DELRIUM EM IDOSOS Flashcards
Qual é a origem etimológica da palavra delirium?
Delirium deriva do latim delirare, significando literalmente “estar fora dos trilhos” e figurativamente “estar perturbado, desorientado”.
Quais foram os contribuidores históricos para o conceito atual de delirium?
Os primeiros relatos de delirium são de Hipócrates, mas avanços significativos no conceito ocorreram a partir do século XIX, e Engel e Romano estabeleceram uma base científica para sua fisiopatologia no século XX.
Como delirium é definido?
Delirium é definido como uma síndrome cerebral orgânica, de início agudo e curso flutuante, caracterizada pela presença simultânea de perturbações da consciência e da atenção, da percepção, do pensamento, da memória, do comportamento psicomotor, das emoções e do ritmo sono-vigília.
Qual é a prevalência de delirium entre idosos hospitalizados?
Cerca de um terço dos pacientes admitidos por afecções clínicas com 70 anos ou mais apresentam delirium.
Por que o delirium é frequentemente não diagnosticado ou mal diagnosticado?
Em 36 a 67% dos casos, o delirium não é corretamente diagnosticado, frequentemente sendo confundido com demência, depressão, ou considerado parte do processo de envelhecimento.
Por que a forma hipoativa do delirium tem um prognóstico pior?
A forma hipoativa é mais comum, mas é menos diagnosticada, o que pode levar a um pior prognóstico por falta de reconhecimento e tratamento adequado.
Qual é a importância do diagnóstico e tratamento precoce do delirium?
Delirium é uma urgência médica que pode ser prevenida em até 40% dos casos e, se não tratada adequadamente, pode ter um desfecho desfavorável.
Quais são as principais manifestações clínicas de delirium?
As manifestações incluem distúrbios da cognição, atenção e consciência, do ciclo sono-vigília e do comportamento psicomotor.
Como é o início dos sintomas de delirium no paciente idoso?
No paciente idoso, o início dos sintomas de delirium pode ser insidioso, frequentemente precedido por sintomas prodrômicos como diminuição da concentração e insônia.
O que caracteriza a flutuação dos sintomas em delirium?
A característica marcante de flutuação dos sintomas em delirium muitas vezes dificulta o diagnóstico, com variações no estado mental do paciente ao longo do tempo.
Como a disfunção cognitiva se apresenta em delirium?
A disfunção cognitiva é uma manifestação essencial de delirium, com o pensamento tornando-se vago e fragmentado e a memória frequentemente comprometida.
Quais anormalidades da sensopercepção são comuns em delirium?
Ilusões e alucinações visuais são anormalidades da sensopercepção comuns em delirium, podendo ocorrer em 40 a 75% dos pacientes idosos.
Qual distúrbio de linguagem é frequentemente observado em delirium?
Disnomias e disgrafias são distúrbios de linguagem frequentemente observados em delirium.
Como o distúrbio da atenção se manifesta em delirium?
Há dificuldade em manter e mudar a atenção em estímulos, prejudicando a manutenção do fluxo de conversação com o paciente.
Qual alteração no comportamento psicomotor pode ser observada em delirium?
O paciente pode apresentar hiperatividade, hipoatividade ou um estado misto, afetando o comportamento psicomotor.
Como são caracterizadas as diferentes formas de apresentação de delirium?
Na forma hiperativa, o paciente está agitado e hiperalerta; na forma hipoativa, apresenta-se letárgico e sonolento; e na forma mista, há características de hiper ou hipoatividade em diferentes momentos.
Qual é a natureza da etiologia do delirium?
Delirium tipicamente apresenta uma etiologia multifatorial, podendo ser atribuído a diversas afecções médicas e ao uso ou abstinência de substâncias/fármacos.
Quais são as causas mais comuns de delirium em idosos?
Processos infecciosos, como pneumonia e infecção do trato urinário, afecções cardiovasculares, cerebrovasculares e pulmonares que causam hipoxia, e distúrbios metabólicos são as causas mais comuns
Como os medicamentos podem contribuir para o desenvolvimento de delirium?
Diversos grupos de fármacos amplamente utilizados têm alto risco para delirium, e podem ser um fator etiológico isolado em 12 a 39% dos casos.
Quais são os fármacos de alto risco para delirium e seus respectivos mecanismos de efeito adverso?
Fármacos como benzodiazepínicos, analgésicos opioides, sedativos não benzodiazepínicos, anti-histamínicos de primeira geração, anticolinérgicos, entre outros, têm mecanismos de efeito adverso variando de sedação do sistema nervoso central a toxicidade colinérgica.
Qual o papel da polifarmácia e da automedicação na etiologia do delirium em idosos?
A polifarmácia e a automedicação em idosos, que consomem cerca de 50% dos medicamentos prescritos, podem ser potencialmente perigosas e contribuir para o desenvolvimento de delirium.
Como a deficiência de tiamina pode estar relacionada ao delirium?
A deficiência de tiamina é frequentemente não diagnosticada e pode contribuir para o desenvolvimento de delirium.
Quais fatores cirúrgicos podem estar associados à etiologia do delirium?
Fatores cirúrgicos associados ao delirium incluem condições pré-operatórias, como idade avançada e comorbidades; variáveis intraoperatórias, como tipo de anestesia e duração da cirurgia; e fatores pós-operatórios, como dor, infecção e sedação.
Como são classificados os fatores de risco para delirium?
Fatores de risco são classificados como predisponentes (já presentes à admissão) e precipitantes (que contribuem para o desenvolvimento de delirium durante a hospitalização).
Quais outras condições são consideradas fatores de risco importantes para delirium?
História prévia de delirium, depressão, alcoolismo, história de acidente vascular encefálico (AVE) e idade superior a 65 anos.
Quais são os quatro fatores de risco independentes para delirium identificados em idosos hospitalizados?
Déficit cognitivo prévio, doença grave (Apache maior que 16), uremia e déficit sensorial.
Por que pacientes idosos são mais suscetíveis ao delirium?
Devido a fatores como menor reserva funcional hepática e renal, maior suscetibilidade a doenças sistêmicas, uso de múltiplos fármacos, e diminuição das células do córtex cerebral e de acetilcolina.
Quais são os cinco fatores precipitantes independentes para delirium em pacientes idosos internados?
Restrição física, má nutrição (albumina menor do que 3 g/dℓ), uso simultâneo de mais de três medicamentos, uso de sonda vesical e iatrogenia.
Como o estresse psicológico e a perda de suporte social podem afetar o desenvolvimento de delirium?
Estes fatores psicossociais podem contribuir para o desenvolvimento de delirium, assim como fatores associados à própria hospitalização, como ambiente não familiar e privação do sono.
De que maneira os fatores predisponentes e precipitantes interagem no desenvolvimento do delirium?
Existe uma interação complexa, onde pacientes vulneráveis (com fatores predisponentes) podem desenvolver delirium com fatores precipitantes leves, e pacientes pouco vulneráveis podem resistir ao delirium mesmo com fatores precipitantes importantes.
Quais fatores de risco estão associados à manutenção de sintomas de delirium após a alta hospitalar?
Demência, déficit visual, alta comorbidade, restrição física durante o delirium e prejuízo funcional são fatores de risco para a manutenção de delirium na vigência da alta.
Quais são os fatores predisponentes independentes para o desenvolvimento de delirium?
Idade superior a 65 anos, delirium prévio, polifarmácia, fragilidade, alcoolismo, doença hepática, depressão, déficit cognitivo, déficit sensorial, doença grave (Apache > 16) e uremia.
Qual é o impacto da polifarmácia no risco de desenvolver delirium?
A polifarmácia aumenta o risco de delirium, especialmente quando envolve o uso de substâncias psicoativas.
Quais são os cinco domínios principais que caracterizam o delirium?
Os cinco domínios são déficits cognitivos, déficits de atenção, desregulação do ritmo circadiano, desregulação emocional e alteração no funcionamento psicomotor.
O que é a Hipótese do Envelhecimento Neuronal no contexto do delirium?
A hipótese sugere que as mudanças do envelhecimento, como a diminuição de neurotransmissores e fluxo sanguíneo cerebral, tornam o idoso mais vulnerável ao delirium.
Como a disfunção colinérgica está relacionada com a fisiopatologia do delirium?
A deficiência de acetilcolina é importante na patogênese do delirium, podendo levar à diminuição da consciência e da memória e associada a fatores como hipoxia, hipoglicemia e deficiência de tiamina.
Quais outros neurotransmissores são implicados na patogênese do delirium?
Dopamina, serotonina, GABA, histamina e glutamato são outros neurotransmissores que podem estar envolvidos na patogênese do delirium.
Qual o papel da serotonina no delirium?
A serotonina age inibindo a sobreestimulação e estabiliza o processamento de informações; a deficiência de serotonina pode tornar os indivíduos distratíveis e impulsivos e afeta o ciclo sono-vigília.
Por que os antagonistas dos receptores H1 e H2 da histamina estão associados ao delirium?
Os antagonistas H1 da histamina de primeira geração reduzem a excitação e estão associados ao delirium, possivelmente devido a suas propriedades anticolinérgicas e modulação de outros neurotransmissores como catecolaminas e serotonina. Antagonistas H2 também são conhecidos por suas propriedades anticolinérgicas.
Como a encefalopatia hepática e a abstinência de substâncias como álcool e benzodiazepínicos estão relacionadas ao delirium?
A encefalopatia hepática está associada ao aumento da atividade do GABA, enquanto a abstinência de substâncias como álcool e benzodiazepínicos está associada à diminuição do GABA, ambos os estados podem contribuir para o desenvolvimento de delirium.
Qual é a base dos critérios diagnósticos para delirium?
Os critérios diagnósticos para delirium refletem as anormalidades neuropsiquiátricas da síndrome e são usados para estabelecer diretrizes para o diagnóstico clínico.
Quais itens são avaliados pelo CAM para diagnosticar delirium?
O CAM avalia itens como início agudo, distúrbio da atenção, pensamento desorganizado, alteração do nível de consciência, desorientação, distúrbio de memória, distúrbios da percepção, agitação ou retardamento psicomotor e alteração do ciclo sono-vigília.
como o diagnóstico de delirium é estabelecido através do CAM?
O diagnóstico de delirium pelo CAM é estabelecido pela presença dos critérios de início agudo e distúrbio da atenção, associados a distúrbio do pensamento ou alteração do nível de consciência.
Por que o início agudo é um critério importante na avaliação de delirium?
O início agudo indica uma mudança rápida no estado mental do paciente, o que é característico do delirium em oposição a outras condições como demência.
Qual a importância do distúrbio da atenção na avaliação de delirium?
O distúrbio da atenção é central no delirium, refletindo a incapacidade do paciente em focar, manter ou desviar a atenção, o que impacta significativamente na cognição.
Como a avaliação do pensamento desorganizado contribui para o diagnóstico de delirium?
O pensamento desorganizado ou incoerente é um indicador de função cerebral comprometida, típico de delirium, que afeta a capacidade de comunicação e raciocínio do paciente.
Qual a relevância de identificar a alteração do nível de consciência no delirium?
A alteração do nível de consciência, que pode variar de hiperalerta a comatoso, é um indicador de delirium e ajuda a diferenciar de outras condições neuropsiquiátricas.
O que a alteração do ciclo sono-vigília indica em um paciente com delirium?
A alteração do ciclo sono-vigília, como sonolência diurna e insônia noturna, reflete a desregulação dos ritmos naturais do corpo e está frequentemente associada ao delirium.
Quais são as duas etapas essenciais no diagnóstico de delirium?
Estabelecimento do diagnóstico sindrômico e determinação da etiologia do delirium
Por que a avaliação clínica e laboratorial é considerada o padrão-ouro no diagnóstico de delirium?
Porque não há estudo clínico ou biomarcador que possua alta sensibilidade e especificidade para delirium.
Que informações são cruciais na anamnese para diferenciar delirium de outras condições?
Informações sobre o início agudo, curso flutuante dos sintomas, oscilação do nível de consciência e déficit de atenção
Como o delirium é diferenciado da demência no diagnóstico diferencial?
Delirium geralmente tem um início agudo e curso flutuante, enquanto a demência apresenta um início gradual e curso progressivo.
Quais exames podem ser solicitados na investigação da etiologia do delirium?
Hemograma, exames bioquímicos, análise de urina, culturas, radiografia de tórax, dosagens de fármacos, punção liquórica, hormônios tireoidianos, EEG e tomografia computadorizada de crânio.
Quais condições médicas comuns podem desencadear delirium?
Distúrbios metabólicos, hidreletrolíticos e processos infecciosos.
Quais são os principais sintomas de delirium que podem se sobrepor aos de demências específicas?
início agudo em demências vasculares e distúrbios da percepção e flutuação dos sintomas na demência com corpos de Lewy.
Como a depressão pode ser diferenciada do delirium hipoativo?
Depressão normalmente tem um início gradual e não apresenta flutuações acentuadas de cognição ou atenção, mantendo o estado de alerta normal.
O que indica o EEG em pacientes com delirium versus psicoses funcionais?
O EEG em delirium geralmente mostra alentecimento difuso, enquanto em psicoses funcionais, o EEG permanece normal.
Por que é importante conhecer os fatores de risco para delirium?
Conhecer os fatores de risco permite implementar estratégias preventivas, especialmente para pacientes mais vulneráveis.
Quais são as estratégias não farmacológicas eficazes na prevenção do delirium?
Estratégias incluem orientação e estímulo cognitivo, redução de ruído noturno, mobilização precoce, uso de óculos e aparelhos auditivos, e correção de desidratação.
Como intervenções simples podem reduzir a incidência de delirium?
Através da identificação e intervenção em fatores de risco como prejuízo cognitivo e imobilidade, estudos mostraram redução de até 40% nos casos de delirium.
Qual programa é destacado para a prevenção de delirium em pacientes idosos hospitalizados?
O Hospital Elder Life Program (HELP), que também atua na prevenção de declínio funcional e quedas.
Por que o uso de antipsicóticos na prevenção do delirium é controverso?
A eficácia dos antipsicóticos na prevenção do delirium não é bem estabelecida, e estudos mostram resultados heterogêneos.
Como a dexmedetomidina pode ajudar na prevenção do delirium?
Dexmedetomidina pode ser útil por suas propriedades analgésicas e sedativas, potencialmente reduzindo a necessidade de medicamentos deliriogênicos.
Quais são as precauções ao usar dexmedetomidina em pacientes idosos?
Deve-se ter cautela devido a potenciais efeitos adversos, como hipotensão e bradicardia.
Qual o papel da melatonina na prevenção do delirium?
A administração de melatonina ou agonistas melatoninérgicos tem sido associada à redução da incidência de delirium, sugerindo benefício na sua prevenção.
Qual é o objetivo principal no tratamento do delirium?
Corrigir a causa básica, tratar sintomas e fornecer terapia de suporte.
Por que é importante a análise de medicamentos no tratamento do delirium?
Muitos fármacos, especialmente os anticolinérgicos, podem ser etiológicos no delirium, e pode ser necessário interromper ou reduzir a dose.
Quais são as principais condições patológicas que devem ser investigadas no delirium?
Doenças infecciosas, metabólicas, cardiovasculares e cerebrovasculares, frequentemente atípicas no idoso.
Que medidas psicossociais e ambientais compõem o tratamento não farmacológico do delirium?
Reorientação temporal e espacial, presença de familiares, correção de déficits sensoriais, ambiente tranquilo, e estímulos sonoros suaves
Quando o tratamento farmacológico é indicado no delirium?
Em casos de delirium hiperativo com agitação grave ou distúrbios acentuados da sensopercepção.
Qual antipsicótico é frequentemente usado na terapia do delirium e quais são suas vias de administração?
Haloperidol, disponível nas vias oral, intramuscular e intravenosa.
Quais são os efeitos colaterais menos comuns em antipsicóticos atípicos como risperidona, olanzapina e quetiapina?
Efeitos extrapiramidais.
Como é tratado o delirium secundário à abstinência de álcool ou benzodiazepínicos?
Com benzodiazepínicos, preferencialmente lorazepam devido à sua vida curta e menor quantidade de metabólitos ativos.
Quais substâncias têm sido estudadas no tratamento da forma hipoativa do delirium?
Cafeína, metilfenidato e antipsicóticos como haloperidol, olanzapina e aripiprazol.
Quais são as consequências adversas associadas ao delirium?
Maior tempo de internação, complicações, aumento da taxa de mortalidade hospitalar, piora da função cognitiva, maior taxa de hospitalização e institucionalização após alta.