Infecções Congênitas Flashcards
Qual a definição de Sífilis congênita?
- Infecção causada pela disseminação hematogênica (transplacentária) do Treponema pallidum.
- Pode ocorrer em qualquer estágio da gestação.
- Taxa de transmissão vertical da sífilis em mulheres não tratadas: 70 a 100% nas fases primária e secundária e 30% nas fases tardias (latente tardia e terciária).
- Em até 40% dos casos de mães não tratadas irá ocorrer aborto espontâneo, natimorto ou morte perinatal.
- Por ser por disseminação hematogênica, não apresenta a fase primária, assemelhando-se à sífilis secundária.
Quais as formas de transmissão vertical da Síflis?
- Via Hematogênica trasnplacentária.
- Contato da criança com lesões genitais maternas.
- No aleitamento se houver lesão mamaria por sífilis.
Como é dividida a clínica da Sífilis Congênita?
Precoce (<2anos) e Tardia (>2anos).
Quais são os tipos de lesão encontrados na Sífilis congênita Precoce?
São resultado da infecção ativa com inflamação:
- Lesões Cutâneas e Mucosas
- Lesões Ósseas
- Lesões Viscerais
- Alterações Hematológicas
- Alterações no Sistema Nervoso Central
- Lesões Oculares
Quais são as lesões Cutâneas e Mucosas na Sífilis Congênita?
As lesões mucocutâneas são ricas em treponema e são contagiantes pelo contato direto.
- Pênfigo palmoplantar
2. Condiloma Plano (anus, vulva e boca) - pouco frequente
3. Placas Mucosas em Palato, labios, lingua e genitalia.
4.RInite
5. Alterações ectodérmicas: processo esfoliativo das unhas, perda de cabelo e sobrancelhas.
Como é o Pênfigo Palmoplantar da Sífilis Congênita
- Até 70% das crianças infectadas
- São lesões maculopapulares, eritematosas ou com aspecto acobreado.
- Quando presente desde o nascimento, o exantema costuma ser vesicobolhoso e recebe o nome de pênfigo sifilítico;
- A ruptura dessas bolhas dá origem a área de pele desnuda e macerada, que se torna crostosa.
- Essa alteração não é encontrada em outras infecções congênitas.

Qual a alteração mais encontrada na Sífilis congênita e qual seu dx diferencial?
Pênfigo Palmoplantar
Seu principal diagnóstico diferencial é com o impetigo estafilocócico. Este último poupa palmas e plantas e evolui em surtos repetidos enquanto a sífilis congênita tem um único surto.
Como é a Rinite da Sífilis Congênita?
- é uma das manifestações mais precoces.
- Secreção serossanguinolenta, como consequência da erosão da mucosa.
- Traz desconforto para a mamada e a respiração.
- Se lesão da cartilagem nasal, poderá aparecer posteriormente o nariz em sela, estigma da sífilis.
- A lesão inflamatória do trato respiratório poderá produzir também laringite e choro rouco no RN.

Quais são as Lesões ósseas na sífilis congênita?
Osteocondrite e Periostite
Como é a Osteocondrite na Sífilis Congênita?
- Lesões metafisárias que são observadas na radiografia como áreas lucentes ou de destruição intensa.
- Acomete metáfises do úmero, fêmur e tíbia.
- É mais precoce que a periostite.
- Essas lesões são dolorosas e a criança acometida pode evitar mobilizar o membro afetado (Pseudoparalisia de Parrot)
- QPD: bebê “chora quando é manipulado!” ou “fica com o braço muito paradinho!”.
- A Pseudoparalisia de Parrot deve ser diferenciada dos quadros de paralisia por lesão do plexo braquial.
- Na radiografia, o sinal de Wimberger caracteriza-se por uma rarefação na margem superior interna da tíbia bilateralmente e significa desmineralização e destruição óssea na região.
Como é a Periostite na Sífilis Congênita?
- achado radiográgico de várias camadas de periósteo em formação
- Consequência da inflamação diafisária.
- Acomete os ossos longos e também pode acometer os ossos do crânio.
Quais são as lesões Viscerais na Sífilis Congênita?
- Hepatomegalia com fibrose e estase biliar
- A icterisia é decorrente tanto da Hepatite sifilítica quando a hemólise por infecção.
- Lesão renal (S. Nefrítica ou nefrótica) devido deposição de imunocomplexos na membrana basal dos glomerulos.
- Pneumonia alba (fibrose) - Rx com opassificação total e/ou infiltrado difuso.
Quais são as alterações hematológicas na Síflis Congênita?
Anemia hemolítica com Coombs negativo
Pode haver também:
- Leucopenia
- leucocitose com monocitose
- Plaquetopenia, consequente à esplenomegalia.
- Linfadenopatia, principalmente epitroclear.
Quais Alterações no SNC encontramos na Sífilis Congênita?
- Alterações liquórica em até 50% das crianças sintomáticas e 10% nas assintomáticas.
- Dx de neurossífilis = avaliação do VDRL no LCR, da celularidade liquórica e da proteinorraquia.
- No final do 1o ano de vida poder ser diagnosticada uma hidrocefalia obstrutiva, após cronificação do quadro meningovascular, com paralisia de pares cranianos (III, IV, VI e VII), hemiplegia e convulsões.
Quais são as lesões oculares na Sífilis congênita?
- Coriorretinite na fase aguda.
- Fundo de olho com aspecto em “sal e pimenta”.
- Outras lesões: Glaucoma, catarata, uveíte e cancro nas pálpebras.
Qual é a apresentação clínica da Sífilis congênita Precoce?
Sífilis congênita precoce = pênfigo, rinite, lesões ósseas (com pseudoparalisia de Parrot), condiloma plano.
Quais são as principais alterações encontradas na Sífilis Congênita Tardia?
- Sequelas da periostite na fase aguda:
- Bossa frontal e fronte olímpica
- Espessamento da junção esternoclavicular (Sinal de Higoumenáki),
- Arqueamento da porção média da tíbia (Tíbia em Sabre).
-
Anormalidades dentárias:
* Dentes de Hutchinson (incisivos centrais superiores deformados) e molares em formato de amora. - Face:
- Maxilar curto;
- Nariz em sela, com ou sem perfuração do septo nasal;
- Rágades (por fissuras peribucais).
- Articulação de Clutton (derrame articular estéril nos joelhos).
- Ocular:
- Ceratite intersticial
- Coroidite
- Retinite
- Atrofia óptica com possível evolução para cegueira.
- SNC
- Lesão de 8o par craniano, levando a surdez e vertigem.
- Hidrocefalia.
- Retardo mental.

O que é a tríade de Hutchinson?
É encontrada na Sífilis Congênita
Ceratite intersticial, alterações dentárias e surdez.
Como são os Testes Não Treponêmicos na Síflis Gestacional?
- VDRL
* Traz descrição qualitativa (“R” ou “NR”) e quantitativa (1:2, 1:32…).
* Tem reatividade para as duas imunoglobulinas, IgG e IgM.
* Logo, teste não treponêmico reagente no RN não indica necessariamente infecção congênita, pois a IgG detectada pode ser de origem materna.
* Quando o título de anticorpo no RN for < que o da mãe, devemos considerar essa possibilidade.
* Os RN com títulos 2x maiores que os maternos provavelmente têm a infecção congênita.
* Deve-se lembrar que a negatividade sorológica do RN não exclui a infecção, especialmente quando a mãe adquiriu a infecção em um período próximo ao parto.
* Exame deve ser repetido na criança durante o acompanhamento ambulatorial nos primeiros meses de vida.
* Lembrar causas de falso positivo (lúpus. …)
* Importante = exame do RN deve ser realizado com sangue periférico. O sangue do cordão não deve ser usado para dx. - RPR (Rapid Test Reagin)
- TRUST (Toluidine Red Unheated Serum Test).
Como são os tentes treponêmicos na Sífilis Congênita?
Detectam anticorpos específicos contra o T. pallidum.
- TPHa (Treponema Pallidum Hemaglutination)
- FTa-aBS (Fluorescent Treponemal Antibody – Absorption)
* Detectam tanto IgG quanto IgM, podendo, em caso de positividade, indicar apenas transferência de anticorpos IgG maternos.
Como é a avaliação Liquórica no caso de Sífilis Congênita?
- Deve ser feita em todos os casos de sífilis congênita.
- É avaliado o VDRL, a celularidade e a proteinorraquia.
- A presença de VDRL positivo no LCR indica o diagnóstico de neurossífilis.
- VDRL negativo, mas com leucocitose (mais de 25/mm3) e/ou o aumento na concentração de proteínas (>150 mg/dl) deve ser considerado como evidências para o diagnóstico.
5. Na impossibilidade de realizar a análise liquórica, tratar o caso como neurossífilis.
Como é o Hemograma na Sífilis Congênita?
- Deve ser realizado em todos os RN com SC ou suspeita.
- Anemia
- Plaquetopenia.
- Leucopenia ou leucocitose (em geral com linfocitose ou monocitose).
Quais exames devem ser solicitados ao bebê com suspeita de Sífilis Congênita?
1. Testes não treponêmicos e Treponêmicos.
2. Hemograma
3. Avaliação Liquórica
- Radiografia
- Ultrassom
Como é o manejo da Gestante com Sífilis?
- Sífilis 1ª ou 2ªria = Penicilina G Benzatina – 2.400.000 UI/IM, em dose única (1,2 milhão UI em cada glúteo)
- Sífilis 3ªria ou assintomática com > 1 ano de evolução (latente tardia) ou com duração ignorada: Penicilina G Benzatina 2.400.000UI/IM, em três aplicações, com intervalo de uma semana entre cada aplicação. Dose total: 7.200.000UI.
- Alérgicas = Dessensibilização
Quais são os passos para manejo do RN na Sífils Congêntia?
1o passo: Avaliar o tratamento materno.
- Tratamento Adequado
- Tratamento inadequado
2o passo: Avaliar e tratar o RN
- Mãe inadequadamente tratada
- Mãe adequadamente tratada
Como é o 1opasso no manejo do RN na Sífilis Congênita?
1o passo: avaliar o tratamento materno
Tratamento adequado:
- Feito com penicilina
- FInalizado pelo menos 30 dias antes do parto
- Parceiro tratado concomitantemente.
Tratamento inadequado:
- Não foi feito com penicilina;
- Incompleto, mesmo feito com penicilina;
- Tratamento inadequado para a fase clínica da doença;
- Tratamento dentro do prazo dos 30 dias anteriores ao parto;
- Parceiro(s) sexual(is) com sífilis não tratado(s) ou tratado(s) inadequadamente.
Qual a divisão que o MS faz para o manejo de RN na Sífilis Congênita?
Separa o manejo em três grupos: A, B e C.
A = RN de mãe com tratamento inadequado ou ausente;
B e C = mães foram adequadamente tratadas.
Como é o manejo do RN para mães do grupo A (MS)?
Todos RN de mães com sífilis não tratada ou inadequadamente tratada devem receber algum tratamento penicilínico.
- VDRL no sangue periférico
- Hemograma, Radiogra a de ossos longos e punção lombar
A1. Alterações clínicas e/ou sorológicas e/ou radiológicas e/ou hematológicas = penicilina G cristalina, IV, ou penicilina G procaína, IM, por dez dias. Nesta situação o LCR deve estar normal!
A2. Alteração liquórica = penicilina G cristalina, IV.
A3. Sem alterações clínicas, radiológicas, hematológicas, liquóricas e sorologia for negativa no RN = penicilina G benzatina. Para que isso seja feito, é obrigatório que exista uma garantia de acompanhamento. Sendo impossível garantir o acompanhamento, o RN deverá ser tratado com o plano A1. Preste bastante atenção: o VDRL do RN nesta situação deve ser não reagente!
Como é o manejo de RN do grupo B (MS) na Sífilis Congênita?
- VDRL e exame clínico cuidadoso.
- Se VDRL reagente com titulação maior que a materna e/ou alterações clínicas, devemos realizar hemograma, radiografia de ossos longos e análise do LCR.
Temos então duas possibilidades:
B1. Se houver alterações clínicas e/ou hematológicas e/ou radiológicas, sem alterações liquóricas, tratar como A1 (penicilina cristalina ou procaína).
B2. Se houver alteração liquórica, tratar como em A2 (apenas com penicilina cristalina).
Como é o manejo do RN do Grupo C (MS) na sífilis congênita?
- RN assintomático e com VDRL negativo ou com título menor ou igual que o materno.
C1. Se RN for assintomático e tiver um VDRL não reagente, poderá ser apenas acompanhado, sem exames ou medicação. Mas, se não houver garantia de seguimento, deve-se indicar o tratamento com penicilina benzatina, em dose única.
C2. Se for assintomático e tiver o VDRL reagente igual ou menor que o materno, poderá ser acompanhado clinicamente. Na impossibilidade do seguimento, investigar e tratar como A1 (se o LCR estiver normal), A2 (se o LCR estiver alterado) ou A3 (penicilina G benzatina + seguimento obrigatório, se exames normais e LCR normal).