DM - QC, Dx, Tto Flashcards
Qual a definição da DM?
É uma doença do metabolismo intermediário caracterizada pela hiperglicemia CRÔNICA, promovendo, em longo prazo, lesões em órgãos-alvo. A hiperglicemia ocorre por déficit relativo ou absoluto de insulina e por diminuição na utilização periférica e aumento da produção hepática de glicose.
O que é o metabolismo intermediário?
São as reações químicas da síntese e degradação de macromoléculas, como os carboidratos, proteínas e lipídios. Anabolismo é a síntese de macromoléculas (aa -> ptn; glicose -> glicogênio; AG -> TGC) e catabolismo é a sua quebra.
Quais hormônios controlam o metabolismo intermediário? Quais seus efeitos?
A insulina (anabolismo) e os contrarreguladores da insulina (glucagon, cortisol, GH e adrenalina - catabolismo).
Comente sobre a fisiologia da insulina.
É produzida pela clivagem da pró-insulina (também produz o peptídeo C). O principal estímulo para sua liberação é o aumento da glicemia (percepção pelas GLUTs 1 e 2 nas membranas das células beta, que resulta na formação de ATP e fechamento dos canais de K ATP-sensíveis, havendo despolarização dessas células com entrada de cálcio, estimulando a degranulação de insulina).
Qual a importância da manutenção da glicemia?
A glicose é a grande fonte de energia pelos neurônios, que não dependem da insulina para utilizá-la. Isso faz com que, caso haja resistência à insulina, não há reservas de glicogênio e possa haver grave dano neurológico (neuroglicopenia). Por isso ocorre a mobilização de outras fontes de energia (como AG), que porduzem corpos cetônicos que podem ser usados pelo cérebro. Porém a consequência disso é a CAD.
Como é o metabolismo intermediário no estado pós-prandial?
Há a grande absorção de nutrientes, aumentando a glicemia, os aa plasmáticos e as lipoproteínas com TGC (quilomicrons e VLDL). Aqui a insulina aumenta em 2 fases, uma imediatamente (insulina pré-formada) e outra com o decorrer do tempo (nova síntese de insulina). Ocorre, então, por estímulo insulínico, uso prioritário da glicose como fonte de energia, anabolismo do excesso de glicose em glicogênio (fígado e MEE) e conversão de parte desse excesso em ácidos graxos no fígado sendo mobilizados para o tecido adiposo. Ocorre, ainda, síntese proteica.
Como é o metabolismo intermediário no estado de jejum?
Com a ausência da alimentação, a glicemia tende a reduzir, estimulando a liberação dos contrainsulínicos para manter a glicemia, havendo o catabolismo e utilização de AG como principal fonte de energia: glicogenólise (o estoque acaba após 24-48h), gliconeogênese (a partir do lactato, glicerol e aa), lipólise (betaoxidação e cetogênese se for de forma excessiva) e proteólise (último a ser usado como substrato energético).
O que são e qual a função das incretinas?
São moléculas secretadas pelo tubo digestivo durante a absorção de nutrientes capazes de aumentam a secreção pancreática de insulina em resposta à glicemia (incrementam a secreção de insulina, mas somente quando a glicose é absorvida pelo trato digestivo).
*Mais insulina é secretada quando glicose é administrada VO do que EV por conta dessa secreção das incretinas.
Quais as principais incretinas? Comente sobre o metabolismo delas.
A GLP-1 e a GIP. Ambas são degradadas pela enzima DPP-4.
Como funciona o metabolismo intermediário na DM?
Como a pessoa está em carência de insulina, é como se o organismo dela estivesse sempre em jejum, constantemente com o metabolismo catabólico ocorrendo, além da gliconeogênese e da maior utilização periférica de AG (betaoxidação), havendo o surgimento da HIPERGLICEMIA.
Quais os tipos de DM?
DM 1, DM 2, DM gestacional e outras.
O que é a DM 1?
É uma doença AUTOIMUNE em que há destruição progressiva dos ácinos pancreáticos, especialmente as células beta, podenco coexistir com outras doenças autoimunes (TH, DC, vitiligo, anemia perniciosa, etc).
Qual a etiopatogenia da DM 1?
Há uma relação direta entre fatores ambientais (infecções virais, por exemplo) e genéticos (predisposição genética) que culminam na destruição das ilhotas pancreáticas por LyT CD8+. Acredita-se que o indivíduo permaneça anos assintomático até que a destruição alcança um nível crítico em que a síntese de insulina não consegue mais suprir as necessidades do indivíduo, sendo evidenciado em situações que aumentem a RI, como puberdade e infecções.
Qual a evolução natural da DM 1?
É a destruição progressiva de TODAS as células beta pancreáticas, havendo uma deficiência TOTAL de insulina, fazendo com que o indivíduo seja dependente de insulina exógena ad eternum (caso não use, é CAD na certa).
Qual a epidemiologia da DM 1?
Distribuição bimodal: 4-6 anos e 10-14 anos. 30% ocorre em > 30 anos, que é o LADA - latent autoimmune diabetes of adults.
Qual a diferença do LADA para o DM 1 típico?
A destruição das células beta no LADA é PROGRESSIVA, sendo muitas vezes confundido com o DM 2. Porém o hipoinsulinismo absoluto se instala e evidencia o dx de DM 1.
Qual a etiopatogenia da DM 2?
A hiperglicemia crônica ocorre por resistência insulínica (RI) e déficit secretório pancreático, sendo necessário ambos para ocorrer o DM 2. O que surge primeiro é a RI, fazendo com que haja aumento da secreção de insulina pelo pâncreas do paciente para compensar essa resistência, mantendo, inicialmente, a glicemia normal. Porém, em determinado momento, ocorre a exaustão pancreática, em que o pâncreas não é mais capaz de suprir as necessidades do organismo com RI e até diminui sua secreção, momento em que ocorre a hiperglicemia crônica. Portanto, inicialmente ocorre o hipoinsulinismo relativo (níveis normais ou altos porém muita RI). É interessante comentar que a hiperglicemia, associada à hiperlipidemia (pelo catabolismo crônico), piora ainda mais a RI e o déficit secretório, criando um ciclo vicioso que evolui com descompensação metabólica progressiva. Um fator envolvido na exaustão pancreática é a deficiência de incretinas que esses pacientes apresentam por algum motivo. Em determinado momento da doença, ocorre franca DESTRUIÇÃO das células beta-pancreáticas, quando o paciente se torna, então, insulino-DEPENDENTE.
Quais os fatores ambientais envolvidos na gênese da DM 2?
O ganho de peso e a inatividade física (acarretam RI).
Comente sobre a etiopatogenia de outras formas de DM.
Pode ocorrer em outras destruições pancreáticas (> 80% destruído), como na pancreatite crônica alcoólica, carcinoma pancreático ou na fibrose cística. Pode ser também induzida por medicações, como os GC, tiazídicos, BB, agonistas beta-adrenérgicos, levotiroxina, fenitoína, etc.
Qual o QC do DM 1? E o dx?
No geral, o dx é fácil pelo quadro ser FRANCO e CLÁSSICO (é uma doença “honesta” - o lab é o peptídeo C indetectável). O QC tem início agudo em que há desenvolvimento de poliúria (pela hiperglicemia - glicosúria aumentada - e polidipsia), polidipsia (pelo estado hiperosmolar), polifagia (pelo intenso catabolismo) e emagrecimento (idem). Pode haver enurese noturna e candidíase vaginal. A doença pode ser percebida apenas na descompensação (CAD).
*O LADA se assemelha, inicialmente, ao DM 2, mas, mais cedo ou mais tarde, evolui com o quadro do DM 1 (“polis” e CAD).
Qual o QC do DM 2?
É uma doença “traiçoeira”, pois o quadro é inicialmente ASSINTOMÁTICO (e por anos!!!), sendo que o reconhedimento da doença, muitas vezes, só ocorre quando á há lesões de órgão-alvo irreversíveis. O paciente típico é um adulto, obeso, sedentário e que possui FRCV. Os sintomas de hiperglicemia (“polis”) são raríssimos (assim como a CAD). Um importante sinal clínico é a acantose nigricans. Pode haver o estado hiperosmolar não cetótico (principal complicação do DM 2).
Qual a importância da acantose nigricans?
Na prática tem 2 significados: RI (DM ou pré-diabetes) ou neoplasia maligna (pulmão, TGI - principalmente se envolver palmas e solas, for extenso e rápido o surgimento).
Como diagnosticar a DM?
HbA1C ≥ 6,5% OU glicemia de jejum ≥ 126 OU glicemia 2h após TOTG 75g ≥ 200 mg/dl OU glicemia aleatória ≥ 200 associado a sintomas de hiperglicemia (“polis”). Com exceção do último critério, TODOS os demais precisam ser confirmados numa segunda dosagem. Ou seja, para diagnóstico, eu devo ter 2 exames alterados na mesma amostragem ou 2 vezes o mesmo exame alterado em amostragens diferentes.
O que são os pré-diabéticos?
São pessoas que ainda não apresentam os níveis de glicemia tão alterados para terem DM, porém possuem alta probabilidade de desenvolver DM 2 em curto prazo (30% nos próximos 5 anos). A doença, nesses casos, consegue ser evitada. No entanto, mesmo que nunca desenvolva DM, esse paciente apresenta risco CV aumentado!!!