Abortamento - 1ª metade Flashcards
Quais são os sangramentos da primeira metade?
Abortamento, gestação ectópica e doença trofoblástica
Conceitos do abortamento
Interrupção da gestação com feto com menos de 20-22 semanas ou 500g
- 1 a cada 3 mulheres
- Clínico: após confirmação clínica
- Subclínico: antes do atraso menstrual
- Não é normal, mas é comum
- 40 anos: 40%
- 45 anos: 45%
Etiologias abortamento
- Anormalidades cromossômicas: principal causa. Mais frequentes: trissomias (21, 16- maior causa trissomia/aneuploidia isolada), monossomia do X
- Desordens anatômicas: IIC, malformações uterinas, sinéquias (aderências)
- Doenças endócrinas: insuficiência lútea (?), doenças da tireóide, DM
- Infecções: rubéola, CMV, parvovirose, HIV, sífilis
- Trombofilias hereditárias: questionável, maioria não recomenda rastrear
- Distúrbios imunológicos: síndrome antifosfolipídeo
- SOP
- Malformações uterinas
- DM1: malformações cardíacas => se não estiver controlada tem muitas complicações
- TSH< 2,5 para engravidar => reação imunológica
- Qualquer caso infeccioso ou inflamatório
O que a Síndrome antifosfolipídeo (SAF)?
Trombofilia autoimune
- Abortamento de repetição
- Óbito fetal, pré-eclâmpsia
- Trombose arterial e venosa
- Associação com lúpus
Critérios clínicos SAF
- Trombose arterial ou venosa OU óbito fetal após 10 semanas
- Parto prematuro por PE< 34 semanas
- Três ou mais abortamentos <10 semanas
Critérios laboratoriais SAF
- Lúpus anticoagulante
- Anticardiolipina IgG ou IgM
- Anti-beta2 glicoproteína I IgG ou IgM
Anticorpos se positivos, tem que repetir para confirmar em 12 semanas
Tratamento SAF
- SAF apenas com critérios obstétricos: AAS + heparina profilática (de preferência de baixo peso molecular => 0,5 mg/kg 1x por dia) - 40 mg/dia
- SAF com história de trombose: AAS + heparina terapêutica (1mg/kg de 12 em 12 horas)
- Desfecho favorável em até 85% dos casos
Enoxaparina => até depois do parto
Alteração de proteína S é a mais comum
Qual a classificação do aborto?
Precoce: até 12 semanas
Tardio: entre 12 e 20 semanas
Habitual: 3 ou mais episódios consecutivos
Quais os prâmetros principais para o diagnóstico de abortamento?
Colo uterino (aberto ou fechado)
Ultrassonografia
Ameaça de abortamento/evitável
- Sangramento e dor discretos
- Beta-hCG: positivo
- Útero: compatível com IG
- Colo uterino: fechado
- USG: BCE presente
Conduta ameaça de abortamento/evitável
USG, evitar atividade sexual, repouso relativo, etc
Não precisa de internação, tratamento ambulatorial, orientar sobre sinais de alerta, abstinência e repouso relativo podem ajudar
Abortamento inevitável
- Sangramento intenso, cólicas
- Beta-hCG: positivo
- Útero: compatível com IG
- Colo uterino: aberto
- USG: BCE presente/ausente
Conduta abortamento inevitável
Aguardar 8 semanas de IG por uma ou duas semanas
Esvaziamento uterino
Imunoglobulina anti-Rh
Abortamento completo
- Sangramento discreto, dor ausente
- Beta-hCG negativo ou em queda
- Útero: menor que IG
- Colo uterino: fechado
- USG: útero vazio
Conduta abortamento completo
Imunoglobulina anti-Rh
USG para confirmar
Abortamento incompleto
- Sangramento variável, cólicas
- Beta-hCG: negativo ou em queda
- Útero: menor que IG
- Colo uterino: aberto ou fechado (excepcionalmente)
- USG: restos ovulares
Conduta abortamento incompleto
Esvaziamento uterino
Imunoglobulina anti-Rh
Abortamento infectado
Sangramento fétido, dor abdominal
Beta-hCG: negativo
Útero: amolecido, doloroso
Colo uterino: aberto
USG: restos ovulares + febre
Conduta abortamento infectado
Clindamicina + gentamicina
Esvaziamento uterino
Imunoglobulina anti-Rh
Antibioticoterapia por 12 horas e depois esvaziamento uterino
Abortamento retido
- Sangramento e dor ausentes
- Beta-hCG: negativo ou em queda
- Útero: menor que IG
- Colo uterino: fechado
- USG: embrião >/ 7 mm sem BCE (se for menor que 7 mm pede para paciente repetir USG em torno de 7-14 dias)
Conduta abortamento retido
- Repetir USG (confirmatório)
- Esvaziamento uterino
- Imunoglobulina anti-Rh
Conduta expectante, misoprostol
Colo aberto não faz conduta conservadora por risco de infecção
Subtipo abortamento retido
Ovo anembrionado
Ovo anembrionado
- Ausência de embrião em SG íntegro
- USG >/ 25 mm de DM sem embrião
Conduta ovo anembrionado
Expectante
Esvaziamento cirúrgico
AMIU
Curetagem
Outras opções
AMIU
- Aspiração manual intrauterina
- Método de escolha até 12 semanas
- Menor risco de perfuração
Curetagem
- IG maior que 12 semanas
- Maior risco de perfuração
- Maior risco de sinéquia intrauterina
Outras opções esvaziamento cirúrgico
Vácuoaspiração (mola hidatiforme), microcesariana (praticamente não se usa)
Esvaziamento clínico
- Ocitocina: expulsão do feto, paralelamente ao tratamento cirúrgico (poucos receptores, menos utilizada)
- Misoprostol: método de escolha para expulsão do feto. Complementar ao tratamento cirúrgico
- Conduta expectante: 6-8 semanas, sangramento discreto
Incompetência istmocervical
- Falha no orifício interno em manter a gestação (abre antes do tempo)
- Abortamento tardio (geralmente 2º trimestre)
- Perdas gestacionais indolores
- Amniorrexe precoce
- Feto morfologicamente normal
Fatores predisponentes incompetência istmocervical
- Amputação do colo
- Dilatação do colo
- Fatores congênitos (dietil-estilbestrol)
- Partos laboriosos
Diagnóstico incompetência istmocervical fora da gravidez
- Histerossalpingografia (contraste volta)
- Histeroscopia (câmera entra com facilidade e não mantém pressão)
- Passagem da vela de Hegar 8 (passa fácil)
Diagnóstico incompetência istmocervical na gravidez
- Dilatação do colo indolor
- USG: encurtamento do colo*, dilatação cervical
Tratamento incompetência istmocervical
Circlagem uterina: entre 12 e 16 semanas (dar um ponto com fio inabsorvível que será cortado no final)
Quando pode ocorrer a interrupção voluntária?
Risco de vida para a gestante
Violência sexual
Anencefalia
Interrupção voluntária por risco de vida para a gestante
- Abortamento terapêutico. Ex: hipertensão pulmonar
- Atestado por dois médicos
- Notificação da comissão de ética dos hospital
Interrupção voluntária decorrente de violência sexual
- Permitida após informar unidade de saúde
- Não precisa de BO ou autorização judicial
- Objeção de consciência (médico pode não fazer, mas tem que encaminhar para alguém que faça)
- Até 20-22 semanas** (juridicamente em qualquer idade)
Risco de vida e violência: até 22 semanas
Sêmen pode ser utilizado para exame até 72 horas
Material do esvaziamento uterino pode ser utilizado para exame de DNA
Interrupção voluntária por anencefalia
- Descriminalização pelo STF em 2012
- Interrupção em qualquer IG (se desejar) a partir de 12 semanas
- Diagnóstico ultrassonográfico com duas fotografias (sagital e transversal)
- Laudo assinado por dois médicos