Fibrose cística Flashcards
1
Q
Definição e epidemiologia
A
- A fibrose cística é uma doença caracterizada por mutações no gene do canal transmembrana de transporte de cloreto (CFTR), sendo de caráter AUTOSSÔMICO RECESSIVO
2
Q
Quadro clínico
A
- Relacionado com a disfunção do canal de cloreto transmembrana levando a secreções espessas e ressecadas
- No trato respiratório, primeiro sistema do corpo mais atingido, ocorre comprometimento do clearence mucociliar, com INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS DE REPETIÇÃO, tosse e sibilância crônicas, com períodos de melhora e exacerbação. Instala-se um processo inflamatório crônico nas vias aéreas inferiores e do interstício pulmonar.
- Com o tempo, o paciente pode evoluir com BRONQUIECTASIAS, ATELECTASIAS e FIBROSE PULMONAR
- Em relação ao trato gastrointestinal, temos:
–> Atraso na eliminação meconial e íleo meconial
–> Diarreia crônica
–> Esteatorreia (insuficiência pancreática exócrina)
–> Dificuldade de ganho ponderal em lactentes
–> Atraso no crescimento de crianças - Em crianças escolares e adolescentes pode determinar atraso puberal e amenorreia secundária
- Há uma maior prevalência de colonização do trato respiratório pelas bactérias Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa e Burkholderia cepacia
- Marcadores de gravidade da doença:
–> Desnutrição com HIPOALBUMINEMIA
–> Distúrbios hidroeletrolíticos
–> Choque hipovolêmico
–> Pancreatite crônica
–> Diabetes mellitus
3
Q
Diagnóstico
A
- Inicia-se com a TRIAGEM NEONATAL - o teste do pezinho inclui a dosagem do TRIPSINOGÊNIO IMUNORREATIVO (TIR)
- Valores alterados de TIR no teste do pezinho, EXIGEM REPETIÇÃO DO EXAME EM ATÉ 30 DIAS DE VIDA. Se houver duas amostras alteradas de TIR, prossegue-se a investigação com a DOSAGEM DE CLORETO NO SUOR.
- Frente a DUAS DOSAGENS DE CLORETO NO SUOR ≥ 60 mmol/l, obtidas em duas amostras diferentes, temos o diagnóstico CONFIRMATÓRIO de fibrose cística!
- Em caso de valores de cloreto no suor intermediários (30-59 mmol/l) pode-se realizar diagnóstico através dos ESTUDOS GENÉTICOS
- TODO O PACIENTE COM FIBROSE CÍSTICA, INCLUINDO-SE AQUELES COM DOENÇA JÁ CONFIRMADA PELO TESTE DO SUOR, DEVEM SER SUBMETIDOS AO EXAME GENÉTICO, TENDO EM VISTA QUE ISSO INTERFERE NA INDICAÇÃO DE TERAPIA MUTAÇÃO-ESPECÍFICA E PARA DETERMINAÇÃO DO PROGNÓSTICO!
- Os exames genéticos das mutações de CFTR também auxiliam na investigação de formas atípicas de FC, no aconselhamento genético e no diagnóstico pré-natal ou pré-implantação embrionária.
- Há mais de 2000 mutações associadas ao gene do CFTR com potencial de causar a doença. Essas mutações são classificadas de I a V, tendo correlação prognóstica entre si.
- Espera-se que as mutações das categorias I e III tenham curso MAIS GRAVE que as mutações de classe IV e V.
- A mutação MAIS PREVALENTE é a F508del (chamada de delta F508), presente em torno de 26% dos pacientes brasileiros.
4
Q
Tratamento
A
- O tratamento da fibrose cística é complexo e exige integração multidisciplinar
- Doença pulmonar:
–> Manejo das secreções espessas: fluidificação das vias aéreas com solução salina hipertônica e medicações mucoativas como dornase alfa, associadas ou não a broncodilatadores
–> Fisioterapia respiratória: auxilia na eliminação de secreções, principalmente logo após as nebulizações com solução salina. A TOSSE SEMPRE DEVE SER ESTIMULADA
–> Redução do processo inflamatório crônico das vias aéreas: corticoterapia inalatória, ciclos imunomoduladores de azitromicina
–> Infecções de repetição: preconiza-se antibioticoterapia em episódios de exacerbação da doença pulmonar, geralmente com duração de 14 dias, direcionada pelo diagnóstico microbiológico (cobertura para Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa e Burkholderia cepacia)
–> Evita-se utilizar antibiótico em monoterapia para evitar resistência bacteriana
–> Recomenda-se inicialmente a administração de antibióticos para erradicação de P. aeruginosa por VIA INALATÓRIA - a droga inalatória mais utilizada é TOBRAMICINA (contraindicada em crianças < 6 anos)
–> Oxigenioterapia: utilizada em casos de hipoxemia (SatO2 < 93% em lactentes e SatO2 < 88% ou PaO2 < 55 mmHg em crianças maiores) - Doença do trato gastrointestinal:
–> Reposição enzimática de amilase, lipase e protease em casos de insuficiência pancreática.
–> Suporte nutricional com dieta hipercalórica e hiperproteica, suplementação de sal e vitaminas lipossolúveis - Existem ainda drogas que atuam em mutações específicas - corretores e potencializadores da proteína CFTR