Distúrbios Nutricionais Da Infância Flashcards
Classificação Nutricional do MS (SBP)
- Para crianças e adolescentes de 0-19 anos
- Curvas com valores de percentil e/ou escore-Z
- Distribuição em percentil: representa a posição que aquele valor tem na distribuição ordenada dos valores considerados como normais
- Distribuição em escore-Z: cada parâmetro de acordo com a sua diferença em relação ao valor mediano, medido em desvios-padrão.
- Crianças de 0-5 anos: peso/idade; estatura/idade; peso/estatura e IMC/idade
- Crianças de 5-10 anos: peso/idade; estatura/idade e IMC/idade
- Adolescentes de 10-19 anos: estatura/idade e IMC/idade
Desnutrição Grave
- Crianças entre 6 e 59 meses: circunferência do braço <115 mm
- Escore Z de peso para estatura
Correlação entre o Percentil e o Escore Z
*Escore Z é o mais recomendado (distância em DP da média)
- EZ +3 → P 99,9 (preto)
- EZ +2 → P 97 (vermelho)
- EZ +1 → P 85 (amarelo)
- EZ 0 → P 50 (verde)
- EZ -1 → P 15 (amarelo)
- EZ -2 → P 3 (vermelho)
- EZ -3 → P 0,1 (preto)
Classificação Nutricional de Gomez
- Risco de morte em internados c/ baixo peso
- Peso x Peso idade para idade (percentil 50) → regra de 3
- Mais usada em <2 anos
- > 90%: Eutrófico
- 90-76%: Desnutrido leve (1o grau)
- 75-61%: Desnutrido moderado (2o grau)
- ≤ 60%: Desnutrido grave (3o grau) ou com Edema
Classificação Nutricional de Gomez - Limitações
- Precisa da idade da criança
- Não considera estatura (falso positivo)*
- Não informa duração (aguda x crônica) devido falta da estatura
- Crianças desnutridas leves podem estar entre percentil 3 e 20 para sua idade e serem normais
Classificação de Warterlow
- Avalia desnutrição aguda (agravo peso) ou crônica (agravo estatura)
- Entre 2-10 anos
- P x P/E: ≤ 90% é magro (Wasting)
- E x E/Idade: ≤ 95% (Stunted)
- Nem magro, nem baixo: eutrófico
- Magro (estatura Normal): desnutrido agudo
- Magro e baixo: desnutrido crônico
- Baixo (peso Normal): desnutrido pregresso*
Classificação de McLaren (1967)
- Avalia achados físicos com uma avaliação laboratorial (dosagem sérica de albumina)
- Diferencia Marasmo de Kwashiorkor
- Edema
- Alterações de pele
- Edema + alterações da pele
- Alterações de cabelo
- Hepatomegalia
- Concentração sérica de albumina
Desnutrição energeticoproteica
- Primária: combinação de três fatores ambientais como carência alimentar (macro e micronutrientes), falta de acesso à condições sanitárias (água e esgoto) e serviços de saude, e falta de práticas de cuidados infantis. Falta de alimentos totais (pobreza)
- Secundária: doenças que aumentam as necessidades metabólicas, diminuem absorção intestinal ou perda de nutrientes. Perda anormal de nutrientes (DII, dç celíaca) e aumento do gasto energético (cardiopatas)
- Período mais suscetível à desnutrição são os primeiros 1.000 dias de vida
Desnutrição energeticoproteica - Fisiopatologia
- Primeira alteração: resposta adaptativa hipoativa (primeira resposta)
- Posteriormente a parada de crescimento, diminuição do ganho de peso e depois da estatura
- Redução global do metabolismo (diminuição do gasto energético, atividade da bomba de sódio-potássio e síntese ptnas)
- Queda plasmática nos níveis de glicose e aminoácidos
- Hiponatremia e hipocalemia
Desnutrição energeticoproteica - Fisiopatologia
- Perda da imunidade inespecífica, celular (linfócitos T) e humoral, todavia não contraindica a vacinação
- Deficiência de IgA: facilita ocorrência de diarreia e infecção de via aérea
- Déficit de desenvolvimento e cognitivo
- Alteração gastrointestinal e proliferação bacteriana
- Esteatose: principalmente na forma de Kwashiorkor podendo evoluir para cirrose e fibrose perilobular
- Queda débito cardíaco e da TFG
Marasmo
- Desgaste = inanição
- É a desnutrição mais comum do mundo mesmo após os dois anos de idade
- Forma de DEP grave por deficiência calórica total (energia e ptnas)
- Mais comum em crianças <1 ano e é insidiosa
- Retirada precoce do aleitamento materno, substituindo por fórmulas deficientes (diluídas), com alta relação com infecções (gastrointestinais)
- Geralmente a criança é internada pelo quadro infeccioso
Marasmo
- Deficiência global de energia e proteínas
- Instalação lenta no 1o ano de vida
- Ausência de tecido adiposo
- Fácies senil ou semiuscas
- Perda das bolas gordurosas de Bichat (tecido SC)
- Emagrecimento acentuado e pele enrugada
- Déficit de peso e estatura
Marasmo
- Também pode haver HIPOALBUMINEMIA
- Apetite geralmente preservado
- Irritabilidade, apetite variável
- Não há edema
- Hipotrofia muscular e hipotonia
- Anemia e diarreia são comuns
Kwashiorkor
*Dç do 1o filho mais velho quando o outro nasce
- Ingestão calórica/energética adequada/normal, mas há deficiência de PROTEÍNAS, impedindo a adaptação do organismo à desnutrição
- Instalação mais rápida, após desmame
- Mais comum no 2o e no 3o ano de vida
- Presença de EDEMA subcutâneo por hipoalbuminemia, diminuição da atividade Na/K ATPase e glutationa
- É mais grave que o marasmo
Kwashiorkor
- Estatura e peso menor que esperado para idade
- Edema em todo corpo, iniciando no pé, Edema de Extremidades
- Anasarca
- Edema posterior em mãos e face (fácies de lua)
- Criança apática e hipoativa, atividade física diminuida
- Presença de tecido SC (≠ do marasmo)
- Menor alteração de crescimento (se comparado ao marasmo)
- Mecanismo do edema: hipoalbuminemia, permeabilidade capilar, processo inflamatório e perda da pressão oncótica (multifatorial)
Kwashiorkor
- Dermatoses em áreas de atrito
- Dermatite em escamas
- Alteração de textura e de cor (discromias): áreas hipocromicas de Pavimentação
- Alteração do cabelo: Sinal da Bandeira (alteração segmentar em faixas)
- Subcutâneo preservado
- HEPATOMEGALIA: esteatose hepática
- Anemia é mais comum
Avaliação Laboratorial da Desnutrição Energético Calórica
*Podem ocorrer na fase inflamatória
- Anemia: por deficiência de ferro, ácido fólico, B12, hemólise e linfopatia
- Redução nos níveis de colesterol e triglicérideos
- HIPOglicemia
- HIPOnatremia (Na+ corporal normal)
- HIPOcalemia (fraqueza muscular, íleo paralítico e achatamento onda T)
- HIPOalbuminemia (em ambas)
- HIPOmagnesemia
- HIPOfosfatemia
- Alcalose ou acidose metabólica
Tratamento da DEP
- Fase de estabilização (1-7 dias): identificação e tratamento das condições mais urgentes e ameaçadoras da vida (hipoglicemia, hipotermia, distúrbios HE, ácido-base, desidratação, infecção)
- Fase de reabilitação (2a a 6a semana): alimentação intensa para recuperar peso perdido
- Fase de acompanhament (7a a 26a semana): prevenção de recaída
Fase de Estabilização
- Duração de 1 a 7 dias
- Preferir VO
- Considerar que a criança apresenta infecção
- Prevenção hipotermia: aquecer/ manter aquecida, se <35oC considera hipotermia
- Hipoglicemia (<54 mg/dl): tratar com soro glicosado e fazer alimentação frequente de 2-2h no primeiro dia. Se consciente fazer VO (preferível) e se alterações fazer via EV
- Desidratação: hidratação por via oral (menos sódio e maior potássio) c/ 5ml/kg a cada 30 min por duas horas. Interromper quando hidratada: urinando, sede, prega cutânea.
- INFECÇÃO: tratamento empírico (diminui mortalidade e sempre é feito) com Ampicilina + Aminoglicosideos
Fase de Estabilização
*Se anemia grave (<4 g/dl ou <6 g/dl c/ desconforto respiratório) deve ser feito transfusão (não fazer ferro aqui)
- Distúrbios HE: hidratação oral, não repor Na+ (vai ser reposto na dieta) e evitar EV devido risco de alteração cardíaca
- Fazer dieta habitual: Evitar hipercalórica/hiperproteica (risco da Sd de Realimentação), pode repor lactose (baixa dose, apesa do risco de intolerância). Alimentar a cada 2-2h nos primeiros dias. VO é preferível.
- Suplementação de K+, Cu+, Mg+ e Zinco (Ferro não faz agora* devido alto estresse oxidativo)
- Repor Ácido Fólico 5mg VO no primeiro dia
- Polivitaminico com Megadose de Vitamina A: evitar cegueira noturna, manchas de Bitot e ceratomalacia
Síndrome da Realimentação
*Quadro mais precoce
- Ocorre após primeira semana de um quadro grave de HIPOFOSFATEMIA
- Provocada pela intensa recaptação celular do mineral Fosfato
- Sintomas quando queda de fosfato abaixo de 0,5 mmol/L: alterações no nível de consciência, convulsões, fraqueza, rabdomiólise, disfunção de neutrófilos, arritmias e morte súbita
Fase de Reabilitação
- Duração de 2 a 6 semanas
- Objetivo de recuperação nutricional
- Marco inicial: retorno do apetite e regressão inicial do edema (cça alimentada por sonda NG não é apta ainda para iniciar essa fase)
- Dieta HIPERproteica (4-6 g/kg/d) e HIPERcalórica (150-220 caloria/kg/d):Catch-up com transição gradual (evitar IC pela superalimentação)
- Início do FERRO: geralmente em dose terapêutica
- Alta para tratamento ambulatorial
Fase de Acompanhamento (Follow-Up)
*Faze desde a 7a semana até a 26a semanas
- Marco: estabilização do peso, peso/ estatura ≥ -2 EZ e sem edema há pelo menos 2 semanas e acarretamento bem a dieta
- Pesagem semanal
- Caso não esteja ganhando peso reinterna e retorna na fase de Reabilitação
Síndrome de Recuperação Nutricional
- HIPERGAMAGLOBULINEMIA
- Complicação mais tardia
- Ocorre durante tto correto dos desnutridos grave, mais exuberante no Kwashiorkor, observada entre 20-40 de tratamento
- Costumam regredir por volta da 10-12a semana após início do tto
- Hepatomegalia, distensão abdominal, fácies de lua cheia, alterações de pele e fânero, teleangiectasias
- Hipergamaglobulinemia, eosinofilia e aumento da volemia
5cm/ano): Se normal → Variante normal do crescimento 3. Solicitar IO 3. 1. Se IEstatural = IO mas essa < IC: Retardo constitucional de crescimento e puberal. IO atrasada em mais de 2 DP e pais com altura normal. 3. 2. Se IE < IO e essa = IC (IO=IC) com pais baixos: Baixa estatura Familiar
5cm/ano): Se diminuída → Condições Mórbidas 3. Se menina: solicitar CARIÓTIPO 4. Se alteração fenotípica: Doença genética 5. Sem alteração fenotípica: avaliar IMC 5. 1. Se padrão BEM nutrido ou obeso: Doença endócrina** (solicitar TSH, IO, IGF-1 e IGFBP-3) 5. 2. Se emagrecido: Desnutrição