ENDOCRINO Vol 2 - Doenças da Suprarenal; Doenças da Paratireóide; Doenças da Hipófise e Hipotálamo Flashcards
RESIDÊNCIA MÉDICA 2017 (ACESSO DIRETO 1) FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP – SP
1 – Lactente de 48 dias de vida é admitido na unidade de emergência pediátrica com história de vômitos há 5 dias, pós-alimentares, 2-3 vezes ao dia. Nega diarreia ou febre. No exame físico, apresenta sinais de desidratação e a inspeção do períneo mostra genitália ambígua. Os achados laboratoriais esperados são: a) Hipernatremia e hipocalemia. b) Hiponatremia e hipocalemia. c) Hipernatremia e hipercalemia. d) Hiponatremia e hipercalemia.
Temos um caso que associa vômitos e genitália ambígua num lactente de 48 dias. Essa junção de problemas deve nos remeter à hipótese de HIPERPLASIA ADRENAL CONGÊNITA. Nesta condição temos, mais comumente, a deficiência da enzima 21-hidroxilase (90% dos casos), responsável pela síntese de cortisol a partir da 17-alfa-hidroxiprogesterona, bem como pela síntese de 11-desoxicorticosterona a partir da progesterona. Isto é, sem esta enzima temos falha na síntese de glicocorticoides e mineralocorticoides, com acúmulo de seus precursores. O excesso de ACTH, que se eleva em função dos baixos níveis de cortisol, estimula as adrenais a produzirem androgênios por via enzimática, que permanece íntegra. Na forma clássica perdedora de sal da hiperplasia adrenal congênita, que parece ser o caso em questão, os lactentes apresentam perda ponderal progressiva, desidratação, vômitos, anorexia, podendo haver ainda dispneia e cianose, associando-se à virilização em meninas e puberdade precoce em meninos! A questão pede os achados eletrolíticos, ou seja, alterações relacionadas à deficiência de aldosterona, que cursa com a reabsorção de sódio e secreção de potássio no túbulo distal comprometidas. Logo, teremos hiponatremia e hipercalemia. Resposta certa: D.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2017 (ACESSO DIRETO 1) HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ANTÔNIO PEDRO – RJ
2 – A intervenção no manejo pré-operatório de uma paciente com hipercalcemia se faz utilizando-se, principalmente, de: a) Calcitonina. b) Corticoide. c) Furosemida. d) Tiazídico. e) Hidratação.
O manejo de pacientes com hipercalcemia no pré-operatório é semelhante ao da hipercalcemia em outros cenários, com atenção ao risco de depleção de volume (hipercalcemia causa resistência do túbulo coletor aos efeitos do hormônio antidiurético, gerando poliúria aquosa num quadro semelhante ao diabetes insipidus nefrogênico), que por sua vez pode elevar ainda mais os níveis séricos de cálcio devido à desidratação. Portanto, o pilar terapêutico consiste na hidratação venosa com soro fisiológico 0,9% a 200-300 ml/h, objetivando um débito urinário entre 100-150 ml/hora (E correta). O uso de inibidores da reabsorção óssea, como bifosfonatos e calcitonina, é considerado apenas em casos de hipercalcemia severa, como valores de cálcio total > 14 mg/dl ou sintomas graves (A incorreta). A furosemida é uma opção no tratamento da hipercalcemia, por aumentar a excreção renal desse íon, porém não é uma droga ideal devido ao risco de depleção de volume e desidratação (C incorreta). Os tiazídicos, por outro lado, são contraindicados, pois aumentam a reabsorção tubular de cálcio e pioram a hipercalcemia (D incorreta). Os glicocorticoides são utilizados apenas em situações específicas relacionadas à hipercalcemia, como algumas malignidades e doenças que cursam com aumento da vitamina D, como intoxicação exógena e doenças granulomatosas (B incorreta). Resposta correta – letra E.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2017 (ACESSO DIRETO 1) HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PEDRO ERNESTO – RJ
3 – Mulher de 53 anos foi submetida à paratireoidectomia total com reimplante em membro superior direito devido a hiperparatireoidismo terciário. O histopatológico evidenciou três glândulas hiperplasiadas e a quarta glândula era um linfonodo. No segundo mês de pós-operatório, apresentou elevação do PTH de 61 ng/dl para 123 ng/dl, e do cálcio de 9 mcg/dl para 11 mcg/dl. Os exames complementares e a suspeita diagnóstica que deve ser aventada, respectivamente, são: a) Cintilografia com MIBI e ultrassonografia cervical / persistência da doença. b) PET-scan com 18-FDG e ultrassom endoscópico / recorrência da doença. c) Tomografia computadorizada de abdome e raio X de corpo inteiro / síndrome secretiva do peptídeo YY. d) Ressonância magnética de corpo inteiro com contraste gadolínio e ecocardiograma / síndrome secretiva de PTH-like.
Perceba que essa mulher fez uma paratireoidectomia e, em vez de observarmos quatro paratireoides no histopatológico, vimos apenas três. Isso nos faz crer, naturalmente, que uma das glândulas permaneceu no corpo da paciente após a cirurgia, o que é corroborado pela elevação nos níveis do hormônio secretado pelo órgão em tela. Assim, pensaremos em persistência da doença (e não recorrência, B errada); a síndrome PTH-like surge quando algum tumor neuroendócrino — oat cell, por exemplo — libera um peptídeo semelhante, mas não idêntico ao PTH e que, portanto, jamais elevaria a dosagem do hormônio verdadeiro (D errada); o peptídeo YY não se relaciona à paratireoide — trata-se de hormônio relacionado aos mecanismos hipotalâmicos geradores de obesidade (C errada). Assim, nos resta buscar o tecido paratireóideo remanescente através de uma cintilografia com MIBI. Resposta: A.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2017 (ACESSO DIRETO 1) HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UFSC – SC
4 – Sobre o feocromocitoma, é CORRETO afirmar que: a) É um tumor da glândula suprarrenal, localizado na sua região cortical. b) Era chamado de tumor dos 10%: 10% são bilaterais, 10% são benignos, 10% são extrassuprarrenais e 10% são familiares. c) O teste laboratorial confirmatório para a lesão é a dosagem de metanefrina livre no plasma. d) Os pacientes podem apresentar a tríade clássica da lesão: cefaleia, sudorese profusa e palpitações, sendo que a hipertensão está presente na grande maioria dos casos. e) É um tumor de suprarrenal produtor de aldosterona.
Opção A: incorreta. O feocromocitoma é um tumor originado nas células cromafins presentes na medula (e não córtex) suprarrenal. Opção B: incorreta. Questão maliciosa. Existe realmente a “regra dos 10%” para o feocromocitoma. Ok, então qual o erro? Vamos rever a “regra dos 10”: 10% são bilaterais, 10% são extra-adrenais, 10% cursam sem hipertensão, 10% estão associados a síndromes familiares e… 10% são malignos(!) e não benignos como o autor coloca na questão. Opção C: incorreta. Os exames laboratoriais, na suspeita de feocromocitoma, procuram comprovar a hipersecreção de catecolaminas. Os testes urinários são os mais indicados, sendo os principais: metanefrinas urinárias, catecolaminas urinárias livres ou não conjugadas e ácido vanilmandélico. Opção D: correta e nossa resposta. Sabemos que a tríade clássica consiste em paroxismos de cefaleia, palpitações e sudorese. Como vimos acima, a hipertensão pode estar ausente em 10% dos casos. Mas atenção, talvez a hipertensão arterial resistente ao tratamento clínico, principalmente em paciente jovens, seja um dos principais sinais para suspeitarmos de feocromocitoma. Opção E: incorreta. Como já vimos, o feocromocitoma é um tumor suprarrenal produtor de catecolaminas. Resposta: D.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2017 (ACESSO DIRETO 1) ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO RIO GRANDE DO SUL – RS
5 – Dentre as situações abaixo, qual NÃO é causa de hipercalcemia? a) Hiperparatireoidismo. b) Imobilização prolongada. c) Hipomagnesemia. d) Nutrição parenteral total. e) Linfoma.
A hipercalcemia é relativamente comum em pacientes com câncer, ocorrendo em aproximadamente 20% a 30% dos casos durante o curso da doença. Ela ocorre em pacientes com tumores sólidos, bem como nas neoplasias hematológicas, como linfoma. Os cânceres mais comumente associados à hipercalcemia são: mama, pulmão e mieloma múltiplo. A ocorrência de hipercalcemia no curso de neoplasias tem um impacto prognóstico desfavorável na grande maioria dos casos. A hipercalcemia nesses pacientes ocorre em virtude do aumento da reabsorção óssea e da liberação de cálcio dos ossos. Há quatro principais mecanismos pelos quais isso pode ocorrer: metástases osteolíticas com liberação local de citocinas (incluindo fatores de ativação dos osteoclastos); tumor que secreta proteínas relacionadas ao hormônio da paratireoide (PTHrP); tumor com produção de 1,25-di-hidroxivitamina D (calcitriol) e produção ectópica do PTH. O hiperparatireoidismo, seja primário, secundário ou terciário, aumenta o cálcio sérico por aumentar a reabsorção óssea. A hipercalcemia por imobilização prolongada pode se manifestar dentro de dias a semanas de repouso no leito. A imobilização prolongada no leito pode levar à hipercalcemia, principalmente em indivíduos com taxa de remodelação óssea aumentada, incluindo crianças, adolescentes e adultos jovens e na presença de algumas doenças, como doença de Paget. Os mecanismos dessa anormalidade não estão bem estabelecidos, mas geralmente existe aumento da taxa de reabsorção óssea. A nutrição parenteral total pode causar inúmeros distúrbios hidroeletrolíticos, entre eles a hipercalcemia ou até a hipocalcemia, além de hiperglicemia, hipomagnesemia etc. A hipomagnesemia não gera hipercalcemia. Hipomagnesemia, na realidade, está diretamente relacionada à HIPOCALEMIA (potássio e magnésio competem por um mesmo canal transmembrana nas células dos túbulos renais; com menos magnésio dentro da célula, mais potássio acaba passando pelo referido canal, sendo perdido na urina — a hipomagnesemia causa calciúria e hipocalemia, geralmente refratária ao tratamento de reposição de potássio). Resposta: C.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2017 (ACESSO DIRETO 1) ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO PARANÁ – PR
6 – Sobre feocromocitoma, assinale a afirmação verdadeira: a) Podem surgir esporadicamente ou por herança. b) Na maior parte dos casos, são tumores malignos. c) Trata-se de um tumor produtor de mineralocorticoides. d) A tríade clássica de sintomas é cefaleia, hipertensão e sudorese profusa. e) O diagnóstico baseia-se na história e exame físico, não sendo indicada realização de exames complementares.
A tríade clássica do feocromocitoma é cefaleia, sudorese intensa e PALPITAÇÃO! A hipertensão é um sinal comum na apresentação, porém não faz parte da tríade (D falsa). Os feocromocitomas são tumores produtores de catecolaminas (C falsa). Cerca de 90% são benignos, unilaterais e localizados na suprarrenal (B falsa). Quanto à origem, eles podem ser esporádicos ou, em 10% dos casos, familiares (A verdadeira). Estes últimos são geralmente bilaterais e todos distúrbios autossômicos dominantes. Algumas condições hereditárias associadas são as neoplasias endócrinas múltiplas 2A e 2B, síndrome de von Hippel-Lindau e neurofibromatose tipo 1. O diagnóstico de feocromocitoma deve ser confirmado com comprovação bioquímica (dosagem de catecolaminas e metanefrinas na urina) e métodos de imagem, inicialmente com TC ou RM de abdome (E falsa). Resposta correta: letra A.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2017 (ACESSO DIRETO 1) SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DO ESTADO DE PERNAMBUCO – PE
7 – Paciente de 45 anos foi diagnosticado com tumor neuroendócrino de 2 cm justapilórico. Apresentava diarreia e perda de peso há 4 meses. Na avaliação pré-operatória, foram identificados Ca++ - 13,8 mg/dl e nefrolitíase. Podemos concluir que o paciente apresenta: a) NEM tipo IIA. b) NEM tipo I. c) NEM tipo IIB. d) Neurofibromatose tipo I. e) Doença de von Hippel-Lindau.
O paciente apresenta um tumor neuroendócrino justapilórico associado à diarreia e perda de peso. Nesse caso, temos apenas duas opções de tumores: o gastrinoma, que se caracteriza pela presença de úlceras gástricas e diarreia, ou o VIPoma, cujo quadro é basicamente uma diarreia aquosa, podendo ser caracterizada como cólera pancreática, associada à hipocalemia e acloridria. Ambos apresentam elevado risco de malignidade e devem ser ressecados. No pré-operatório da ressecção desse tumor, os exames laboratoriais evidenciaram hipercalcemia moderada (entre 12 e 14,5 mg/dl) e nefrolitíase, provavelmente como consequência da hipercalcemia. Diante de um paciente com tumor neuroendócrino e hipercalcemia, devemos pensar em hiperparatireoidismo primário, um dos integrantes das Neoplasias Endócrinas Múltiplas (NEM). A NEM tipo 1, ou síndrome de Werner, é a associação de hiperparatireoidismo, tumor neuroendócrino pancreático e tumor de hipófise, os 3 P (Paratireoide, Pâncreas e Pituitária). A NEM tipo 2 subdivide-se em tipo 2A, ou síndrome de Sipple, com associação de hiperparatireoidismo, feocromocitoma e carcinoma medular de tireoide, enquanto a NEM 2B, ou síndrome de Gorlin, é a associação de carcinoma medular de tireoide, feocromocitoma, neuromas mucosos e hábito marfanoide. Assim, o paciente da questão, com tumor neuroendócrino próximo ao piloro e hiperparatireoidismo, deve apresentar a NEM 1. Resposta da questão: alternativa B.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2017 (ACESSO DIRETO 1) PROCESSO SELETIVO UNIFICADO – MG
8 – Paciente de 37 anos, gênero feminino, submetida à ultrassonografia abdominal de rotina, sendo detectada calculose renal bilateral importante. As dosagens do PTH e do cálcio sérico estavam elevadas. Em relação a essa situação, assinale a alternativa ERRADA: a) A diferenciação entre hiperplasia e adenoma é facilmente estabelecida pelo exame histopatológico. b) Para se confirmar hiperplasia primária das paratireoides deve haver acometimento de todas as glândulas paratireoides da paciente. c) O diagnóstico mais provável é de hiperparatireoidismo primário devido à adenoma da paratireoide. d) O tratamento cirúrgico é a única terapia definitiva para o hiperparatireoidismo primário.
O adenoma de paratireoide é a causa mais comum de hiperparatireoidismo primário, representando 80% dos casos. Na hiperplasia de paratireoide todas as paratireoides estão hiperfuncionantes. A terapia definitiva para tratar hiperparatireoidismo é a cirurgia com remoção da glândula hiperfuncionante. O histopatológico da hiperplasia e do adenoma é semelhante, nos dois casos há glândula aumentada e hiperfuncionante, a diferença é a extensão dessa alteração. Enquanto na hiperplasia é difusa, no adenoma é localizada. Dessa forma, a letra A é a incorreta.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2017 (ACESSO DIRETO 1) SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DISTRITO FEDERAL – DF
9 – Paciente do sexo feminino, 20 anos de idade, relata que, há três semanas, está com hipertensão refratária à terapêutica medicamentosa otimizada. Refere que apresenta cansaço extremo durante o dia, além de palpitações, cefaleia e sudorese. No momento da consulta, sua pressão é de 160 x 100 mmHg. Foram solicitados catecolaminas urinárias que apresentaram valor acima da normalidade. Considerando esse caso clínico, julgue o item a seguir. Feocromocitoma associado à neoplasia endócrina múltipla 2A tem relação com carcinoma medular de tireoide. a) CERTO. b) ERRADO.
A presença de hipertensão refratária em uma paciente jovem sempre nos deve fazer pensar em uma causa secundária. Nesse caso, o diagnóstico já está dado: tríade clássica — cefaleia + sudorese intensa + palpitação, associada à dosagem elevada das catecolaminas urinárias. Só podemos estar falando do feocromocitoma, uma neoplasia rara das células cromafins. Cerca de 90% dos tumores são benignos, unilaterais e localizados na suprarrenal. Quanto à origem, eles podem ser esporádicos ou familiares (10%). Estes últimos são geralmente bilaterais e todos distúrbios autossômicos dominantes, incluindo as Neoplasias Endócrinas Múltiplas (NEM). Vamos relembrá-las: - NEM 2 A (síndrome de Sipple): feocromocitoma + carcinoma medular da tireoide + hiperparatireoidismo primário (afirmativa correta); - NEM 2 B: feocromocitoma + carcinoma medular de tireoide + neuromas de mucosa e fenótipo marfanoide. A banca do concurso enganou-se e liberou o gabarito preliminar como ERRADO, porém, após os recursos, o mesmo foi alterado para CERTO.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS SÃO PAULO – SP
10 – Homem de 45 anos apresenta um carcinoma de adrenal esquerda produtor de cortisol. Dos abaixo, os dados mais prováveis neste caso são:
O paciente descrito tem hipercortisolismo, logo, podemos esperar linfopenia no hemograma (o cortisol é linfotóxico) e hipocalemia na bioquímica sérica (o excesso de cortisol exerce efeito mineralocorticoide no túbulo coletor, aumentando a reabsorção de Na em troca da secreção de H+ e K+). A hiperpigmentação cutânea não é encontrada nas causas adrenais (“primárias”) de hipercortisolismo. Veríamos tal achado na hipersecreção de ACTH (como no hipercortisolismo “secundário”), uma vez que o ACTH deriva da POMC, sendo cossecretado com o MSH (a POMC é um pré-hormônio clivado em ACHT, MSH e opioides endógenos). Na realidade, o paciente em tela deve ter o ACTH suprimido. Resposta certa: B.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – RJ
11 – A droga que pode causar insuficiência adrenal primária é: a) Furosemida. b) Piperacilina + tazobactam. c) Propranolol. d) Cetoconazol.
Diversas drogas são capazes de inibir a biossíntese de cortisol e provocar insuficiência adrenal primária. As mais comuns são: (1) etomidato; (2) cetoconazol; (3) fluconazol e (4) metirapona, além do quimioterápico (5) suramina. Outras drogas também podem produzir uma redução dos níveis de cortisol, mas por aceleração de seu metabolismo hepático, e não propriamente insuficiência adrenal. Dentro deste último grupo merecem destaque: fenitoína, rifampicina e barbitúricos. Resposta certa: D.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ANTÔNIO PEDRO – RJ
12 – O radiofármaco útil para a localização de feocromocitomas, em especial quando os tumores são múltiplos, extrassuprarrenais, recidivantes ou metastáticos, é: a) NP-59. b) Metaiodobenzilguanidina. c) Betaiodometil-19-norcolesterol. d) 3,4-di-hidroxifenilglicol. e) Tecnécio-99m.
Após a suspeita clínica de feocromocitoma e diagnóstico bioquímico do aumento das catecolaminas endógenas produzidas por esse tumor de células cromafins, é importante localizá-lo para planejar o tratamento cirúrgico. O exame inicial de escolha é a tomografia computadorizada ou ressonância magnética do abdome, visto que em 95% dos casos o tumor encontra-se localizado no abdome e pelve. A cintilografia é recomendada quando a TC ou RM falham em identificar o sítio tumoral, sendo o radiofármaco utilizado o 123I-metaiodobenzilguanidina (MIBG). A cintilografia também é indicada no caso de tumores grandes (> 10 cm), pelo risco aumentado de malignidade, ou na presença de um paraganglioma, pelo risco de coexistência de múltiplos tumores e de malignidade. Resposta: B.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE RIO DE JANEIRO – RJ
13 – As alterações esperadas em uma criança com hipoparatireoidismo e função renal normal são: a) Hipercalcemia e normofosfatemia. b) Hipercalcemia e hiperfosfatemia. c) Hipercalcemia e hipofosfatemia. d) Hipocalcemia e hiperfosfatemia.
O Paratormônio (PTH) é responsável pela regulação dos níveis séricos de cálcio e fósforo. Seus efeitos incluem o AUMENTO do cálcio sérico (maior reabsorção óssea, maior reabsorção tubular do cálcio filtrado, maior absorção intestinal do cálcio presente na dieta) e a DIMINUIÇÃO do fosfato sérico (maior eliminação urinária do fósforo). Em um quadro de hipoparatireoidismo, portanto, espera-se encontrar HIPOcalcemia e HIPERfosfatemia. Resposta certa: D.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) FUNDAÇÃO JOÃO GOULART HOSPITAIS MUNICIPAIS – RJ
14 – Paciente, 52 anos de idade, em investigação diagnóstica devido a quadro de obesidade centrípeta, estrias cutâneas largas em abdome, equimoses em membros superiores e diabetes mellitus. Considerando o diagnóstico provável, a conduta inicial mais adequada é: a) Dosagem de cortisol após altas doses de dexametasona (2 mg a cada 6/6h) durante 2 dias. b) Tomografia computadorizada de abdome e dosagem de cortisol salivar às 8h da manhã. c) Tomografia computadorizada de abdome e dosagem de ACTH e cortisol às 8h da manhã. d) Dosagem de cortisol, às 8h da manhã, após supressão noturna com dexametasona.
Frente a um portador de obesidade centrípeta, um dado que deve sempre nos chamar atenção para a possibilidade de uma endocrinopatia é o seguinte: estrias cutâneas “largas” (> 1 cm de largura) no abdome. Tal achado é muito sugestivo de síndrome de Cushing (hipercortisolismo)! O diabetes mellitus e as equimoses também podem ser explicados por esta condição, porém por si mesmos não possuem a mesma especificidade para o diagnóstico de Cushing que as estrias cutâneas largas (fora o fato de que o diabetes mellitus é um comemorativo típico da obesidade primária). Ora, considerando então que este paciente é um caso suspeito de Cushing, e lembrando que o primeiro passo no algoritmo de investigação diagnóstica dessa doença é o screening de hipercortisolismo (que pode ser feito de várias formas diferentes, incluindo o teste de supressão noturna com dexametasona — descrito corretamente na alternativa D), só poderíamos marcar aqui a letra D.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2016 (ACESSO DIRETO 1) SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DISTRITO FEDERAL – DF
15 – No que se refere ao câncer de esôfago, cirrose e doença de Crohn, julgue o item subsecutivo. Se a ressonância magnética de abdome revelar a presença de nódulo sólido homogêneo de 3 centímetros de diâmetro na glândula suprarrenal esquerda, existe indicação de adrenalectomia, mesmo na ausência de produção hormonal associada. a) CERTO. b) ERRADO.
Temos um caso de um incidentaloma adrenal, isto é, uma massa adrenal > 1 cm descoberta por acaso em um exame de imagem abdominal. Todos os pacientes com incidentalomas devem ser avaliados para a possibilidade de malignidade e produção de hormônio subclínica. Um aspecto fundamental é a característica da imagem à TC ou RM, sendo os achados sugestivos de carcinoma ou metástases as lesões > 4-6 cm, heterogêneas, com margens irregulares, calcificação visível, com coeficiente de atenuação aumentado à TC (> 10 HU) e desaparecimento tardio do contraste (delayed washout ). Deve-se excluir a possibilidade de feocromocitoma e síndrome de Cushing a partir da dosagem de metanefrinas plasmáticas e teste de supressão com a dexametasona (ou cortisol urinário, ou salivar). Outras síndromes suprarrenais também devem ser descartadas, na presença de clínica sugestiva, como o hiperaldosteronismo na presença de hipertensão arterial. Para os pacientes com imagem sugestiva de malignidade ou com incidentalomas funcionantes, está indicada a adrenalectomia. No entanto, nos tumores não produtores de hormônios e com aparência benigna, a conduta deve ser expectante com novo exame radiológico dentro de aproximadamente 6 meses para acompanhamento. Portanto, como o paciente da questão apresenta um nódulo de 3 cm, homogêneo, não funcionante, provavelmente trata-se de um adenoma cortical benigno, sem indicação de intervenção cirúrgica. Afirmativa incorreta. Resposta: B.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2015 (ACESSO DIRETO 1) HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE RP DA USP – SP
16 – Mulher, 49 anos, apresenta dor óssea e fraqueza progressiva há 1 ano. Os exames laboratoriais evidenciaram hipercalcemia e hipofosfatemia leves, tendo sido considerado um provável diagnóstico de hiperparatireoidismo primário. Com essas informações é possível afirmar que: a) A confirmação diagnóstica do hiperparatireoidismo primário deve ser feita a partir da ultrassonografia do pescoço, ao se detectar uma paratireoide aumentada. b) Deve-se realizar uma cintilografia de paratireoide com iodo 131 para obter o diagnóstico topográfico de um provável adenoma de paratireoide. c) É pouco provável que a causa do hiperparatireoidismo seja um carcinoma de paratireoide, já que, nesse caso, o mais provável seria uma hipercalcemia moderada ou grave. d) É mandatória a investigação da função renal, uma vez que a doença renal crônica é uma importante causa de hiperparatireoidismo primário.
Vamos analisar as alternativas desta boa questão, que aborda o hiperparatireoidismo primário. O hiperparatireoidismo primário é suspeitado em pacientes com hipercalcemia e um PTH elevado. No entanto, os testes confirmatórios seriam a mensuração da excreção urinária de cálcio e a dosagem de 25-hidroxivitamina D. Dessa forma, podemos concluir que o diagnóstico é basicamente bioquímico (INCORRETA). O exame de escolha para o diagnóstico topográfico é a cintilografia com tecnécio (INCORRETA). Comparando com as causas benignas de hiperparatireoidismo primário, o carcinoma de paratireoide causa mais sintomas, mais doença óssea e renal, hipercalcemia mais grave e níveis de PTH muito mais elevados (CORRETA). As principais causas de hiperparatireoidismo primários são: adenoma benigno solitário (80-85% dos casos), hiperplasia nodular ou difusa (10-15%) e o carcinoma de paratireoide (< 1%). A insuficiência renal crônica é uma causa de hiperparatireoidismo secundário e terciário (INCORRETA). Letra C – CORRETA.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2015 (ACESSO DIRETO 1) FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP – SP
17 – Homem, 57 anos, negro, há 7 meses refere mal-estar, cansaço fácil, fadiga, náuseas, diminuição do apetite e emagrecimento de 5 kg no período. Está em tratamento regular para hipertensão arterial sistêmica com betabloqueador e inibidor de enzima conversora de angiotensina. É diabético em uso de insulina há 6 anos. Procurou o pronto-socorro por duas vezes, pois sua pressão estava muito baixa e desmaiou, sendo orientado a suspender o inibidor de enzima conversora de angiotensina. Exame físico: PA sentado = 90 x 62 mmHg; PA em pé = 70 x 58 mmHg; FC = 74 bpm; oximetria de pulso = 96% (em ar ambiente); corado; hidratado. Pulmões: murmúrio vesicular presente sem ruídos adventícios. Coração: bulhas rítmicas normofonéticas sem sopros. Membros inferiores: ausência de edema. Exames laboratoriais: Na sérico = 121 mEq/L; K sérico = 5,4 mEq/L; glicemia = 67 mg/dl; creatinina sérica = 1,2 mg/dl e ureia sérica = 42 mg/dl. O DIAGNÓSTICO É: a) Insuficiência renal crônica. b) Insuficiência suprarrenal primária crônica. c) Hiperaldosteronismo primário. d) Hipercortisolismo primário.
Na insuficiência renal crônica avançada (sintomática) esperamos sempre a existência de franca azotemia (aumento das escórias nitrogenadas). No hiperaldosteronismo primário o paciente tem HIPOcalemia espontânea e grave hipertensão arterial secundária. No hipercortisolismo, além de hipertensão, espera-se também — e principalmente — a existência de importante hiperglicemia. Ora, na insuficiência adrenal, tudo o que foi descrito pode ser encontrado: sintomas gerais como fadiga, náuseas e indisposição, perda ponderal, hipotensão arterial (com forte componente ortostático), hiponatremia, hipercalemia (ou tendência ao aumento do K+ sérico) e hipoglicemia (ou tendência). Ele não cita aí, mas é importante lembrar que também pode haver eosinofilia no hemograma. Resposta certa: B.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2015 (ACESSO DIRETO 2) UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – SP
18 – Paciente com osteoporose em uso de carbonato de cálcio e vitamina D feita em farmácia de manipulação. Apresenta-se com quadro convulsivo devido a hipercalcemia. Níveis séricos de vitamina D (25-OH-colecalciferol) acima do limite superior de detecção. Neste caso, a causa mais provável para a hipercalcemia do paciente é: a) Tuberculose. b) Mieloma múltiplo. c) Paraneoplásico por “PTH-like ”. d) Intoxicação exógena por vitamina D.
A intoxicação pela vitamina D e pela vitamina A é a hipercalcemia de quem utiliza suplementos vitamínicos! Ocorre pela utilização desnecessária de suplementos contendo vitamina D e vitamina A. No caso da vitamina D, o paciente evolui com hipercalcemia sintomática e hiperfosfatemia, e o diagnóstico é confirmado pelos níveis elevados da 25 (OH) vitamina D. A intoxicação pela vitamina A pode levar à hipercalcemia por aumento da reabsorção óssea. O tratamento de ambas as condições consiste na suspensão do suplemento, associada ao uso de corticoides. Neste caso, já suspeitaríamos de hipercalcemia secundária à intoxicação pela vitamina D pelo fato de o paciente “usar carbonato de cálcio e vitamina D feitos em farmácia de manipulação”, o que é confirmado pelos níveis séricos elevados de 25-OH-colecalciferol. Resposta: D.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2015 (ACESSO DIRETO 1) INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL – SP
19 – Em relação ao cortisol, assinale a alternativa INCORRETA: a) É fabricado pela zona fasciculada das suprarrenais. b) O comando de fabricação se dá pelo ACTH (adeno-hipófise). c) A secreção apresenta ritmo circadiano, com pico às 16h. d) Até o primeiro ano de vida não há ritmo circadiano. e) A metabolização ocorre no fígado e seus metabólitos têm excreção renal.
A glândula adrenal é composta por dois tecidos endócrinos — a medula e o córtex. O córtex adrenal divide-se em zona glomerulosa, zona reticular e zona fasciculada, sendo esta última a maior delas, ocupando 75% de todo o córtex, e a responsável pela produção de cortisol. O ritmo de secreção diária de cortisol é acarretado pela variação na amplitude dos pulsos de ACTH. Os pulsos tanto de ACTH quanto de cortisol ocorrem a cada 30-120 minutos, são mais altos ao despertar e baixos no fim da tarde e à noite. A metabolização do cortisol é efetuada nos hepatócitos, e os metabólitos derivados são excretados do organismo através dos rins. No recém-nascido, a ciclagem do sono obedece a um ritmo ultradiano. A partir do primeiro mês de vida, inicia-se a adaptação do ritmo circadiano, que só estará totalmente desenvolvido após o primeiro ano. Gabarito: opção C.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2015 (ACESSO DIRETO 1) UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – RJ
20 – Uma das ações fisiológicas do Paratormônio (PTH) é: a) Diminuir a calcemia. b) Estimular a formação óssea. c) Aumentar a fosfatúria. d) Inibir a conversão de 25-hidroxivitamina D em 1,25-di- -hidroxivitamina D.
O Paratormônio (PTH) é um hormônio produzido pelas glândulas paratireoides que tem a função primordial de controlar os níveis séricos de cálcio. Assim, à medida que o cálcio sérico tende a se reduzir, os níveis de paratormônio aumentam, agindo para manter a calcemia dentro da normalidade. Como o PTH faz isso? Os mecanismos são múltiplos: (1) aumento na reabsorção da matriz óssea para liberar o cálcio ali estocado; (2) aumento da reabsorção renal do cálcio filtrado; (3) aumento da absorção intestinal de cálcio; (4) estímulo à conversão da vitamina D inativa (25-hidroxivitamina D) em sua forma ativa (1,25-di-hidroxivitamina D), para que esta última também aumente a absorção intestinal de cálcio. Uma vez que o PTH é um hormônio hipercalcemiante, um problema em potencial de sua ação seria a possibilidade de levar à precipitação de fosfato de cálcio insolúvel nos tecidos! A fim de evitar esta complicação, outro efeito que o PTH exerce é o aumento na eliminação corporal de fosfato, aumentando, principalmente, a fosfatúria. Resposta certa: C.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2015 (ACESSO DIRETO 1) SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE RIO DE JANEIRO – RJ
21 – Para o preparo pré-operatório do feocromocitoma são utilizados: a) A estimulação alfa, seguida pela estimulação beta-adrenérgica. b) O bloqueio alfa, seguido pela estimulação beta-adrenérgica. c) A estimulação alfa, seguida pelo bloqueio beta-adrenérgico. d) O bloqueio alfa, seguido pelo bloqueio beta-adrenérgico.
Antes de operar um feocromocitoma, o paciente tem que estar com a PA totalmente controlada. Isso é feito através do bloqueio farmacológico intensivo dos receptores adrenérgicos, tanto alfa quanto beta. Contudo, um conceito clássico tem que estar enraizado em nossa mente: primeiro fazemos o bloqueio alfa, e só depois o bloqueio beta. O motivo é o seguinte: se utilizarmos betabloqueadores isoladamente, ocorrerá bloqueio somente dos receptores beta (beta-1 e beta-2). Ora, o bloqueio beta-1 se contrapõe aos efeitos das catecolaminas no coração, porém o bloqueio beta-2 remove um importante estímulo VASODILATADOR! Assim, se os receptores alfa estiverem neste momento hiperestimulados, sobrevém um agravamento do vasoespasmo, com grande aumento da resistência vascular periférica e, consequentemente, um aumento paradoxal da pressão arterial! Resposta certa: D.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2015 (ACESSO DIRETO 2) HOSPITAL NACIONAL DO CÂNCER – RJ
22 – Paciente de 7 anos, com sinais de precocidade sexual acompanhados de virilização. Os exames laboratoriais mostram aumento dos níveis séricos de 17-hidroxiprogesterona e de androgênios adrenais. O diagnóstico é: a) Hiperplasia adrenal por deficiência de 11-hidroxilase. b) Hiperplasia adrenal por deficiência de 21-hidroxilase. c) Tumor adrenal. d) Tumor virilizante.
O diagnóstico diferencial da criança com precocidade puberal é amplo e envolve, em um primeiro momento, a distinção entre os casos de puberdade precoce e puberdade periférica, ou pseudopuberdade precoce. O enunciado nos indica que há aumento nos níveis de 17-hidroxiprogesterona e essa informação é suficiente para pensarmos que estamos diante de um quadro muito comum nos concursos: a Hiperplasia Adrenal Congênita (HAC). Na HAC, temos uma série de deficiências enzimáticas que têm em comum um defeito na esteroidogênese. A forma mais comum de HAC é a deficiência da enzima 21-hidroxilase, uma enzima que participa da formação do cortisol e dos mineralocorticoides. Os pacientes com a forma clássica da deficiência de 21-hidroxilase têm manifestações presentes desde o período neonatal; na forma perdedora de sal, há marcada diminuição na síntese de cortisol e de aldosterona e a condição impõe risco de vida ainda nas primeiras semanas após o nascimento. Porém, na deficiência não clássica dessa enzima, há alguma produção de cortisol e de mineralocorticoides e as manifestações irão surgir apenas no período pós-natal e estarão relacionadas com o excesso de androgênios (os precursores acumulados da síntese de cortisol e mineralocorticoides são desviados para a síntese de androgênios, daí a virilização). A deficiência de 11-beta-hidroxilase é outra causa de HAC e também pode cursar com virilização pós-natal. Porém também costuma cursar com hipertensão e é uma forma menos comum. Nos tumores, haveria a descrição de marcante aumento dos hormônios adrenais, não essa característica de elevação da 17-hidroxiprogesterona. Resposta: letra B.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2015 (ACESSO DIRETO 1) HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE – RS
23 – Qual o quadro laboratorial característico da deficiência grave e prolongada de vitamina D? a) Cálcio alto, fósforo baixo e PTH elevado. b) Cálcio alto, fósforo alto e PTH baixo. c) Cálcio normal ou baixo, fósforo baixo e PTH elevado. d) Cálcio normal ou baixo, fósforo alto e PTH elevado. e) Cálcio baixo, fósforo baixo e PTH baixo.
Questão direta. Na deficiência de vitamina D, as alterações laboratoriais esperadas são HIPOcalcemia e HIPOfosfatemia, já que o efeito da vitamina D é basicamente intestinal, através de receptores localizados no intestino delgado, promovendo a absorção de cálcio e fósforo. A hipocalcemia, por sua vez, estimula a secreção de PTH, que, portanto, encontra-se em níveis elevados, muitas vezes retornando a calcemia para níveis normais ou no limite inferior da normalidade. O aumento do PTH contribui ainda mais para a hipofosfatemia, pelo seu efeito fosfatúrico. Melhor combinação, portanto, opção C.
RESIDÊNCIA MÉDICA 2015 (ACESSO DIRETO 1 ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO PARANÁ – PR
24 – Um recém-nascido do sexo masculino com 11 dias de vida apresenta falta de ganho de peso, episódios de vômito, diarreia e recusa alimentar. Apresenta-se em mau estado geral, desnutrido, desidratado, hipotenso, com má perfusão periférica, respiração acidótica e presença de levedo reticular. Abdome flácido, genitais sem alterações. Hemograma com Hb = 16; VG = 51; leucócitos = 18.000; bastões = 13%; segmentados = 40%; linfócitos = 40%; plaquetas = 190.000. Sódio = 126 mg/dl; potássio = 6,1 mg/dl; gasometria com acidose metabólica; glicemia = 90 mg/dl. No manejo deste paciente, além da expansão volumétrica com soro fisiológico, deve-se: a) Realizar medidas para diminuição da hipercalemia com solução de glicoinsulina. b) Iniciar corticoterapia com hidrocortisona endovenosa. c) Iniciar antibioticoterapia de amplo espectro. d) Solicitar avaliação da cirurgia pediátrica. e) Realizar punção liquórica.
Guarde bem esta associação: um recém-nascido que se apresenta com vômitos e desidratação, e na avaliação complementar tem hiponatremia e hipercalemia, é provavelmente portador de hiperplasia congênita da suprarrenal. A causa mais comum é a deficiência da enzima 21-hidroxilase. Na forma clássica perdedora de sal há o comprometimento da síntese de mineralocorticoides e cortisol; os precursores acumulados são desviados para a síntese de androgênios (isso ocorre desde a vida intrauterina, daí a virilização presente ao nascimento, que poderá ser identificada em recém- -nascidos do sexo feminino). As alterações laboratoriais nada mais são do que o resultado do hipoaldosteronismo e do hipocortisolismo, e incluem hipoglicemia (está ausente), hiponatremia e hipercalemia. O tratamento imediato consiste na reposição hormonal que é feita em caráter de urgência com hidrocortisona, além da reposição de volume para manejo do choque. Resposta: letra B.