tut 3 delirium e itu Flashcards
Delirium:
uma síndrome cerebral orgânica sem etiologia específica caracterizada
pela presença simultânea de perturbações da consciência e da atenção, da
percepção, do pensamento, da memória, do comportamento psicomotor, das
emoções e do ritmo sono-vigília.
Delírio:
sintoma decorrente de patologias psiquiátricas (ex: esquizofrenia), em que
ocorre alteração do juízo de realidade em decorrência de pensamento patológico.
Delirium:
uma síndrome cerebral orgânica sem etiologia específica caracterizada
pela presença simultânea de perturbações da consciência e da atenção, da
percepção, do pensamento, da memória, do comportamento psicomotor, das
emoções e do ritmo sono-vigília.
Delirium é importante não apenas pela sua frequência, mas também porque
pode constituir-se, muitas vezes, na única ou principal forma de apresentação de
doença física potencialmente grave, e os pacientes podem cursar com pior
prognóstico tanto na vigência da internação como após a alta hospitalar.
● Sendo assim, delirium deve ser considerado como uma urgência médica, ter o
seu diagnóstico estabelecido e a terapêutica rapidamente instituída.
Delírio:
sintoma decorrente de patologias psiquiátricas (ex: esquizofrenia), em que
ocorre alteração do juízo de realidade em decorrência de pensamento patológico.
QUADRO CLÍNICO
Caracterizam-se por apresentar distúrbios na cognição, atenção e
consciência, no ciclo sono-vigília e no comportamento psicomotor. Têm início
agudo e curso flutuante.
Característica marcante do delirium é a flutuação dos sintomas, que dificulta
muitas vezes o seu diagnóstico.
Disfunção global da cognição é manifestação essencial: o prejuízo do
pensamento encontra-se invariavelmente presente, tornando-se vago e
fragmentado; varia de lento ou acelerado, nas formas leves, a sem lógica ou
coerência, nas formas graves.
Anormalidades da sensopercepção manifestam-se mais comumente por
meio de ilusões e alucinações visuais.
Outra característica fundamental é o distúrbio da atenção. Há dificuldade em
manter a atenção em um determinado estímulo e em mudá-la para um estímulo
novo, não se conseguindo manter o fluxo de conversação com o paciente.
● O comportamento psicomotor encontra-se alterado, podendo ocorrer um
estado de hiperatividade ou hipoatividade. Porém, no mesmo paciente, as duas
formas podem estar presentes alternadamente.
➢ Forma hiperativa: é mais fácil de ser reconhecida, sendo em geral
associada a intoxicação ou abstinência de medicamentos ou álcool.
➢ Forma hipoativa: tem seu reconhecimento mais difícil e é mais
comumente associada a distúrbios metabólicos ou processos infecciosos.
● Sintomas como raiva, medo, ansiedade, euforia e manifestações autonômicas
(rubor facial, taquicardia, sudorese e hipertensão arterial) podem estar associados
ao delirium, em geral na sua forma hiperativa.
ETIOLOGIA
Tipicamente, delirium é de etiologia multifatorial, podendo ser atribuído
virtualmente a qualquer afecção médica, uso ou abstinência de drogas.
Causas clínicas de delirium em idosos: processos infecciosos, particularmente
pneumonia e infecção do trato urinário, afecções cardiovasculares,
cerebrovasculares e pulmonares que causam hipoxia, e distúrbios metabólicos.
● Fármacos: causa importante de delirium,Antidepressivos tricíclicos,
antiparkinsonianos, neurolépticos e o uso ou abstinência de hipnóticos e
sedativos
Medicamentos que podem contribuir para o delirium: digitálicos,
diuréticos, hipotensores, analgésicos narcóticos, anti-inflamatórios não
hormonais, antimicrobianos, antifúngicos, anti-histamínicos, bloqueadores
H2.
Causas comuns de delirium:
➢ Substâncias: álcool e hipnóticos, anticonvulsivantes, antidepressivos,
hipotensores, antiparkinsonianos, bloqueadores H2, narcóticos, etc.
➢ Infecções: meningite, pneumonia, septicemia, pielonefrite.
➢ Doenças cardíacas: arritmias, insuficiência cardíaca, infarto do miocárdio.
➢ Distúrbios metabólicos: distúrbios hidreletrolíticos, hipercalcemia,
hipoglicemia e hiperglicemia, hipóxia, insuficiência renal e hepática.
➢ Transtornos do SNC: epilepsia e doença vascular.
➢ Neoplasia: metástases cerebrais, tumores primários do cérebro.
➢ Traumatismos: anestesia, queimaduras, fraturas (principalmente de fêmur),
cirurgia.
➢ Mudanças de ambiente: hospitalização (principalmente em UTI).
FATORES DE RISCO
No paciente hospitalizado, é importante a distinção entre fatores predisponentes
(fatores já presentes à admissão) e
fatores precipitantes (fatores diversos que
contribuem para o desenvolvimento de delirium).
Fatores predisponentes: pacientes idosos que, à admissão, apresentam esses
fatores podem ser considerados mais propensos para o desenvolvimento de
delirium na vigência da hospitalização.
➢ Déficit cognitivo prévio;
➢ Doença grave;
➢ Uremia;
➢ Déficit sensorial.
➢ Depressão;
➢ Alcoolismo;
➢ História de AVE;
➢ Idade maior que 75 anos.
Fatores precipitantes:
➢ Restrição física;
➢ Má nutrição;
➢ Uso simultâneo de mais de 3 medicamentos (principalmente psicoativos);
➢ Uso de sonda vesical;
➢ Iatrogenia.
Fatores psicossociais como estresse psicológico e perda do suporte social
podem contribuir para o desenvolvimento de delirium em hospitalizados, o
mesmo ocorrendo com fatores diretamente ligados à hospitalização, como, por
exemplo, o ambiente não familiar e a privação do sono.
FISIOPATOLOGIA
A fisiopatologia do delirium ainda não é bem compreendida na atualidade,
TEORIA NEUROQUÍMICA:
Deficiência de acetilcolina: parece ser um dos mecanismos mais importantes na
patogênese do delirium.
Excesso de dopamina: pode explicar por que bloqueadores dos receptores da
dopamina, como o haloperidol, podem auxiliar no tratamento sintomático do
delirium.
Sistema serotoninérgico: na deficiência de serotonina, os indivíduos tornam-se
distractíveis, impulsivos e com reação exaltada. Além disso, parece ser um dos
componentes na modulação do ciclo sono-vigília,
Ácido gama-aminobutírico (GABA)
Histamina
Glutamato
HIPÓTESE NEUROINFLAMATÓRIA
Diversas condições clínicas ou cirúrgicas como trauma, infecção, cirurgia, podem
levar ao aumento de mediadores inflamatórios, provocando uma reação exacerbada que pode levar ao comprometimento do sistema nervoso central.
Forma-se um ambiente inflamatório com expansão da população microglial e
produção de citocinas pró-inflamatórias, acreditando-se que ocorra comprometimento funcional dos neurônios
Elevação de cortisol em situações de estresse pode contribuir para o delirium.
DIAGNÓSTICO
DSM-V, clinica e laboratorial
O diagnóstico de delirium envolve duas etapas essenciais: estabelecer o
diagnóstico sindrômico e determinar a sua etiologia.
➢ Diagnóstico sindrômico: é realizado com base na história, no exame físico
e pela aplicação dos critérios diagnósticos específicos, que podem ser
realizados por instrumentos de avaliação, como, por exemplo, o CAM.
➢ Diagnóstico etiológico: é feito a partir de uma investigação clínica e
laboratorial.
INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO
Para avaliação inicial de delirium por profissionais de saúde, não treinados na área
psiquiátrica, destaca-se o CAM:
MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE CONFUSÃO
1: ínicio subito e com evolução flutuante
2: desatenção
3: pensamento desorganizado
4: nivel de consciencia alterado
presenca dos itens 1-2 presença positiva de delirium
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Demência: principal diagnóstico diferencial. A história é fundamental, pois
informações como início agudo e curso flutuante dos sintomas.
Depressão: pode lembrar mais sintomas de delirium hipoativo.
Psicoses funcionais: podem lembrar delirium, no entanto, geralmente têm início
antes dos 40 anos. Pacientes idosos com psicose funcional habitualmente
apresentam história psiquiátrica anterior, o estado de alerta é mantido, sem
flutuação dos sintomas,
PREVENÇÃO
Conhecer os fatores de risco
Medidas utilizadas: orientação e estímulo cognitivo; redução de ruído noturno
complementado por música suave e ingestão de bebida morna ao deitar;
mobilização precoce, evitando-se ao máximo condições restritivas, como uso de
sondas, cateteres ou restrição física; uso de óculos e aparelhos auditivos, se
necessário; e correção da desidratação.
TRATAMENTO
O tratamento do delirium já instalado envolve a correção da causa básica,
minimizando os sintomas.
Todos os fármacos, especialmente os que têm ação anticolinérgica, devem ser
considerados como fatores etiológicos potenciais, necessitando-se analisar a
interrupção de seu uso ou a redução da dose.
Terapêutica de suporte: visa corrigir condições frequentes encontradas em
pacientes idosos com delirium, como desidratação, desequilíbrio hidroeletrolítico,
desnutrição, úlceras de pressão, aspiração, e outras complicações da imobilidade.
● Tratamento não farmacológico: o suporte psicossocial pode ser fornecido pela
equipe de saúde, familiares ou amigos.
A correção de déficits sensoriais, fornecendo ao paciente óculos e aparelho
auditivo, quando necessários, também é benéfica.
O ambiente hospitalar deve ser tranquilo, com presença de janela no
quarto, algum estímulo sensorial como iluminação suave à noite e estímulo
sonoro em baixo volume.
Tratamento farmacológico:
deve ser reservado aos casos de delirium hiperativo
com agitação grave, em que há o risco potencial de segurança do paciente, dos
cuidadores e da equipe, e no sucesso terapêutico da etiologia ou nos distúrbios
acentuados da sensopercepção (alucinação ou ilusão).
➢Os antipsicóticos constituem-se como primeira linha na terapêutica, sendo
o haloperidol considerado o fármaco de escolha.
Nos casos de delirium secundário à abstinência de álcool ou
benzodiazepínicos, o tratamento é feito com benzodiazepínico, dando-se
preferência ao lorazepam, por sua vida curta e menor quantidade de
metabólitos ativos.