Doenças da Suprarrenal Flashcards
Comente sobre a anatomia da suprarrenal.
Dividida em medula e córtex, suprimento arterial das frênicas inferiores, aorta e renais, existem capilares corticais que comunicam o córtex com a suprarrenal. Drenagem venosa direita para a VCI e esquerda para a veia renal.
Comente sobre a embriologia da suprarrenal.
O córtex é derivado do mesoderma e a medula de células da crista neural que migram desta região para próximo ao córtex, sendo chamadas de células cromafins que produzem adrenalina. Algumas dessas células não conseguem migrar completamente e acabam se degenerando, porém, alguns casos podem permanecer, sendo chamadas de órgão de Zuckerkandl, principalmente na região da bifurcação aórtica.
Comente sobre a histologia da suprarrenal.
O córtex apresenta 3 camadas, sendo que cada camada produz um hormônio diferente, a glomerulosa (mineralocorticoides), fasciculada (glicocorticoides) e reticular (hormônios androgênios). A medula produz adrenalina (catecolaminas).
Como é a esteroidogênese na suprarrenal?
Os hormônios da suprarrenal são chamados de esteroides, pois todos derivam do colesterol. Essa imagem é importante pois mostra como a deficiência na 21-hidroxilase impede a conversão de progesterona em aldosterona e cortisol, sendo desviado para a síntese de androgênios, sendo o mecanismo mais comum da hiperplasia adrenal congênita.

Como os esteroides são transportados no plasma?
Cortisol: 95% ligado a proteínas (transcortina - p - e albumina). A fração biologicamente ativa é o cortisol livre, que a concentração é regulada pelo eixo HHS.
Aldosterona: 50% ligado a proteínas (sofre menos influência na alteração de suas concentrações). Androgênios: são transportados ligados à SHBG.
Qual a diferença entre aumento do cortisol total e hipercortisolismo?
O hipercortisolismo é o aumento da fração livre de cortisol, porém o aumento do cortisol total pode ocorrer por aumento na transcortina, como em casos de hiperestrogenismo, não traduzindo, corretamente, a fração de colesterol livre.
Qual exame avalia exclusivamente o cortisol livre? Explique.
O cortisol urinário, pois a fração ligada a proteínas não é filtrada pelos glomérulos, contendo apenas cortisol livre na urina. Ou seja, um aumento no corsitol na urina de 24h é um excelente marcador de hipercortisolismo.
Onde e como é feita a metabolização do cortisol? E a excreção?
O principal órgão metabolizador é o fígado, captando o cortisol e convertendo-o em uma molécula mais hidrossolúvel capaz de ser eliminada pelos rins. Outro local de metabolização é o rim, em que as células tubulares captam o cortisol e o inativam, excretando o metabólito na urina.
Por que a metabolização renal do cortisol é importante fisiologicamente? Explique.
Pois o cortisol, caso não seja metabolizado nos rins em um composto inativo, apresenta efeito mineralocorticoide renal. Isso é importante pois situações que inibem a enzima que inativa o cortisol (como alcaçuz em doces) podem promover uma clínica de hiperaldosteronismo pela deficiência na inativação do cortisol (pseudo-hiperaldosteronismo). Em situações de hipercortisolismo franco, essas enzimas são saturadas e o cortisol passa a atuar com efeito mineralocorticoide nos rins, promovendo clínica de hiperaldosteronismo (edema, HAS, hipocalemia, alcalose metabólica).
Quais fatores alteram a metabolização do cortisol?
A hepatopatia crônica e o hipotireoidismo diminuem, aumentando o risco de efeitos colaterais (eg, sd de Cushing) e algumas drogas indutoras do P450 aumentam (fenitoína, barbitúricos e rifampicina), necessitando de doses maiores para produzir efeito.
Qual a relação do cortisol com a reposição de levotiroxina?
A reposição de levo no paciente com insuficiência suprarrenal subclínica pode precipitar um quadro de IS aguda, como ocorre em síndromes autoimunes poliglandular (eg, tireoidite + adrenalite), em que eu reponho levo mas não cortisol e precipito uma IS aguda. Por isso é mandatório a reposição, assim como de levo, de hidrocortisona no coma mixedematoso.
Explique o eixo HHS.
O cortisol é regulado pelo ACTH (adeno hipófise), que é estimulado pelo CRH (hipotálamo). O ACTH estiula principalmente as zonas fasciculada e reticular, promovendo secreção de cortisol e androgênios. A aldosterona é pouco influenciada pelo ACTH, sendo mais influenciada pelo SRAA. Além disso, o ACTH possui efeito TRÓFICO sobre a glândula, fazendo com que, na sua ausência, haja atrofia da suprarrenal.
Quais os efeitos do cortisol no organismo?
Metabolismo: catabólico e hiperglicemiante (contrainsulínico), protegendo contra a hipoglicemia no jejum (estimula proteólise, lipólise, gliconeogênese).
Imunológico: é um modulador, reduzindo a ativação exagerada dele (reduz eosinófilos e linfócitos).
Circulação: estimula expressão de receptores adrenérgicos nos vasos e no coração (efeito permissivo). Sem o cortisol, não haveria resposta adequada do coração e vasos ao estresse (é por isso que pacientes em choque séptico, que cursam geralmente com IS relativa, necessitam de reposição de glicocorticoide associado a reposição volêmica e DVA para responder).
Como é a liberação do cortisol pelo estresse (sepse, trauma, cx, etc)?
Existe um eixo imune-humoral, em que os mesmos mediadores que promovem SIRS também estimulam o hipotálamo a secretar CRH, culminando na liberação de cortisol, o que modula a resposta inflamatória, melhora a resposta CV às catecolaminas e impede hipoglicemia.
Explique a secreção diária de cortisol.
A secreção de CRH e ACTH é pulsátil ao longo de 24h, havendo o ciclo circadiano do cortisol, adequando a secreção do hormônio às necessidades do organismo.
Como a concentração de cortisol varia no decorrer do dia?
Os níveis são máximos entre 6-8h de sono e mínimos ao final da noite (próximo da meia noite - o cortisol desse momento deve ser INDETECTÁVEL ou MUITO BAIXO).
Quais os efeitos dos mineralocorticoides?
Regular volume do líquido EC (balanço corpotal de sódio) e excretar o excesso de potássio. Ele faz isso através do estímulo das células tubulares do túbulo coletor cortical a reabsorverem sódio na troca de um K+ ou H+, regulando o LEC e a calemia.
Quais fatores controlam a secreção de aldosterona pela suprarrenal?
O SRAA (principal determinante dos níveis séricos de aldosterona) e a calemia (o ACTH estimula pouco a liberação de aldosterona, mas tem seu efeito).
Qual o estímulo para liberação de renina?
A HIPOPERFUSÃO RENAL.
Comente sobre a fisiologia dos hormônios androgênios da suprarrenal.
S-DHEA (p) e androstenediona, sendo produzido pouca testosterona. O S-DHEA é convertido em 17-cetosteroides urinários (dosado para avaliar hiperandrogenismo suprarrenal). O S-DHEA é EXCLUSIVO da suprarrenal, enquanto que o DHEA é produzido nas gônadas. A androstenediona e o S-DHEA são andrógenos fracos, precisando ser convertidos em testo nos tecidos periféricos. Sua produção é regulada pelo ACTH, e não pelas gonadotrofinas (LH e FSH).
O que é a síndrome de Cushing?
É o conjunto de sinais e sintomas decorrentes da exposição crônica do organismo a um excesso de GC.
Quais as causas da síndrome de Cushing?
Exógeno, pela iatrogenia(principal - administração de GC exógeno), e endógeno, sendo mais raro e dividido em 2 grupos pelo ACTH: ACTH-dependente, como na doença de Cushing (p após excluído Cushing exógeno - adenoma hipofisário produtor de ACTH) e secreções ectópicas de ACTH/CRH; ou ACTH-independente, como em adenoma de adrenal (p), carcinoma de adrenal.
O que é a doença de Cushing?
É uma síndrome de Cushing causada por um corticotropinoma (adenoma hipofisário hipersecretante de ACTH). É, na maioria das vezes, benigno e pequeno (< 10 mm).
Qual a epidemiologia da doença de Cushing?
Mulheres (8:1), 15-50 anos.


