Bases da Cirurgia

Question 1

. Quais são as classificações do potencial de contaminação cirúrgica?

Answer 1

Cirurgias limpas, limpas-contaminadas, contaminadas e infectadas (ou sujas).

Question 2

Quando é indicada a profilaxia antimicrobiana em cirurgias?

Answer 2

Em cirurgias limpas-contaminadas e contaminadas, para prevenir infecções, e em algumas cirurgias limpas de grande porte ou com uso de próteses.

Question 3

Quais são os principais fatores de risco para tromboembolismo venoso (TEV) em pacientes cirúrgicos?

Answer 3

: Imobilização prolongada, idade avançada, história prévia de TEV, obesidade, cirurgias de grande porte, neoplasias, e trombofilias.

Question 4

Quais são as profilaxias indicadas para prevenir TEV em pacientes cirúrgicos?

Answer 4

Profilaxia mecânica (meias de compressão, dispositivos pneumáticos) e profilaxia farmacológica (heparina de baixo peso molecular, heparina não fracionada ou anticoagulantes orais).

Question 5

Qual a diferença entre fechamento de primeira e segunda intenção de uma ferida cirúrgica?

Answer 5

Fechamento de primeira intenção envolve a aproximação direta das bordas da ferida, com rápida epitelização; já o fechamento de segunda intenção é utilizado em feridas altamente contaminadas, deixando a cicatrização ocorrer de forma natural.

Question 6

O que caracteriza o fechamento primário retardado de uma ferida cirúrgica?

Answer 6

A ferida é inicialmente deixada aberta devido à contaminação, sendo fechada posteriormente com sutura, enxerto ou retalho após melhora das condições locais.

Question 7

. Quais são as principais complicações associadas ao acesso venoso central?

Answer 7

Pneumotórax, hemotórax, infecção, trombose, embolia aérea, perfuração arterial e mau posicionamento do cateter.

Question 8

Quais são as principais indicações para utilização de acesso venoso central?

Answer 8

Monitoramento de pressão venosa central, administração de medicamentos vasoativos, nutrição parenteral, hemodiálise, e acesso venoso em pacientes com veias periféricas de difícil acesso.

Question 9

. Qual é o conceito atual de infecção?

Answer 9

: A infecção ocorre quando um microrganismo coloniza um hospedeiro e não pode ser eliminado pela imunidade, podendo levar a uma doença.

Question 10

Qual é o objetivo da profilaxia antimicrobiana em cirurgias?

Answer 10

Prevenir a infecção do sítio cirúrgico, seja superficial (pele e subcutâneo) ou profundo (cavitário).

Question 11

Quando deve ser administrado o antimicrobiano profilático antes de uma cirurgia?

Answer 11

Deve ser administrado 30-60 minutos antes da indução anestésica e repetido durante cirurgias prolongadas, conforme a meia-vida da droga.

Question 12

. Qual é a diferença entre uma cirurgia limpa e uma limpa-contaminada?

Answer 12

Cirurgias limpas não violam tratos colonizados (ex.: pele, hérnias), enquanto as limpas-contaminadas violam tratos pouco colonizados de forma controlada (ex.: gastrectomia, colecistectomia).

Question 13

Quais antimicrobianos são indicados em cirurgias limpas e limpas-contaminadas?

Answer 13

Em cirurgias limpas com uso de telas, utiliza-se cefazolina ou cefalotina. Em cirurgias limpas-contaminadas, pode-se usar cefazolina ou cefoxitina (especialmente em cirurgias digestivas).

Question 14

Qual a diferença entre profilaxia e terapia antimicrobiana em cirurgias infectadas?

Answer 14

Na profilaxia, o antimicrobiano é utilizado por tempo curto para prevenir infecção; na terapia, o antimicrobiano é utilizado de forma prolongada para tratar infecções já estabelecidas.

Question 15

. Quais são os exemplos de cirurgias que sempre requerem profilaxia antimicrobiana, mesmo sendo limpas?

Answer 15

Cirurgias do sistema nervoso central, devido ao risco catastrófico de infecção, e cirurgias do trato geniturinário, que frequentemente usam quinolonas.

Question 16

Quais medidas não medicamentosas podem ajudar a prevenir infecções no pós-operatório?

Answer 16

Manter a sala cirúrgica limpa, controlar o número de pessoas, usar paramentação adequada, realizar tricotomia com tricôtomo elétrico antes da cirurgia, e manter a temperatura adequada da sala.

Question 17

Qual é o antimicrobiano indicado em cirurgias limpas com uso de próteses ou telas?

Answer 17

Cefazolina.

Question 18

. Quais antimicrobianos são utilizados em cirurgias limpas-contaminadas?

Answer 18

: Cefazolina ou Cefoxitina.

Question 19

. Quais antimicrobianos são indicados em cirurgias contaminadas?

Answer 19

: Cefoxitina ou a combinação de Metronidazol com Ceftriaxona ou Ciprofloxacino.

Question 20

Qual é o esquema antimicrobiano recomendado para cirurgias infectadas?

Answer 20

: Metronidazol + Ceftriaxona ou Ciprofloxacino, em tratamento prolongado.

Question 21

Qual é a exceção ao uso de antimicrobianos em cirurgias limpas-contaminadas?

Answer 21

Colecistectomia videolaparoscópica eletiva.

Question 22

. Quais são os componentes da tríade de Virchow?

Answer 22

Estase venosa, lesão endotelial e hipercoagulabilidade sanguínea.

Question 23

Quais fatores de risco mais importantes para TEV (TVP/TEP) indicam a necessidade de profilaxia medicamentosa?

Answer 23

Idade > 60 anos, obesidade, doenças oncológicas, varizes de membros inferiores, AVC prévio, imobilização no leito, fraturas de quadril e membros inferiores.

Question 24

. Quais são as estratégias medicamentosas utilizadas para profilaxia de TEV?

Answer 24

Heparina de baixo peso molecular e heparina não fracionada, que são suspensas 12-24 horas antes da cirurgia se usadas em doses terapêuticas.

Question 25

Quais são as estratégias não medicamentosas para profilaxia de TEV?

Answer 25

Uso de meias elásticas, deambulação precoce, compressão pneumática intermitente para os membros inferiores, e filtro de veia cava inferior em casos selecionados.

Question 26

Quando se utiliza o filtro de veia cava inferior na profilaxia de TEV?

Answer 26

Quando há risco de trombo venoso profundo em membros inferiores se transformar em tromboembolismo pulmonar (TEP).

Question 27

Qual é a estratégia não medicamentosa básica para todos os pacientes cirúrgicos?

Answer 27

: Uso de meias elásticas e deambulação precoce.

Question 28

Quais são os sinais clínicos da trombose venosa profunda (TVP)?

Answer 28

Edema unilateral de membro inferior, dor, empastamento de panturrilha, membro frio e mole. O sinal de Homans (dor na panturrilha à dorsiflexão do pé) pode estar presente.

Question 29

Como é feito o diagnóstico de TVP?

Answer 29

O diagnóstico de TVP é feito com ultrassom Doppler de membros inferiores.

Question 30

. Qual é o tratamento padrão para TVP?

Answer 30

: Anticoagulação plena (heparinização) no ambiente hospitalar, seguida de anticoagulação oral (varfarina) por 6 meses.

Question 31

Quais são os principais sinais e sintomas do tromboembolismo pulmonar (TEP)?

Answer 31

Dispneia, taquipneia, dor torácica e possíveis pioras ventilatória, gasométrica, cardiovascular ou hemodinâmica.

Question 32

Quais achados podem ser observados em exames no caso de TEP?

Answer 32

Radiografia de tórax: Opacidade em cunha (infarto pulmonar).

Eletrocardiograma: Sobrecarga do ventrículo direito e padrão S1Q3T3.

Laboratório: D-dímero elevado, mas inespecífico.

Question 33

O que o escore de Wells avalia no TEP e TVP?

Answer 33

O escore de Wells estratifica o risco de TEP/TVP com base em fatores como TVP/TEP prévios, frequência cardíaca >100 bpm, cirurgia recente, sinais clínicos de TVP, diagnóstico alternativo menos provável, hemoptise, e câncer.

Question 34

Como interpretar o escore de Wells para TEP?

Answer 34

> 7 pontos: Alta probabilidade de TEP.

2-6 pontos: Moderada probabilidade.

<1 ponto: Baixa probabilidade.

Question 35

Qual exame confirma o diagnóstico de TEP?

Answer 35

Angiotomografia de tórax em protocolo para TEP.

Question 36

Qual o tratamento para TEP?

Answer 36

Anticoagulação plena. Em casos graves, pode-se considerar fibrinólise medicamentosa.

Question 37

Quais são os objetivos principais de uma sutura?

Answer 37

Evitar infecção, auxiliar a hemostasia e garantir um resultado estético e funcional satisfatório.

Question 38

. Quais são as classificações dos tipos de fechamento de feridas?

Answer 38

Fechamento primário (primeira intenção): Fechamento imediato com sutura, enxertos ou retalhos, com rápida epitelização (24 a 48 horas).

Fechamento secundário (segunda intenção): A ferida é deixada aberta para cicatrizar por granulação e retração.

Fechamento terciário (primário retardado): Inicialmente a ferida é deixada aberta e depois fechada após tratamento (desbridamento, antibióticos).

Question 39

Quais são as indicações para realizar o fechamento secundário de uma ferida?

Answer 39

Intensa contaminação local, mordedura animal, perfuração por arma de fogo, ou atendimento tardio (após 18-24 horas).

Question 40

Qual é a diferença entre fios de sutura monofilamentares e multifilamentares?

Answer 40

Monofilamentares: Causam menor lesão tecidual, têm menor atrito e menor retenção de nó.

Multifilamentares: Mais fáceis de manusear, com maior retenção de nó, mas causam maior lesão tecidual.

Question 41

Quando são utilizados fios de sutura absorvíveis e inabsorvíveis?

Answer 41

Absorvíveis: Utilizados em mucosas ou derme, com tempo de absorção variável.

Inabsorvíveis: Como o náilon, são usados em áreas que requerem sutura prolongada, causando pouca reação tecidual.

Question 42

Em quais situações o fechamento primário é contraindicado?

Answer 42

Casos de feridas extensamente contaminadas, mordeduras de animais, ferimentos por armas de fogo ou atendimento tardio (após 18-24 horas).

Question 43

Qual é o procedimento correto para eversão das bordas da pele em uma sutura?

Answer 43

A sutura deve aproximar as bordas sem tensão e as margens devem ser evertidas para garantir melhor cicatrização.

Question 44

. O que são feridas complexas?

Answer 44

Feridas que ameaçam a viabilidade de um membro ou a vida, como úlceras por pressão, feridas de membros inferiores de diabéticos e feridas por radiação, com evolução imprevisível.

Question 45

. Quais são os tipos principais de acesso venoso?

Answer 45

Acesso venoso periférico, cateter venoso central, cateter de artéria pulmonar (Swan-Ganz), Cateter Central de Inserção Periférica (PICC), e cateter venoso central implantado (Portocath).

Question 46

Quais são as principais indicações para o uso de um acesso venoso central?

Answer 46

Dificuldade de acesso venoso periférico, uso de drogas incompatíveis com veias periféricas (vasopressores, quimioterápicos, nutrição parenteral), monitorização hemodinâmica, terapias extracorpóreas, passagem de marca-passo, colocação de filtro de veia cava, e posicionamento de stents.

Question 47

Quais são as contraindicações relativas para o acesso venoso central?

Answer 47

Coagulopatia (RNI > 1,5), trombocitopenia (plaquetas < 50.000), alterações anatômicas no local de punção, e lesões de pele (infecção, queimadura).

Question 48

. Quais são as veias principais utilizadas para a cateterização venosa central?

Answer 48

Veia jugular interna, veia subclávia, e veia femoral.

Question 49

. O que é um cateter de artéria pulmonar (Swan-Ganz) e para que é utilizado?

Answer 49

: É um cateter implantado nas veias jugulares ou subclávias que atravessa as câmaras cardíacas direitas e se posiciona na artéria pulmonar, utilizado para fornecer medidas hemodinâmicas.

Question 50

O que é um Cateter Central de Inserção Periférica (PICC)?

Answer 50

É um cateter central inserido perifericamente através das veias cefálica, basílica ou braquial, com a ponta posicionada na veia cava. É utilizado para acessos venosos prolongados.

Question 51

. Quais são as vantagens e desvantagens do uso do cateter PICC?

Answer 51

Vantagem: acesso prolongado. Desvantagem: risco de estenose das veias, sendo contraindicado em pacientes renais crônicos.

Question 52

O que é o Portocath e qual sua principal aplicação?

Answer 52

É um cateter venoso central implantado sob a pele, com uma esfera de silicone para punção. Muito utilizado em quimioterapia devido à sua durabilidade e uso ambulatorial.

Question 53

. Quais são as vantagens do acesso venoso central pela veia jugular interna?

Answer 53

A veia jugular interna é de fácil compressão em caso de complicação (como punção arterial), tem menor risco de complicações pulmonares e, pelo lado direito, a cúpula pulmonar é mais baixa, reduzindo o risco de pneumotórax.

Question 54

. Quais são as dicas para facilitar a punção da veia jugular interna?

Answer 54

Colocar o paciente em posição de Trendelemburg para aumentar o retorno venoso.

Virar o rosto do paciente para o lado oposto.

Palpar a artéria carótida e puncionar lateralmente a ela, direcionando a agulha para o mamilo ipsilateral.

Question 55

Quais são as principais vantagens e desvantagens da punção na veia subclávia?

Answer 55

Vantagem: Baixa variação anatômica, facilitando a técnica.

Desvantagens: Alto risco de complicações pulmonares (pneumotórax/hemotórax) e difícil compressão em caso de punção arterial.

Question 56

Quando a veia femoral deve ser utilizada para acesso venoso central?

Answer 56

: A veia femoral é uma boa opção para pacientes com coagulopatia (por ser facilmente compressível) e em pneumopatas graves, já que está longe dos pulmões e evita complicações pulmonares.

Question 57

Quais são as principais complicações imediatas do acesso venoso central?

Answer 57

Sangramento, punção arterial, arritmias, embolia gasosa, lesão do ducto torácico, posicionamento incorreto do cateter, pneumotórax ou hemotórax.

Question 58

Quais são as principais complicações tardias do acesso venoso central?

Answer 58

Infecção, trombose venosa, embolia pulmonar, estenose venosa, migração do cateter, embolização por cateter, perfuração do miocárdio, lesão nervosa.

Question 59

Como o ultrassom auxilia na punção de acesso venoso central?

Answer 59

O ultrassom permite a visualização direta da veia, auxiliando na redução de complicações e melhorando a precisão do procedimento, especialmente em sítios como a veia jugular interna.

Question 60

Quais são os passos principais da técnica de Seldinger para acesso venoso central?

Answer 60

Preparação do material, posicionamento do paciente, assepsia, anestesia local, punção da veia, passagem do fio-guia, retirada da agulha, incisão da pele, introdução do dilatador, passagem do cateter, retirada do fio-guia, checagem de fluxo/refluxo, fixação do cateter, e curativo.