CARDIO PED Flashcards

1
Q

FEBRE REUMÁTICA

A

DEFINIÇÃO
- Complicação TARDIA (10-14 dias) não supurativa da faringoamigdalite estreptocócica.
- Relacionada a indivíduos com predisposição genética.

ETIOLOGIA
- S. Pyogenes (beta-hemolítico do grupo A AAAAAAAAAAAAA): sempre ele.
- Cardite reumática é a principal causa de cardiopatia adquirida em pessoas menores de 20 anos.

EPIDEMIOLOGIA
- Crianças e adolescentes 5-15 anos.
- FR: Baixas condições sanitárias, desnutrição, moradia em aglomerações, déficit de atendimento médico.
- Probabilidade na população após faringoamigdalite é baixa, mas a taxa de recidiva em quem já teve é alta (50%), por isso indicamos a profilaxia.

FISIOPATOLOGIA
- Antígeno do Streptococos do grupo A tem mimetismo molecular com algumas células imunes do nosso corpo. Gera uma reação autoimune no coração (cardite), no cérebro (coréia) nas articulações (artrite) e pele (alterações cutâneas).
- Essa resposta demora de 10-14 dias para ocorrer.

QUADRO CLÍNICO
- A febre reumática ocorrerá 10-14 dias após o quadro de faringoamigdalite. Foi o tempo que demorou para a reação autoimune ocorrer.

I.Artrite: manifestação mais comum (75%). Dor + calor + rubor. POLIARTRITE MIGRATÓRIA (desaparece e vai para outra, não fica em várias), geralmente transitória. Grandes articulações (cotovelo, punho, joelho). Não deixa sequelas.

II. Coreia de Sydenham: pode ocorrer isolada. Movimentos involuntários e desordenados (vergonha em público). Manifestação TARDIA (meses e anos), por isso provas inflamatórias podem estar normais. Mais comum em meninas. Melhora com o sono e piora com o estresse. Associada a labilidade emocional.

III. Cutâneas:
- Eritema marginado: lesão macular com halo hiperemiado e centro opaco, não pruriginoso ou doloroso. Passa sozinho. Raro. Tem relação com a cardite, mas não a grave.
- Nódulos subcutâneos: indolores em regiões extensoras e tendões (abaulamento, mas com pele íntegra). Nódulos estão relacionados com cardite grave. Mais raros.

IV. Cardite: pior delas, pode ser grave e se tornar crônica. 2° manifestação mais comum da doença. Pode ser uma pancardite (endocárdio + miocárdio + epicárdio), mais comum endocárdio, pensar em lesão de válvula!
- Lesão aguda faz INSUFICIÊNCIA MITRAL (sopro sistólico em platô). Insuficiência aórtica faz sopro diastólico decrescendo. Sopro de Carey Coombs (sopro diastólico, sem estalido ou hiperfonese de B1) devido inflamação inicial da válvula.
- Lesão crônica: ESTENOSE MITRAL.
- Cardite aguda: insuficiência cardíaca AGUDA grave, sintomas de IC. Única que deixa sequelas.

DIAGNÓSTICO
1) CRITÉRIOS DE JONES MODIFICADOS:
- Presença de 2 critérios maiores
Ou
- 1 critério maior + 2 menores, desde que o critério obrigatório esteja presente (documentação da infecção estreptocócica por algum método – sorologia, cultura).

OBS: para dar o diagnóstico de RECIDIVA, uso os mesmos acima ou a presença de 3 MENORES.

MAIORES:
C: Coreia de Syndenham: (dispensa confirmação da infecção, por ser mais tardia, e pode dar diagnóstico sozinha).
A: Artrite (OBS: cuidado!! Artrite precisa ter dor, rubor e calor. Artralgia é critério menor).
N: Nódulos subcutâneos
E: Eritema marginado
CA: Cardite

MENORES:
F: Febre
E: elevação de PCR/VHS
I: Intervalo PR prolongado: esse critério só vale se um dos critérios maiores NÃO for cardite, se não eles se anulam.
A: artralgia: se tem artrite não vale a artralgia.

Desde 2015, EUA e BR fazem o diagnóstico de febre reumática de formas diferentes, pois lá tem baixo risco da doença, aqui temos maior risco.
- EUA: Para o critério maior artrite, só é considerado a poliartrite. Para o critério menor artralgia, precisa ser de várias articulações (poliartralgia). Para considerar febre: 38,5°C. VHS >60mm na 1° hora.
- BR: Para o critério maior artrite, vale tanto poli quanto monoartrite assim como POLIARTRALGIA (facilitamos diagnóstico). Para o critério menor artralgia, pode ser de uma articulação só (monoartralgia). Para considerar febre: 38°C. VHS >30mm na 1° hora.

Exceções:
I.Coreia: pode vir isolada e sem provas inflamatórias.
II.Cardite indolente: paciente sem diagnóstico da cardite aguda durante a adolescência, mas chega aos 30 anos com estenose mitral (só a sequela).

2) EVIDÊNCIA DE INFECÇÃO ESTREPTOCÓCICA PRÉVIA
- Cultura de orofaringe.
- Teste rápido
- Teste sorológico: anticorpo antiestreptolisina O (ASLO), mais usado. Outros: Anti-DNASE, Anti-hialuronidase.
- Testes podem estar negativos na coreia de Sydenham.

TRATAMENTO

1) AINE para Artrite
2) CORTICOIDE para Cardite
3) HALOPERIDOL/ HALDOL para a Coreia

OBS: manifestações cutâneas não precisam de tratamento.

PROFILAXIA
- Realizada pois a chance de ter novamente a doença é de 50% após o primeiro caso de febre reumática.

1) DO PRIMEIRO SURTO (faringoamigdalite sem febre reumática): PENICILINA G BENZATINA IM dose única
- 600.000 UI se <20kg
- 1.200.000 UI se >20kg
- Se alérgicos: Azitromicina, Clindamicina ou Eritromicina VO.

2) DE NOVOS SURTOS APÓS TER TIDO FEBRE REUMÁTICA (não posso ter outra faringoamigdalite estreptocócica): PENICILINA G BENZATINA IM A CADA 21 DIAS (3 semanas).
- Se alergia: Sulfadiazina (1° opção) ou Eritromicina CONTÍNUOS.

  • Por quanto tempo? PENICILINA IM A CADA 21 DIAS
    I. SEM CARDITE PRÉVIA: até os 21 anos ou por 5 anos do último surto (o que durar mais).
    II. CARDITE PRÉVIA LEVE OU RESOLVIDA: até 25 anos ou 10 anos do ultimo surto (o que durar mais).
    III. CARDITE RESIDUAL MODERADA A GRAVE: até os 40 anos ou por toda a vida (professora tem contato com crianças).
    IV. CIRURGIA VALVAR PRÉVIA: por toda a vida!
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