LCR Flashcards
Constituição
1) O LCR é um fluido claro e incolor, que contém sais inorgânicos, glicose, vestígios proteicos e algumas linfócitos
2) A pressão do LCR é mantida constante, sendo o seu volume total de 130 mL; contudo, a pressão aumenta ligeiramente no esforço da defecação, tosse e compressão das veias jugulares internas
Localização
1) O liquor circula nos ventrículos do cérebro, no espaço subaracnoideu e em torno do encéfalo e medula espinhal
Funções
1) Amortecer e proteger o SNC de traumas
2) Proporcionar estabilidade mecânica e suporte para o encéfalo
3) Funcionar como reservatório e participar na regulação do conteúdo do crânio
4) Participação na nutrição e remoção dos metabolitos do SNC
5) Funcionar como um meio de transporte das secreções da glândula pineal para a hipófise
Formação
1) O liquor forma-se principalmente nos plexos coroideus dos vários ventrículos, que o segregam ativamente, e também nas células ependimárias e espaços perivasculares da superfície cerebral
2) A produção de LCR não é regulada pela pressão e continua a ocorrer mesmo que haja obstrução no trajeto do liquor, o que pode resultar em hidrocefalia
3) Os plexos coroideus para além de produzirem o liquor também transportam ativamente metabolitos do SNC para o sangue, mantendo a sua concentração mais baixa no LCR do que na circulação sanguínea
Circulação
1) A circulação do LCR tem início com a secreção nos plexos coroideus
2) O fluido passa dos ventrículos laterais para o III ventrículo através do forame interventricular de Monro, e depois deste para o IV ventrículo através do Aqueduto de Sylvius
3) De seguida, passa para o espaço subaracnoideu através do forame de Mangendie e dos forames de Luschka
4) O LCR move-se depois pelas cisternas cerebro-medular e pontina, passando pela tenda do cerebelo para alcançar a superfície cerebral inferior
5) Depois move-se superiormente ao longo das faces laterais de cada hemisfério cerebral
6) Algum fluido passa também para o espaço subaracnoideu que envolve a medula e a cauda equina
7) A circulação em si é estimulada pelas pulsações arteriais dos plexos coroideus e pelos cílios das células ependimárias, no entanto, na medula já depende das pulsações das artéria espinhais, dos movimentos da coluna vertebral, respiração, tosse e mudanças de posição.
Absorção
1) Os principais locais de reabsorção de liquor são as vilosidades aracnoideias (que se podem agrupar nas granulações de Pacchioni) e que se projetam no interior dos seios venosos durais
2) A absorção do LCR para os seios venosos ocorre quando a pressão do liquor excede a pressão nos seios venosos; mas se a pressão venosa aumentar e exceder a pressão do LCR, os túbulos do endotélio do seio venoso encerram impedindo o refluxo de sangue para o espaço subaracnoideu
3) Como a produção do LCR nos plexos coroideus é constante, o controlo da pressão do liquor é feito ao nível da velocidade de absorção do fluido
Papiledema
1) Quando ocorre um aumento da pressão do LCR, as veias da retina são comprimidas, já que existe um prolongamento do espaço subaracnoideu a envolver o nervo ótico e a parte posterior do globo ocular
2) A congestão da veia retiniana promove edema do disco ótico -> papiledema
3) Se o papiledema persistir pode originar atrofia do nervo ótico e cegueira
Hidrocefalia
1) A hidrocefalia corresponde a um aumento anormal do volume do LCR no crânio, acompanhado de um aumento da pressão intracraniana
2) Causas:
2. 1) Excesso de formação de LCR: pode ocorrer em casos de tumores nos plexos coroideus
2. 2) Bloqueio na circulação de LCR: pode ser provocado por um tumor, ser congénito ou resultar de inflamação; ocorre distensão do ventrículo e atrofia do tecido neural adjacente
2. 3) Diminuição da absorção de LCR: causada por exsudado inflamatório, trombose venosa, pressão nos seios venosos ou obstrução da veia jugular interna
3) Existem 2 tipos de hidrocefalia:
3. 1) Hidrocefalia não comunicante: o aumento da pressão de LCR é devido a um bloqueio num ponto entre a sua formação nos plexos e a sua saída pelos forames do teto do IV ventrículo
3. 2) Hidrocefalia comunicante: não há nenhuma obstrução
4) Hidrocefalia em crianças <18 meses: aumento abrupto do perímetro cefálico, alargamento do suturas, fontanela tensa, olhar em “sol poente”, aumento da pressão intracraniana (-> sonolência, vómitos, irritabilidade, letargia)
5) Hidrocefalia em adultos:
5. 1) Aguda: cefaleias, náuseas e vómitos, distúrbio da marcha, papiledema, parésia da supraversão ocular, síndrome de Parinaud, parésia do abducente
5. 2) Crónica: cefaleias (- frequentes que na aguda), desequilíbrio da marcha, incontinência urinária, demência subcortical, alterações da personalidade, sela turca vazia, atrofia do corpo caloso
6) Terapêutica: drenagem de LCR (temporário), shunt ventrículoperitoneal (duradouro), ventriculotomia, remoção de tumor
Alteração da composição de LCR
1) Normalmente o LCR é límpido e incolor; quando o seu aspeto é turvo pode significar presença de leucócitos ou excesso de proteínas; enquanto a presença de leucócitos sugere inflamação, um aumento das proteínas pode estar presente na meningite tuberculosa, poliomielite e também na esclerose múltipla
2) Na meningite bacteriana, ao contrário da viral, há diminuição da glicorráquia
3) A presença de sangue no LCR pode significar hemorragia subaracnoideia
4) Quando o LCR adquire uma coloração amarelada (xantocromia) pode dever-se à presença de oxihemoglobina, presente algumas horas após uma hemorragia subaracnoideia