Clinica 3 Cirurg. Cardio 1 ( Cardiopatias congenitas) Flashcards

1
Q

Classificação das cardiopatias congenitas

A

A doença cardíaca congênita consiste em uma anormalidade estrutural do coração ou dos grandes vasos, com impacto funcional significante na vida do indivíduo.
Caracterizada por alterações do desenvolvimento embrionário relacionadas a fatores ambientais ou genéticos e interrelacionam-se possuindo um mecanismo multifatorial.
As cardiopatias congênitas são classificadas em:

Acianóticas: comunicação interatrial (CIA), comunicação interventricular (CIV), defeito no septo atrioventricular total (DSAVT), estenose aórtica e pulmonar, persistência do canal arterial (PCA) e coarctação da aorta (CoA).

Cianóticas: possuem maior potencial de gravidade, pois causam uma redução da concentração de hemoglobina no sangue arterial. A tetralogia de Fallot (T4F) é a mais comum desse tipo de cardiopatia congênita, correspondendo aproximadamente a 10% de todas as cardiopatias.

As cardiopatias congênitas que manifestam comprometimento hemodinâmico durante o período neonatal são causas frequentes de emergência pediátrica, o que torna necessário um diagnóstico precoce – atualmente o diagnóstico pode ser feito intraútero.

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2
Q

Semiologia - Manifestações clínicas

A

SOPROS
ICC
Infecções respiratórias recorrentes
Alteração das bulhas, pulso e PAM
Sinais de arritmia
Síncope
Cianose
Crises de hipóxia

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3
Q

Semiologia - Anamnese e Exame físico

A

Investigar sobre:

Antecedentes familiares
Condições de gestação
Condições do nascimento
Quando foi descoberta a cardiopatia

Dispneia aos esforços = dificuldade do bebê se alimentar, de sugar o leite da mãe
Posições viciadas – por exemplo na T4F a posição de cócoras traz conforto da dispneia
Infecções respiratórias
Peso e desenvolvimento físico
Malformações
Cianose
Pulsos e PAM – podemos encontrar ausência de pulso femoral e diferença da PAM entre os membros
Edemas
Estase venosa – estase jugular
Ausculta pulmonar e cardíaca
Palpação do abdome – presença de sopros, hepatomegalia

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4
Q

CARDIOPATIAS ACIANOGÊNICAS - Incidência

A

Representa < 5% de todas as cardiopatias
1/3 dos casos são tidos como graves
Acomete mais meninos do que meninas
Tem caráter hereditário – principalmente comunicação interatrial (CIA) e persistência do canal arterial (PCA)

Tem relação com alterações cromossômicas como síndrome de Down; exposição a teratógenos; idade materna (acima de 40 anos – T4F); presença de patologias maternas (DM/LES); infecção por rubéola no primeiro trimestre (PCA/CIA) e uso crônico de álcool durante a gestação.

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5
Q

CARDIOPATIAS ACIANOGÊNICAS - Manifestação clinica

A

Hiperfluxo Pulmonar: Cansaço aos esforços, Cansaço as mamadas, Episódios de broncopneumonia e Hipodesenvolvimento

Fluxo pulmonar normal: Assintomáticos, Leve cansaço aos esforços

Soprologia
O estudo dos sopros é uma ferramenta semiológica importante que auxilia no direcionamento do diagnóstico para determinadas patologias.

Regurgitativo: CIV e insuficiências valvares

Ejetivo: estenose aórtica, estenose pulmonar, CoAo (coarctação da aorta) e CIA

Contínuo ou também chamado maquinário: é característico de PCA

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6
Q

Exames cardiopatias acianogênicas

A

Eletrocardiograma

SVE: CIV, PCA, EA0 e C0A0

SVD: CIA e EP

SBP: DSAVT

Radiografia de Tórax:

Quando encontradas alterações do raio x, já é indicativo de doença tardia.

Hiperfluxo Pulmonar: Cardiomegalia variável, Hiperfluxo pulmonar e Tronco da artéria pulmonar abaulado.

Fluxo Pulmonar Normal: Area cardiaca normal e fluxo pulmonar normal

Magnitude do fluxo pulmonar:

A magnitude do fluxo pulmonar é calcula pelo ECG através do volume do fluxo pulmonar (Qp) /volume do fluxo sistêmico (Qs).

O valor normal da relação Qp/Qs é igual a 1 indicando que a quantidade de sangue ejetado vai de maneira igual para a aorta e para a pulmonar.

Qp/Qs 1,0 a 1,5: hiperfluxo discreto, o paciente deve ser acompanhado. Não há indicação cirúrgica neste momento.

Qp/Qs 1,5 a 2,0: hiperfluxo moderado já tem indicação cirúrgica

Qp/Qs >2: hiperfluxo importante. Neste caso a intervenção cirúrgica deve ser feita o mais rápido possível

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7
Q

Comunicação Interatrial (CIA)

A

Na maioria são casos assintomáticos, porém, podem apresentar resfriados de repetição, pneumonia, retardo do crescimento – menos sangue na aorta.

3° ao 5° ano de vida

Sopro mesosistólico do tipo ejetivo de pequena magnitude na borda esternal esquerda (foco pulmonar) e desdobramento fixo de B2

Raio x: aumento de câmaras cardíacas direitas, dilatação do tronco pulmonar e hiperfluxo pulmonar.

O ecocardiograma é um exame muito importante pois faz o diagnóstico e auxilia na indicação cirúrgica quando Qp/Qs > 1,5. Através do ecocardiograma conseguimos localizar a alteração, identificar o tamanho, a repercussão, presença de shunts da esquerda para a direita ou direita para esquerda, permite identificar aumento das câmaras direitas e a função ventricular

O tratamento pode ser:

Através de um cateter na femoral que se abre interrompendo o fluxo (principalmente CIA do tipo óstio secundum).

Aberta extracorpórea com tampão feito a partir de pericárdio bovino ou da própria criança.

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8
Q

Comunicação Interventricular (CIV)

A

Resfriados de repetição, pneumonia, retardo do crescimento, endocardite e ICC

Sopro holosistólico ejetivo rude, mesócardio e frequentemente acompanhado de frêmito

Evoluem mais rapidamente para hipertensão pulmonar na radiografia = hiperfluxo vascular e tronco pulmonar abaulado

Ecocardiograma traz informações sobre: localização da CIV, tamanho da comunicação, repercussão (Qp/Qs), identificação de shut da esquerda para a direita, aumento das câmaras direitas e função ventricular

O tratamento é sempre cirúrgico aberto convencional e se baseia a repercussão:

Qp/Qs < 1,5: tratamento clínico com retornos periódicos de extrema importância – não perder o seguimento!
Qp/Qs > 1,5: indicado cirúrgica
Qp/Qs > 2: cirurgia mais precoce ainda

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9
Q

Persistência do Canal Arterial (PCA)

A

Fechamento fisiológico: 12-24 horas até algumas semanas. Caso não fechar, a intervenção vai depender do valor de Qp/Qs

Crianças debilitadas, resfriados de repetição, pneumonias, desenvolvimento retardado

Sopro em “maquinária” ou “locomotiva” – contínuo em região de foco pulmonar

Ecocardiograma: evidencia e quantifica o “shunt” e sua repercussão (Qp/Qs)

O tratamento pode ser feito por oclusão via percutânea ou cirúrgico através de minitoracotomia ou videotoracoscopia.

O tratamento é eletivo em crianças maiores de 1 ano ou de urgência em crianças menos de 1 ano nos casos de ICC, broncopneumonia, hipertensão pulmonar e hipodesenvolvimento pondo estatural

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10
Q

Defeito do Septo Atrioventricular (DSAV)

A

Ausência das estruturas septais atrioventiculares normais
Síndrome de Down
ICC precoce
Correção feita geralmente no 3° mês de vida, não passando dos 6 meses
Sopro sistólico na borda esternal esquerda, com desdobramento fixo B2
Raio-x: aumento global da área cardíaca e hiperfluxo pulmonar importante
Eco: localiza, quantifica a repercussão

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11
Q

Cardiopatias Acianóticas Obstrutivas

A

Estenose Valva de Semilunares
Coarctação Aórtica (CoAo)

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12
Q

Cardiopatias acianóticas com hiperfluxo pulmonar:

A

1.Persistência do Canal Arterial (PCA)
2.Comunicação Inter Ventricular (CIV)
3.Comunicação Inter Atrial (CIA)
4.Defeito do Septo Atrioventricular (DSAV)

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13
Q

Estenose Valva de Semilunares

A

Valva pulmonar:
Sopro sistólico em foco pulmonar
Raio-x - dilatação do tronco pulmonar
Eco: características da valva, grau de hipertrofia VD, cálculo do gradiente transvalvar (diferença de pressão pré estenose e pós estenose).
Quando o gradiente transvalvar for > 40mmHg é indicada intervenção cirúrgica.
Primeiro tentar valvuloplastia cateter - balão aumentando o diâmetro do folheto podendo evoluir para uma insuficiência da valva – é mais tolerável permitindo que a criança se desenvolva para então na fase adulta fazer a troca ou plastia desta valva.

Valva aórtica:
Fadiga, dispneia, precordialgia e síncope – (cansaço as mamadas)
Sopro sistólico rude no foco aórtico, e irradiação para fúrcula e carótidas, e B4
Raio-x: área cardíaca normal ou aumentada
Eco: características da valva, grau de hipertrofia VE, gradiente transvalvar
Quando o gradiente transvalvar for > 40mmHg é indicada intervenção cirúrgica.
Mesma cirurgia que na estenose pulmonar

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14
Q

Coarctação Aórtica (CoAo)

A

Obstrução localizada no istmo aórtico – região entre a artéria subclávia esquerda e a inserção do ducto arterioso

Criança evolui como se fosse uma estenose aórtica, porém, mais avançada – hipertensão da artéria pulmonar e disfunção ventricular esquerda se a intervenção não for feita no momento correto

Muito associada a valva aórtica bicúspide com ou sem estenose

Pulsos femorais ausentes

Sinal de Róesler: sinal tardio caracterizado pela presença de uma erosão abaixo do gradil costal. Isso ocorre, pois, as artérias intercostais, ramos da subclávia serão calibrosas e pulsáteis que vão “corroendo” a costela que fica de aspecto serrilhado.

Tratamento pré ductal precoce dos 6 aos 12 meses através da ressecção desse ducto.

Pode ser feita
, quando acima de 12 meses, por balão.

Em pacientes acima de 20kg pode fazer o uso de Stent para abrir a aorta

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15
Q

Tetralogia de Fallot

A

Criança típica da T4F: lábios, pés e mão arroxeados – cianose.
Adolescente com baqueteamento digital e unha em vidro de relógio = cianose crônica.
Saturação normal acima de 95%
Hb total > 15
Insaturação quando < 91%
Cianose quando < 75%

Raio x típico: coração em forma de bota ortopédica pela proeminência do VD.

Tetralogia de Fallot
1.Estenose Infundíbulo Pulmonar – via de saída do VD
2.Comunicação interventricular
3.Dextroposição aórtica
4.Hipertrofia de VD

Ecocardiograma é o exame de imagem ideal para o diagnóstico pois permite a identificação desses quatro componentes

Angiografia pulmonar: contraste através da femoral injetado no VD contrastando todo o arco pulmonar. Se contrastar a aorta indica uma comunicação interventricular.

Boa anatomia: a estenose ainda permite a passagem de sangue para o pulmão evidenciada pela passagem de contraste.

Anatomia habitual: o pulmão não se desenvolveu normalmente pois não chegou muito sangue pela estenose importante.

Má anatomia: é incompatível com a vida caso a criança não tenha intervenção pois a estenose é tão grave que não permite a passagem de sangue impedindo o desenvolvimento pulmonar.

Tratamento paliativo: tem como objetivo permitir o desenvolvimento pulmonar antes da correção para que, quando o fluxo retorne ao normal, esse pulmão esteja capaz de suportar a pressão, do contrário pode evoluir para insuficiência de VD

Farmacológico
Shunts sistêmico – pulmonares
Dilatação de valva pulmonar

Tratamento definitivo: nas T4F onde o pulmão se desenvolveu bem (boa anatomia) a correção é cirúrgica com fechamento da CIV e correção da valva pulmonar

Subclávia anastomosada no ramo direito da artéria pulmonar = Blalock Taussig clássica. A modificada usa um tubo de material daclon anastomosado na subclávia e no ramo pulmonar. Após 6 meses é feita a correção definitiva nos pacientes que não desenvolveram o pulmão, se desenvolveu faz a correção direto.

Crise hipoxêmica:
Oxigenioterapia
Morfina: vasodilatador periférico permitindo que o sangue fique mais na periferia diminuindo a pré carga no VD. Ao reduzir esse volume de sangue que chega no VD, diminui também o shunt que vai para a esquerda.
Bicarbonato de sódio para corrigir a acidose metabólica
Posição genupeitoral – cócoras: reduz a pré carga, o sangue fica mais nos membros inferiores, reduzindo o volume de sangue que
chega no VD.
Combate à infecção e anemia
Propranolol: age na musculatura do VD relaxando a via de saída, facilitando o sangue ir para a artéria pulmonar.
Prostaglandina E: atua na camada média do canal arterial mantendo-o aberto e permitindo a passagem do sangue para o pulmão.

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