Clinica 3 Cirurg Torac 1 ( procedimentos basicos) ( Procedimentos basicos Flashcards
Via aérea definitiva
A via aérea definitiva é obtida através de uma sonda endotraqueal, ou seja, dentro da traqueia com um balão insuflado e conectado a um sistema de ventilação assistida (ventilação mecânica com pressão positiva).
O balão tem com função evitar o escape de ar e reduzir a incidência de broncoaspiração de sangue e secreções.
Tipos de via aérea definitiva:
Tubo orotraqueal/nasotraqueal
Traqueostomia
Cricotireoidostomia
O paciente evolui para uma via aérea definitiva quando subitamente, a ventilação com máscara e ambu se tornam ineficazes, resultando em queda da saturação e cianose.
Cricotireoidostomia
É o acesso às vias aéreas através da membrana cricotireóidea através de três métodos:
Cirúrgico: caixa de pequena cirurgia (pinça Kelly curva), lâmina de bisturi e tubo endotraqueal/cânula de traqueostomia
Punção percutânea: jelco 14, torneira 3 vias e seringa
Kit comercial
A cricotireoidostomia é indicada nos casos de:
Obstrução ou deformidade de via aérea superior;
Traumatismo que impossibilida a intubação oro ou nasotraqueal
Situação de emergência quando o paciente não ventila e não foi possível intubar.
Para a realização desse procedimento é necessária paramentação cirúrgica, luva estéril, avental, gorro, máscara e óculos de proteção
Contraindicações:
Impossibilidade de identificação da membrana cricotireóidea
Neoplasia ou infecção no local
Aumento do tamanho da tireóide
Obesidade mórbida
Coagulopatia
Complicações:
1. Hemorragia / Hematoma
2. Enfisema subcutâneo
3. Lesão de parede posterior da traqueia
4. Lesão de tireoide
5. Pneumotórax / Pneumomediastino
6. Estenose subglótica
7. Perfuração esofágica
8. Lesão de pregas vocais
9. Mudança de voz
10. Obstrução de via aérea
11. Fístula traqueoesofágica
12. Traqueomalácia
13. Infecção
14. Aspiração de sangue ou conteúdo gástrico
TAMPONAMENTO CARDÍACO
Tamponamento cardíaco é um quadro caracterizado pelo acúmulo de líquido no espaço pericárdio impedindo a diástole, se o coração não relaxa, ele não enche = baixo débito cardíaco, taquicardia, má perfusão e congestão venosa.
Diagnóstico
➔eFAST – ultrassom usado na emergência com enfoque no coração
➔ecocardiograma evidenciando líquido ao redor do coração
➔ janela pericárdica
Tratamento:
cirurgia – toracotomia/esternotomia
pericardiocentese – na impossibilidade de cirurgia pode-se retirar o líquido da cavidade pericárdica com uma agulha
reposição de fluídos com o objetivo de aumentar a pressão venosa e aumento transitório do débito cardíaco.
Tríade de Beck
Tríade de Beck:
Aumento da pressão venosa sistêmica (congestão venosa)
Hipotensão arterial
Abafamento das bulhas cardíacas
Essa tríade, quando presente, sugere tamponamento cardíaco.
Pericardiocentese
É a retirada do líquido acumulado no pericárdio indicado na emergência do tamponamento cardíaco ou de forma eletiva para diagnóstico do derrame pleural.
As causas mais comuns de derrame pericárdico são: idiopática, malignidade (primário/metástase), uremia, síndrome pós pericardiotomia, colagenoses, trauma, infecções, dissecção de aorta, mixedema, pós irradiação e associada a procedimentos percutâneos.
A pericardiocentese pode ser realizada às cegas ou com auxílio de um ultrassom:
1. realizar a antissepsia e assepsia do local
2. anestesia local
3. posicionar o paciente em decúbito dorsal com a cabeceira elevada a 45°
4. localizar o processo xifoide e inserir a agulha 0,5cm à esquerda e 0,5 a 1cm inferiormente à margem costal (entre o processo xifoide e a última costela palpável). A agulha deve ser introduzida em direção ao ombro esquerdo.
Atenção com a elevação do segmento ST ou presença de extrassístoles, são sinais de que a agulha atingiu o miocárdio, neste caso, devemos recuar a agulha.
Contraindicações relativas:
coagulopatias
derrame pericárdico loculado posterior, neste caso o mais indicado é através de toracotomia
Complicações:
sangramento levando ao hemopericárdio e ao tamponamento cardíaco
perfuração de ventrículos
laceração da artéria coronária
arritmias
pneumotórax
Derrame pleural
Derrame pleural é o acúmulo de líquido no espaço pleural entre a pleura parietal e a visceral resultando em insuficiência respiratória ventilatória restritiva. O líquido pode ser um transudato, exsudato, sangue ou linfa.
Toracocentese
Nestes casos de derrame pleural, a conduta correta é a realização de toracocentese, que consiste na punção do espaço pleural e pode ser de alívio removendo o líquido e melhorando os sintomas (pneumotórax hipertensivo) ou então diagnóstica para descobrir a causa.
Materiais:
Jelco 14/16/18
Equipo
Seringa
Agulha
Lidocaína 1%
Torneira de 3 vias
Campos estéreis e avental cirúrgico
Técnica:
Deve ser feita no centro cirúrgico onde há menor risco de contaminação. Para saber o local onde está o derrame devemos auscultar e percutir e então rever a radiografia para confirmar a localização.
Após localizar o derrame pleural, realizar a antissepsia e anestesia local com lidocaína 1%.
A agulha é inserida no bordo superior da costela inferior para evitar lesão do feixe vasculonervoso.
Quando é feita posteriormente, o paciente deve permanecer sentado e com os braços elevados e então puncionar entre o 6/7° EIC na linha axilar posterior.
Nos casos de derrame pleural septado a punção deve ser guiada por USG ou tomografia.
Métodos de esvaziamento: frasco à vácuo ou torneira de 3 vias.
Complicações:
Pneumotórax
Hemotórax
Hemoptise
Infecção de parede torácica
Sangramento / Hematoma hepático ou esplênico
Edema pulmonar de reexpansão (retirar 1,5L de líquido no máx.)
Síncope vasovagal
Contraindicações:
Derrames pleurais muito pequenos
Derrame multi loculado
Alterações da coagulação
Uso de anticoagulantes
Dreno Torácico
O uso do dreno torácico é indicado nos casos onde há acúmulo de pus, linfa, ar ou sangue no espaço pleural, portanto, indicado nos casos de:
Empiema
Quilotórax
Hemotórax
Pneumotórax
O dreno deve ser introduzido no 5° EIC na linha axilar média. O dreno deve ser de grosso calibre (28 a 32 FR).
Se derrame pleural septado, introduzir o dreno no local da coleção e sempre guiado por exame de imagem como USG e tomografia.
Técnica:
Realizar a antissepsia e anestesia local com lidocaína 1%. Realizar uma incisão na vertical com tamanho de 1,5 a 2cm. Inserir a Kelly e abrir na horizontal formando um espaço livre verificado com o dedo indicador. Inserir a pinça com a ponta do dreno.
Após inserir, fazer raio x de tórax para controle e confirmação do correto posicionamento, fazer um curativo e analgésico.
Contraindicações:
Alteração da coagulação
Uso de anticoagulantes
Derrame multi loculado
Aderências pleuro pulmonares
Infecção cutânea no sítio de inserção
Complicações:
Hemorragia
Lesão cardíaca
Lesão hepática
Lesão esplênica
Lesão do nervo intercostal, artéria ou veia
Laceração pulmonar
Edema pulmonar de reexpansão
Enfisema de subcutâneo
Reação alérgica
Quando retirar o dreno?
*
Débito < 100ml/dia (volume de líquido drenado)
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Ausência de fístula aérea
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Radiografia de tórax com expansibilidade pulmonar total