COLITE PSEUDOMEMBRANOSA Flashcards
Principal causa de infecção entérica hospitalar:
Colite pseudomembranosa.
O que é a colite pseudomembranosa?
A Colite Pseudomembranosa é um processo inflamatório induzido por certas toxinas bacterianas e caracterizado pelo desenvolvimento de placas exsudativas (as pseudomembranas) aderidas à superfície da mucosa colônica inflamada.
Bactéria responsável pela colite pseudomembranosa:
Clostridium difficile;
Nome das toxinas liberadas pelo Clostridium difficile:
Toxina A e B.
Antibióticos envolvidos:
Frequentemente: Clindamicina (2% dos usuários) Ampicilina (0,3% dos usuários) Amoxacilina Cefalosporinas Fluoroquinolonas
Ocasionalmente: Sulfonamidas Eritromicina Trimetoprima
Raramente: Aminoglicosídeos parenterais Tetraciclina Cloranfenicol Metronidazol Vancomicina
Fatores de risco:
Idade ≥ 65 anos; comorbidades graves (“paciente debilitado”); uso de múltiplos antibióticos; antibioticoterapia prolongada (> 10 dias); cirurgia gastrointestinal prévia; alimentação por sonda enteral; uso de inibidores de bomba de prótons ou quimioterapia; exposição a companheiro de quarto portador; crianças e adultos com baixos títulos de anticorpos antitoxina (principalmente, contra a toxina A). História prévia de doença inflamatória intestinal também parece aumentar o risco de CPM segundo alguns estudos.
Características clínicas da colite:
Os sintomas podem variar de uma diarreia não invasiva a uma colite fulminante com manifestações típicas de febre, leucocitose, dor abdominal e diarreia invasiva (sangue, muco e pus). Felizmente, os sintomas de colite leve são mais comuns que os de colite grave, e isso torna a diarreia aquosa profusa associada à dor abdominal a forma de apresentação mais encontrada. Os casos graves, que se manifestam com diarreia invasiva, no entanto, fazem com que a CPM possa se apresentar clinicamente com desidratação, hipotensão, taquicardia, megacólon tóxico e perfuração, num contexto bastante semelhante ao de doenças de maior morbidade, como a retocolite ulcerativa. Independentemente do tipo de apresentação intestinal, a maioria dos pacientes que desenvolve CPM está febril e apresenta leucocitose (em 50% das vezes o leucograma é > 15.000/ mm3), às vezes atingindo valores tão altos quanto 50.000/mm3
Quais as sete possíveis formas de apresentação da colite pseudomembranosa?
- Portadores Assintomáticos;
- Diarreia sem Colite;
- Colite sem Pseudomembrana;
- Colite com Pseudomembrana;
- Colite Fulminante;
- Colite com Enteropatia Perdedora de Proteína;
- Infecção Recorrente.
Qual a forma de apresentação mais comum da colite?
Cerca de dois terços dos pacientes hospitalizados infectados pelo Clostridium difficile permanecem assintomáticos. Isso ocorre, provavelmente, porque estes pacientes possuem níveis protetores de IgG contra a toxina A.
Como funciona a diarreia sem colite?
Estes pacientes apresentam diarreia geralmente leve (3 a 4 evacuações aquosas/dia), sendo que alguns pacientes apresentam cólicas discretas. Febre, leucocitose e desidratação são leves ou ausentes. As toxinas são encontradas nas fezes, mas a retossigmoidoscopia é normal. A descontinuação do esquema antibiótico causador do quadro normalmente é suficiente para cessar a diarreia, sendo raramente necessário usar metronidazol ou vancomicina.
Como diferenciar colite pseudomembranosa da diarreia osmótica induzida por antibióticos?
Cerca de 50% dos infectados pelo Clostridium difficile possuem leucócitos nas fezes, o que não ocorre na diarreia osmótica antibiótico-induzida;
- A presença de febre e leucocitose favorece o diagnóstico de infecção;
- O jejum oral melhora a diarreia osmótica, mas não tem repercussão benéfica sobre a diarreia infecciosa pelo Clostridium. Por este motivo, não temos diarreia osmótica durante o período noturno.
Como funciona a forma de apresentação de colite sem pseudomembrana?
Neste caso, surgem manifestações sistêmicas mais graves como astenia, cólicas aliviadas pelas evacuações, hiporexia, diarreia aquosa profusa (5 a 15 evacuações aquosas/dia) e desidratação. Há febre baixa (37,2°C a 38,3°C) e leucocitose. A retossigmoidoscopia mostra eritema difuso ou em placas, sem pseudomembrana.
Como funciona a colite com pseudomembrana
Estes pacientes apresentam as mesmas características da colite sem pseudomembrana, mas além de retossigmoidoscopia, que evidencia pseudomembrana formada por placas esbranquiçadas ou amareladas de 0,2 a 2 cm de diâmetro. Um subgrupo de pacientes possuem retossigmoidoscopia sem pseudomembrana, a qual pode ser visualizada em porções mais proximais do cólon, através de colonoscopia.
Como funciona a colite fulminante?
Corresponde de 2% a 3% dos casos sintomáticos, expressando-se por febre alta, calafrios, desidratação, cólicas e distensão abdominal com íleo prolongado e, eventualmente, megacólon tóxico e perfuração com peritonite grave. Há leucocitose acentuada (30.000 a 40.000/mm³) e acidose metabólica. A diarreia pode faltar nos casos que evoluem com íleo intenso, quando então o diagnóstico deve ser suspeitado na vigência de febre, dor abdominal com distensão e leucocitose acentuada. O achado de pseudomembrana durante exame retossigmoidoscópico, neste contexto, é patognomônico de colite pseudomembranosa – vale ressaltar que o exame endoscópico deve ser feito com cuidado por profissional experiente, insuflando a menor quantidade de ar possível dentro do cólon. A TC de abdome mostra espessamento de alças colônicas.
Como funciona a Colite Pseudomembranosa com Enteropatia Perdedora de Proteína ?
Alguns pacientes com infecção indolente ou subaguda desenvolvem esta forma clínica caracterizada por hipoalbuminemia (não raro
< 2,5 g/dl), ascite e edema periférico. Geralmente, não há doença grave mas sim história de diarreia intermitente por 1 a 4 semanas, febre baixa, dor abdominal e hiporexia. É tipicamente responsiva à antibioticoterapia adequada.