Aula 11 - A pesquisa e sua importância social Flashcards
1 A importância da pesquisa para o meio acadêmico e social
A pesquisa é importante no meio acadêmico, fato comprovado por qualquer legislação
que envolva a universidade. Podemos observar a tríade clássica da universidade: ensino, que
é a ministração de aulas e a preocupação com a formação de profissionais em sala de aula;
pesquisa, que é a fonte de criação de novos conhecimentos e desenvolvimento da tecnologia;
e extensão, que é a prestação dos serviços que a universidade tem a oferecer às comunidades.
Surgida no
meio econômico, a globalização tem sido aplicada a diversos setores, sendo, muitas vezes,
sinônimo de “massificação”, principalmente no que diz respeito aos meios de comunicação.
Para competir em um mercado internacional de exclusão, mas supostamente chamado
de igualitário, os países menos avançados são obrigados a desenvolver os seus projetos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), além de sair da dependência imposta pelo novo
colonialismo e imperialismo da Era da Informação e do Conhecimento. Isso faz com que
haja necessidade de projetos integrados entre as universidades, instituições de pesquisa e a
sociedade.
Desde os anos 1950, quando o governo brasileiro começou a investir nas universidades,
convivemos com a falta de uma política efetiva de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Esse
lapso inibe a demanda de tecnologia da indústria e da sociedade em geral, as quais são
sustentadas, em grande parte, pelas políticas, gerando um ciclo vicioso difícil de ser rompido.
Quando há investimento em tecnologia, os avanços são aplicados e absorvidos, gerando a
demanda de novas tecnologias. Na falta de investimentos, a demanda recua. Sem pesquisas
e, consequentemente, sem avanços, a tecnologia nacional tornar-se-á não competitiva em
pouco tempo na esfera mundial.
Outro problema é a distância entre os programas de Pós-Graduação de alta qualidade
das universidades públicas, reconhecidas internacionalmente, e o Ensino Básico precário.
Essa contradição é típica de um país no qual impera a desigualdade social, o dualismo no
sistema de ensino e a exclusão.
Para quebrar o ciclo de dependência entre países que produzem tecnologia e os que a
importam, há organizações internacionais, como o Banco Mundial, chamados de pressões
exógenas. Essas entidades incentivam o desenvolvimento tecnológico, mas têm esbarrado
na desigualdade social e gerado a fuga de pessoal qualificado das universidades do país. A
solução é o estabelecimento de:
[…] relações mais estreitas entre as instituições educativas e o setor produtivo, para
que haja transferência de conhecimentos das instituições educativas para o setor
produtivo e, também, das novas tecnologias da informação e comunicação, que permitem uma revolução nas formas de produção e circulação do conhecimento, do setor produtivo para as instituições educativas.
A inserção no mundo globalizado deve acontecer de uma forma crítica e criativa, diferente
do modelo de desenvolvimento hegemônico de mercado, o qual não leva em conta o meio
ambiente e as forças sociais, agentes importantes nas decisões a respeito do desenvolvimento
e do futuro da humanidade.
Isso implica também na forma de produzir conhecimento. As tradicionais correntes
cientificista (que valoriza a ciência, mesmo em detrimento da sociedade), tecnicista (em
que a técnica vale por si mesma) e positivista (que trata a ciência como religião) devem
ser substituídas por uma forma mais democrática, inclusiva e engajada na luta contra as
desigualdades sociais e voltada para o desenvolvimento sustentável.
Assim, o desenvolvimento dependerá cada vez menos de meios materiais de produção e
cada vez mais “[…] da inteligência humana, do saber fazer, das atitudes, dos comportamentos,
da capacidade de adaptação e da criatividade”.
Nesse contexto, as universidades e centros de pesquisa devem formar essas habilidades,
responder às demandas sociais e fazer a ponte com o setor produtivo, cujo ceticismo em
relação à utilidade da universidade no desenvolvimento deve ser desconstruído.
Para isso, a universidade deve engajar-se na formação científica da população desde os
níveis básicos da educação, criando uma cultura científica. Deve, ainda, articular o local ao
internacional, criando formas de diálogo com instituições de pesquisa internacionais. Além
disso, deve pensar de forma mais complexa e menos linear para dar conta da complexidade da
realidade social, com projetos de pesquisa integrados, trazendo a temática para as discussões
mais recentes, inter e transdisciplinares e multiculturais.
2 Tecnologias ambientais e sua contribuição para o papel social da pesquisa
Muito se fala em meio ambiente, desenvolvimento sustentável e tecnologia verde ou
limpa, mas a pesquisa de Jabbour (2010) demonstrou que não há uma nomenclatura clara
e definições delimitadas para esses termos. Há um consenso de que se deve produzir mais
produtos biodegradáveis, criar fontes de energia renovável que não agridam o ambiente,
reciclar o lixo, controlar a poluição, reduzir a emissão de poluentes e prevenir mais agressões
ao meio ambiente. Mas o discurso em torno dessas intenções não usa os mesmos termos e
é, muitas vezes, contraditório.
A contradição básica é a dicotomia entre tecnologia e meio ambiente, que não deve
ser desprezada. E não se trata apenas do embate entre a tecnologia e o ambiente natural,
pois tudo que é tecnológico parece ser não-natural. Pelo menos a tecnologia produzida,
comercializada e traduzida em lucros até aqui pelas sociedades capitalistas, tem sido
extremamente agressiva ao meio ambiente e, se não fossem acordos internacionais voltados
à preservação do planeta, a degradação seria ainda mais devastadora.
O conceito de tecnologia ambiental é recente e, além da falta de consenso sobre o termo
em si, também não há acordo quanto à relação entre a tecnologia ambiental e a economia. A tecnologia ecologicamente correta tende a ser mais economicamente interessante
pela redução de gastos que representa.
Jabbour subdivide a tecnologia ambiental em: tecnologias para mensuração ambiental;
tecnologias de final de processo; tecnologias mais limpas; e tecnologias limpas. Também
apresenta uma tipologia de empresas que desenvolve tecnologias ambientais e identifica os
agentes-chave no desenvolvimento de tecnologias ambientais, que são:
• os criadores de conhecimentos, agentes de transferência e consultores - que são as
universidades, centros de pesquisa e os órgãos responsáveis pela transferência das
tecnologias;
• as representações e poder público - que são as ONGs e os órgãos governamentais; e
• usuários.Os acordos de cooperação nacionais e internacionais que, de fato, podem tornar os
investimentos em tecnologia ambiental economicamente viáveis e interessantes. No contexto
internacional, destaca-se que essas tecnologias se difundem “[…] por meio de transferência
de conhecimentos ainda não aplicados ou já incorporados a produtos, devendo-se incentivar
o fluxo difusor no sentido centro-periferia” (JABBOUR, 2010, p. 608-609).
A pesquisa de Jabbour (2010) foi fundamental como um marco para a organização e
estabelecimento de um diálogo mais eficiente no campo das tecnologias ambientais, visando
uma nova compreensão do conceito de tecnologia, que tem implicações sobre o papel da
pesquisa e da universidade, e sua inserção em um contexto do melhoria ambiental mais
amplo e, assim, contribuir para a sociedade, o que inclui o bem-estar social.
3 Carta da Terra
A Carta da Terra é um documento criado pela Comissão da Carta da Terra, em 2000,
como resumo do debate promovido entre as nações pela Comissão Mundial sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas (ONU), desde 1987 e ao longo de uma
década. Os debates visavam criar uma agenda de prioridades mundiais para o século XXI,
composta por uma série de princípios de responsabilidade dos povos da terra em relação ao
futuro sustentável do planeta.
Depois do reconhecimento da Terra como o lar de toda a humanidade, é abordada
a devastação da natureza, o desafio de criar uma “aliança global” para salvar a Terra,
aproveitando para isso a rede formada pelas sociedades mundiais, o bem-estar trazido pela tecnologia e da responsabilidade universal que recai sobre todas as nações de construção de
um mundo melhor, que passa pela criação de princípios e valores comuns.
Os princípios são os seguintes, organizados em torno de quatro eixos:
I. Respeitar e cuidar da comunidade da vida;
II. Integridade ecológica;
III. Justiça social e econômica;
IV. Democracia, não violência e paz.