ITU, HAS e Cardiopatias Congênitas Flashcards
Infecção do Trato Urinário (ITU)
- Fixação e multiplicação de patógeno em algum ponto do trato urinário que deveria estar estéril
- ITU alta: infecção do parênquima renal (pielonefrite)
- ITU baixa: infecção vesical (cistite)
- Dx e tto deve ser feitos para prevenir ou minimizar formação de cicatrizes renais em RN c/ desenvolvimento de complicações crônicas e HAS
ITU - Epidemiologia
*Lactentes: manifestações como atraso no ganho de peso e febre
- Alta frequência e recorrência e relacionada a algum fator de risco adjacente
- Lactentes com febre sem sinais de localização: 3,5% por ITU
- Meninas: etnia branca, <12 meses, temperatura ≥39ºC, febre >2 dias, ausência de outros sinais
- Meninos: não negros, temperatura ≥39ºC, febre >24h, ausência de outros sinais de infecção
ITU - Epidemiologia
- A prevalência de meninos é maior durante o primeiro ano de vida (meses) devido fatores de risco → 1º pico de incidência
- Em >6 meses -1 ano a prevalência é maior em meninas por controle esfincteriano → 2º pico de incidência
- O início sexual em meninas está relacionado c/ surtos de ITU → 3º pico de incidência
ITU - Etiologia
- Maioria por Gram negativas (enterobacterias)
- Escheria coli*( principal e 75-90% dos casos em ♀): presença de fimbrias ou pili que permite ascensão ao trato urinário
- Klebsiella
- Proteus: infecção em 30% dos ♂ em não circuncisados e com formação de cálculos de estruvita (fosfato de amônio amgnesiano)
- Pseudomonas: se hx de hospitalização recente, ITU prévio ou uso de ATB recente
- Gram + (Staphylococcus saprophyticus e Enterococcus spp.): ↓ frequência, mais comum em ♀ c/ atividade sexual ativa
- Adenovírus tipos 11 e 21: pode levar ao quadro de cistite hemorrágica aguda, mais em ♂ e autolimitada
ITU - Fisiopatologia
- Maioria por mecanismo ascendentes por bactérias que colonizam períneo e alcançam bexiga ascendendo pela uretra (cistite)
- Ascensão pelo ureter até pelve renal p/ formar pielonefrite é mais difícil por ser impedida pelas papilas renais c/ antirrefluxo
- Em RN a pielonefriite é comum por via hematogênica *
- Pielonefrite é mais comum em <1 ano*
ITU - Fatores de Risco
*Fator de proteção: micção frequente
- Sexo ♀
- Ausência de circuncisão em ♂ (>10x pela prenseça do prepúcio)
- Refluxo vesicoureteral (fator de risco p/ pielonefrite, não p/ cistite)
- Disfunção miccional
- Uropatia obstrutiva: válvula de uretra posterior
- Treinamento de toilette, instrumentação uretral
- Fontes de irritação externa (roupas apertadas ou oxiuríase)
- CONSTIPAÇÃO: distensão do reto, por bolo fecal impactado, pode obstruir fluxo urinário c/ disfunção e resíduo pós-miccional
- Atividade sexual e gravidez
- Bexiga neurogênica e anomalias anatômicas
ITU - QC
*Febre pode ser a única manifestação da pielonefrite
- Geralmente inespecíficas em cças menores
- Cistite: urgência urinária, ↑ frequência, disúria, polaciúria, estrangúria, dor suprapúbica, urina fétida e turva, enurese ou incontinência urinária (cças maiores que já tinham controle)
- Pielonefrite: calafrios, dor lombar, vômitos, dificuldade p/ alimentar (Sucção débil), perda ponderal, com ou sem sintomas de cistite
- Febre pode ser o único sintoma (acometimento do parênquima). ITU é a principal causa de febre sem sinais de localização (FSSL)
Dx de ITU
- Urinocultura é obrigatória para confirmação do diagnóstico: sempre pedir
- Mas geralmente o 1º exame pedido é o EAS (Urina tipo 1, sumário) mas não dá o dx definitivo, apenas se associada à urinocultura
- Bacterioscopia/ Gram
- Bacteriúria assintomática: 3 urinoculturas consecutivas c/ bacteriúria significativa entre 3-14 dias → não tratar (mais comum em meninas, transitória ou persistente)
EAS na ITU
*Reforçar a infecção urinária, mas isolado não dá o dx.
- Bioquímica:
- EsteraSE leucocitária (inflamação) ou piúria (>10.000 piócitos/ml)→ mais SEnsível (sua ausência não afasta dx)
- Nitrito: presença de gram negativo que convertem nitrato em nitrito → mais específico
- Sedimento: Leucócitos ≥ 5 por campo ou 10.000/ml)
- Bacterioscopia/ Gram
Urinocultura na ITU
- Sempre pedir e dá o resultado.
- Sempre colher antes de fazer tto
- Limpeza adequada c/ água e sabão e evitar antissépticos
- Jato médio: ≥ 100.000 UFC/ml (considerar se controle esfincteriano - 10 elevada a 5 potência)
- Saco coletor: ↑↑ contaminação, deve ser considerada só se der negativa (ou ≥ 100.000 UFC/ml)
- Cateterismo vesical: ≥ 50.000 UFC/ml, usado em cças entre 2-24 meses sem controle esfincteriano
- Punção suprapúbica: dx se presença de qqer bactéria ou ≥ 50.000, método invasivo, seguro e guiado por UUSG
Tratamento da ITU
- Sempre colher urocultura antes de tratar
- Não é recomendado nova urinocultura após término do tto
- Sintomáticos: anagésicos e antitérmicos se dor/ febre
- Pesquisar fator de risco desencadeador (USG)
- Cistite: tratamento Ambulatorial por 3-5 → Sulfametoxazol + Trimetropima ou Nitrofurantoína ou Amoxicilina
- Pielonefrite: nunca fazer nitrofurantoína; tratar por 7-10 dias
- Internação: <3 meses, desidratados c/ vômitos, incapaz de ingerir líquidos ou sepse
- Ambulatorial: Ceftriaxona ou Ciprofloxacino (pseudomonas por manipulação)
- Hospitalar: Ceftriaxona, Ampicilina + Aminoglicosídeo EV
Exames de Imagens p/ avaliação anatômica e funcional do trato urinário
- USG renal e de vias urinárias: identifica apenas alterações grosseiras”, baixa sensibilidade p/ refluxo e cicatrizes renais
- Uretrocistografia miccional (UCM): invasivo e seguro, identifica e classifica grau do refluxo vesicoureteral
- Cintilografia renal estática c/ DMSA: identifica pielonefrite na fase aguda e cicatrizes renais na fase crônica
- Cintilografia renal dinâmica: avalia capacidade de filtração renal
Indicação de Exames de Imagens
*Controverso
- Nelson: 1ª Pielonefrite (2-24 meses) → USG → se alterado → UCM (se normal acompanhamento)
- Após 2ª Pielonefrite: UCM sempre
- SBP: ITU confirmada em <2 anos → USG e UCM
- > 2 anos → USG
Quimioprofilaxia da ITU
- Nitrofurantoína ou Sulfametoxazol + trimetoprima
- Em <2 meses fazer cefalexina
- Na investigação do trato urinário apos 1º episódio de ITU
- Dx de anomalias obstrutivas do trato urinário enquanto se aguarda correção cx
- Presença de refluxo vesicoureteral de graus III a V
- Recidivas frequentes mesmo c/ morfofuncional normal: fazer por 6-12 meses
Refluxo Vesicoureteral (RVU)
- Fluxo retrógrado de urina da bexiga em direção ao ureter e pelve renal
- Facilita transporte de bactérias da bexiga até parênquima e recorrência leva a fibrose e HAS
- Pode ser por causa de alteração da junção vesicoureteral (primário) ou por ↑ pressão intravesical ou processo inflamatório (secundário)
- Se associa a uma incidência aumentada de pielonefrites e esse refluxo pode ser encontrada em até 30-50% das cças c/ ITU
- É mais comum em mulheres***
Refluxo Vesicoureteral (RVU) - Primário
- Alteração na inserção
- Causa principal é idiopática: altera angulação (mais horizontalidade do ureter no detrusor, c/ encurtamento do trajeto submucoso e do mecanismo valvular)
- Defeito herdado por traço autossômico dominante
- Também inclui malformações anatômica da junção vesicoureteral: duplicação ureteral, ureterocele c/ duplicação, ectopia ureteral e divertículo paraureteral
Refluxo Vesicoureteral (RVU) - Secundário
- ↑ pressão intravesical por obstrução mecânica (estenose de uretra, válvula de uretra posterior, cálculos vesicais, corpos estranhos); OU
- Funcional (bexiga neurogênica, cistite inflamatória ou infecciosa)
- 50% das cças c/ válvula de uretra posterior e 25% das cças c/ bexiga neurogênica terão refluxo
Classificação do Refluxo Vesicoureteral
- Classificação de 1 a 5
- Quando maior o grau, mais grave o refluxo e maior chance de lesão renal
- Menor chance de resolução espontânea no grau III, IV e V
- Grau I e II tem grande chance de resolução espontânea
- No grau III, unilaterais, as cças c/ < idade também tem boa chanc
- Grau IV e V bilaterais nunca se resolvem espontaneamente
Refluxo Vesicoureteral (RVU)
- ITU de repetição, sendo 80% ♀ entre 2-3 anos
- Hidronefrose pré-natal: mais em ♂
- Só leva a lesão renal se ITU, então o tto é de prevenir as ITU
- Fazer mudanças comportamentais (micção regular e tto de disfunções miccionais) e ATBprofilático
- Em graus IV e V o reparo cx (reimplantação do ureteres) está indicado
- Taxa de sucesso é maior nos refluxos 1ºs que nos 2ºs
Fisiologia Miccional
- . Micção: contração do músc. detrusor e relaxamento do esfíncter uretral externo (parassimpático)
- Continência: relaxamento do detrusor, p/ acomodação do volume de urina dentro da bexiga e contração do esfíncter uretral externo (simpático)
- RN: micção ocorre por reflexo medular
- Após 6 meses: capacidade volumétrica da bexiga aumenta
- A partir dos 2 anos: frequência de 8-10x/d, inicialmente controle diurno e depois noturno (mais rápido em meninas que meninos)
Disfunção Miccional
- Maior prevalência em meninas
- Ocorre em >20% das cças entre 3-9 anos
- Incontinência urinária: perda incontrolável de urina. Pode ser contínua ou intermitente
- Enurese: incontinência intermitente no sono
Incontinência Urinária Diurna - Bexiga hiperativa
- Causa mais comum e incontinência urinária
- Bexiga funcional, mas não anatomicamente sendo menor que habitual e vária contrações não inibidas
- Manobras de contenção. urgência, ITU de repetição e constipação
- Resolução espontânea até a adolescência
Incontinência Urinária Diurna - Bexiga hiperativa: TTO
TRATAR CONSTIPAÇÃO (principal)
- Treinamento miccional a cada 2-3h
- Correção da postura
- Controle da ingestão hídrica
- Diminuição da ingestão de alimentos c/ cafeína, pois irritam mucosa
- Tratar constipação
- Exercícios de contração/ relaxamento do assoalho pélvico (Kegel)
- Anticolinérgicos p/ diminuir hiperatividade (Oxibutinina)
Enurese
- Perda urinária involuntária durante o sono em cças >5 anos
- Pode ser primária (75-90%) quando cça nunca adquiriu continência noturna ou secundária (10-25%) quando cças adquiriu controle miccional durante o sono por pelo menos 6 meses, e então perdeu.
- Monossintomática: enurese s/ outras disfunções
- Não monossintomática: associada c/ outros sintomas urinários do trato urinário inferior (bexiga hiperativa)
Causas de Enurese Secundária
*Na 1ª tem componente genético associado
- ITU
- Constipação
- DM e diabetes insipdus
- Infestação por Enterobius vermiculares
- Crises convulsivas
- Anemia falciforme
- Hiper ou hipocalcemia, DRC, hipertireoidismo
- Abuso sexual, divórcios, trauma escolar
Hidronefrose
- Rins aumentados de tamanho, por dilatação da pelve e cálices renais
- Pode ser transitórias fisiológica no período fetal e neonatal ou patológica, secundária a causas obstrutivas e não obstrutivas
- USG fetal c/ diâmetro anteroposterior renal >5 mm: investigação complementar pós-natal
- Consequências: hipoplasia pulmonar nas uropatias obstrutivas que cursam c/ oligodramnia e perda da fç renal
- No período pós-natal: hidronefrose e estase urinária são fatores p/ pielonefrite (cicatriz, HAS e dça renal terminal)
Etiologia da Hidronefrose Fetal
- Hidronefrose transitórias: 41-88%
- Obstrução da junção ureteropélvica: 10-30%
- Refluxo vesicoureteral: 10-20%
- Obstrução da junção ureterovesical/ Megaureter: 5-10%
- Rins multicísticos displásicos: 4-6¨
- Válvula de uretra posterior/ atresia uretral: 1-2%
- Ureterocele/ ureter ectópico/ duplicaçao de sistema: 5-7%
Obstrução da Junção Ureteropélvica (OJUP)
- Uropatia obstrutiva mais comum da infância
- Estenose intrínseca da junção ureteropélvica
- 60% são unilaterais do lado esquerdo e 10% bilateral
- Mais frequente em meninos (2:1)
- Pode causar dilatação caliceal e da pelve renal
- TTO: ATBprofilático se grau de hidronefrose III e IV
Obstrução da Junção Ureteropélvica (OJUP)
- Hidronefrose geralmente unilateral s/ visualizar ureter ipsilateral pelo USG
- Massa palpável em flancos no período neonatal
- Dor lombar ou abdominal na infância
- Pielonefrite
- Hematúria após trauma leve
- Função renal pode estar comprometida pela pressão retrógrada sobre as estruturas glomerulares, mas metade dos está normais
Rim Multicístico (Displasia renal multicística)
*É diferente de rim policístico
- Anomalia do desenvolvimento urinário, ou disgenesia renal, em que o parênquima renal é substituído por cistos não funcionantes
- Geralmente unilateral por falha na penetração no blastoma metanéfrico
- Massa palpável em flanco e USG c/ cistos
- Se aumento de tamanho dos cistos e/ou HAS: nefrectomia unilateral