ENDOCRINO Vol 3 - Diabetes Mellitus; Obesidade Flashcards
RESIDÊNCIA MÉDICA 2017 (ACESSO DIRETO 1) UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – SP
1 – Homem de 65 anos de idade com diagnósticos de hipertensão arterial sistêmica há 10 anos e diabetes mellitus há 8 anos, em uso de atenolol, enalapril, gliclazida e metformina em doses máximas e insulina NPH 10 UI à noite, retorna para consulta no ambulatório sem novas queixas. Refere uso regular de medicação. O exame clínico está normal. Trouxe exames solicitados na última consulta, há dois meses: glicemia de jejum = 98 mg/dl; Hb glicosilada = 7,5%; ureia = 40 mg/dl; creatinina = 1,1 mg/dl; Na+ = 136 mEq/L; K+ = 3,9 mEq/L; colesterol total = 252 mg/dl; LDL = 146 mg/dl; HDL = 23 mg/dl; triglicérides = 240 mg/dl; urina tipo 1 = proteína +/4+; microalbuminúria: positiva; peptídeo C: normal. Média dos controles de glicemia capilar:Deve ser acrescentado ao tratamento: a) Atorvastatina e insulina NPH no almoço. b) Sinvastatina e insulina regular no almoço. c) Ciprofibrato, losartana e insulina NPH no almoço. d) Ezetimibe, valsartana e insulina regular no almoço.
Apesar de uma boa adesão à terapia, este paciente está acima da meta do parâmetro mais importante para o controle glicêmico: a hemoglobina glicosilada (A1C)! Sabemos que a meta no DM2 em adultos é A1C < 7%. Como ele realiza automonitorização da glicemia capilar, devemos analisar com cuidado seu “mapa glicêmico”, já que esta informação pode nos auxiliar a decidir a melhor conduta terapêutica (isto é, em que momento do dia ele está tendo “escapes” hiperglicêmicos?). Lembre-se de que as metas de glicemia capilar no DM2 em adultos são: (1) glicemia pré-prandial e jejum entre 80-130 mg/dl; (2) glicemia pós-prandial (1-2h após a refeição) < 180 mg/dl. Ora, fica claro, então, que o único escape glicêmico que ele apresenta é após o almoço, pois sua glicemia capilar neste momento ultrapassa o limiar de 180 mg/dl. O que podemos fazer? Simples: acrescer uma insulina de ação rápida (regular ou análogo ultrarrápido) nesta refeição! Outra medida necessária: como se trata de paciente com idade > 40 anos, é preciso utilizar uma estatina. Se houvesse doença cardiovascular aterosclerótica estabelecida seria preciso utilizar estatinas de alta potência, como rosuvastatina ou atorvastatina em doses altas. Como não há doença cardiovascular aterosclerótica estabelecida podemos utilizar tratamento de potência média com drogas como a sinvastatina. O ideal é manter um LDL abaixo de 100 mg/dl. Resposta certa: B.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2017 (ACESSO DIRETO 1) UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – RJ
2 – Os antidiabéticos orais que inibem a dipeptidil peptidase- 4 têm a vantagem de: a) Ter início rápido de ação. b) Reduzir a glicemia pós-prandial. c) Não causar hipoglicemia. d) Dispensar ajuste de dose na insuficiência renal.
Os inibidores da DPP-IV promovem aumento das incretinas (ex.: GLP-1), substâncias secretadas pelas células do tubo digestivo, em resposta à absorção intestinal de carboidratos. O efeito das incretinas é aumentar a secreção pancreática de insulina SOMENTE EM RESPOSTA aos carboidratos absorvidos pelo tubo digestivo. Logo, trata-se de medicações com baixíssimo risco de hipoglicemia, pois a secreção de insulina pelo pâncreas é otimizada em proporção direta à quantidade de carboidrato que está sendo absorvido. Outros antidiabéticos orais, tanto quanto os inibidores de DPP-IV, também têm início de ação rápida, sendo eficazes em reduzir a glicemia pós-prandial. Os inibidores de DPP-IV, tal qual os demais antidiabéticos orais, NECESSITAM de ajustes posológicos na vigência de disfunção renal. Resposta certa: C.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2017 (ACESSO DIRETO 1) HOSPITAL NACIONAL DO CÂNCER – RJ
3 – O diagnóstico de “síndrome metabólica” depende de critérios clínicolaboratoriais. Tais critérios incluem, EXCETO: a) Diminuição do colesterol HDL. b) Obesidade central. c) Elevação do colesterol LDL. d) Elevação dos triglicerídeos.
Os critérios diagnósticos de síndrome metabólica estão representados na tabela a seguir: Resposta certa: C.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2017 (ACESSO DIRETO 1) HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UFSC – SC
4 – Paciente do sexo masculino, 52 anos, com história familiar positiva para diabetes (pai e avós maternos), obesidade grau 1 (IMC 32 kg/m²), hipertenso, sedentário e tabagista. Ao realizar exames de rotina, foi identificada glicemia de jejum 124 mg/dl. Foi submetido a teste oral de tolerância à glicose (75 g de glicose anidra) com glicemia após duas horas de 189 mg/dl. Com base nessas informações, o diagnóstico e a conduta mais adequada são, respectivamente: a) Tolerância diminuída à glicose; iniciar dieta, estimular atividade física e suspender tabagismo. b) Diabetes mellitus tipo 2; solicitar hemoglobina glicada, estimular mudanças de hábitos e iniciar uso de metformina associado à sulfonilureia. c) Diabetes mellitus tipo 2; solicitar hemoglobina glicada, estimular dieta, atividade física e perda de peso e iniciar insulina basal-bolus para melhorar a glicotoxicidade. d) Diabetes mellitus tipo 2; solicitar dosagem de peptídeo C para definir a melhor abordagem medicamentosa e estimular mudanças de hábitos. e) Tolerância diminuída à glicose; encaminhar paciente para a realização de cirurgia bariátrica.
Super-revisão dos conceitos basilares em diabetes. Vamos relembrar quem deve ser rastreado para diabetes tipo II: qualquer pessoa a partir de 45 anos de idade; qualquer pessoa com sobrepeso associado a um ou mais fatores de risco (exemplos: história familiar de DM em parente de primeiro grau, hipertensão, dislipidemia, sedentarismo, história de doença cardiovascular etc.). O rastreamento pode ser feito com glicemia de jejum, TOTG 75 ou hemoglobina glicosilada. Os critérios que fecham o diagnóstico de DM são: glicemia de jejum ≥ 126 mg/dl; glicemia 2h após TOTG 75 g ≥ 200 mg/dl; hemoglobina glicosilada ≥ 6,5%; glicemia aleatória ≥ 200 mg/dl em paciente com sintomas clássicos de hiperglicemia ou crise hiperglicêmica. O paciente da questão, portanto, não tem critérios para DM, mas tem para risco aumentado de diabetes, que são: glicemia de jejum entre 100-125 mg/dl (“glicemia de jejum alterada”); glicemia 2h após TOTG 75 g entre 140-199 mg/dl (“intolerância à glicose”); hemoglobina glicosilada entre 5,7-6,4%. O tratamento para esses pacientes inclui perda de peso, realização de atividades físicas e suspensão do tabagismo. A metformina deve ser considerada para pacientes com IMC ≥ 35, idade > 60 anos e/ou história de diabetes gestacional. Resposta: A.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2017 (ACESSO DIRETO 1) HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE – RS
5 – Paciente de 45 anos veio à consulta por apresentar, há 2 semanas, diarreia líquida, com 3 evacuações diárias, sem sangue, muco ou pus. Negou outros sintomas. Havia iniciado o uso de metformina na dose de 850 mg, por via oral, 3 vezes/dia, para tratamento de diabetes mellitus tipo 2 dois dias antes do início da diarreia. Qual a conduta mais adequada? a) Suspender imediatamente a metformina por suspeita de acidose láctica. b) Suspender a metformina, estabelecer o diagnóstico de intolerância ao fármaco e prescrever outro anti-hiperglicemiante. c) Reduzir a dose da metformina e estabelecer um plano de aumento gradual, esclarecendo ao paciente que o sintoma provavelmente desaparecerá com o tempo. d) Manter a dose prescrita de metformina, esclarecendo ao paciente que este efeito adverso é muito raro e que, provavelmente, desaparecerá com tempo. e) Manter a dose prescrita de metformina, esclarecendo ao paciente que este efeito adverso é comum e que, provavelmente, não desaparecerá com o tempo. Entretanto o fármaco deve ser mantido, visto que é o único anti-hiperglicemiante associado à redução de mortalidade.
Devemos evitar o início de metformina em dose máxima (2.550 mg/dia) justamente para evitar efeitos adversos como os descritos! Assim, o início do tratamento deve ser feito numa posologia de 850 mg/dia ou 500 mg 2x/dia, junto com as refeições (para melhorar a tolerância). Após 5-7 dias, caso não haja intolerância gastrointestinal, passar para 850 mg 2x/dia antes das refeições. Caso o paciente apresente queixas, diminuir para dose prévia e aumentar a dose um pouco mais tarde (os paraefeitos gastrointestinais tendem a ser transitórios). Procura-se alcançar a dose máxima dentro de 1-2 meses. Agora só nos resta reduzir a dose para aquela que deveria ser a dose inicial (850 mg/dia), estabelecer um plano de aumento gradual da dose e orientar o paciente a respeito da benignidade do quadro diarreico. Resposta: C.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2017 (ACESSO DIRETO 1) HOSPITAL DAS CLÍNICAS DO PARANÁ – PR
6 – Medicamento utilizado no tratamento do diabete melito tipo 2, que tem como mecanismo de ação a inibição do cotransportador sódio-glicose 2 (SGLT-2): a) Liraglutida. b) Dapagliflozina. c) Pioglitazona. d) Nateglinida. e) Acarbose.
Acarbose é um inibidor da alfa-glicosidase presente nas células da mucosa intestinal. Nateglinida é um secretagogo. Pioglitazona é um agonista do PPAR-gama, um receptor intranuclear. E liraglutida é um análogo do GLP-1. Sobrou a dapagliflozina (Forxiga), que realmente pertence à classe dos inibidores do SGLT-2, drogas que reduzem a glicemia promovendo glicosúria. Resposta certa: B.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2017 (ACESSO DIRETO 1) UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – PI
7 – Antônio, 46 anos, é advogado em Corrente-PI e veio à Teresina para submeter-se a um check-up. Assintomático. Ele mede 160 cm e pesa 92 kg; sua cintura mede 98 cm e sua PA é 140 x 90 mmHg. Os exames mostraram glicemia em jejum = 112 mg/dl. Ele usa sinvastatina 20 mg. Joga bola nos fins de semana, ocasião em que bebe cerveja. Não possui familiares com diabetes. A conduta inicial é: a) Repetir a glicemia em jejum. b) Solicitar uma glicemia pós-prandial. c) Solicitar um teste oral de tolerância à glicose. d) Solicitar uma hemoglobina glicada. e) Iniciar dieta, exercício e metformina.
Para começarmos a definir a conduta para esse doente, recordemos os critérios diagnósticos de diabetes: (1) glicemia em jejum ≥ 126 mg/dl (confirmada); (2) HbA1c ≥ 6,5% (confirmada); (3) glicemia ≥ 200 mg/dl num teste oral de tolerância à glicose (confirmada); (4) glicemia ≥ 200 mg/dl com sintomas inequívocos de diabetes, como perda de peso, poliúria e polidipsia. Critério (4) não precisa de confirmação. Eles permitem dizer que o paciente não é diabético (E errada), enquadrando- o como portador de glicemia de jejum alterada, que pode traduzir desde intolerância à glicose até diabete melito. Assim, a melhor conduta é realizar um exame capaz de selar o diagnóstico diferencial (A, B e D erradas). Resposta: C.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2017 (ACESSO DIRETO 1) SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DO ESTADO DE PERNAMBUCO – PE
8 – Um paciente de 4 anos, em tratamento para cetoacidose diabética, vem recebendo 4 unidades/hora de insulina regular EV. Encontra-se, ainda, acidótico: bicarbonato de 9 mEq/l na última determinação. A glicemia capilar revela uma taxa de glicose de 129 mg/dl. Qual seria a melhor conduta no momento? a) Diminuir a infusão de insulina pela metade. b) Diminuir a infusão de insulina a ¼. c) Suspender a insulina. d) Manter a infusão de insulina e iniciar infusão de glicose. e) Manter a infusão de insulina e fazer bicarbonato.
Aproveite esta questão para relembrar alguns aspectos importantes do tratamento da cetoacidose diabética. O início da administração de insulina é capaz de promover a entrada de glicose para o espaço intracelular, reverter o estado catabólico e suprimir a lipólise e cetogênese, corrigindo a glicemia e a acidose. Porém a correção da glicemia costuma ser mais rápida do que a correção da acidose, como ocorreu no caso descrito. Deste modo, quando há queda da glicemia, mas ainda há acidose e/ou cetonemia positiva, a infusão contínua de insulina não deve ser reduzida, sendo necessário o aumento da infusão de glicose. É verdade que tal conduta pode variar um pouco entre os especialistas, mas isso é algo bastante aceito. Resposta: letra D.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2017 (ACESSO DIRETO 1) HOSPITAL UNIVERSITÁRIO LAURO WANDERLEY – PB
9 – Em relação a diabetes tipo 1 (DM1), qual a afirmação CORRETA? a) Era o tipo de diabetes mais frequente na população pediátrica, porém, em virtude de epidemia de obesidade infantil, foi superado recentemente pela diabetes tipo 2 nessa faixa etária. b) Apresenta um padrão de herança monogênica sem relação com fatores desencadeantes relacionados ao meio ambiente. c) Geralmente inicia-se de forma insidiosa, passando-se vários anos com sintomas típicos (poliúria, polidipsia, polifagia) sem diagnóstico, até sua evolução para cetoacidose, que é quando o diagnóstico é realizado na maioria das vezes. d) Tem a cetoacidose como complicação aguda mais grave e mais comum. e) Seu tratamento exige dos pacientes monitorização glicêmica antes de todas as refeições, múltiplas aplicações de insulina ao longo do dia, bem como prática de atividades físicas regulares.
O DM1 ainda é o tipo mais frequente de diabetes mellitus em crianças, a despeito do aumento na incidência de DM2 nesta população em função da epidemia de obesidade (A incorreta). Tanto o DM1 quanto o DM2 são doenças que apresentam componente genético variável e poligênico (B incorreta). O DM1 típico se inicia de forma relativamente rápida, com o paciente apresentando sintomas típicos (os “polis” da hiperglicemia: poliúria, polidipsia, polifagia e emagrecimento) dentro de dias ou semanas. Sem tratamento o quadro logo evolui para cetoacidose diabética (C incorreta). A complicação aguda mais grave e mais comum do DM1 é a hipoglicemia, geralmente decorrente de iatrogenia (insulinoterapia inadequada) – D incorreta. O tratamento do DM1 é composto por diversas medidas higieno-dietéticas aliadas à reposição de insulina, idealmente num esquema de múltiplas doses diárias (E correta). Resposta certa: E.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2017 (ACESSO DIRETO 1) H.U. BETTINA FERRO DE SOUZA/JOÃO BARROS BARRETO – PA
10 – Em relação às complicações crônicas do diabetes, é CORRETO afirmar que: a) A Eletroneuromiografia (ENMG) é indispensável para o diagnóstico de neuropatia periférica do diabetes. b) Caracterizada pela presença de microaneurismas, a retinopatia proliferativa pode reverter por meio do tratamento com fotocoagulação. c) A presença de proteinúria marca o primeiro estágio da nefropatia diabética. d) A retinopatia diabética tem como principais fatores de risco a duração do diabetes e o controle glicêmico. e) Na avaliação do risco cardiovascular, o paciente diabético com bom controle glicêmico apresenta risco igual ao indivíduo não diabético.
Vamos analisar as assertivas sobre as complicações crônicas do diabetes. A – incorreta. O diagnóstico da neuropatia diabética é geralmente feito com exames simples que utilizam o monofilamento de náilon de 10 g, associado a testes de sensibilidade com diapasão de 128 Hz, martelo, pino ou estesiômetro. A eletroneuromiografia é utilizada para apresentações clínicas atípicas. B – incorreta. A presença de microaneurismas é característica da retinopatia diabética não proliferativa. A retinopatia diabética proliferativa é marcada pela formação de neovasos e seu tratamento consiste na fotocoagulação. C – incorreta. O primeiro estágio da nefropatia diabética é o estágio de hiperfiltração glomerular (pré-nefropatia), marcada por um aumento do fluxo sanguíneo renal e da taxa de filtração glomerular. D – correta e conceitual. Por esse motivo, pacientes com DM tipo 2, em que a hiperglicemia se instala de forma assintomática por muitos anos, devem fazer rastreamento da retinopatia desde o momento do diagnóstico. Já nos pacientes com DM tipo 1, o rastreamento deve ocorrer após 5 anos do diagnóstico em pacientes com mais de 10 anos de idade. E – incorreta. A presença de diabetes mellitus é um fator de risco cardiovascular independente — o risco é maior em pacientes descontrolados, porém não é ausente em pacientes com bom controle glicêmico. Portanto, única opção correta – LETRA D.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2017 (ACESSO DIRETO 1) PROCESSO SELETIVO UNIFICADO – MG
11 – Em relação ao Diabetes Mellitus (DM), assinale a alternativa ERRADA: a) Por ocasião do diagnóstico, a maioria dos pacientes com DM tipo 1 possui anticorpos circulantes contra células das ilhotas pancreáticas e contra a descarboxilase do ácido glutâmico. b) Os níveis séricos do peptídeo C encontram-se elevados nos pacientes com DM tipo 1 e muito reduzidos nos casos de resistência à insulina acompanhada de hiperinsulinemia. c) Pelo fato de inibirem a Dipeptidil-Peptidase-4 (DPP-4), enzima que inativa o hormônio GLP-1 (Glucagon-Like Peptide 1), drogas hipoglicemiantes como a sitagliptina e a vildagliptina são utilizadas no tratamento do DM tipo 2. d) Nos pacientes com DM tipo 2 de longa duração, identifica- se, à necrópsia, a substituição de grande parte das ilhotas pancreáticas por um tipo de substância amiloide — a amilina, um polipeptídeo armazenado, juntamente com a insulina, nos grânulos de secreção das células beta.
Todas são conceituais e estão corretas, exceto a letra B, que contém um erro crasso: o peptídeo C é cossecretado com a insulina, logo, encontra-se abolido no DM 1 (pois nesta condição existe insulinopenia absoluta) e aumentado no DM 2 (aqui existe hiperinsulinemia, por conta da resistência periférica ao hormônio). Resposta certa: B.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2017 (ACESSO DIRETO 1) HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PRESIDENTE DUTRA – MA
12 – Um menino, 10 anos de idade, chegou à UTI com quadro de Cetoacidose Diabética (CAD), com glicemia de 560 mg/100 ml; cetonúria 4+; pH = 6,9; PCO = 25 mmHg e [HCO3] = 5 mmol/L. Após a sexta hora de tratamento, com boa evolução clínica, a criança começa a ficar torporosa e não responde mais a comandos verbais. Com relação a esse caso clínico hipotético, assinale a alternativa CORRETA: a) É consenso médico que o uso de solução de 50% de soro glicosado e 50% de soro fisiológico em vez de soro fisiológico puro na hidratação inicial dessa criança poderia ter evitado essa complicação. b) Essa é a complicação mais frequente da CAD. c) Uma das explicações possíveis para esse quadro é a ação dos corpos cetônicos sobre o metabolismo do neurônio. d) Essa complicação ocorre em 50% dos casos. e) Esse quadro, quando aparece por complicação da CAD, tem alta mortalidade e costuma ser resistente ao tratamento habitual.
Este paciente provavelmente apresenta uma das complicações mais graves relacionadas ao tratamento de um quadro de Cetoacidose Diabética (CAD), que é o desenvolvimento de edema cerebral. Não é uma complicação frequente, sendo que os quadros de edema cerebral significativos acometem cerca de 1% das crianças com cetoacidose (quadros subclínicos são mais frequentes), mas a letalidade é muito alta, podendo chegar a 90%. Os mecanismos que levam a essa complicação não são completamente esclarecidos e pode ser que mais de um fator esteja presente no desenvolvimento da complicação. Vejamos cada uma das afirmativas. A opção A está incorreta; o tratamento inicial das crianças com CAD é feito com soluções cristaloides; o uso de soluções hipotônicas poderia ser fator de risco para o desenvolvimento do edema cerebral. As opções B e D estão incorretas; como já dito, esta é uma complicação rara. Outras complicações mais comuns incluem os distúrbios eletrolíticos e a hipoglicemia. A opção C também está incorreta; fisiopatologia do edema cerebral não é completamente compreendida, mas não inclui o descrito. Ainda que o quadro não seja totalmente esclarecido, postula-se mecanismo multifatorial que inclui declínio rápido na osmolaridade plasmática, uso excessivo de líquidos, hipocapnia, administração de bicarbonato (provoca acidose liquórica paradoxal), ureia plasmática elevada, hipoperfusão cerebral e ação direta das cetonas na liberação de interleucinas inflamatórias. Não há descrição desse efeito. E, por fim, a opção E está correta; o tratamento inclui a diminuição da infusão de líquidos e o uso de manitol, mas a mortalidade é bem alta e chega a 25%. Resposta: letra E.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2017 (ACESSO DIRETO 1) HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CASSIANO ANTÔNIO DE MORAES – ES
13 – A diabetes mellitus não é uma única doença, mas um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos que apresenta em comum a hiperglicemia, resultante de defeitos na ação da insulina, na secreção de insulina ou em ambas. Observe as afirmativas abaixo e marque a sentença CORRETA a respeito de diabetes mellitus nas crianças e adolescentes: a) A diabetes mellitus tipo 1 é caracterizada pela destruição reversível e autoimune das células ß das ilhotas pancreáticas. Ocorre geralmente antes dos cinco anos e a melhora geralmente ocorre após os 21 anos. b) A diabetes mellitus tipo 2 é considerada uma doença poligênica, que ocorre apenas em adultos, agravada por fatores ambientais, tais como baixa atividade física ou uma dieta rica em lipídios. c) A diabetes mellitus tipo 1 é caracterizada por níveis baixos ou ausentes de insulina endogenamente produzida e dependência de insulina exógena para prevenir desenvolvimento da cetoacidose, uma complicação crônica que causa resistência insulínica. d) A diabetes mellitus tipo 1 é uma doença que sempre se inicia na primeira década de vida. O início acima desta idade só é encontrado em outros tipos de diabete. e) Nas diabetes secundárias à fibrose cística e à síndrome de Cushing, não há associação com autoimunidade ou anticorpo anticélulas das ilhotas pancreáticas.
Vamos analisar as alternativas? a) Incorreta. Apesar de a definição estar correta, o DM tipo 1 não melhora após 21 anos de idade. b) Incorreta. Baixa atividade física e dieta rica em lipídeos não são considerados fatores ambientais. c) Incorreta. A cetoacidose é uma complicação aguda do diabetes. d) Incorreta. Apesar de ser mais comum em pacientes mais jovens, o DM tipo 2 pode surgir em qualquer idade. e) Correta. Nenhuma das etiologias possui mecanismo autoimune. A primeira é causada por uma falha no funcionamento de uma enzima e a segunda por uma falha de produção hormonal. Gabarito: opção E.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2017 (ACESSO DIRETO DISCURSIVA) SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS BAHIA – BA
14 – Mulher, 30 anos de idade, vai à consulta com médico de família queixando-se de manchas escurecidas em região cervical. Não apresenta comorbidades conhecidas e é tabagista de dois cigarros ao dia, há cinco anos. Ao exame: PA = 130 x 80 mmHg; FC = 80 bpm; peso = 74 kg; altura = 1,60 m. Apresenta placas com hiperpigmentação e hiperqueratose em região cervical e axilas, sem outras alterações no exame físico segmentar. Exames laboratoriais apresentam triglicérides = 180 mg/dl; colesterol total = 180 mg/dl; HDL = 44 mg/dl; glicemia em jejum = 120 mg/dl. Diante desse quadro, indique o diagnóstico mais provável das lesões cutâneas e o seu significado clínico:
Paciente com síndrome metabólica, apresentando lesões cutâneas hiperpigmentadas e hiperceratóticas em regiões de dobras cutâneas, até prova em contrário possui o clássico sinal conhecido como acantose nigricans ou “nigricante”, uma manifestação dermatológica que neste contexto significa a presença de RESISTÊNCIA À INSULINA.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – SP
15 – Homem de 62 anos de idade vem ao ambulatório de clínica geral para controle de diabetes. Ele usava metformina 1.000 mg 2x ao dia e glibenclamida 5 mg 3x ao dia, mas há 2 anos a glibenclamida foi suspensa e iniciada insulina glargina. Ele agora usa 30 unidades de glargina à noite e levanta 2x à noite com episódios de hipoglicemia, mas durante o dia a glicemia varia entre 150-200 mg/dl. A hemoglobina glicada é 7,5%. Qual a melhor conduta neste momento? a) Suspender a glargina e iniciar insulina detemir à noite. b) Diminuir a dose da glargina e associar insulina rápida antes das refeições. c) Suspender a insulina glargina e reiniciar glibenclamida. d) Aplicar a insulina glargina pela manhã. e) Pedir para o paciente comer um lanche antes de dormir.
O análogo de insulina chamado “glargina” é uma droga sintética de ação prolongada que pode ser ministrada 1x ao dia e serve para prover a “insulina basal” de que o paciente necessita (isto é, insulinemia em níveis séricos estáveis e suficientes para evitar a cetose). Esta forma de insulina apresenta classicamente baixo risco de hipoglicemia em comparação com as demais insulinas, e isso, obviamente, não mudou. Contudo, hoje já se sabe que mesmo a glargina acarreta risco (ainda que baixo) de hipoglicemia (ex.: na bula do produto está escrito que a hipoglicemia afeta até 8% dos pacientes com DM tipo 2 que tomam glargina associada a outra medicação hipoglicemiante). Logo, considerando que o risco de hipoglicemia da metformina é essencialmente nulo, a explicação mais óbvia para as hipoglicemias noturnas que o paciente vem apresentando só pode ser o uso de glargina. Pois bem, acontece que existe ainda outro problema: durante o dia ele tem glicemias numa faixa acima da faixa-alvo (que seria entre 80-130 mg/dl no jejum e no “pré-prandial”, aceitando-se < 180 mg/dl no período pós-prandial). Além do mais, é evidente que sua glicemia média não está sob controle: a hemoglobina glicada também está acima do “alvo”, que é < 7%. Ora, toda vez que um usuário de insulina tem hipoglicemia recorrente, a primeira conduta a ser tomada é reduzir a dose da insulina (e recomendar que o paciente se alimente de forma regular, principalmente em relação ao horário em que a hipoglicemia ocorre). Como o paciente está tendo “escapes” da glicemia durante o dia, mesmo tomando esta dose relativamente alta de glargina, algo deverá ser feito para evitar que tais escapes se agravem ainda mais quando a glargina for reduzida. A melhor saída para um paciente insulinizado é associar uma insulina de ação rápida antes das refeições, de modo a prover picos de insulinemia (que se somarão à insulina basal já fornecida pela glargina) no momento em que o organismo mais precisa disso, ou seja, no período pós-prandial, devendo a insulina rápida ser ministrada 30min antes das refeições, no caso da insulina regular, ou então durante a alimentação, como no caso dos análogos ultrarrápidos, como a lispro. Resposta certa: B.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP – SP
16 – Homem, 57a, diabético há 20 anos, retorna em consulta de rotina com os seguintes exames: glicemia de jejum = 168 mg/dl; hemoglobina glicada = 8,4%; colesterol total = 232 mg/dl; HDL = 32 mg/dl; LDL = 175 mg/dl; triglicérides = 205 mg/dl; ureia = 40 mg/dl; creatinina = 1.0 mg/dl. Em uso regular de 20 mg de glibenclamida, 2 g de metformina, 75 mg de captopril. Faz dieta adequada. A conduta é: a) Substituir a sulfonilureia por glimepirida 4 mg por dia; introduzir estatina. b) Substituir metformina por rosiglitazona; dieta hipolipemiante. c) Acrescentar insulina na hora de dormir (bedtime); introduzir estatina. d) Suspender a sulfonilureia; dieta hipolipemiante.
Nosso paciente possui descontrole glicêmico crônico, apesar de fazer uso de dois hipoglicemiantes orais. Podemos afirmar isso em vista do fato de que ele está longe de todas as metas terapêuticas preconizadas no DM 2, que seriam: (1) Glicemia de jejum entre 80-130 mg/dl; (2) Hemoglobina glicada < 7%; (3) Colesterol total < 200 mg/dl; (4) Colesterol LDL < 100 mg/dl (idealmente < 70 mg/dl); (5) Colesterol HDL > 35 mg/dl; (6) Triglicerídeos < 150 mg/dl. Ora, se ele já está em uso de dois hipoglicemiantes orais em doses “otimizadas” (faixa de dose da glibenclamida = 2,5-20 mg/dia; faixa de dose da metformina = 1.000-2.550 mg/dia), existem duas opções possíveis para o próximo passo terapêutico: (1) associar uma terceira droga oral e (2) iniciar a insulinização, inicialmente com “insulina bedtime ”, isto é, insulina noturna antes de dormir, cujo intuito é melhorar a glicemia na manhã do dia seguinte de modo que os hipoglicemiantes orais sejam tomados num contexto de melhor controle glicêmico de base (o que poderia prolongar um pouco mais a duração de um controle glicêmico adequado com essas drogas, antes de partir para a insulinização plena do paciente). Além disso, é claro, temos que melhorar o controle lipêmico. As drogas de escolha para baixar o LDL são as estatinas. Resposta certa: C.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – RJ
17 – Homem, 55 anos, com Diabetes Mellitus (DM) tipo 2, apresenta glicemia de 300 mg/dl e HbA1C 10%. No esquema terapêutico inicial deve constar, obrigatoriamente: a) Inibidores da dipeptidil peptidase-4. b) Biguanidas. c) Sulfonilureia. d) Insulina.
Com uma glicemia ≥ 300 mg/dl está indicado o uso de insulina no esquema terapêutico do DM tipo 2, mesmo que se trate de paciente virgem de tratamento. Existe, nesta situação, um componente de “glicotoxicidade” que diminui a resposta terapêutica aos hipoglicemiantes orais, isto é, um excesso tão grande de glicose no sangue acaba prejudicando o funcionamento das células beta nas ilhotas pancreáticas, de modo que a secreção de insulina é comprometida (e drogas como as sulfonilureias e os incretinomiméticos passam a ter suas ações reduzidas). Após melhora do controle glicêmico, em alguns pacientes é possível de escalonar a terapia, suspendendo a insulina e mantendo apenas hipoglicemiantes orais, combinados ou não. Resposta certa: D.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ANTÔNIO PEDRO – RJ
18 – Em relação às complicações agudas no Diabetes Mellitus (DM), é CORRETO afirmar que: a) Na cetoacidose diabética, os níveis baixos da glucagon são fundamentais no seu desenvolvimento. b) No estado hiperosmolar não cetótico, caracteristicamente, os níveis glicêmicos não estão muito elevados. c) O estado hiperosmolar não cetótico acomete mais indivíduos com DM tipo 1 do que os portadores de DM tipo 2. d) A cetoacidose diabética não é uma complicação exclusiva do DM tipo 1. e) Na cetoacidose diabética, o bicarbonato deve ser sempre usado.
Vamos analisar as alternativas da questão: a) Os níveis ELEVADOS de glucagon (devido à ausência de resposta inibitória por parte da insulina), assim como de outros hormônios contrarreguladores da insulina, contribuem para a patogênese da cetoacidose diabética (INCORRETA); b) Os níveis glicêmicos no estado hiperosmolar não cetótico costumam estar muito elevados (chegando a valores > 1.000), enquanto que na cetoacidose diabética geralmente observamos níveis glicêmicos entre 300-500 mg/dl (INCORRETA); c) A cetoacidose diabética é uma complicação caracteristicamente associada ao diabetes tipo 1, enquanto que o estado hiperosmolar não cetótico ocorre mais frequentemente em pacientes com diabetes tipo 2 (INCORRETA); d) Apesar de muito mais frequente em pacientes com diabetes tipo 1, a cetoacidose diabética também pode ocorrer em pacientes com diabetes tipo 2 em situações de grande estresse, como infecções graves, trauma e emergências cardiovasculares (CORRETA); e) O bicarbonato é reservado para casos selecionados de cetoacidose diabética com pH extremamente baixo, e não de forma rotineira, pois o bicarbonato aumenta o risco de alcalose metabólica de rebote, além do risco de edema cerebral (INCORRETA). Alternativa D correta.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PEDRO ERNESTO – RJ
19 – Uma paciente de 48 anos com obesidade grau II procurou atendimento médico relatando ter verificado glicemia capilar acima do valor da normalidade. Negou perda ponderal, polifagia, polidipsia e poliúria. A avaliação clínica não evidenciou lesões atribuíveis à alteração glicêmica. Contudo, o diagnóstico de diabetes mellitus poderá ser firmado se houver: a) Glicemia pós-prandial de duas horas de 160 mg/dl. b) Glicemia de jejum repetida de 120 mg/dl. c) Glicemia randômica de 180 mg/dl. d) Hemoglobina glicada de 7%.
Vamos recordar os critérios diagnósticos de diabetes mellitus: 1 – Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dl em duas ocasiões distintas; 2 – Glicemia randômica ≥ 200 mg/dl na presença de sintomas de hiperglicemia (os “polis”, como polifagia, polidipsia, poliúria e perda ponderal); 3 – TOTG ≥ 200 mg/dl após 2h; 4 – Hemoglobina glicada ≥ 6,5%. Logo, dentre os critérios que foram apresentados nas opções, apenas a letra D é válida.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE RIO DE JANEIRO – RJ
20 – O agonista do receptor de GLP-1 liraglutida deve ser iniciado para pacientes diabéticos em doses baixas, com o objetivo de diminuir a ocorrência de: a) Náuseas. b) Cefaleia. c) Sonolência. d) Gosto metálico na boca.
Incretinomiméticos, como a liraglutida (Victoza), são excelentes agentes hipoglicemiantes no tratamento do diabetes mellitus. Porém, como classe, essas drogas têm o inconveniente de promover um atraso no esvaziamento gástrico, o que pode ocasionar náuseas e vômitos, principalmente em indivíduos que já possuam algum grau de gastroparesia diabética. A cefaleia é um paraefeito também relatado, porém estima-se que sua incidência seja menor que a metade da incidência de náuseas, sendo esta última, portanto, o PRINCIPAL efeito colateral da liraglutida. Resposta certa: A.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE – RS
21 – Paciente de 60 anos foi internado na enfermaria para tratamento de pneumonia adquirida na comunidade. Em seu histórico não constavam doenças prévias nem consultas ou exames há mais de 20 anos. Negou poliúria, polidipsia ou perda de peso. Na chegada ao hospital, a glicemia capilar era 252 mg/dl. A tabela abaixo reproduz os valores da glicemia capilar nos dois primeiros dias de internação. A HbA1c dosada no segundo dia de internação foi de 5,6%. Diante desse quadro, considere as assertivas propostas. I – Trata-se de um paciente sem diabetes prévio; a hiperglicemia provavelmente é decorrente do estresse desencadeado pela infecção; II – O tratamento mais adequado no momento consiste na monitorização da glicemia capilar antes do café, do almoço, do jantar e na prescrição de uma dose de insulina regular (4-6 UI), se o valor da glicemia capilar for ≥ 200 mg/dl (sliding scale); III – O alvo da glicemia pré-prandial é < 140 mg/dl e o alvo nos demais horários é < 180 mg/dl, tendo-se o cuidado de evitar as hipoglicemias. Quais são CORRETAS? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e III. e) I, II e III.
Vamos analisar as afirmativas da questão. I) O paciente não preenche critérios diagnósticos para diabetes. Os escapes glicêmicos apresentados são justificados pela resposta endocrinometabólica decorrente da infecção (aumento de hormônios hiperglicemiantes) — CORRETA. II) O alvo no paciente grave é manter a glicemia entre 140 e 180; com duas glicemias consecutivas > 180, o ideal é iniciar insulina regular IV em bomba infusora — INCORRETA. III) Caso o paciente esteja se alimentando pela via oral (sem nutrição enteral contínua), antes das refeições devemos manter a glicemia < 140, enquanto após as refeições o ideal é manter as glicemias abaixo de 180 — CORRETA. Alternativa D correta.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO RIO GRANDE DO SUL – RS
22 – Na abordagem de pacientes com cetoacidose diabética, é CORRETO afirmar que: a) Nas primeiras 3h, devemos repor apenas 1 L de SF 0,9%. b) A infusão contínua de insulina regular deve ser imediatamente iniciada, independentemente do nível sérico de potássio. c) A reposição intravenosa de potássio deve ser realizada logo que identificamos que o nível sérico de potássio está abaixo de 6 mEq/L. d) A glicemia capilar deve ser medida a cada 4h. e) Devemos diminuir a dose de insulina regular contínua quando a glicemia estiver entre 150-210 mg/dl e a acidose resolvida.
A hidratação venosa é parte essencial da conduta perante a Cetoacidose Diabética (CAD), devendo-se repor pelo menos 1 litro de salina (SF 0,9%) na PRIMEIRA HORA de tratamento (A errada). O momento de iniciar a insulinoterapia intravenosa depende da calemia inicial do paciente. Se houver franca hipocalemia (K < 3,3 mEq/L), deve-se primeiro corrigir o distúrbio do potássio (ministrando 40 mEq de K) antes de começar a insulina (B errada). Quando o potássio está entre 3,3 e 5 mEq/L podemos iniciar a insulina sem problemas, mas é preciso começar junto a infusão venosa de K (20-30 mEq por frasco de soro). Com o K > 5 mEq/L a insulina deve ser iniciada sem potássio, sendo a calemia checada de 2/2h (quando cair abaixo de 5 mEq/L a infusão de K deve ser iniciada conforme já explicado — C errada). A glicemia capilar, no início do tratamento, idealmente deve ser verificada a cada hora (D errada). Enfim, quando a glicemia atingir valores < 200-250 mg/dl, devemos reduzir a dose de insulina regular contínua e iniciar a reposição de glicose no soro (adicionando SG 5%)! O objetivo é manter a glicemia entre 150-200 mg/dl até que a cetoacidose se resolva por completo. Resposta certa: E.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) HOSPITAL DAS CLÍNICAS DO PARANÁ – PR
23 – Um paciente de 62 anos, sexo masculino, portador de doença arterial coronariana submetido à revascularização cirúrgica de 3 artérias coronárias, procura assistência médica, pois observou que a sua glicemia de jejum aumentou de 112 mg/dl para 132 mg/dl após o início do medicamento rosuvastatina 20 mg/dia. Qual das condutas terapêuticas abaixo é a mais apropriada para esse paciente? a) Suspender a estatina e iniciar ácido nicotínico. b) Manter a rosuvastatina 20 mg ao dia, apesar de existir uma relação entre o uso de estatinas e a elevação da glicemia. c) Suspender a rosuvastatina e iniciar colestiramina. d) Suspender a rosuvastatina e iniciar um fibrato. e) Suspender a rosuvastatina e iniciar ezetimiba.
Nos últimos 5 anos, vários trabalhos mostraram tanto um aumento da incidência de diabetes como a piora do controle glicêmico em pacientes previamente diabéticos, com o uso de estatinas em dose máxima. No entanto, o paciente em questão possui história de doença arterial coronariana documentada, o que o torna um paciente de alto risco. Neste contexto, somos obrigados a pesar o risco-benefício; como sabemos que a estatinas possuem indicação absoluta nesses pacientes, não devemos suspender a droga e, sim, estabelecer intervenções para melhorar o controle glicêmico. Alternativa B correta.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO PARANÁ – PR
24 – Paciente do sexo masculino, de 36 anos de idade, veio para consulta de rotina. Encontra-se assintomático. Nega comorbidades. História familiar de hipertensão arterial. Ao exame, apresenta: PA = 124 x 78 mmHg; peso = 62 kg; estatura = 1,70 m; exame segmentar normal. Traz exames: glicemia em jejum = 100 mg/dl; HbA1c = 6%; colesterol total = 182 mg/dl; HDL colesterol = 55 mg/dl; triglicerídeos = 110 mg/dl. A melhor estratégia preventiva e a conduta recomendada são, respectivamente: a) Metformina / seguimento em 3 meses. b) Metformina / seguimento em 6 meses. c) Modificação intensiva do estilo de vida / seguimento anual. d) Modificação intensiva do estilo de vida / seguimento em 3 meses. e) Modificação intensiva do estilo de vida e metformina / seguimento em 3 meses.
O que está alterado nos exames de rotina? Resposta: os parâmetros glicêmicos do paciente! Ele não possui critérios diagnósticos para diabetes mellitus, porém apresenta glicemia de jejum alterada (entre 100-125 mg/dl), o que o coloca na categoria “pré-diabetes”. Esta impressão é corroborada pela dosagem de HbA1c, que reflete o comportamento de sua glicemia média nos últimos 3 meses (valores entre 5,7% e 6,4% também possuem o mesmo significado diagnóstico). Ora, a melhor conduta para pacientes “pré-diabéticos” é a mudança no estilo de vida, com melhorias no padrão dietético aliada à prática de atividades físicas. Tal conduta foi superior a todas as estratégias farmacológicas de prevenção do diabetes (redução de risco da ordem de 60% versus 30% com o uso de medicamentos). Evidentemente, tudo isso terá que ser acompanhado bem de perto: com o seguimento verificaremos se o paciente aderiu às recomendações propostas, bem como poderemos flagrar precocemente o eventual surgimento de um quadro de diabetes mellitus declarado! Resposta certa: C.