Esquistossomose Flashcards
AKA "barriga d'água"
Defina o agente etiológico e o vetor dessa doença.
Platelminto
Agente etiológico: Schistossoma mansoni
Vetor: Caramujo Biomphalaria
É uma importante zooantroponose negligenciada e endêmica em 54 países de clim asubtropical e de extrema pobreza.
Quais as formas de vida do parasita?
VERMES ADULTOS
* Macho: achatado. Possui um canal ginecóforo onde se inserem as fêmeas.
- Fêmea: mais finas e cilíndricas. Realizam a ovoposição em vênulas da submucosa intestinal.
OVOS
* São usados para o diagnóstico.
* São ovais e têm uma espícula lateral na parte mais larga.
* São depositados na submucosa intestinal e podem ter dois destinos: fezes (diarreia mucosanguinolenta) ou formação de granulomas intestinais e hepáticos.
MIRACÍDIOS
* São embriões.
* Possuem cílios e um sistema muscular que os permite se movimentarem na água.
* Ficam na água por 24 horas.
CERCÁRIAS
* Forma infectante
* Provem dos miracídios (1 miracídio = 300 mil cercárias)
* Penetram na pele e causam dermatite cercariana*.
ESQUISTOSSÔMULOS
* É a cercária que adentrou o hospedeiro e perdeu sua calda.
* Migram para diferentes órgãos do corpo.
Descreva o ciclo biológico dessa doença.
Heteroxênico.
HI: Biomphalaria
HD: ser humano
1. Fezes contaminadas com ovos do S. mansoni contaminam água de lagos.
2. Os ovos eclodem e liberam miracídios, que penetram nos caramujos Biomphalaria.
3. Formação da cercária, que sai do caramujo e é capaz de nadar nos lagos.
4. A cercária (forma infectante) penetra a pele do indivíduo que nadar na região.
5. A cercária perde sua calda e torna-se um esquistossômulo, segue sangue/linfa para os pulmões, depois para o coração, fígado (onde ocorre diferenciação sexual e crescimento), veia porta (vermes imaturos) e depois para as veias mesentéricas (vermes adultos e acasalamento, 27 dias após a penetração das cercárias)
6. Os vermes adultos migram para as vênulas da submucosa intestinal para fazer a ovoposição, reiniciando o ciclo.
Sobre as formas clínicas da doença, responda:
A) Qual o período de incubação?
B) Quais os achados laboratoriais da forma assintomática?
C) Quais os sintomas da forma aguda da doença?
Período de incubação: 1 a 2 meses
ASSINTOMÁTICA
* Eosinofilia
* Ovos nas fezes (acidental)
Forma sintomática AGUDA
* Dermatite cercariana (ou prurido do nadador): pode aparecer até 5 dias após a infecção, gera micropápulas eritematosas (resposta inflamatória às cercárias) e prurido.
- Forma toxêmica ou Febre de Katayama
- 3 a 7 semanas após a infecção.
- Gera febre, linfadenopatia, emagrecimento, dor abdominal e cefaleia.
Também pode ser acompanhada por diarreia, náuseas, vômitos ou tosse seca e hepatoesplenomegalia discreta.
A forma sintomática crônica dessa doença surge 6 meses após a infecção e pode ser do tipo hepatointestinal, hepática ou hepatoesplênica (compensada ou descompensada).
Explique a forma hepatointestinal.
HEPATOINTESTINAL
* Geralmente é assintomática (o diagnóstico é acidental).
Sintomas:
* Surtos diarreicos
* Disenteria
* Sensação de plenitude
* Flatulência
* Prostração
* Tonturas e cefaleia
Exame físico: dor à palpação dos cólons e fígado entre 2 a 6cm RCD. Baço sem alterações.
Retossigmoidoscopia: alteração da mucosa e identificação de ovos viáveis na biópsia.
A forma sintomática crônica dessa doença surge 6 meses após a infecção e pode ser do tipo hepatointestinal, hepática ou hepatoesplênica (compensada ou descompensada).
Explique a forma hepática.
HEPÁTICA
* Assintomática ou sintomas hepatointestinais
*Fígado palpável e endurecido
* Fibrose sem hipertensão portal
* Esplenomegalia
Ultrassonografia: fibrose hepática (causada pelos ovos liberados no órgão, que formam granulomas)
A forma sintomática crônica dessa doença surge 6 meses após a infecção e pode ser do tipo hepatointestinal, hepática ou hepatoesplênica (compensada ou descompensada).
Explique a forma hepatoesplênica compensada.
HEPATOESPLÊNICA COMPENSADA
* Fígado com aspecto nodular
* Substrato anatômico: fibrose portal de Symmers
- Hipertensão portal, esplenomegalia (anemias e plaquetopenias) e varizes esofágicas (tentativa do organismo criar uma nova circulação, já que a original está comprometida)
A forma sintomática crônica dessa doença surge 6 meses após a infecção e pode ser do tipo hepatointestinal, hepática ou hepatoesplênica (compensada ou descompensada).
Explique a forma hepatoesplênica descompensada.
- É uma das formas mais graves da doença e que está mais associada aos casos que evoluem para óbito.
- Diminuição acentuada da função hepática (fígado menor): redução da albumina e aumento da amônia e da bilirrubina.
- Aranhas vasculares: detectadas na pele, são uma tentativa de criar uma nova circulação, já que a original está comprometida.
Sintomas:
* Ascite (“barriga d’água”)
* Icterícia
* Astenia
* Hemorragia digestiva
* Cirrose pós-necrótica
* Fibrose hepática
* Edemas de MI
* Encefalopatia
* Coma
Quais as possíveis complicações da doença?
• Hipertensão pulnonar ou Vasculopulmonar
• Glomerulopatia
• Complicações neurológicas (granulomas de ovos)
• Associação com bactérias (salmonelose) e hepatites virais (B e C)
• Indivíduos imunicomprometidos
Explique a patogenia da doença causada por cada forma de vida do S. mansoni.
Cercárias: dermatite cercariana.
Esquistossômulos: febre, esplenomegalia, sinotomas pulmonares.
Verme adulto: espoliação sanguínea (2,5g de Fe perdidos por dia) e glicose
Ovos: podem afetar o intestino (hemorragias, edemas e processo degenerativo), fígado (granulomas), pulmões e SNC.
Explique com mais detalhes a patogenia provocada pelos ovos no organismo.
Os ovis causam reação granulomatosa nos órgãos, um processo que é dividido em três fases:
1 - Fase necrôtica-exsudativa: formação de uma zona de necrose, exsudação de neutrófilos e eosinófilos e deposição de material eosinofílico.
2 - Fase produtiva: reação histiocitária e início da reparação da área necrosada.
3 - Fase de cura ou fibrose: formação de um nódulo fibrótico (evolução final do granuloma)
Em cada órgão:
Intestino: diarreia mucossanguinolenta hemorragias, edemas e fibrose (que diminui o peristaltismo, causando obstrução intertinal)
Fígado: ovos no espaço porta causam granulomas (fibrose periportal), obstruindo os ramos hepáticos = hipertensão portal (ascite + esplenomegalia + varizes no esôfago)
Como é feito o diagnóstico?
Clínico: anamnese (nadar em local suspeito).
Direto (Parasitológico)
• Ovos são detectados após 40° dia da infecção
• HPJ (sensibilidade de 50%)
• Kato-katz: o único EPJ quantitativo (determinação da carga parasitária)
• Biópsia retal (oograma): realizado quando o EPF se encontra negativo, mas há evidências da doença.
• Biópsia hepática e de outras regiões para encontrar ovos ou granulomas.
• Pesquisa de Ag (vermes) circulantes: ELISA de captura com urina (Ac monoclonal sensibilizada na placa)
Obs: mesmo sendo direto, não dá para se infectar pelo ELISA.
• US: usado na fase crônica (grau de fibrose)
Indireto (são mais eficientes na fase crônica, a partir do 25° dia)
• Intradermorreação
• Pesquisa do Ac no soro (ELISA - IgM, IgG e IgA)
• RIFI
• Reação periovular (alta sensibilidade e especificidade): ovos são incubados com soro do paciente e observa-se se ocorre precipitação hialina.
Como é feito o tratamento?
• É necessário tratar os assintomáticos!
Remédios específicos:
• Praziquantel (cura em 80% dos adultos e em 70% das crianças)
• Oxamniquina (CI em casos de gravidez e insuficiências renal e hepática)
Para tratar a fase aguda grave e hepatoesplênica: corticoide associado à droga (ex: Prednisona + Oxamniquina ou Praziquantel)