Abortamento Flashcards
Qual a dfinição de abortamento segundo a OMS?
Interrupção da gestação com feto pesando > 500 gramas ou com IG > 20 semanas.
Quais os tipos de abortamento?
- Subclínico: quando ocorre antes da próxima falha menstrual.
- Clínico: quando ocorre após gravidez confirmada pela dosagem de beta-hCG ou ultrassonografia. Ocorre entre 10 e 15% das gestações diagnosticadas.
* 80% das gestações são interrompidas até a 12a semana.
Quais são as causas de abortamento?
- Anormalidades cromossômicas.
- Desordens anatômicas
- Doenças endócrinas
- Distúrbios imunológicos
- Infecções
Qual a causa mais comum de abortamento?
Anormalidades cromossômicas (50 a 80% dos abortamentos espontâneos clínicos ou subclínicos), sendo as aneuploidias a causa mais frequente.
No abortamento: O Que são as anormalidades cromossômicas?
- São a causa mais comum de abortamento (50 - 80%)
- As Aneuploidias são as mais frequentes (trissomia em 50%, principalmente 16, 22,21, 15,13, 2 e 14.
- Depois das trissomias, a monossomia do X (7 a 10%) é a mais frequente.
- Decorrem de fertilização por gametas anormais, de fertilização anômala ou de irregularidades na divisão embrionária.
- São mais comuns em mulheres com a idade avançada.
- A idade do pai parece ter menor importância.
Quais desordens anatômicas são responsáveis pelo abortamento?
- Incompetência istmocervical: Abortamento tardio. Colo não se mantém fechado -> Feto não é retido até o fim da gestação.
- Miomas: especialmente os do tipo submucoso.
- Malformações uterinas: útero unicorno, bicorno, didelfo ou septado.
- O útero bicorno tem uma taxa de insucesso gestacional maior que o didelfo e nos dois casos há uma incidência maior de incompetência istmocervical.
- O útero septado (mais prevalente), tem melhor prognóstico, mas deve ser corrigido antes da gestação.
- Sinéquias uterinas: síndrome de Asherman (Decorre de agressões às camadas profundas do endométrio, como curetagens; dx é feito por histeroscopia e o tratamento é a lise endoscópica. A inserção temporária de DIU após o procedimento é preconizada por alguns autores.
- Distopias uterinas.
Quais doenças endócrinas são responsáveis pelo abortamento?
- Insuficiência lútea: ↓ produção de progesterona pelo corpo lúteo, logo, inadequado desenvolvimento do endométrio.
- Doenças da tireoide: o hipotireoidismo e a presença de anticorpos antitireoperoxidase são considerados fatores de risco para abortamento.
- Diabetes mellitus insulinodependente, principalmente se a doença estiver mal controlada no período da concepção.
- Síndrome de ovários policísticos: a incidência de abortamento em pacientes com SOP é de 20 a 40%.
* Há relação com os altos níveis de LH, testosterona e androstenediona presentes na síndrome, e também com a resistência insulínica geralmente associada a estes casos.
Qual a relação entre Corpo Lúteo x Progesterona x Abortamento?
- O corpo lúteo é o maior responsável pela produção de progesterona e pela manutenção endócrina da gravidez nas primeiras 6-7 semanas.
- Assim, qualquer falha na sua produção hormonal poderia levar ao abortamento.
- O tratamento se baseia na complementação exógena de progesterona.
Quais são os Disturbios imunológicos ligados ao abortamento?
- Destaque: Síndrome do Anticorpo Antifosfolipídeo (SAF).
O que é a Síndrome do Anti-corpo Antifosfolipídeo (SAF)?
- É uma trombofilia autoimune associada a tromboses arteriais e venosas
- Diagnosticada pela presença de pelo menos um critério laboratorial e um clínico.
- Presente em 15 a 20% das mulheres com abortamento habitual
- Caracteriza-se pela presença no plasma materno de três variedades de autoanticorpos que conferem um maior risco de trombose (principalmente de vasos placentários):
- anticoagulante lúpico
- anticardiolipina
- anti-beta-2-glicoproteína-1.
Quais são as manifestações da SAF?
- Tromboses venosas (2/3 dos casos) e arteriais (1/3 dos casos) A trombose venosa (mais comum).
- Manifestações neuropsiquiátricas.
- Abortamento no 1o Trimestre
Quais alterações laboratoriais podem estar presentes na SAF?
- Presença dos autoanticorpos
- VDRL falso-positivo
- Trombocitopenia
- Prolongamento do tempo de tromboplastina parcial (PTT)
Quais são as três variedades de autoanticorpos encontradas na SAF e quais as suas atuações?
- Anticoagulante lúpico = Gera alargamento de testes de coagulação (PTT, dRVVT) in vitro, que utilizam um ou mais fosfolipídeos.
* Apesar do nome anticoagulante, está relacionada à trombose e a maioria das pacientes que o apresentam não tem lúpus eritematoso sistêmico. - Anticorpo anticardiolipina = autoanticorpo dirigido contra fosfolipídeos de membrana.
- Pode ser do isotipo IgG, IgA ou IgM.
- O mecanismo de aborto envolve trombose e infarto placentário.
- Anticorpo anti-beta-2-glicoproteína-1 = inibe a ação do anticoagulante natural beta-2-glico-proteína-1, também resultando em trombose.
* É o anticorpo encontrado isoladamente com menor frequência nas pacientes com SAF.
COMO É FEITO O DX DE SAF?
Deve ter pelo menos 1 critério clínico e 1 laboratoria
Quais os critérios clínicos para SAF?
1) Um ou mais episódios de trombose arterial, venosa ou de pequenos vasos em qualquer tecido ou órgão, comprovada por imagem ou histopatologia e sem evidência de inflamação na parede dos vasos.
2) Uma ou mais mortes intrauterinas de fetos morfologicamente normais após 10 semanas de gravidez.
3) Um ou mais partos prematuros de fetos morfologicamente normais com menos de 34 semanas, em decorrência de eclâmpsia, pré-eclâmpsia ou insuficiência placentária.
4) Três ou mais abortamentos espontâneos consecutivos com menos de 10 semanas, excluindo-se anormalidades anatômicas e hormonais, bem como anomalias cromossômicas maternas e paternas.
Quais os critérios laboratoriais para SAF?
1) Anticorpos anticardiolipina: IgG ou IgM presentes em quantidade moderada a alta (acima de 40 GPL ou MPL) em duas situações espaçadas por pelo menos 12 semanas.
2) Anticorpo lúpus anticoagulante: encontrado em duas ou mais situações espaçadas por pelo menos 12 semanas entre elas.
3) Anticorpo anti-beta-2-glicoproteína-1 IgG ou IgM em altos títulos (≥ percentil 99) em duas ou mais ocasiões com intervalo de no mínimo 12 semanas.
Grávidas com baixos títulos de anticorpos anticardiolipina devem ser tratadas para SAF?
NÃO
o tratamento deve ser evitado, pois até 2% das gestantes normais podem apresentar níveis aumentados dessa imunoglobulina.
Qual o tratamento recomendado nas pacientes que preenchem os critérios diagnósticos de SAF a partir de eventos obstétricos, ou seja, nunca apresentaram trombose arterial ou venosa?
O tratamento recomendado é feito com AAS e heparina em doses profiláticas.
Nas pacientes com história anterior de trombose, a profilaxia de novos eventos deve ser realizada com AAS e doses terapêuticas de Heparina não fracionada ou de baixo peso molecular, como a Enoxaparina 1 mg/kg a cada 12 horas.
Como são as infecções que causam abortamento?
- São infrequentes.
- As principais infecções são:
- Rubéola: quando adquirida próximo à implantação ovular.
- Parvovirose: adquirida na diferenciação ovular inicial.
- Citomegalovirose.
- Listeriose.
- Herpes-simples.
- Hepatite B.
- HIV.
- Infecção do Trato Urinário (ITU).
- Infecções ascendentes, principalmente
- vaginoses, clamídia e gonorreia.
- Sífilis: a doença não tratada pode levar ao abortamento entre 9 e 12 semanas de gestação, em especial pela infecção placentária dela resultante.
- Toxoplasmose.
- Malária.
- Estreptococos do grupo B no trato genital inferior.
Quais os fatores de risco para abortamento?
- Abortamento espontâneo prévio
- Múltiplos abortamentos provocados prévios
- Uso de álcool
- Uso excessivo de cafeína
- Uso de cocaína
- Doença celíaca
- Uso de DIU
- Idade materna avançada
- Medicações: misoprostol (Cytotec®), retinoides, metotrexate, AINEs (exceto acetoaminofen)
- Nova gestação nos primeiros três meses após o parto anterior
- Peso materno (IMC < 18.5 ou > 25 kg/m2)
- Radiação em altas doses
- Tabagismo materno e paterno
- Uso de gás anestésico
Como classificamos o abortamento?
Classificamos o abortamento quanto à idade gestacional de ocorrência e quanto à sua periodicidade.
- Abortamento precoce – interrupção da gestação até a 12a semana gestacional.
- Abortamento tardio – após a 12a semana gestacional.
- Abortamento habitual – ocorrência de três ou mais episódios consecutivos de abortamento. Sua importância reside na etiologia, visto que se distingue daquela dos abortamentos esporádicos.