Filariose Flashcards
Essa é a primeira doença do semestre causada por helmintos. Apresente as características gerais desse grupo de animais.
- Vermes de vida livre e parasitária
- Podem ser do filo platelmintos (vermes chatos) ou nematelmintos (semelhantes a um fio).
- É comum a ocorrência do equilíbrio entre parasita e hospedeiro, ou seja, é comum que essas doenças sejam assintomáticas.
- Hábitat: é comum que seja no trato digestivo dos hospedeiros (exceção: Schistossoma mansoni nos vasos do sistema porta e Wuncheria bancrofti nos vasos linfáticos).
- HD: contém a forma adulta do verme
- HI: contém ovos e larvas
Sobre a filariose, responda:
A) Qual seu nome popular?
B) Qual o agente etiológico dessa doença?
C) Qual é o seu vetor?
A) Elefantíase
B) Microfilária de Wuncheria bancrofti, um nematelminto da classe Chromadorea (ou Sercenentea). que são vermes cilíndricos e alongados.
C) O mosquito Culex quinquefasciatus
Apresente as características mais relevantes do modo de vida do vetor.
Mosquito Culex:
* Fêmeas são hematófagas
* Picam durante a noite (entre 22h e 2h)
* São parasitadas com a larva L3
- Reprodução em água rica em matéria orgânica (fezes, lixos jogados em córregos).
Qual o perfil epidemiológico dessa doença no Brasil?
Essa doença está praticamente erradicada no Brasil, com apenas um foco em Pernambuco, mas este está próximo da interrupção da transmissão, segundo a OMS.
É uma doença endêmica em países de extrema pobreza e com clima tropical e subtropical, como China, Índia, Indonésia e muitos países africanos.
Quais as formas de vida do parasita?
Vermes adultos
* Macho (3,5 cm a 4cm)
* Fêmea (7cm a 10cm)
Embriões ou microfilárias
* Provém das fêmeas grávidas
* Movimentam-se ativamente na corrente sanguínea durante a noite
Larvas
* Localizam-se no inseto vetor
* As larvas evoluem de L1 para L2 e L3, sendo L3 a forma infectante
Apresente o ciclo biológico dessa doença.
- Heteroxênico
- HD: humano
- HI: Culex
1. Culex suga microfilárias (embriões) de pessoas infectadas durante a noite.
2. No mosquito, os embriões tornam-se larvas L1, L2 e L3 (forma infectante).
3. O mosquito infecta novas pessoas com L3, que se desenvolvem em vermes adultos nos vasos linfáticos do ser humano, migrando continuamente entre o sangue e a linfa.
4. Os vermes adultos encontram-se nos vasos linfáticos.
Esse verme apresenta uma particularidade quanto a hábitos de vida que interfere no diagnóstico do indivíduo infectado.
Explique essa particularidade.
Por razões desconhecidas, a microfilária permanece nos capilares dos pulmões durante o dia e só transita pelos vasos linfáticos e sanguíneos periféricos durante a noite.
Isso significa que só é possível encontrar o verme na corrente sanguínea em horários específicos, sendo que o pico da parasitemia ocorre à meia-noite.
Quais as formas clínicas da doença.
A patogenia deriva da presença de vermes adultos no sistema linfático e da resposta imune do hospedeiro.
Assintomática ou subclínica: mais comum em páises e regiões com focos ativos (ex: PE). Quando não há mais casos agudos no país, a doença está erradicada.
Aguda
* Linfagite (lesão de vasos linfáticos)
* Adenite (infecção de gânglios linfáticos)
* Febre e mal-estar
Crônica
* Linfedema
* Hidrocele (lesão de vasos linfáticos)
* Adenite (infecção de gânglios linfáticos)
* Quilúria (gordura na urina)
* Elefantíase
Eosinofilia pulmonar tropical ou EPT (raro)
* Aumento de 10% a 20% do número de eosinófilos, provocando sintomas de asma brônquica.
Descreva a patogenia da elefantíase na filariose, ou seja, do aumento do tamanho de membros e órgãos acometidos.
O edema dos membros inferiores está relacionado ao acometimento dos linfonodos inguinais, enquanto os gânglios linfáticos axilares estão associados ao edema de membros superiores.
No início do curso da doença este edema é depressível. A inflamação crônica faz com este edema evolua para um estágio mais forte e sem depressões, além do endurecimento dos tecidos, resultando em hiperpigmentação e hiperceratose. O linfedema grave comumente é chamado de elefantíase, e resulta da obstrução do vaso associado a fibrose.
Como é feito o dogantóstico?
Clínico
* Não conclusivo no início da infecção.
* Deve ser considerada a história clínica do paciente, a epidemiologia e a visita a áreas endêmicas.
- Sintomas: história de febre recorrente, associação com adenolinfagite e posterior linfedema, alreação pulmonar, eosinofilia e níveis alterados de IgE (isso é a eosinofiliar pulmonar tropical).
Parasitológico
* Pesquisa de microfilárias no sangue, respeitando o horário noturno de 22h às 2h: gota espessa, técnicas d concentração (knott), aspirado de hidrocele e urina.
- Biópsia: pouco utilizada por ser invasiva, mas pode detectar o verme adulto.
Imunológico
* NÃO ENVOLVE PESQUISA DE ANTICORPOS, pois algumas pessoas têm anticorpos para a doença mesmo sem ter sido infectado. Isso significa que o Culex inoculou apenas proteínas do verme, mas não o verme em si.
- Imunocromatografia (antígeno de vermes adultos)
- ELISA-microfilária-OgC3: detecção de antígenos solúveis
Exames de imagem
* Ultrassonografia: identificação de vermes adultos, avaliação da eficácia terapêutica e demonstração da obstrução de vasos linfáticos (inguinais e escrotais)
- Radiografia de tórax: lesões pulmonares (EPT)
- Linfocintigrafia: avalia alterações anatômicas e funcionais dos vasos.
Molecular: PCR
Como é feito o tratamento?
Quimioterápicos
* Trata a infecção ativa com ou sem manifestação clínica.
- Reduz a morbidade, corrige alterações linfáticas e interrompe a transmissão.
Para tratar EPT:
Citrato de dietilcarbamazina (DEC)
* Diminui significativamente os quadros agudos e reduz as lesões linfáticas (fase incial)
- Usado para tratamentos em massa (dose única de 6 em 6 meses)
- É repetido até o desaparecimento da parasitemia, pois seu mecanismo de ação não é bem conhecido
Para reduzir a microfilaremia: ivermectina, mas não atua contra vermes adultos.
Em casos de coinfecção com outros helmintos: DEC + ivermectina ou albendazol (associação de medicamentos)
Para tratar os sintomas inespecíficos da doença:
* Esteroides para o tratamento do linfedema (reduzir o inchaço)
* Higiene do membro afetado
* Antibactericidas e antifúngicos (infecções secundárias)
* Repouso
* Uso de compressas frias, meias elásticas e elevação do membro
* Exercitar o membro afetado para haver retorno linfático
* Tratamento cirúrgico da hidrocele e da quilocele