.
c) Febre, icterícia e dor abdominal são os sintomas mais comuns, presentes na maiorias dos pacientes.
d) Os principais diagnósticos diferenciais são com abscessos amebianos e com cistos equinocócicos.
e) O abscesso amebiano promove uma necrose de liquefação, progredindo até a cápsula, que é resistente, sendo a cavidade entrelaçada pelas tríades portais e protegida por esta bainha peritoneal.

A

C
Vamos analisar as alternativas:
a) A maioria dos abscessos hepáticos piogênicos é única e se localiza no lobo direito, provavelmente pelo fato deste lobo ser mais extenso e apresentar um suprimento sanguíneo maior do que o lobo esquerdo (CORRETA).
b) Doenças da árvore biliar são responsáveis por 40-60% dos abscessos hepáticos piogênicos (CORRETA).
c) O quadro clínico típico se caracteriza pela presença de febre (observada em cerca de 90% dos pacientes) e dor abdominal (50-75% dos casos). Icterícia é vista em menos da metade dos pacientes (INCORRETA).
d) Equinococose e abscesso amebiano são os dois principais diagnósticos diferenciais (CORRETA). e) Correta e conceitual.
Resposta: letra C.

62
Q

27 – A doença de Caroli consiste numa doença hepática rara que se caracteriza por:

a) Doença cística associada frequentemente à fibrose hepática.
b) Cirrose hepática fulminante.
c) Hepatites autoimunes de repetição, principalmente em crianças.
d) Icterícia idiopática juvenil.

A

A
A doença de Caroli é uma desordem congênita caracterizada pela formação de múltiplos cistos biliares intra-hepáticos. Na classificação de Todani para os cistos biliares, ela corresponde ao tipo V. A doença pode estar associada à fibrose hepática congênita, quando então é denominada de “síndrome de Caroli”. Clinicamente manifesta-se com dor no quadrante superior direito recorrente, por vezes com icterícia flutuante e surtos de colangite bacteriana aguda. Além disso, são comuns as complicações decorrentes da hipertensão portal, como ascite e hemorragia por varizes esofagianas. Outra complicação temida é o colangiocarcinoma, que pode chegar a 30% em indivíduos com mais de 20 anos de idade. A incidência do carcinoma de vesícula biliar também está aumentada. A hepatolitíase pode complicar a doença, predispondo a ocorrência de colangite bacteriana aguda de repetição. O tratamento envolve lobectomia, se apenas um lobo hepático estiver acometido. Se acometer ambos os lobos, não há como curar a doença e o tratamento deve ser de suporte, com colangiografias percutâneas repetidas para extração dos cálculos intra-hepáticos, juntamente à antibioticoterapia para tratar a colangite bacteriana associada. Em casos graves refratários, o transplante hepático deve ser aconselhado.
Resposta correta: A.

63
Q

7 – Em uma unidade de terapia intensiva, o residente interna um paciente obeso e diabético de 60 anos devido à insuficiência respiratória. Não houve um relato completo da história da doença atual e de seus antecedentes patológicos, verificando-se, apenas, febre e dor abdominal em hipocôndrio direito iniciados há 2 dias, agravando-se na últimas horas. O paciente encontra-se dispneico (FR de 28 irpm), desorientado no tempo e no espaço, hipotenso (pressão arterial: 90 x 50 mmHg), taquicárdico (FC: 127 bpm) e febril (temperatura axilar: 38°C). Ao exame do abdome encontra-se dor a palpação em ponto cístico, interrompendo abruptamente a respiração. Exames de sangue pertinentes: leucócitos = 14 mil/mm³ com desvio à esquerda; ureia de 90 mg/dl; creatinina = 1,8 mg/dl; hemoglobina = 11 g/dl; hematócrito = 33%; bilirrubina total= 5,6 mg/dl; bilirrubina direta = 3,8 mg/dl. O residente levantou as hipóteses diagnósticas e solicitou o exame ultrassonográfico do abdome: vesícula aumentada com paredes espessadas e cálculo em seu interior. Há líquido e plastrão pericolecistocólico descrito pelo radiologista. Sobre o diagnóstico aventado, é CORRETO afirmar que:

a) Sinais de descompressão dolorosa e rigidez abdominal são comuns no caso descrito, mesmo na ausência de perfuração.
b) A tríade clínica de dor em hipocôndrio direito, febre e ultrassonografia com cálculo sela o diagnóstico de colecistite aguda.
c) Sinal de Murphy é comum nestes casos e se caracteriza pela dor e pela parada da inspiração profunda durante a palpação profunda do rebordo costal direito.
d) Síndrome de Mirizzi é uma complicação rara em que o ducto cístico ou o infundíbulo da vesícula comprimem o duodeno, levando a icterícia.
e) A elevação discreta de bilirrubina total (até 5 mg/dl) é comum e necessária ao diagnóstico de colecistite, caracterizando a tríade de Charcot (dor em hipocôndrio direito, febre com calafrios e icterícia).

A

C
Vamos analisar as alternativas:
A) A presença de irritação peritoneal franca (rigidez abdominal e descompressão dolorosa) só é vista nos casos de perfuração de víscera oca em que o paciente acaba evoluindo com peritonite generalizada - INCORRETA.
B) Para selarmos o diagnóstico de colecistite aguda do ponto de vista ultrassonográfico, temos que observar a presença de espessamento da parede da vesícula biliar e líquido pericolecístico - INCORRETA.
C) Correta e conceitual.
D) A síndrome de Mirizzi ocorre quando um cálculo impactado no ducto cístico ou no infundíbulo da vesícula biliar causa compressão extrínseca do colédoco - INCORRETA.
E) A tríade de Charcot caracteriza clinicamente a COLANGITE AGUDA, e não a colecistite aguda - INCORRETA.
Resposta certa: C.

64
Q

4 – Mulher, 36 anos, sem relato de uso contraceptivo oral, exibe lesão hepática no segmento IV de 3,0 cm à Tomografia Computadorizada (TC) realizada para investigação de dor abdominal. A lesão apresenta bordas regulares e cicatriz fibrosa central com tecido hepático aparentemente normal ao redor. A hipótese diagnóstica mais provável é:

a) Hiperplasia nodular focal.
b) Adenoma hepático.
c) Hiperplasia nodular regenerativa.
d) Hemangioma hepático.

A

A
O dado que direciona nosso raciocínio diagnóstico neste caso é o seguinte: presença de cicatriz fibrosa no centro do nódulo, com tecido adjacente de aspecto normal. Esta é a descrição clássica da Hiperplasia Nodular Focal (HNF), uma lesão hepática benigna que com apenas três centímetros de diâmetro não justificaria a queixa de dor abdominal (de fato, na imensa maioria das vezes, a HNF não produz sintomas, sendo um achado fortuito em exames de imagem realizados por outros motivos). A principal teoria etiopatogênica é a de que esses pacientes possuem, de forma congênita, uma artéria anômala e calibrosa em algum ponto do parênquima hepático. Tal artéria sofre degeneração e fibrose, gerando a clássica cicatriz “estrelada”, o que é seguido pela formação de uma lesão nodular de permeio. A conduta, perante uma lesão pequena que não está produzindo sintomas, consiste na mera observação do quadro, buscando, é claro, outra
explicação para as queixas apresentadas.
Resposta certa: A.

65
Q

9 – Na cirurgia de vesícula biliar, é importante identificar as seguintes estruturas:

a) Artéria cística, ducto cístico e veia cística.
b) Artéria cística, ducto cístico.
c) Artéria hepática comum, artéria cística e ducto cístico.
d) Artéria hepática direita, artéria cística e ducto cístico.
e) Artéria hepática própria, artéria cística e ducto cístico.

A

B
Uma manobra imprescindível para o sucesso e a segurança da cirurgia de colecistectomia (principalmente em se tratando da via videolaparoscópica) é dissecção do trígono hepatocístico, classicamente conhecido como triângulo de Calot. Vamos relembrar seus marcos de referência anatômica: borda inferior do lobo hepático direito, ducto hepático comum e ducto cístico. A grande importância do trígono hepatocístico é que a ARTÉRIA CÍSTICA passa em seu interior. A correta identificação dessas estruturas dá tranquilidade ao cirurgião na hora de “ligar o que de fato precisa ser ligado”, isto é, a artéria cística e o ducto cístico, preservando-se a integridade do ducto hepático comum. Lembre-se de que a principal lesão iatrogênica após uma colecistectomia (principalmente em se tratando da via videolaparoscópica) é a ligadura inadvertida da via biliar principal, que causa colestase grave e progressiva no pós-operatório, evoluindo para cirrose biliar secundária (num período tão curto quanto 30 dias), colangites agudas e morte.
Logo, melhor resposta: B.

66
Q

17 – Qual é a complicação mais frequente da colecistite aguda calculosa?

a) Perfuração da vesícula biliar.
b) Gangrena da vesícula biliar.
c) Empiema da vesícula biliar.
d) Fístula para o duodeno.
e) Fístula para o estômago.

A

B
Questão de estatística. Todas as condições citadas são complicações possíveis numa colecistite aguda. Todas, inclusive, são raras, exceto as letras A e B. Qual marcar então? Veja: cerca de 20% das colecistites agudas complicam com gangrena da vesícula biliar, quer dizer, evolução para a necrose em algum ponto da parede da vesícula, geralmente o fundo, que é a região fisiologicamente menos perfundida. A gangrena da vesícula PODE OU NÃO evoluir para complicações subsequentes, como perfuração, fistulização e empiema. A perfuração da vesícula (principal complicação da gangrena da vesícula), só é observada em cerca de 2% dos casos, ou seja, sua frequência é 10x menor que a da gangrena. Questão de pegadinha, que deixou muita gente confusa na hora da prova!
Resposta certa: B.

67
Q

18 – Em 9 de novembro de 2015 a ANVISA determinou a interdição cautelar de dois lotes de amendoim, de diferentes fabricantes brasileiros, por apresentarem teores de aflatoxinas acima do limite permitido pela legislação sanitária. A medida consta da Resolução 3.035/2015, publicada em 06/11/15 no Diário Oficial da União (DOU). Sobre as aflatoxinas é CORRETO afirmar que:

a) As aflatoxinas são produzidas e liberadas por enterobactérias e apresentam elevado risco na contaminação de alimentos.
b) A preocupação primária com a exposição humana a aflatoxinas é o desenvolvimento de câncer de fígado.
c) As aflatoxinas são produzidas pelo fungo Penicillium chrysogenum.
d) As alternativas a, b e c estão corretas.
e) As alternativas a, b e c estão incorretas.

A

B
As aflatoxinas são micotoxinas produzidas por algumas cepas de fungos do gênero Aspergillus, principalmente A. flavus e A. parasiticus, os quais se desenvolvem naturalmente em produtos alimentícios, como amendoim, milho, feijão, arroz e trigo, entre outros (letras A e C incorretas). Existem 17 compostos similares designados pelo termo aflatoxina, porém, os principais tipos de interesse médico-sanitário são identificados como B1, B2, G1 e G2. Estes compostos se caracterizam por elevada toxicidade, incluindo efeitos agudos, mutagênicos, carcinogênicos e teratogênicos, sendo o fígado o principal órgão atingido. Assim, a aflatoxina é considerada o principal fator ambiental associado ao carcinoma hepatocelular!
Resposta certa: B.

68
Q

24 – Rodrigo, 12 anos, com história de um episódio de icterícia há 6 meses, apresenta dor abdominal. Há aumento sérico de fosfatase alcalina e de gama GT. Demais provas de função hepática normais. A ultrassonografia abdominal mostra massa cística no hilo hepático. Esse quadro sugere:

a) Cisto de colédoco.
b) Doença de Alagille.
c) Pseudocisto de pâncreas.
d) Deficiência de alfa-1-antitripsina.

A

D
A tríade icterícia, dor abdominal e massa em hipocôndrio direito (particularmente quando essa massa tem natureza cística) representa o quadro clássico do cisto de colédoco, uma condição congênita que tipicamente é detectada na vida adulta. Cumpre ressaltar que, na prática, o paciente pode apresentar apenas 1 ou 2 das manifestações da tríade. Seja como for, a melhor opção de resposta aqui seguramente não é “deficiência de alfa-1 antitripsina”, que foi o gabarito oficial da banca! Nesta condição existe comprometimento multissistêmico, geralmente com predominância de lesões no pulmão (ex.: DPOC antes dos 40 anos, em paciente não fumante, de tipo pan-acinar). Para pensarmos em pseudocisto de pâncreas, a lesão cística teria que ser localizada no retroperitônio (topografia anatômica do pâncreas), além de ser necessário história de pancreatite ou trauma abdominal fechado. A doença de Alagille é caracterizada por uma importante rarefação dos ductos biliares intra-hepáticos, presente desde o nascimento (colestase crônica progressiva).
Logo, o correto, por parte da banca, seria trocar o gabarito de D para A.

69
Q

34 – Dentre as lesões abaixo, a que demonstra maior risco de apresentar sangramento espontâneo é:

a) Hemangioma.
b) Carcinoma.
c) Adenoma.
d) Esclerose nodular focal.
e) Colangiocarcinoma intra-hepático.

A

C
Além do risco de malignidade, os adenomas hepáticos são motivos de preocupação pela possibilidade de romperem subitamente, levando a um quadro de hemoperitônio, associado a uma mortalidade superior a 20% caso não seja identificado e maneira apropriada.
Alternativa C correta.

70
Q

39 – Paciente de 55 anos com quadro de dor no hipocôndrio direito e dorso, com náuseas e vômitos há um dia, foi internado com os seguintes exames: hemograma normal; TGO: 250; TGP: 180; bilirrubinas totais: 2,3; BI: 0,3; amilase: 110; USG: múltiplos cálculos de vesícula biliar de até 0,5 cm. A hipótese diagnóstica e o exame confirmatório são, respectivamente:

a) Colangite e CPRE.
b) Colecistite e TC de abdome.
c) Hepatite e sorologias.
d) Pancreatite e RM de abdome.
e) Coledocolitíase e RM de abdome.

A

E
Colangite aguda apresenta-se classicamente com a tríade de Charcot (icterícia, febre e dor abdominal). Portanto, não parece ser o caso aqui (A errada). Colecistite também não parece ser, já que falta uma história de doença calculosa biliar crônica e, PRINCIPALMENTE, porque esta condição isoladamente não causa icterícia (B errada). Hepatites virais (dizemos viral porque são elas principalmente diagnosticadas com sorologia) cursam com transaminases muito acima dos valores dados na questão (C errada). Pancreatite aguda vem, NA MAIORIA DOS CASOS, com amilase acima de 3x o limite superior da normalidade (D errada). Resta-nos a hipótese de coledocolitíase, que é marcada por uma obstrução de parcial a total do colédoco, manifestando-se com icterícia FLUTUANTE (a qual realmente pode estar ausente
no momento do diagnóstico) e alteração discreta das transaminases (apenas “toca” tais enzimas). Um dos
exames de imagem que sela o diagnóstico é a colangiorressonância, mas poderíamos lançar mão também de uma colangiopancreatografia retrógrada endoscópica.
Resposta certa: E.

71
Q

40 – Uma paciente de 34 anos dá entrada no setor de emergência, queixando-se de dor em hipocôndrio e ombro direito associada à febre baixa e vômitos. Refere início do quadro há cerca de 24 horas. Foi solicitada ultrassonografia das vias biliares que foi sugestiva de colecistite aguda por apresentar o seguinte achado:

a) Cálculo com sombra acústica.
b) Calcificação parietal.
c) Halo hipoecoico.
d) Lama biliar.

A

C
A paciente tem clínica altamente sugestiva de doença calculosa biliar, com uma dor que já dura mais que 6 horas. Qual a principal hipótese diagnóstica? Colecistite aguda.
A simples presença de cálculo no interior da vesícula NÃO confirma a hipótese de inflamação aguda da vesícula (A errada).
Calcificação parietal, configurando a famosa “vesícula em porcelana”, não é achado compatível com nossa hipótese (B errada).
O mesmo é verdade para a lama biliar, que não necessariamente evolui com colecistite (D errada).
Quando há inflamação vesicular, acumula-se líquido ao redor da vesícula, o que é visto na ultrassonografia como um halo hipoecoico em torno do referido órgão.
Resposta certa: C.

72
Q

5 – Uma paciente de 32 anos, em investigação diagnóstica de tumoração hepática de 6,0 cm em segmento VI do fígado, apresenta quadro súbito de hemoperitônio espontâneo. Após melhora das suas condições circulatórias, ela é levada ao centro cirúrgico em caráter emergencial. O cirurgião que a atende deve ter como hipótese mais provável uma complicação da seguinte patologia hepática:

a) Hamartoma biliar.
b) Adenoma hepático.
c) Carcinoma fibrolamelar.
d) Hemangioma cavernoso.

A

B
Tumor hepático único e grande que se rompe espontaneamente em uma mulher jovem. Esta é simplesmente a história clássica do adenoma hepatocelular (ou “adenoma hepático”), um raro tumor benigno primário do fígado fortemente associado à exposição aos estrogênios (ex.: uso de ACO, gravidez, menacme).
Resposta certa: B.

73
Q

6 – O procedimento de Whipple pode ser utilizado para tratamento de:

a) Colangiocarcinoma distal.
b) Pancreatite crônica corpo-caudal com dilatação do Wirsung.
c) Neoplasia de corpo e/ou fundo gástrico.
d) Megaesôfago graus III e IV.
e) Obstrução colônica em “alça fechada”.

A

A
A cirurgia de Whipple (duodenopancreatectomia) é um procedimento cirúrgico extenso que consiste na ressecção da cabeça do pâncreas, duodeno, primeiros 15 cm do jejuno, ducto biliar comum e vesícula biliar. Na técnica tradicional ainda se fazia uma gastrectomia parcial mas, atualmente, visando minimizar a morbidade associada à cirurgia, sempre que possível preserva-se o estômago. A duodenopancreatectomia é a cirurgia de primeira linha para o tratamento das neoplasias do processo uncinado e da cabeça do pâncreas; no entanto, o colangiocarcinoma distal também possui na cirurgia de Whipple o seu tratamento cirúrgico de escolha.
Alternativa A correta.

74
Q

16 – Considerando uma paciente jovem e assintomática, em qual das situações abaixo há indicação absoluta para colecistectomia?

a) Vesícula em porcelana.
b) Cálculo único, de 4 cm, na vesícula.
c) Cálculos múltiplos na vesícula.
d) Pólipo de 0,7 cm na vesícula.
e) Colelitíase, sendo que a paciente planeja engravidar.

A
A
A colecistectomia (de preferência pela via videolaparoscópica, que propicia melhor recuperação pós-operatória) está indicada eletivamente nos pacientes com colelitíase sintomática, e de urgência, em até 72h, na vigência de colecistite aguda. Portadores de coledocolitíase também têm indicação de colecistectomia após resolução da coledocolitíase (quer dizer, esta última - que sempre deve ser tratada, mesmo quando assintomática - é resolvida num primeiro momento com CPRE + papilotomia endoscópica, realizando-se, dias após, uma colecistectomia eletiva). A colelitíase assintomática a princípio NÃO indica cirurgia, exceto se associada a fatores de risco para neoplasia de vesícula biliar:
- Pólipos: operar se sintomáticos, associados com litíase biliar, tamanho acima de 10 mm ou com aumento documentado, presença de colangite esclerosante;
- Vesícula em porcelana. Portanto, a resposta correta é a alternativa A: vesícula em porcelana, mesmo assintomática, indica a colecistectomia.
75
Q

20 – Qual a denominação clínica para paciente com quadro de colangite e que evolui com quadro de febre, icterícia, dor no quadrante superior direito, choque séptico e alteração do estado de consciência?

a) Pêntade de Reynold.
b) Charcot.
c) Empiema.
d) Chvostek.

A

A
Os achados de febre alta com calafrios, icterícia, dor abdominal no quadrante superior do abdome, confusão mental e hipotensão arterial (caracterizando um choque séptico) configuram a famosa pêntade de Reynolds, que sugere a existência de colangite bacteriana aguda supurativa/séptica (pus “sob pressão” na via biliar). Por ser uma doença grave, em que geralmente há obstrução importante da via biliar, está indicada a desobstrução de urgência, além do suporte clínico e antibioticoterapia adequados. Os três primeiros achados da pêntade - febre, icterícia e dor abdominal no quadrante superior direito - compõem a tríade de Charcot, presente na forma menos grave de colangite bacteriana (não supurativa).
Resposta: A.

76
Q

23 – São fatores de risco para cálculos de colesterol na vesícula biliar, EXCETO:

a) Multiparidade.
b) Obesidade.
c) Perda rápida de peso.
d) Nutrição parenteral total.
e) Anemia falciforme.

A

E
Todas as alternativas são fatores de risco para colelitíase, mas a alternativa E (anemia falciforme) produz cálculos pigmentados pretos, compostos por bilirrubinato de cálcio, assim como qualquer tipo de doença hemolítica, e não cálculos de colesterol, como pede o enunciado da questão.
Gabarito: E.

77
Q

3 – Paciente de 65 anos com quadro de dor em hipocôndrio direito e dorso, com náuseas e vômitos há um dia, foi internado com os seguintes exames: hemograma normal; TGO: 250; TGP: 180; BT: 2,3; BI: 0,3; amilase: 150; USG: múltiplos cálculos na vesícula biliar de até 0,5 cm. A hipótese diagnóstica e a alteração laboratorial adicional seriam:

a) Hepatite e aumento de HBsAg.
b) Coledocolitíase e aumento de fosfatase alcalina.
c) Colangite e aumento de PCR.
d) Colecistite e desvio à esquerda.
e) Tumor de pâncreas e elevação de CA-19.9.

A

B
Vamos fazer esta questão por “exclusão”. Para pensar em uma hepatite viral aguda, deveríamos encontrar aminotransferases muito mais elevadas, acima de 10x o LSN (> 1.000 U/l). Para cogitar colangite como hipótese diagnóstica, o paciente deveria se apresentar com história de febre (lembrem-se da tríade de Charcot: dor + icterícia + febre com calafrios). Por mais que o tumor de pâncreas curse com dor abdominal em andar superior e náuseas/vômitos, esta apresentação não é aguda. No caso da colecistite, além de a mesma geralmente não cursar com hiperbilirrubinemia direta (exceção feita à síndrome de Mirizzi, que é rara), a USG não mostrou espessamento na parede da vesícula biliar,
nem líquido próximo à vesícula (pericolecístico), o que basicamente afasta tal hipótese. Por fim, diante de um paciente com cálculos biliares de pequenas dimensões (< 1 cm), que se apresenta com dor em hipocôndrio direito (irradiada para o dorso), vômitos e elevação de bilirrubina direta, provavelmente houve a migração de um ou mais cálculos para dentro da via biliar principal, causando coledocolitíase. Como isto gera obstrução na via biliar, e consequente estase biliar, além da hiperbilirrubinemia direta esperamos encontrar aumento das enzimas canaliculares (fosfatase alcalina e gama GT).
Alternativa B correta.

78
Q

11 – Em relação ao câncer de vesícula biliar, assinale a alternativa INCORRETA:

a) O câncer de vesícula biliar é a quinta malignidade gastrointestinal mais comum.
b) O câncer de vesícula biliar ocorre duas a três vezes mais em homens do que em mulheres.
c) Mais de 75% dos pacientes com este tipo de câncer tem mais de 65 anos de idade.
d) A colelitíase é um fator comum para o desenvolvimento deste tipo de câncer.

A

B
Vamos analisar as alternativas:
a) Apesar de alguns países da América do Sul (Equador, Bolívia e, principalmente, Chile) possuírem elevada incidência de câncer de vesícula biliar, no Brasil esta neoplasia não é tão frequente, respondendo apenas pelo quinto lugar na lista de tumores do trato gastrointestinal (CORRETA).
b) Mulheres são afetadas 2-6x mais que homens (INCORRETA).
c) A incidência aumenta com a idade, sendo que a maioria dos pacientes diagnosticados possui mais de 65 anos (CORRETA).
d) Cálculos na vesícula biliar estão presentes em 70-90% dos pacientes com câncer de vesícula biliar (CORRETA).
Resposta: letra B.

79
Q

14 – Paciente feminina, de 62 anos, realizou ultrassonografia abdominal que mostrou lesão polipoide na vesícula biliar. Todas as condutas abaixo estão corretas, EXCETO:

a) Observação com ultrassonografia abdominal periódica se a lesão medir de 5-9 mm.
b) Realização de ressonância magnética para diferenciar adenomiomatose de colesterolose.
c) Realização de tomografia computadorizada abdominal se o pólipo for > 2 cm.
d) Colecistectomia videolaparoscópica, independentemente do tamanho do pólipo, se associado a litíase vesicular.
e) Colecistectomia videolaparoscópica se o pólipo medir 15 mm.

A

B
O achado de uma lesão polipoide na vesícula biliar durante exame ultrassonográfico de rotina é algo relativamente comum. Na maioria das vezes, trata-se de lesões benignas, que podem ser acompanhadas por ultrassonografias seriadas (ex.: lesões < 1 cm). Em outros casos, porém, a colecistectomia é indicada, devido à chance aumentada de malignidade (carcinoma de vesícula). As indicações de colecistectomia neste contexto são (basta ter uma):
1) Pólipo > 1 cm ou crescimento documentado;
2) Presença de colelitíase;
3) Idade > 60 anos;
4) Presença de sintomas;
5) Colangite esclerosante.
A colesterolose costuma apresentar múltiplas lesões < 1 cm, enquanto a adenomiose apresenta pólipos > 1 cm no fundo da vesícula, de aspecto microcístico. O melhor exame de imagem para esta avaliação ainda é a ultrassonografia. Não raro, vale dizer, o diagnóstico acaba sendo confirmado pela análise histopatológica, pois muitos pacientes se qualificam para a realização de colecistectomia.
Resposta: B.

80
Q

25 – Paciente obesa, 40 anos de idade, multípara com história de dor em epigástrio com irradiação para o hipocôndrio direito há 2 anos, associada a náuseas, vômitos e episódios isolados de febre. Realizou ultrassonografia do abdome há 1 ano, que evidenciou colelitíase (cálculos pequenos e médios). Relata que há 3 dias passou a apresentar episódio de dor abdominal em andar superior com irradiação em barra para o dorso, colúria, icterícia, febre e calafrios. Submetida à colangiorressonância que evidenciou colelitíase, coledocolitíase (3 cálculos em vias biliares extra-hepáticas) e colédoco com dilatação de 14 mm. Em relação ao caso descrito, assinale a alternativa INCORRETA.

a) O sexo feminino, idade, obesidade e a multiparidade podem ser considerados fatores de risco para litíase biliar.
b) A litíase biliar secundária pode ser considerada a causa mais comum de colelitíase, sendo que o tratamento padrão-ouro nos pacientes sintomáticos é a colecistectomia.
c) A paciente apresenta critérios clínicos para “tríade de Charcot”, que pode estar associada à colangite aguda que, por sua vez, pode demandar a descompressão da via biliar principal.
d) Justifica-se o emprego da antibioticoterapia sistêmica voltada para germes Gram-negativos entéricos e controle do foco de infecção.
e) Devido ao risco de hemorragia, perfuração duodenal e pancreatite aguda, a realização da colangiopancreatografia endoscópica retrógrada com papilotomia e coledocolitotomia está proscrita.

A

E
Os cálculos de colesterol correspondem a 80% dos casos de colelitíase e, nesses casos, os fatores de risco citados na alternativa A realmente estão corretos, além de parentes de primeiro grau, emagrecimento rápido, nutrição parenteral total, dieta gordurosa e doença ileal. Cerca de 10% dos pacientes com colelitíase apresentam cálculo no colédoco, com incidência aumentada nos idosos. Noventa por cento dos casos de coledocolitíase serão “secundários”, já que os cálculos migram a partir da vesícula biliar! A tríade de Charcot consiste em febre, icterícia e dor em hipocôndrio direito, estando presente em menos de 50% dos pacientes com colangite bacteriana aguda! Nesses casos o tratamento deve ser a antibioticoterapia + a descompressão eletiva pela CPRE (colangiopancreatografia retrógrada endoscópica), seguido de colecistectomia! Em casos mais graves temos a pêntade de Reynolds, que consiste na tríade de Charcot + hipotensão + estado confusional, sendo denominada “forma tóxica ou supurativa”! Nesses casos deve ser feita a descompressão de urgência, com preferência para a descompressão endoscópica, com papilotomia para cálculos e stent para tumores! Como podemos observar, a alternativa E está completamente errada, sendo o gabarito da questão!
Gabarito: E.

81
Q

29 – Sobre os critérios de Milão para transplante de fígado devido à hepatocarcinoma, segundo Mazzaferro (1996), é CORRETO afirmar que:

a) Tumor único menor que 5 cm ou até três nódulos menores que 3 cm.
b) Tumor único menor que 3 cm ou até três nódulos menores que 5 cm.
c) Tumor único menor que 3 cm ou até três nódulos menores que 3 cm.
d) Tumor único menor que 8 cm ou até três nódulos menores que 5 cm.
e) Tumor único menor que 5 cm ou até três nódulos menores que 5 cm.

A

A
Em 1996, Mazzaferro e colaboradores propuseram, através de uma publicação no New England Journal of Medicine, critérios para eleger portadores de hepatocarcinoma que poderiam se beneficiar do transplante hepático. São os chamados “critérios de Milão”, que consistem no seguinte:
1) Tumor único < 5 cm;
2) Até 3 tumores, todos < 3 cm;
3) Ausência de invasão do pedículo vascular hepático, bem como ausência de metástases a distância. O transplante hepático - obedecidos os critérios de Milão - representa o tratamento de escolha para o CHC em portadores de cirrose hepática avançada (que não toleram uma hepatectomia segmentar), como é o caso dos pacientes Child B e C.
Resposta certa: A.

82
Q

35 – A colecistite aguda é uma doença inflamatória da vesícula biliar e é causa frequente de abdome agudo, sendo responsável por 3 a 9% das admissões hospitalares por dor abdominal. Em relação à colecistite, é CORRETO afirmar que:

a) O duodeno é o local mais comum de fístulas colecistoentéricas em pacientes com colecistite aguda. Porém, quando ocorre a fistulização, o quadro de colecistite aguda geralmente regride.
b) A icterícia ocorre em cerca de metade dos pacientes com colecistite aguda e é causada, geralmente, pela inflamação contígua da via biliar principal, com consequente estase.
c) A ultrassonografia é o exame diagnóstico de escolha, e o achado ultrassonográfico mais comum é o sinal de Murphy.
d) As complicações com gangrena, empiema e perfuração de vesícula são menos comuns na colecistite aguda alitiásica do que na litiásica.

A

A
Vamos de baixo para cima?
A colecistite aguda alitiásica possui PIOR prognóstico em comparação com a forma litiásica! O motivo? Seu diagnóstico é geralmente mais tardio, o que aumenta a chance das complicações citadas na letra D (errada). Lembre-se de que essa entidade é típica do doente crítico, que está sedado e intubado no CTI (representando uma importante causa de febre e piora de parâmetros inflamatórios “de origem obscura” nesses doentes). A US é o exame de escolha para diagnóstico de colecistite aguda.
Os sinais sonográficos que demonstram a colecistite são o espessamento das paredes da vesícula e a presença de líquido pericolecístico (C errada). A icterícia não faz parte do quadro clínico clássico das colecistites agudas, pois a icterícia obstrutiva requer bloqueio ao fluxo de bile na via biliar principal. No entanto, PODE ocorrer icterícia devido à compressão extrínseca do colédoco ou ducto hepático comum pelo próprio edema gerado pela colecistite, mas
isso é raro (B errada). Uma das complicações da colecistite (aguda ou crônica) é a formação de FÍSTULAS entre a vesícula (geralmente seu fundo) e órgãos adjacentes. A fístula mais comum é a colecistoduodenal, em que o fundo da vesícula se comunica com a luz do duodeno. Isso dá passagem ao cálculo vesicular que, se grande o bastante, pode acabar se impactando no íleo terminal (local de estreitamento fisiológico do tubo digestivo), culminando no quadro conhecido como íleo biliar (obstrução intestinal aguda + aerobilia nos exames de imagem). Se tal desfecho acontecer no contexto de uma colecistite aguda, é comum que os sintomas da colecistite diminuam após a formação da fístula, pois, afinal de contas, o cálculo e o próprio conteúdo sob pressão no interior da vesícula são subitamente despejados para o lúmen duodenal.
Resposta certa: A.

83
Q

36 – Em paciente cirrótico com nódulo hipervascularizado medindo 4 cm, com trombose portal associada e alfafetoproteína com alteração significativa, o provável diagnóstico é:

a) Doença metastática de provável origem colorretal.
b) Colangiocarcinoma, pois a alfafetoproteína é marcador específico desse tipo de câncer.
c) Doença de Caroli.
d) Rabdomiossarcoma.
e) Hepatocarcinoma.

A

E
Na prática, até prova em contrário, todo paciente cirrótico que apresente nódulo hepático sólido > 2 cm de diâmetro, aumento de alfafetoproteína (principalmente se > 200) e complicações típicas como trombose de veia porta, deve ser considerado portador de Carcinoma Hepatocelular (CHC). O diagnóstico não invasivo pode ser confirmado por
meio de estudo contrastado: TC ou RM “trifásica”.
Lembre-se de que o CHC é hipervascularizado, e a origem dessa hipervascularização é a artéria hepática. Assim, ao realizarmos o exame contrastado, o CHC capta o contraste de forma precoce (fase arterial), com clareamento do mesmo na fase tardia (venosa). Este é o chamado “wash out ” do contraste, que constitui sinal essencialmente patognomônico de CHC no contexto apropriado.
Resposta certa: E.

84
Q

37 – Assinale a alternativa CORRETA, que apresenta a melhor forma de rastreamento para a detecção precoce do hepatocarcinoma em pacientes com hepatite viral crônica:

a) Nível sérico da alfafetoproteína.
b) Nível sérico de alfafetoproteína associado à ultrassonografia.
c) Tomografia computadorizada.
d) Nível sérico do antígeno carcinoembrionário.
e) Níveis de fosfatase alcalina.

A

B
O rastreamento do Carcinoma Hepatocelular (CHC) é indicado em populações de alto risco para o desenvolvimento dessa neoplasia maligna do fígado, isto é, todo paciente cirrótico e em casos selecionados de portadores crônicos do vírus B, mesmo sem cirrose (história familiar de CHC, negros > 20 anos, asiáticos > 40 anos). Apesar de haver divergência na literatura sobre o real benefício do rastreio do CHC, em geral preconiza-se a US abdominal associada à dosagem de alfafetoproteína, a cada 6 meses.
Resposta correta: B.

85
Q

13 – Atualmente, a causa mais comum de abscesso hepático é:

a) Idiopática.
b) Neoplásica.
c) Traumática.
d) Cirúrgica.
e) Infecção da árvore biliar.

A

E
Os abscessos hepáticos piogênicos representam o tipo mais comum de abscesso intra-abdominal.
Na grande maioria das vezes, o fator causal identificável é uma infecção da árvore biliar. Em segundo lugar estão as infecções intraperitoneais, decorrentes de processo inflamatórios/infecciosos focais de vísceras ocas (ex.: apendicite, diverticulite aguda). Em terceiro lugar vêm a disseminação hematogênica (bacteremia - p. ex.: paciente com endocardite infecciosa, infecção de cateter venoso profundo) e a penetração direta (ex.: trauma/ cirurgia). Existem ainda, vale lembrar, os abscessos hepáticos piogênicos criptogênicos.
Resposta certa: E.

86
Q

12 – Sobre a colecistite aguda litiásica, assinale a alternativa INCORRETA:

a) A identificação de bactérias na bile constitui papel principal na gênese da colecistite aguda.
b) As discordâncias entre os diagnósticos clínicos, cirúrgicos e anatomopatológicos podem chegar até 20%.
c) O sinal de Murphy consiste na interrupção da inspiração profunda por dor à palpação do hipocôndrio direito.
d) A cintilografia é o exame de maior acurácia na colecistite aguda quando comparado ao ultrassom.

A

A
Vamos de baixo para cima?
Apesar de pouco empregada na prática (cara, complexa, pouco disponível e, principalmente, devido à existência de um exame mais simples, barato e amplamente disponível que “dá conta do recado” na imensa maioria das vezes: a ultrassonografia), a cintilografia representa o método “padrão-ouro” para o diagnóstico de colecistite aguda ! O raciocínio é o seguinte: o fígado capta o radiocontraste, eliminando-o na bile, a qual, por sua vez, reflui para a
vesícula biliar, preenchendo-a. Se houver obstrução do ducto cístico (elemento central na gênese da colecistite aguda litiásica), a vesícula não será preenchida pelo radiocontraste. Se a vesícula não aparecer após 1h da administração do fármaco (alguns protocolos aguardam até 4h), configura-se um indício altamente fidedigno da existência de impactação de um cálculo no ducto cístico,
com consequente colecistite aguda (D correta). A letra C é conceitual e está correta, assim como a letra B (muitas vezes há apenas uma crise de dor biliar mais prolongada, sem franca colecistite aguda, conforme evidenciado pelo estudo anatomopatológico da vesícula extraída que revela apenas processo inflamatório crônico e vesícula escleroatrófica - de qualquer modo, vale lembrar, na presença de litíase biliar a existência de sintomas indica a cirurgia). Enfim, apesar de a
antibioticoterapia (direcionada contra Gram-negativos
entéricos e anaeróbios, p. ex.: amoxicilina + clavulanato; ciprofloxacino + metronidazol) fazer parte do pacote de medidas terapêuticas padrão na colecistite aguda, NEM TODOS os pacientes possuem franca infecção da vesícula! A colecistite aguda litiásica se inicia por um processo de obstrução do ducto cístico que gera aumento de pressão no lúmen vesicular repleto de bile.
Na maioria dos indivíduos isso desencadeia a liberação de fosfolipase A2, a qual, por sua vez, atua sobre os sais biliares convertendo-os em toxinas. Essas toxinas é que iniciam a agressão inflamatória à parede vesicular. Posteriormente sobrevém isquemia da parede, pelo aumento da pressão luminal. As veias se colabam, dando início ao edema da parede e exsudação de líquido pericolecístico, que se não tratada pode evoluir para isquemia arterial, gangrena e perfuração (afetando
predominantemente o fundo, que é a região naturalmente menos perfundida). Cerca de metade dos pacientes apresentam bactérias na bile (bacterbilia), e nestes casos as bactérias assumem papel coadjuvante na inflamação. As principais, vale lembrar, são a E. coli, Klebsiella, Enterococcus, Proteus e Clostridium.
Resposta certa: A.

87
Q
19 – Cálculos biliares na infância são incomuns, porém
podem ser observados em qual situação?
a) Anemia falciforme.
b) Verminose crônica.
c) Hepatite crônica autoimune.
d) Fibrose cística.
A

A
A anemia falciforme, por conta do estado hemolítico crônico, propicia a formação de cálculos de bilirrubinato de cálcio (cálculos pigmentados), os quais podem ser encontrados em até 70% das crianças falcêmicas! Vale lembrar que na fibrose cística podemos observar cálculos de colesterol em até 10% dos pacientes. No entanto, diante de uma criança com litíase biliar, sempre pensamos em primeiro lugar em alguma desordem que leva a hemólise crônica.
Alternativa A correta.

88
Q

8 – Após três anos de uma colecistectomia, paciente apresenta coledocolitíase. O USG evidencia colédoco de calibre normal. A origem do cálculo e a conduta, para esse caso, respectivamente, são:

a) Secundário / exploração de vias biliares videolaparoscópica.
b) Primário / exploração de vias biliares aberta.
c) Secundário / CPRE.
d) Primário / CPRE.

A

D
A presença de cálculo na via biliar de paciente submetido previamente a uma colecistectomia
pode ser explicada de duas formas: ou estamos diante de uma coledocolitíase residual (secundária), que se originou na própria vesícula biliar antes de a mesma ser retirada, ou então se trata de coledocolitíase primária, isto é, o cálculo surgiu diretamente na via biliar principal, após a retirada da vesícula. A coledocolitíase residual é arbitrariamente definida pelo encontro de um cálculo na via biliar nos primeiros 2 anos de pós-operatório da retirada da vesícula biliar, sendo observada em 5% dos pacientes, mesmo quando a exploração cirúrgica da via biliar é realizada. A coledocolitíase primária ocorre no contexto de estase biliar (estenose cicatricial da via biliar, estenose de papila) ou devido a infecção da via biliar (colangite) e se caracteriza pela formação de um cálculo pigmentado acastanhado. Como o paciente fez a colecistectomia há 3 anos, estamos, POR DEFINIÇÃO, diante de uma coledocolitíase primária! Neste contexto, a melhor intervenção consiste em submeter o paciente
a uma CPRE com papilotomia e retirada do cálculo.
Alternativa D correta.

89
Q

2-Mulher, 42a, retorna ao pronto atendimento do serviço de origem onde foi submetida à colecistectomia videolaparoscópica há 7 dias devido a colecistopatia crônica calculosa. Refere que há 1 dia notou que os olhos ficaram amarelados e que a urina começou a ficar escura, “cor de chá mate”. Refere um episódio de febre não medida com calafrios e dor do lado direito do abdome. Nega constipação intestinal. Exame físico: bom estado geral, hidratada, corada, ictérica 2+/4+. PA = 122 x 68 mmHg; FC = 90 bpm; FR = 18 irpm; T = 37,5°C. Abdome: flácido, dor à palpação do hipocôndrio direito, sem sinais de irritação peritoneal, ruídos hidroaéreos presentes.
CITE DUAS ENZIMAS QUE DEVEM ESTAR ELEVADAS E UM EXAME DE IMAGEM PARA O DIAGNÓSTICO:

A

Icterícia, febre (especialmente na presença de calafrios) e dor em hipocôndrio direito são manifestações que constituem a tríade de Charcot , um conjunto sindrômico que sugere o diagnóstico de colangite aguda. Sabemos que na colangite o hepatograma está alterado, principalmente à custa de um aumento nas enzimas canaliculares (isto é, enzimas presentes na borda em escova das células do epitélio canalicular biliar): fosfatase alcalina e gama GT. Como no contexto do caso clínico temos que pensar em complicações na via biliar principal (iatrogênicas ou cálculo residual) é mandatório solicitar exames de imagem, como uma ultrassonografia de abdome ou uma colangio-RM, por exemplo. Obs.: a banca não liberou gabarito oficial. Este comentário representa o gabarito MEDGRUPO.