Aula 2 - Informação, conhecimento e suas mídias Flashcards

1
Q

1 Conhecimento e informação

A

Informação é mais simples do que conhecimento, da mesma forma que dado é mais simples
do que informação. Ela é a descrição de um fato ou fenômeno, sem estabelecimento de
relações, nu e cru, e constitui-se a partir de um dado.
Trata-se, portanto, de uma hierarquia que começa até antes da informação, no dado, e
que vai ascendendo e sendo processada em níveis cada vez mais elevados, até se chegar ao
conhecimento:
[FIGURA 1]
Quando se constrói um conhecimento para escrever um texto ou fazer uma apresentação,
por exemplo, é preciso saber analisar os dados que as técnicas levantam, interpretá-
los e tomar decisões quanto ao andamento do método e à tirada de conclusões.
Quanto ao conceito de informação, em resumo, pode-se dizer que é um conjunto de
dados organizado e processado para se tornarem conhecimentos. Ela também pode ser a
divulgação dos resultados de uma investigação em nível de conhecimento, por exemplo,
sendo, nesse caso, “conhecimento comunicado” o que nós ouvimos e assistimos no noticiário são informações que são a divulgação
de conhecimentos de algum cientista político, de algum policial ou delegado, de algum
economista. Os meios de comunicação, em geral, são repletos de informações.
Já o conhecimento é mais do que só informação e assume o problema ideológico da
informação, mas em outro nível, de forma mais velada, impregnado em seus pressupostos
e entrelinhas. Por isso, é preciso exercer um grau superior de crítica para detectar os
posicionamentos por trás do conhecimento do que quando se trata da informação.
Assim, podemos definir o conhecimento em geral, de acordo com Casarin e Casarin
(2012, p. 15), como sendo um “[…] sistema de enunciados provisoriamente estabelecidos”.
Ele é veiculado por meios, como os meios de comunicação e os textos, que, em si, carregam
apenas informações, que são interpretadas pelo leitor no ato da leitura e transformados em
conhecimento, que pode ser aquele que o autor queria mesmo transmitir, pode ser algo
inteiramente novo e inesperado, ou ambas as coisas, o que, geralmente, é o que acontece. Ou
seja, o autor nunca transmite só a mensagem que quer transmitir; mas, com a participação e
o diálogo com o leitor, este chega a conhecimentos que vão além dessa mensagem. Por isso
é que se diz que a leitura provoca verdadeiras “viagens”. É esse estabelecimento prévio que
o leitor atento deve tentar detectar nos textos que veiculam conhecimentos e ir além deles.
E tal coisa só é possível através da interpretação e da crítica.

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2
Q

2 Tipos de conhecimento

A

O conhecimento científico é apenas um dos vários tipos que existem no mundo de hoje,
desde a Antiguidade. De acordo com Casarin e Casarin (2012), há, ainda, os seguintes tipos
de conhecimento:
1. Empírico – fundamentado na experiência.
2. Científico – fundamentado na razão.
3. Filosófico – fundamentado na reflexão.
4. Teológico – fundamentado na fé (CASARIN; CASARIN, 2012, p. 16)
É preciso observar, ainda, o que é um sistema, que é composto por partes que compõem
um todo complexo ou simples. Portanto, o sistema pode ser linear e hierárquico, mas,
hoje em dia, é mais ligado à complexidade, ao sistêmico, da mesma forma como a falta de
sistema está ligada à confusão, ao caos e à simplicidade, no sentido do simplório, de falta de
organização e sofisticação. Uma empresa, por exemplo, é uma entidade complexa, que tem
uma organização sistêmica, ou seja, composta por sistemas organizados em parte de forma
linear e, em parte, não linear, em forma de rede.
Já o conhecimento científico tem as seguintes características, segundo Lakatos e Marconi
(apud REIS, 2015, p. 48, grifo da autora):
• real (factual), porque lida com ocorrências ou fatos reais;
• contingente, na medida em que suas proposições ou hipóteses podem ser
verificadas como falsas ou verdadeiras por meio de experimentos.
• sistemático, pois se trata de um saber ordenado que forma um sistema de ideias
(teoria) e não de conhecimentos dispersos e desconexos;
• verificável, quando as hipóteses (afirmações) podem, ou não, ser convalidadas;
• falível, porque não é um conhecimento definitivo, absoluto e final.
• aproximadamente exato, já que novas hipóteses e técnicas podem reformular a
teoria em que o conhecimento se fundamenta.
Note-se que o contingente é o eventual e incerto, dependente de circunstâncias ou
variáveis, contrário do certo e necessário. Então, ele admite hipóteses. [O conhecimento, qualquer que seja, enquanto processamento da informação, usa-a
para determinado fim, portanto, tem determinada intencionalidade, que também é
conhecida por “ideologia” ou conjunto de ideias estruturadas com interesses. Portanto, o
conhecimento, que é sistematizado e fixado em textos, nunca é totalmente neutro; os meios
de comunicação são, portanto, carregados da ideologia de quem os formula.

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3
Q

3 A especificidade e diversidade do conhecimento científico

A

Mesmo se considerarmos especificamente o conhecimento científico, ele também
admite uma diversidade grande. Temos as áreas de ciências, conforme o site do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que são:
1. Ciências Exatas e da Terra
2. Ciências Biológicas
3. Engenharias
4. Ciências da Saúde
5. Ciências Agrárias
6. Ciências Sociais Aplicadas
7. Ciências Humanas
8. Linguística, Letras e Artes
(CNPQ, 2015).
A divisão se dá de acordo com áreas e metodologias adotadas por cada um desses
campos científicos, e cada área tem a sua história, lógica de organização e estruturação
do conhecimento, bem como forma de desenvolvimento, de acordo com um projeto de
constituição do campo de saber.
é preciso haver um equilíbrio entre a liberdade que a ciência e o cientista têm
que ter e o limite do que é benéfico para a humanidade; cruzar esse limite sempre é um
perigo devido à curiosidade e à ânsia de saber para exercer o poder que o homem tem por
naturezaPor isso, os cientistas estão sempre na berlinda e tendo que exercer o senso crítico o
tempo todo, com a ajuda de filósofos e teólogos, principalmente aqueles que pensam as
coisas pelo ponto de vista humano e da ética. Aliás, o senso crítico e a reflexão, que são
conferidos ao homem pelo hábito da leitura e pela filosofia, são os melhores antídotos contra
a ideologia ou contra todo e qualquer interesse outro que possa estar por trás da conquista
do conhecimento.

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4
Q

4 Fontes e meios de coleta de dados

A

Outro fenômeno que vem com o progresso e que pode vir a se tornar um mal é a
popularização da ciência, ou seja, a tradução de saberes requintados e advindos de estudo
aprofundado em termos tão simples e acessíveis que reduzem a sua profundidade. Na
internet, a informação é tão fácil e banalizada que dificilmente se pode avaliar a fonte
das informações, se são seguras e científicas, levando a muitos enganos, ocasião para
oportunistas e boatos.
Por isso, é também importante que se atente para as fontes e os meios de coleta
de dados, que não podem ser os mesmos do senso comum, como, frequentemente, são
a televisão, o rádio, as redes sociais, os blogs, que estão, muitas vezes – nem sempre, é
claro –, submetidos à lógica do mercado e à racionalidade técnica, ou seja, burocrática,
mas devem ser devidamente submetidos à metodologia, à crítica e ao crivo da comunidade
científica. Assim, existem as fontes acadêmicas, que são oriundas de sites acadêmicos, e
as não acadêmicas, e nenhuma delas é neutra, no entanto, a acadêmica é uma linguagem
diferenciada e seguiu um processo mais sistemático de construção.
Assim, existem diferentes fontes de coleta de dados: pragmáticas, científicas e midiáticas,
que podem ser diretas ou indiretas. Todas são e podem ser usadas, mas devem passar pelo
crivo do pesquisador.
Deve-se submeter esses meios à mesma crítica que os meios de comunicação em massa
de uma maneira geral, já que eles estão crivados de ideologia, de manipulação e ideias
favoráveis ao consumo e à aceitação do status quo, ou condição social em que se encontra
a sociedade e outras questões de cunho religioso, racial, de gênero etc. Se isso vale para o
nosso cotidiano pessoal, mais valerá para a pesquisa.

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