Acessos vasculares Flashcards
Dialítico: conceitos e necessidade
CONCEITOS:
- Grande definidor de prognóstico do dialítico: qualidade da hemodiálise
- Cosiderados para diálise: DRC progressiva ou ClCr <= 15-20
- Qualidade da hemodiálise (URR: urea reduction ratio): Ureia antes – Ureia após diálise x 100% (normal: ≥ 65%)
NECESSIDADE DE ACESSO:
- Facilmente manipulável
- Duradouro
- Pouco suscetível à infecção
- Bom fluxo (inflow e outflow)
- Sem recirculação
Diálise por FAV: conceitos e vantagens
CONCEITOS:
- Melhor acesso para o paciente em diálise
- Deve ser planejada eletivamente no paciente com DRC (3-6 meses antes) - se necessário, inserir um cateter como ponte (Shilley, Permcath)
- Não é acesso de urgência (não realizar em IRAs…)
- Idade não é critério para confecção de FAV
- Desligamento da FAV: a critério do nefrologista
VANTAGENS:
- Baixo custo
- Baixo risco de infecção
- Alta perviedade (se tecnicamente bem indicada e confeccionada)
- Não necessita de manutenção ou trocas
- Pode ser desligada se necessário com ligadura da anastomose
FAV: definição e objetivos
DEFINIÇÃO:
- Confecção de uma comunicação entre uma artéria de médio ou de grande calibre periférica e uma veia subcutânea de comprimento e calibre suficientes para inúmeras punções
- Geralmente, término-lateral (a veia é ligada e anastomosada terminalmente na artéria)
- O cateter de diálise entra em dois pontos da veia
- Nativa > Prótese > Autóloga
OBJETIVO:
→ Arterialização da veia
- Aumento do fluxo (outflow sai pela veia, por menor resistência)
- Dilatação e espessamento do vaso → Fácil punção
→ INFLOW: Artéria e Anastomose
→ OUTFLOW: Veia
FAVs: mais comuns
RADIOCEFÁLICA:
- Mais comum
BRAQUIO-CEFÁLICA:
- MELHOR OPÇÃO EM DIABÉTICOS
- Pode fazer estenose por HIPERPLASIA DA ÍNTIMA
- Incisão transversa abaixo da prega
BRAQUIO-BASÍLICA:
- Precisa superficializar (transpor)
- Procedimento de maior porte
→ Distais - Anestesia local:
- FAV radiocefálica distal
- FAV radiocefálica antebraço
- FAV radiobasílica
- FAV radiomediana
- FAV ulnocefálica
- FAV ulnobasílica
- FAV ulnomediana
- FAV braquiocefálica
- FAV braquiomediana
→ Proximais - Bloqueio do membro ou Anestesia geral:
- FAV braquio-cefálica
- FAV braquio-basílica (superficializada)
- FAV braquio-braquial (superficializada)
- FAV fêmoro-safênica (“em alça”) - desconfortável, alta taxa de infecção e descompensação de DAOP
FAV: critérios gerais de planejamento e avaliação da artéria
CRITÉRIOS GERAIS:
- Preferência por MMSS (maior conforto)
- Preferência pelo membro não dominante (apenas se forem equivalentes)
- Distal > Proximal (se perder uma distal, dá para realizar outra mais proximal)
- Avaliação cardiovascular (ICC sintomática ou FE < 40% pode contraindicar FAV proximal)
- Avaliar cateteres prévios
- Preservar integridade dos vasos de qualquer dano
- Pensar em acessos futuros
- Excluir infecções sistêmicas
ARTÉRIA:
- MEDIR PA E PULSOS BILATERAIS
- Teste de Allen (escolher artéria não dominante - geralmente A. radial)
- Diâmetro recomendado: >= 2 mm
FAV: avaliação da veia
CARATERÍSTICAS RECOMENDADAS (US COM BRAÇO GARROTEADO):
- Distância da superfície cutânea: ≤ 6 mm
- Diâmetro: ≥ 2,0 mm (Prótese: ≥ 4 mm)
- Comprimento puncionável: ≥ 6-10 cm
- Ausência de: trombose, flebite, estenoses, calcificações…
- Avaliar: fluxo, tamanho, distensibilidade, perviedade do arco palmar, edema, colaterais…
- Preferência por veias superficiais (fácil punção; oclusão não inviabiliza uso de outras veias superficiais)
- Identificar colaterais com potencial para desvio de fluxo
- Estudar as veias profundas de drenagem
FAV: técnica
ANESTESIA:
- Local ou regional (causa vasodilatação e facilita)
- Sedação, geral (FAV BB…)
TÉCNICA CIRÚRGICA:
- Incisão (RC: longitudinal / BC: transversa)
- Dissecção e reparo dos vasos
- Ligadura e preparo da veia
- Arteriotomia LONGITUDINAL (1,5x o diâmetro da artéria) e preparo da artéria
- Anastomose término-lateral (pode ser látero-lateral e pode ser realizada através de clipes ou outos materiais além de fios de sutura)
- Superficialização (veia basílica)
- Ao término, presença de frêmito e sopro nos primeiros cm da veia próximos à anastomose
** Não ligar as tributárias (nutrem a veia) - a ideia é deixar o fluxo escolher (pode precisar ligar se a FAV não maturar)
FAV: prótese
CONCEITOS:
- Vantagens: opção quando não existem veias favoráveis nos MMSS, pode não necessitar de maturação
- Desvantagens: mais hemorragias, menor patência, infecção
- Anastomose término-lateral na artéria e na veia
- PTFE 6 mm (melhor material)
- Antebraço (braquio-axilar), Braço (braquio-braquial)
- Próteses de canulação precoce - poupa uso de cateter
- Outras opções: safena (não dilata), enxertos biológicos (pericárdio bovino…)
HeRO graft
CONCEITOS:
- Sistema híbrido de enxerto-cateter de PTFE
- Opção em pacientes nos quais todas as demais opções de acesso nos MMSS foram esgotadas e em pacientes com estenose central
COMPONENTES:
- Inflow Arterial: PTFE 6mm
- Outflow Venoso: Cateter 19Fr
FAV: maturação - conceitos
CONCEITOS:
- 20-60%: Falha da maturação
- 80% das falhas: trombose (estenose da anastomose)
- Outras causas: colaterais roubando fluxo
- US de rotina para aferição do fluxo: sem evidência
PODE AUXILIAR:
- Elastase pancreática
- Técnicas cirúrgicas abertas ou endovasculares
- Exercícios (sem evidência - se recomendados, preferível que seja do braço inteiro em detrimento dos dedos)
NÃO RECOMENDADO:
- Medicações (clopidogrel, heparina, prostaciclinas, vasodilatadores, colecalciferol…)
- Intervenções (endovasculares ou abertas)
FAV: maturação - dados
MATURAÇÃO (REGRA DOS 6):
- Tempo:
— Nativa: 4 semanas (ideal 3-6 meses)
— Prótese: 48h - 2 semanas
- Distância mínima da superfície cutânea: ≤ 6 mm
- Diâmetro mínimo: 4-6 mm
- Comprimento mínimo puncionável: 6-10 cm (2 cm entre as agulhas e espaço para rotacionar locais de canulação)
- Velocidade mínima de fluxo: 500-600 ml/min
FAV: melhora da patência
FAV:
- Não recomendado de rotina: ômega-3, AAS, atorvastatina, ezetimiba, clopidogrel, prostaciclinas…
- Pode ser utilizado: terapias a laser
PAV:
- Recomendado: ômega-3 na fase inicial (reduz trombose)
- Considerar: dipiridamol + AAS
- Sem evidência: sinvastatina, ezetimiba
FAV: exame físico normal
FAV: estenoses - clínica
FAV: complicações precoces - edema e seroma
EDEMA:
- Geralmente, resulta do procedimento CX
- Se persistente (> 2 semanas), sugere estenose de veia central (especialmente se o paciente teve CVCs)
SEROMA:
- PAVs (próteses)
- Transudação de fluidos da prótese ou ruptura de linfáticos
- Parece pseudo
- Risco de infecção
- Maioria autolimitada (pode ser necessária remoção do material e confecção de nova fístula)
FAV: complicações precoces - outras
INFECÇÃO:
- Mais comum em próteses
- Maioria no primeiro mês
NÃO MATURAÇÃO (TROMBOSE…)
PARESTESIAS:
- Causada por edema / hematomas (compressão nervosa), neurite isquêmica ou isquemia da mão
- Geralmente, desaparece em 4 semanas
MONONEURITE ISQUÊMICA:
- Comprometimento sensitivo e motor com mão quente
ISQUEMIA DA MÃO:
- Comprometimento sensitivo e motor com mão fria e cianótica
FAV: mononeurite isquêmica
CONCEITOS:
- Imediatamente após confecção da FAV
- Isquemia do vasa nervorum
- Geralmente em FAVs BRAQUIAIS
- Diferentemente do roubo, ocorre logo após a confecção da FAV
FR:
- Deposição de amiloide
- Compressão por cateter
- Isquemia (roubo vascular)
CLÍNICA:
- Dor intensa distal, imediatamente após confecção da FAV
- Parestesia
- Paresia / Paralisia
- MÃO QUENTE
TTO:
- LIGADURA IMEDIATA DA FAV!! (não tem TTO efetivo)
FAV: cuidados durante a diálise
GERAL:
- Exame físico adequado da FAV
- Profissional treinado
- Assepsia e antissepsia
TÉCNICAS DE CANULAÇÃO:
- Rope ladder: preferível
- Area: desaconselhada
- Buttonhole: apenas em circunstâncias especiais (segmento curto, aneurisma grande, falha em outras técnicas) - devido ao risco de infecção, evitar em PTFE
FAV: complicações da canulação
INFILTRAÇÃO:
- Gelo
- Diminuir velocidade da máquina
- Compressão local
- Avaliar punção em outro sítio ou suspensão da diálise
HEMATOMA:
- Punção antes da maturação da FAV ou em posição não-perpendicular
- TTO: avaliar individualmente (fluxo, tamanho, se está infectado…)
- Complicação: estenose da veia
FAV: estenoses - conceitos gerais
ESTENOSE:
- Complicação mais comum dos acessos AV
- Estenose clinicamente significativa: Estenose > 50% + Clínica
- Estenose venosa: hiperplasia intimal (induzida por CX, cisalhamento hemodinâmico, uremia e a própria ATP) -> Re-estenose de 60% em 6 meses
- Podem causar não maturação, falha, trombose…
- PAV: geralmente, na anastomose venosa
- FAV: justa-anastomótica; arco cefálico; swing da basílica
EXAMES:
- US: ótimo exame, mas não avalia região central
- AngioTC, Fistulografia: podem avaliar região central
PRINCÍPIOS DO TRATAMENTO:
- Venoso: geralmente Endo
- Anastomose: Endo ou aberto
- Arterial: Endo (principalmente se for proximal) ou aberto
FAV: estenose arterial
ESTENOSE ARTERIAL:
- Diversas etiologias: estenose arterial central, artéria nutridora estreita, anastomose estreita, hipotensão
- Estenose de INFLOW
CLÍNICA:
- BAIXO FLUXO PARA MÁQUINA (mal funcionamento)
- Redução do aumento de pulso com compressão do outflow (em condições normais, ocorreria aumento importante do pulso após compressão do outflow)
- Isquemia da mão / Sintomas semelhantes ao roubo
- Fístula esvazia quando levanta o membro
TTO:
- Angioplastia
- CX
FAV: estenose justa-anastomótica
ESTENOSE JUSTA-ANASTOMÓTICA:
- Até 2 cm da anastomose
- Estenose de INFLOW
- Comum em FAVs radio-cefálicas
- Multifatorial: técnica, fatores hemodinâmicos, trauma mecânico, hiperplasia da íntima
CLÍNICA:
- FÍSTULA NÃO MATURA
- BAIXO FLUXO PARA A MÁQUINA
- Trombose
- Aumento de pulso e frêmito na região da estenose
TTO:
- Angioplastia +/- Stent
- CX
FAV: estenose venosa distal
ESTENOSE VENOSA DISTAL:
- ≥ 2-5 cm da anastomose (arco cefálico, estenose central)
- Estenose de OUTFLOW
- Praticamente exclusiva das FAVs BRAQUIO-CEFÁLICAS
- Etiologia multifatorial
CLÍNICA:
- SANGRAMENTO PROLONGADO APÓS RETIRADA DO CATETER DE DIÁLISE (OBSTRUÇÃO DO OUTFLOW)
- FÍSTULA NÃO COLAPSA COM ELEVAÇÃO DO BRAÇO
- FRÊMITO APENAS SISTÓLICO (NÃO CONTÍNUO)
- FÍSTULA FICA DURA (PSEUDOANEURISMAS)
- Trombose
TTO:
- Angioplastia + Stent
- CX
FAV: estenose da prótese
PRÓTESES:
- O segmento de canulação todo (inflow e outflow) é na prótese
CLÍNICA:
- ESTENOSE DA ANASTOMOSE VENOSA: EDEMA, AUMENTO DA AMPLITUDE DE PULSO, SANGRAMENTO PERSISTENTE APÓS RETIRADA DA AGULHA
TTO:
- Angioplastia + STENT revestido