COLITE PSEUDOMEMBRANOSA Flashcards

1
Q

Principal causa de infecção entérica hospitalar:

A

Colite pseudomembranosa.

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2
Q

O que é a colite pseudomembranosa?

A

A Colite Pseudomembranosa é um processo inflamatório induzido por certas toxinas bacterianas e caracterizado pelo desenvolvimento de placas exsudativas (as pseudomembranas) aderidas à superfície da mucosa colônica inflamada.

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3
Q

Bactéria responsável pela colite pseudomembranosa:

A

Clostridium difficile;

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4
Q

Nome das toxinas liberadas pelo Clostridium difficile:

A

Toxina A e B.

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5
Q

Antibióticos envolvidos:

A

Frequentemente: Clindamicina (2% dos usuários) Ampicilina (0,3% dos usuários) Amoxacilina Cefalosporinas Fluoroquinolonas

Ocasionalmente: Sulfonamidas Eritromicina Trimetoprima

Raramente: Aminoglicosídeos parenterais Tetraciclina Cloranfenicol Metronidazol Vancomicina

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6
Q

Fatores de risco:

A

Idade ≥ 65 anos; comorbidades graves (“paciente debilitado”); uso de múltiplos antibióticos; antibioticoterapia prolongada (> 10 dias); cirurgia gastrointestinal prévia; alimentação por sonda enteral; uso de inibidores de bomba de prótons ou quimioterapia; exposição a companheiro de quarto portador; crianças e adultos com baixos títulos de anticorpos antitoxina (principalmente, contra a toxina A). História prévia de doença inflamatória intestinal também parece aumentar o risco de CPM segundo alguns estudos.

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7
Q

Características clínicas da colite:

A

Os sintomas podem variar de uma diarreia não invasiva a uma colite fulminante com manifestações típicas de febre, leucocitose, dor abdominal e diarreia invasiva (sangue, muco e pus). Felizmente, os sintomas de colite leve são mais comuns que os de colite grave, e isso torna a diarreia aquosa profusa associada à dor abdominal a forma de apresentação mais encontrada. Os casos graves, que se manifestam com diarreia invasiva, no entanto, fazem com que a CPM possa se apresentar clinicamente com desidratação, hipotensão, taquicardia, megacólon tóxico e perfuração, num contexto bastante semelhante ao de doenças de maior morbidade, como a retocolite ulcerativa. Independentemente do tipo de apresentação intestinal, a maioria dos pacientes que desenvolve CPM está febril e apresenta leucocitose (em 50% das vezes o leucograma é > 15.000/ mm3), às vezes atingindo valores tão altos quanto 50.000/mm3

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8
Q

Quais as sete possíveis formas de apresentação da colite pseudomembranosa?

A
  1. Portadores Assintomáticos;
  2. Diarreia sem Colite;
  3. Colite sem Pseudomembrana;
  4. Colite com Pseudomembrana;
  5. Colite Fulminante;
  6. Colite com Enteropatia Perdedora de Proteína;
  7. Infecção Recorrente.
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9
Q

Qual a forma de apresentação mais comum da colite?

A

Cerca de dois terços dos pacientes hospitalizados infectados pelo Clostridium difficile permanecem assintomáticos. Isso ocorre, provavelmente, porque estes pacientes possuem níveis protetores de IgG contra a toxina A.

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10
Q

Como funciona a diarreia sem colite?

A

Estes pacientes apresentam diarreia geralmente leve (3 a 4 evacuações aquosas/dia), sendo que alguns pacientes apresentam cólicas discretas. Febre, leucocitose e desidratação são leves ou ausentes. As toxinas são encontradas nas fezes, mas a retossigmoidoscopia é normal. A descontinuação do esquema antibiótico causador do quadro normalmente é suficiente para cessar a diarreia, sendo raramente necessário usar metronidazol ou vancomicina.

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11
Q

Como diferenciar colite pseudomembranosa da diarreia osmótica induzida por antibióticos?

A

Cerca de 50% dos infectados pelo Clostridium difficile possuem leucócitos nas fezes, o que não ocorre na diarreia osmótica antibiótico-induzida;

  • A presença de febre e leucocitose favorece o diagnóstico de infecção;
  • O jejum oral melhora a diarreia osmótica, mas não tem repercussão benéfica sobre a diarreia infecciosa pelo Clostridium. Por este motivo, não temos diarreia osmótica durante o período noturno.
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12
Q

Como funciona a forma de apresentação de colite sem pseudomembrana?

A

Neste caso, surgem manifestações sistêmicas mais graves como astenia, cólicas aliviadas pelas evacuações, hiporexia, diarreia aquosa profusa (5 a 15 evacuações aquosas/dia) e desidratação. Há febre baixa (37,2°C a 38,3°C) e leucocitose. A retossigmoidoscopia mostra eritema difuso ou em placas, sem pseudomembrana.

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13
Q

Como funciona a colite com pseudomembrana

A

Estes pacientes apresentam as mesmas características da colite sem pseudomembrana, mas além de retossigmoidoscopia, que evidencia pseudomembrana formada por placas esbranquiçadas ou amareladas de 0,2 a 2 cm de diâmetro. Um subgrupo de pacientes possuem retossigmoidoscopia sem pseudomembrana, a qual pode ser visualizada em porções mais proximais do cólon, através de colonoscopia.

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14
Q

Como funciona a colite fulminante?

A

Corresponde de 2% a 3% dos casos sintomáticos, expressando-se por febre alta, calafrios, desidratação, cólicas e distensão abdominal com íleo prolongado e, eventualmente, megacólon tóxico e perfuração com peritonite grave. Há leucocitose acentuada (30.000 a 40.000/mm³) e acidose metabólica. A diarreia pode faltar nos casos que evoluem com íleo intenso, quando então o diagnóstico deve ser suspeitado na vigência de febre, dor abdominal com distensão e leucocitose acentuada. O achado de pseudomembrana durante exame retossigmoidoscópico, neste contexto, é patognomônico de colite pseudomembranosa – vale ressaltar que o exame endoscópico deve ser feito com cuidado por profissional experiente, insuflando a menor quantidade de ar possível dentro do cólon. A TC de abdome mostra espessamento de alças colônicas.

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15
Q

Como funciona a Colite Pseudomembranosa com Enteropatia Perdedora de Proteína ?

A

Alguns pacientes com infecção indolente ou subaguda desenvolvem esta forma clínica caracterizada por hipoalbuminemia (não raro
< 2,5 g/dl), ascite e edema periférico. Geralmente, não há doença grave mas sim história de diarreia intermitente por 1 a 4 semanas, febre baixa, dor abdominal e hiporexia. É tipicamente responsiva à antibioticoterapia adequada.

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16
Q

Como funciona a forma de infeccção recorrente?

A

Aproximadamente 15% a 35% dos portadores de Colite Pseudomembranosa recorrem após a interrupção do tratamento com vancomicina ou metronidazol. A recorrência tipicamente surge nas primeiras três semanas, sendo que a maioria dos casos ocorre em idosos. Em cerca de 50% das vezes a recorrência é devida a uma nova infecção, causada inclusive por uma cepa diferente (a qual é adquirida durante a permanência do paciente no hospital). Tais quadros parecem ser favorecidos por uma deficiência na resposta imune humoral, quando baixos níveis de anticorpos específicos são insuficientes para neutralizar as toxinas.

17
Q

Como realizar o diagnóstico?

A

Recomenda-se confirmar o diagnóstico de CPM por meio da pesquisa de toxinas nas fezes (se esta for positiva, o diagnóstico está dado!). Os imunoensaios (ELISA) são rápidos (resultado em 24h), acurados
(1 amostra = sensibilidade 75-90%; 2 amostras = sensibilidade 90-95%) e, tradicionalmente, têm sido considerados o método de escolha… Recentemente, porém, foi desenvolvido o teste fecal de amplificação por PCR do gene da toxina B do C. difficile. Esse teste se revelou superior ao imunoensaio (sensibilidade 97%) e muitos autores agora afirmam que ele passou a ser o exame preferencial, se disponível… A pesquisa de glutamato desidrogenase nas fezes (um antígeno comum do C. difficile) pode ser usada como screening, devido ao seu alto valor preditivo negativo (um resultado negativo afasta a possibilidade de CPM). No entanto, quando esta é positiva, é preciso confirmar

18
Q

A retossigmoidoscopia ou colonoscopia são obrigatórias para o diagnóstico. V ou F?

A

O achado de pseudomembranas no exame endoscópico é altamente sugestivo de CPM no contexto clínico apropriado, contudo, vale lembrar que nem sempre as pseudomembranas estarão presentes (ex.: colite leve ou moderada) e raramente, outros enteropatógenos também podem induzir a formação de pseudomembranas (ex.: K. pneumonie, S. aureus, C. perfringens). Logo, o exame endoscópico não é tão sensível e específico quanto a pesquisa de toxinas ou PCR fecal.

19
Q

O que a TC mostra?

A

Pode ser útil em detectar evidências de colite (ex.: espessamento da parede colônica), particularmente nos casos em que o paciente não tem diarreia. A TC também pode revelar a presença de complicações, como megacólon tóxico e perfuração.

20
Q

Drogas de escolha para o tratamento da colite psudeomembranosa?

A

Os guidelines mais recentes recomendam o seguinte: (1) em casos leves a moderados, como vimos, a droga de escolha é o metronidazol oral; (2) em casos graves, a droga de escolha é a vancomicina oral. A justificativa para se preferir a vanco oral em casos graves é que ela alcança maior concentração intracolônica do que o metronidazol, sendo, portanto, mais eficaz.

21
Q

Como fazer o tratamento com a presença de íleo paralítico?

A

Enema de vancomicina 500 mg diluído em 100 ml SF 0,9% –VR– 6/6h + metronidazol 500 mg IV 8/8h até melhora clínica.

22
Q

Critérios de gravidade na colite pseudomembranosa:

A

(1) leucocitose > 15.000/ml, (2) injúria renal aguda e (3) albumina plasmática < 3 g/dl

23
Q

Tratamento da colite leve a moderada:

A

Metronidazol. Em crianças ,gestante vancomicina.

24
Q

Tratamento da colite grave:

A

Vancomicina.

25
Q

Tratamento nos casos fulminantes:

A

ancomicina 500 mg VO (ou por cateter nasoentérico) 6/6h + metronidazol 500 mg IV 8/8h.

26
Q

O que fazer nos casos graves refratários:

A

Casos graves e refratários ao tratamento clínico necessitam de colectomia. O tipo de colectomia a ser realizado é a colectomia subtotal (colectomia com preservação do reto + ileostomia). Após melhora clínica, o trânsito intestinal pode ser reconstruído por uma anastomose ileorretal terminoterminal.

27
Q

Um dado interessante é que a lavagem das mãos com água e sabão parece ser mais eficaz do que a higienização com álcool gel! O motivo é que os esporos do C. difficile (que contaminam as mãos do médico e o meio ambiente) são resistentes aos efeitos do álcool gel, mas podem ser prontamente eliminados pelo efeito do sabão. V ou F.

A

V.

28
Q

Como tratar as recidivas?

A

Probióticos como o fungo Saccharomyces boulardii (Floratil 500 mg VO 12/12h) reduzem a incidência de recidiva em cerca de 50% quando coadministrados no tratamento da CPM, logo, seu uso está formalmente indicado na abordagem das recidivas. Na vigência de uma segunda recidiva, deve-se preferir a vancomicina oral numa estratégia de desmame lentamente progressivo. O esquema recomendado é: vancomicina oral 125 mg VO 6/6h por 14 dias, seguido pela mesma dose de 12/12h por mais sete dias, depois 1x ao dia por sete dias, a cada 48h por sete dias e, por fim, a cada 72h por 2-8 semanas.

29
Q

Qual a indicação de transplante fecal na colite?

A

enterobactérias oriundas de um indivíduo saudável (representando, portanto, uma microbiota normal) são instiladas na luz do cólon proximal/íleo terminal por colonoscopia, ou então no duodeno, através de um tubo nasoentérico. Os resultados são simplesmente surpreendentes: remissão da doença em 90-94% após um único curso de tratamento. Indicado na terceira recidiva , ou seja quando mesmo o desmame da vanco não funcionou