Ca de colo de útero e endométrio Flashcards

1
Q

Qual a histologia e anatomia normal do colo uterino?

A

Endocérvice: presente no canal endocervical, com epitélio colunar (secretor de muco).
Ectocérvice: epitélio escamoso (presente também em vulva e vagina).
JEC: junção entre o epitélio escamoso e o colunar (entre a ectocérvice e a endocérvice), podendo estar tanto na ecto como na endocérvice, a depender do estado hormonal da paciente (infância e pós-menopausa: dentro do canal cervical; menacme: na altura do OCE ou fora dele, sendo chamado de eversão/ectopia).

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2
Q

Qual a consequência da ectopia para o epitélio colunar?

A

Como esse epitélio passa a ficar em contato com o ambiente hostil e ácido da vagina, ocorre uma metaplasia em um epitélio intermediário entre a ecto e a endo, chamado de zona de transformação (ocorrência FISIOLÓGICA - região entre a JEC primitiva e a nova JEC). Nessa zona de transformação que pode haver obstrução dos ductos de glândulas por esse epitélio novo, formando os cistos de Naboth (sem significado patológico).

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3
Q

Qual a importância da zona de transformação?

A

É o principal local de ocorrência do câncer de colo de útero (> 90%).
*Por isso é importante eu coletar essa região no preventivo.

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4
Q

Qual a importância do cisto de Naboth?

A

Marca uma área de metaplasia escamosa (algo fisiológico).

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5
Q

Como aparece o cisto de Naboth na macroscopia?

A

Cisto de aspecto peroláceo.

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6
Q

Qual a importância do HPV na gênese do câncer de colo de útero (CCU)?

A

A infecção pelo HPV é fator ESSENCIAL para sua ocorrência.

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7
Q

Qual a incidência da infecção pelo HPV?

A

É muito comum, estimando-se que até 80% das mulheres sexualmente ativas irão arquiri-la ao longo da vida, no entanto, a degeneração maligna é um desfecho raro.

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8
Q

Como a infecção pelo HPV evolui?

A

Na maioria das vezes, a infecção cervical pelo HPV involui espontaneamente entre 6m-2a após a exposição. Caso a infecção persista (e se for causada por um tipo oncogênico), pode ocorrer o desenvolvimento de lesões precursoras, em que o tto adequado evita a progressão para CCU.

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9
Q

Quais outros fatores determinam a progressão ou a regressão da infecção inicial do HPV?

A

A imunidade, o TABAGISMO (proporcional ao n° de cigarros/dia e à idade de início), genética, comportamento sexual e a idade, sendo muito comum a regressão antes dos 30 anos e menos comum após os 30.

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10
Q

Quais as principais lesões causadas pelo HPV e suas evoluções naturais?

A
  • Lesões intraepiteliais escamosas de baixo grau (LSIL): refletem simplesmente a manifestação histológica da infecção pelo HPV, não representando lesão precursora do CCU, regredindo espontaneamente na maior parte dos casos.
  • Lesões intraepiteliais escamosas de alto grau (HSIL): apresenta potencial de progressão para CCU, o que faz que sua detecção seja primordial para prevenção 2ária do CCU. Acredita-se que a evolução seja de 10-15 anos para CCU.
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11
Q

Qual mecanismo fisiopatológico o HPV promove no colo uterino para predispor ao CCU?

A

A infecção pelo HPV é capaz de acelerar as mitoses no tecido infectado, aumentando a chance de desenvolvimento de atipias. Além disso, alguns sorotipos apresentam proteínas que interagem com os genes supressores de tumor p53 e erb.

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12
Q

Quais os sorotipos de HPV mais oncogênicos?

A

16 (p) e 18 (incriminados em 70% dos casos de CCU; 90% dos cânceres de ânus, 60% dos de vagina). O 16 determina mais frequentemente o carcinoma de células escamosas e o 18 o adenocarcinoma.

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13
Q

Qual HPV está mais associado com o condilloma acuminado? Preciso me preocupar com CCU?

A

6 e 11. Não me preocupo com evolução para câncer, mas apenas com o prejuízo estético.

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14
Q

Quais vacinas para HPV temos disponíveis?

A

São VLPs (partículas semelhantes a vírus), podendo ser bivalente ou quadrivalente.
Bivalente: 16 e 18 (não são exclusivamente esses sorotipos, mas também alguma proteção cruzada com outros sorotipos).
Quadrivalente: 6, 11, 16 e 18 (não são exclusivamente esses sorotipos, mas também alguma proteção cruzada com outros sorotipos).
*Aprovada em 2017: nonavalente.

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15
Q

Qual vacina é paga pelo MS?

A

A quadrivalente.

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16
Q

Quem já iniciou a vida sexual, pode tomar a vacina para HPV?

A

Sim.

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17
Q

Quem já tem lesão por HPV, pode tomar a vacina para HPV?

A

Sim.

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18
Q

Qual o ideal da aplicação da vacina para HPV?

A

Se ainda não iniciou a vida sexual.

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19
Q

Como é a vacinação gratuita pelo MS da HPV?

A

Quadrivalente em 2 doses (0-6m) para meninas dos 9-14 anos e meninos dos 11-14.
*Situações especiais: 3 doses, como meninas e meninos de 9-45 anos com HIV/AIDS, tx medula óssea e órgãos sólidos e pacientes oncológicos. É feita em 0-2-6m.
**A cobertura entre 2 e 3 doses é muito semelhante, porém mais caro.

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20
Q

Quais as CI da vacina para o HPV?

A

Gravidez.

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21
Q

Qual o tto do condiloma acuminado?

A

Cautério/Laser (ideal em lesões extensas), ácido tricloroacético (ideal em lesões pequenas e pode em gestantes) e imunomoduladores (pode fazer uso domiciliar, porém a eficácia é menor que os outros 2).
*Podofilina pode ser usado como tto químico, mas não em gestantes.

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22
Q

Quais os FR para CCU?

A

HPV (p 16 e 18) e exposição sexual. Outros: def vitamina A, tabagismo, deficiência de alfa-1 antitripsina, multiparidade, desnutrição, má higiene genital, outras ISTs.

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23
Q

Quais os achados da história clínica que evidenciam CCU?

A

Leva muito tempo para se manifestar em imunocompetentes desde a lesão inicial pelo HPV até o CCU. Ou seja, o rastreio é o melhor método, pois a lesão precursora não promove manifestações!!!
Casos avançados: dor, corrimento tipo água de carne com odor fétido, macroscopicamente visível, sangramento.

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24
Q

Qual o QC da infecção pelo HPV?

A

A grande maioria se manifesta como infecção subclínica, com lesões visíveis apenas após aplicação de reagentes, como o acetato e o lugol. Quando visíveis, são chamadas de condiloma acuminado.

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25
Q

Qual o QC do CCU?

A

No estágio invasor, os principais sintomas são sangramento vaginal (espontâneo ou sinusorragia), leucorreia e dor pélvica. O especular pode evidenciar o tumor, ulceração ou necrose do CU.

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26
Q

O que é e como fazer a prevenção 1ária do CCU?

A

Consiste na prevenção da infecção pelo HPV. Pode ser feita com o uso de preservatidos (parcialmente) e com a vacinação do MS.

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27
Q

O que é e como fazer a profilaxia 2ária para o CCU?

A

É a identificação precoce de lesões precursoras, podendo ser feita pelo rastreamento (aplicação do teste na população ASSINTOMÁTICA) ou pelo diagnóstico precoce (SINTOMÁTICAS).

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28
Q

Como o CCU pode se disseminar?

A

Contiguidade (vagina, útero, paramétrio, bexiga e reto), linfática e hematogênica.

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29
Q

Qual exame clínico mais importante na investigação dos paramétrios?

A

O toque retal

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30
Q

Como o CCU pode se apresentar macroscopicamente?

A

Nos estágios pré-invasivos, só aparecem por alterações na colposcopia pela aplicação de reagentes, progredindo, posteriormente, para lesões visíveis à colposcopia ou à macroscopia, podendo aparecer como lesões couve-flor, lesões nodulares, formato de barril, ulcerações (com ou sem necrose e infecção, apresentando odor fétido típico) e associação das lesões.

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31
Q

Como realizar o rastreio para CCU?

A

Colpocitologia (é o exame preventivo). Rastreia também as lesões precursoras.

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32
Q

O que é citologia?

A

É o exame que estuda células esfoliadas (natural ou artificialmente), fornecendo informações sobre a higidez do tecido.

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33
Q

Quando colher a colpocitologia?

A

Início aos 25 anos para as mulheres que iniciaram atividade sexual, ocorrendo até os 64 anos, quando pode ser interrompido após pelo menos 2 exames negativos consecutivos nos últimos 5 anos. A periodicidade inicia-se anual e, após 2 resultados consecutivos negativos, passa a ser a cada 3 anos.

*Isso pois a maioria das lesões abaixo dos 25 anos apresenta alta chance de regressão espontânea.

**Mulheres virgens não precisam ser rastreadas.

***Lei 13522/17: coleta do exame para todas as mulheres que já tenham iniciado a vida sexual, porém para as provas seguir as recomendações acima.

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34
Q

Comente sobre o rastreio do CCU pela ACOG.

A

Início as 21 anos, a cada 3 anos para 21-29 anos, 5 anos caso 30-65 anos e interromper após os 65 anos.

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35
Q

Gestantes podem colher a colpocitologia?

A

Sim, podendo, inclusive, colher da endocérvice sem prejuízo para a gestação.

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36
Q

Devo rastrear mulheres histerectomizadas?

A

Se a histerectomia total ocorreu por lesões benignas e ela não tem histórico de dx prévio ou tratamento de CCU ou lesões precursoras, podem ser dispensadas do rastreio. No entanto, caso a HTA tenha ocorrido por lesão precursora ou CCU, deve ser acompanhada de acordo com a lesão tratada.

Se a histerectomia foi subtotal (preservação do CU), deve ser submetida à rotina normal.

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37
Q

Como realizar o rastreio em pacientes IMSP?

A

A recomendação é iniciar o rastreio em concomitância com o início da atividade sexual com intervalos semestrais no 1° ano e, se negativos, manter anual enquanto estiver em IMSP. Caso HIV e CD4+ < 200, manter o rastreio semestral até essas células alcançarem > 200.

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38
Q

Comente sobre o rastreio em mulheres > 64 anos que nunca realizaram o colpocitológico.

A

Devem ser rastreadas com 2 exames com intervalo de 1-3 anos e, se ambos negativos, não há a necessidade de mais exames.

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39
Q

Como colher a colpocitologia?

A

Coleta dupla: da ectocérvice com a espátula de Ayre e a coleta da endocérvice com a citobrush (escova endocervical - entro, giro e passo na lâmina). A escova deve ser inserida de forma a coletar da JEC. A técnica de coloração para avaliação da citopatologia é a de Papanicolau.

*A coleta tríplice (fundo de saco vaginal) não é mais recomendada pelo MS.

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40
Q

Quais cuidados devem ser tomados em relação à coleta?

A

Abstinência sexual por 48-72h que precedem a coleta, não usar duchas vaginais por 48h antes da coleta, não usar cremes vaginais 7 dias antes e não usar lubrificante no espéculo da coleta.

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41
Q

Qual a melhor época para coleta da colpocitologia?

A

No período periovulatório. Não se recomenda a coleta no período menstrual pois o sangue dificulta a interpretação da lâmina.

42
Q

Qual a relação entre a classificação de Bethesda e a de Richart para a colpocitologia?

A

LSIL no Bethesta = NIC 1. HSIL = NIC 2 e NIC 3.

43
Q

Como interpretar a colpocitologia? Qual a conduta?

A

Sistema Bethesda:

1) LIE-BG (lesão intraepitelial escamosa de baixo grau - LSIL): lesão, geralmente, por HPV de baixo potencial oncogênico, podendo apenas repetir o preventivo: 6 meses se ≥ 25 anos ou 3 anos se < 25 anos. ~ NIC I.
2) ASC-US (atipia escamosa celular de significado indeterminado): provavelmente não é neoplásica (pode ser atrofia ou inflamação), portanto não estou preocupado com câncer. A conduta é repetir em 6m se ≥ 30 anos, 12 meses se 25-29 anos e 3 anos se < 25 anos.
3) ASC-H (H = alto potencial de neoplasia = não se pode excluir HSIL): colposcopia.
4) AGC (AGUS = atipia glandular cervical): colposcopia e avaliar o canal (pois é onde tem glândula).
5) LIE-AG (HSIL = lesão intraepitelial de ALTO GRAU): colposcopia. ~NIC II e III.
6) AOI (atipia de origem indefinida): tem uma atipia que não sei se é escamosa ou glandular = colposcopia.
7) HIV positivo com LIE-BG ou ASC-US: colposcopia.
8) Se parece câncer: indicar biópsia.

44
Q

Qual a evolução natural da atipia escamosa cervical de significado indeterminado (ASC-US)? Como acompanhar?

A

70-90% dos casos desaparecem ao longo do acompanhamento, por isso a colposcopia a princípio não é realizada, mas sim o acompanhamento: 6m se 30+ anos, 12m se 25-29 anos e 3 anos se < 25 anos. Caso novo resultado anormal, está indicada a colposcopia.

45
Q

Por que não deve ser feita a colposcopia no LSIL inicialmente?

A

Pois, apesar de apresentar alta sensibilidade, apresenta baixa especificidade para NIC II e NIC III (achado histopatológico de biópsia), ocasionando sobrediagnóstico e sobretratamento.

46
Q

Qual a CD no LSIL?

A

Repetir citologia em 6m caso 25+ anos ou em 3 anos caso < 25 anos. Caso mantenha atipia celular, realizar colposcopia. Caso não mantenha atipia, devo repetir no mesmo tempo preconizado e, após 2 resultados negativos, voltar ao rastreio trienal.

47
Q

Quais achados citológicos são compatíveis com a infecção pelo HPV?

A

É chamado de efeito citopático do HPV, não diagnosticando a infecção pelo HPV nem definindo seu sorotipo, porém sugere a presença do vírus, sendo elas: coilocitose (espaço vazio em torno do núcleo), discariose (núcleo de morfologia anormal) e disceratose (acúmulo de queratina no citoplasma - quando isolada, não deve ser levada em consideração, pois ocorre em processos irritativos crônicos).

48
Q

Qual a CD caso haja células endometriais normais na colpocitologia?

A

Caso a mulher esteja fora do período menstrual ou em pós-menopausa sem TRH, demanda-se a investigação da cavidade uterina

49
Q

Comente sobre a classificação de Richart para a colpocitologia.

A

NIC I: células atípicas em até ⅓ do epitélio.

NIC II: ⅓ a ⅔.
NIC III: > ⅔.

50
Q

Quando eu repetir quando for LIE-BG ou ASC-US e vir novamente esse dx, qual minha conduta?

A

Se vier igual ou pior, eu encaminho para a colposcopia.

51
Q

Devo coletar colpocitologia em HIV+?

A

Como em IMSP a lesão apresenta progressão mais rápida, o início da coleta começa logo APÓS A SEXARCA de 6/6m e depois anual após 2 resultados consecutivos negativos. Além disso, se CD4 < 200, continuar a coletar de 6/6m até melhora do CD4.

52
Q

Qual o uso da colposcipia no CCU?

A

Direcionar a área da biópsia.

53
Q

Em que consiste a colposcopia?

A

Consiste na visualização do CU através do colposcópio

54
Q

Como classificar as ZTs?

A
  • ZT 1: a ZT é completamente ectocervical e visível.
  • ZT 2: parte da ZT é endocervical, porém é totalmente visível.
  • ZT 3: possui componente endocervical que não é totalmente visível.
55
Q

Qual o efeito do ácido acético no CU?

A

Ele coagula proteínas citoplasmáticas no epitélio, fazendo com que quanto mais proteínas, mais esbranquiçada fica a lesão.

56
Q

Como selecionar a área da biópsia durante a colposcopia?

A

Aplico o ácido acético (identificar áreas com alta atividade proteica - fica acetobranca = pode ser muita mitose no local, sendo um ponto interessante para bx). Após isso, eu seco a região e aplico o iodo/lugol (teste de Schiller), com o objetivo de identificar regiões com glicogênio (a ectocérvice saudável apresenta muito glicogênio e o colunar não), que apresenta muita afinidade pelo iodo. Se ficar bem corado, é saudável, porém se ficar iodo-negativo, sugere alteração. Uma área aceto-branca (muita atividade proteica) e iodo-negativa (gastando muito glicogênio) é a área para fazer bx.
*Quando o iodo veio negativo, é Schiller positivo.

57
Q

Quando a colposcopia é considerada satisfatória? Qual a CD caso insatisfatória?

A

Quando a JEC é visualizada. Quando insatisfatória, o canal endocervical deve ser investigado.

58
Q

Quando fazer bx em gestantes?

A

Apenas quando eu suspeitar de invasão (se eu achar que é câncer invasor). Antes eu acompanho com colposcopia.

59
Q

Qual o achado colposcópico mais sugestivo de invasão por CCU?

A

Vasos atípicos (neovascularização). Apresentam aspecto de J, alça ou saca-rolha, podendo apresentar mudanças bruscas na direção, irregularidade de calibre e stops bruscos.

60
Q

Qual a conduta caso eu não visualize a JEC durante a colposcopia?

A

É uma colposcopia insatisfatória, sendo que eu tenho que tentar visualizá-la: abrir mais o espéculo, espéculo endocervical. Outra forma é aplicar estrogênio para tentar exteriorizar.

61
Q

Como avaliar o canal endocervical (AGC)?

A

Escovado endocervical (escolha) ou por curetagem cervical.

62
Q

Quais as alterações possíves na bx de colo de útero?

A

Lesões intraepiteliais (NIC) e câncer cervical.
*NIC = neoplasia intraepitelial cervical.

63
Q

Explique cada tipo de NIC e a conduta em cada um. Quando está indicada a EZT III?

A

NIC I: apresenta potencial de regressão muito alto (geralmente HPV de baixo potencial). A CD é acompanhar a lesão. Se o NIC I persistir por 2 anos, promovo destruição da lesão com crioterapia ou cauterização. Não estou com medo de virar câncer.
≥ NIC II: não posso destruir, pois pode ser um câncinoma e eu devo fazer a exérese da zona de transformação (pode ser de 3 tipos, variando a quantidade que eu tenho que tirar de tecido de acordo com a JEC). A EZT tipo III é a retirada da lesão em forma de cone, devendo ser feita na suspeita de invasão, quando não vejo limite da lesão ou JEC não visível. Também é chamada de conização do colo uterino.

64
Q

Como é chamado o tratamento excisional ambulatorial da ZT e JEC?

A

Exérese da zona de transformação (EZT).

65
Q

Quais os tipos de EZT? Explique cada uma.

A
  • EZT 1: excisão que não se estende mais de 1 cm no canal endocervical (define a ZT tipo 1).
  • EZT 2: retira porção maior do canal para tirar a ZT 2, com profundidade de até 2 cm.
  • EZT 3: retira entre 2-2,5 cm do canal endocervical (localização de 99% das lesões NIC III).
66
Q

Caso eu faça uma colposcopia com bx e o resultado seja carcinoma in situ, qual a conduta?

A

EZT tipo III (conização do colo uterino). Se confirmar que é in situ, esse câncer já está resolvido pela conização.

67
Q

O que é o método ver e tratar do CCU pelo MS?

A

É um método em que a paciante apresenta ≥ 25 anos que veio na citologia uma lesão de alto grau e foi para a colposcopia. Nesta apresenta achado maior (pintilhado grosseiro, aceto-branco denso, iodo negativo, etc) e eu vejo completamente os limites da lesão e a JEC. Nesses casos, eu já posso fazer a EZT antes da bx. Caso eu suspeite de câncer invasor, não posso fazer isso.

68
Q

Quais os exames de rastreio e os de dx de CCU?

A

Rastreio: colpocitologia oncótica.
Dx: colposcopia + bx (histopatologia é o padrão-ouro para dx das afecções cervicais).

69
Q

Qual a conduta caso na bx do colo uterino vier resultado de câncer cervical?

A

Tenho que fazer o estadiamento dele (IMPORTANTÍSSIMO PARA PROVA!!!).

70
Q

Qual o CCU mais comum?

A

Epidermoide (escamoso/espinocelular) = 80% dos casos.
*Também é o câncer de vagina e vulva mais comum.

71
Q

Como fazer o estadiamento do CCU? Qual a conduta?

A

Estádio 0: carcinoma in situ (está resolvido se fiz a conização). Conização do colo uterino (dx e terapêutico).
Estádio 1: é o CCU ainda restrito ao colo uterino (ainda não pegou bexiga, paramétrio, vagina, etc). Apresenta 5 subdivisões:
IA1) < 3 mm. O padrão é histerectomia tipo 1 (HT 1). Se deseja gestar: cone.
IA2) ≥ 3-5mm. HT 2 + linfadenectomia pélvica.
IB1) Macroscopicamente visível: 5 mm - 2 cm. HT tipo 3 (Wertheim-Meigs).
IB2) 2 cm - 4 cm. HT tipo 3 (Wertheim-Meigs).
IB3) ≥ 4 cm. HT tipo 3 (Wertheim-Meigs) ou radioquimioterapia.
Estádio 2:
IIA) Parte superior da vagina que pode ser IIA1 < 4 cm - HT tipo 3 (Wertheim-Meigs) ou radioquimioterapia; IIA2 ≥ 4 cm. RTQT.
IIB) Invade paramétrio (avalido pelo toque retal ou RNM). RTQT.
Estádio 3:
IIIA) 1/3 inferior da vagina. RTQT.
IIIB) Parede pélvica (pode dar hidronefrose ou exclusão renal - AV pela RNM ou USG). RTQT.
IIIC) Linfonodo pélvico (1) ou para-aórtico (2) - RNM. RTQT.
Estádio IV: RTQT.
IVA) Bexiga e reto.
IVB) Mx à distância.

*HT1 = HT simples/extrafascial.

72
Q

Como o CCU se dissemina?

A

Inicialmente por continuidade e contiguidade. Após isso, é linfática.

73
Q

Como acompanhar as NICs após seu tto?

A
  • Margens livres ou NIC I: citologia após 6-12 meses do procedimento e, após isso, anual até completar 5 anos do tto. A colposcopia pode ou não ser realizada.
  • Margens comprometidas por NIC II ou NIC III: citopatológico + colposcopia semestral nos primeiros 2 anos. Após esse período, citologia anual até completar 5 anosdo tto.
  • Em ambos os casos acima: após os 5 anos, rastreio citopatológico trienal.
74
Q

Como acompanhar o CCU após seu tratamento?

A
  • 1° ano: exame ginecológico trimestral, citopatológico e colposcopia do fundo de saco vaginal semestral, toque vaginal e retal, USGTV e USG de abdome total aos 6m e 12m, rx de tórax aos 12m (estágios III e IV).
  • 2°-5° anos: consultas semestrais e esmiuçando as rotinas acima.
  • Após 5° ano: consultas e exames anuais.
75
Q

Qual a definição da hiperplasia de endométrio (HE)?

A

Aumento anormal das glândulas endometriais que resulta em aumento da RELAÇÃO GLÂNDULA/ESTROMA. Podem estar presentes atipias celulares.

76
Q

Por que ocorre a HE?

A

Por um estímulo estrogênico persistente em um endométrio proliferativo e NÃO ANTAGONIZADO PELA PROGESTERONA.

77
Q

Qual a classificação da HE pela OMS?

A
  • HE simples: cística sem atipias.
  • Complexa: arquitetura complexa (brotamentos e invaginações) com aumento da relação glândula/estroma.
  • Atípica: presença de atipias celulares (células alargadas, hipercromáticas, com nucléolos proeminentes e aumento da relação núcleo/citoplasma). Pode ser simples ou complexa de acordo com a relação glândula/estroma. É chamada de neoplasia intraepitelial endometrial, sendo precursora do CE.
78
Q

Qual a classificação atual mais aceita para HE?

A
  • HE benigna ou sem atipia (HSA): hiperestimulação estrogênica sem oposição da progesterona. É policlonal.
  • HE atípica ou NIE: proliferação monoclonal e alterações de atipia.
79
Q

Qual a CD em cada tipo de HE?

A
  • HE típica: expectante com bx regulares (3-6m), medicação (progesterona por tempo limitado com nova bx após tto, com pref pelo SIU - revertem a HE) ou cirúrgia (HTA - refratária à progesterona).
  • HE atípica: tratamento clínico (progesterona por SIU - desejo de gestar. Realizar bx em 3m e, se HE persistir, realizar HTA) ou cirúrgico (HTA: sem desejo de gestar ou adesão insatisfatória à progesterona).
  • HSA: progesterona e mudança de estilo de vida.
  • NIE: HTA com ou sem salpingoooforectomia bilateral.
80
Q

Qual a importância epidemiológica da HE?

A

O risco, em longo prazo, da progressão para câncer de endométrio (CE).

*Apesar disso, cerca de 20% dos CE ocorrem sem HE (sem relação com a exposição crônica aos estrogênios).

81
Q

Quais os FR do ca de endométrio? Importante para prova. Qual é o principal FR?

A

Obesidade (principal FR!!!), idade avançada (> 60 anos), raça branca, nulípara (freira), anovulação crônica (SOP), menacme longo, DM, Lynch II, hiperplasia atípica (lesão precursora), tamoxifeno, terapia estrogênica (sem oposição da progesterona).

82
Q

Quais os fatores protetores para o câncer de endométrio?

A

Contracepção com progesterona, multiparidade, tabagismo, ACO (protetor para CE e para câncer de ovário).
*É dar ou expor à progesterona.

83
Q

Qual o QC da HE e do CE?

A
  • HE: SUA (5% dos casos de sangramento pós-menopausa).
  • CE (95% são sintomáticos): SUA por necrose tumoral na peri ou pós-menopausa (logo em estágios iniciais), corrimento vaginal, hematométrio (por estenose cervical), pressão pélvica
84
Q

Qual dado da colpocitologia me faz suspeitar de CE?

A

A presença de células endometriais na colpocitologia após o 10° dia de ciclo menstrual (principalmente em > 40a ou pós-menopausa).

No entanto, a colpocitologia NÃO pode ser considerado exame de rastreio (só detecta essas células em 30-50% dos casos).

85
Q

Qual a importância do CE no contexto da SUA?

A

Apenas 10% dos casos de SUA após a menopausa apresentam CE.

86
Q

Quando é feito, geralmente, o dx de CE?

A

Em estágios iniciais.

87
Q

Qual exame pode avaliar a necessidade de bx para CE?

A

A USGTV, pois seleciona as pacientes que devem ser submetidas ao histopatológico do endométrio.

88
Q

Como suspeitar do CE quando assintomático?

A

Pelo espessamento endometrial em USG de rotina, sendo o normal com espessura máxima:

  • Pós-menopausa sem TRH: 4-5 mm.
  • Pós-menopausa com TRH: 8 mm.
  • Pré-menopausa: sem limite de endométrio normal.
89
Q

Existe rastreio para CE?

A

Não existe para mulheres sem risco definido.

População de alto risco (Lynch II).

90
Q

Qual a conduta após suspeita de ca de endométrio?

A

Realizar USG.

91
Q

Quais os achados de USG suspeitos de CE?

A

Coleções líquidas intrauterinas, espessamento endometrial, massa endometrial polipoide e endométrio hiperecogênico ou com ecogenicidade irregular.

92
Q

Como dx o ca de endométrio?

A

Coletar material para histopatológico:

1) Cureta de Novak. É ambulatorial, mas dá muito falso negativo.
2) Curetagem fracionada.
3) Histeroscopia com biópsia: padrão-ouro e escolha.

93
Q

Como investigar a suspeita de CE?

A

A suspeita se dá pelo SUA ou sangramento pós-menopausa. A investigação inicial consiste na USGTV e o dx definitivo pode ser feito com a histeroscopia + biópsia dirigida.

94
Q

Quais as principais causas de SUA na pós-menopausa?

A

TRH (30%), vaginite/endometrite atrófica (30%), CE, pólipos, HE.

Devo SEMPRE descartar neoplasias endometriais, cervicais e ovarianas na SUA pós-menopausa.

95
Q

Quais os tipos de CE? Quais as características?

A
  • Tipo I (adenocarcinoma endometrioide): mais comum, mulheres mais jovens, relação com a exposição ao estrogênio sem oposição da progesterona, origem da HE, MELHOR PROGNÓSTICO.
  • Tipo II (seroso papilar, de células claras): sem relação com HE ou exposição estrogênica, mulheres mais velhas e na pós-menopausa, menos sensível à progesterona, PIOR PROGNÓSTICO.
96
Q

Como realizar o estadiamento do ca de endométrio?

A

É cirúrgico (RNM/TC/PET-TC pode avaliar o grau de invasão miometrial e cervical, linfonodo e mx, direcionando o tratamento).

97
Q

Qual a via de disseminação mais comum do CE?

A

Linfática.

98
Q

Qual o tto do ca de endométrio?

A

É feito junto com o estadiamento: laparotomia com lavado peritoneal, inventário da cavidade para ver se tem implante, HT total, anexectomia bilateral + linfadenectomia pélvica e para-aórtica (este de rotina ou não, questionável).

99
Q

Qual a consequência da ectopia para o epitélio colunar?

A

Como esse epitélio passa a ficar em contato com o ambiente hostil e ácido da vagina, ocorre uma metaplasia em um epitélio intermediário entre a ecto e a endo, chamado de zona de transformação. Nessa zona de transformação que pode haver obstrução dos ductos de glândulas por esse epitélio novo, formando os cistos de Naboth (sem significado patológico).

100
Q

Como acompanhar após tto do CE?

A

AV clínicas a cada 3-4m. Após 2a: anual.