Varizes dos membros inferiores Flashcards
Varizes definição
veias superficiais permanentemente dilatadas, que perdem sua função com a insuficiência das suas válvulas, resultando em estase venosa
Sistema venoso superficial
veia safena magna / interna (começa no tornozelo e desemboca na veia femoral) e veia safena parva externa (começa atrás do maléolo medial e desemboca na poplítea)
Sistema venoso profundo:
tibiais anteriores (2 em cada perna), tibiais posteriores (2 em cada perna), fibulares (2 em cada perna), poplítea, femoral superficial, femoral profunda, femoral comum
Etiologia varizes
Varizes primárias ou essenciais: começa na puberdade, geralmente bilateral, comum em multíparas, predisposição familiar hereditária
Varizes secundárias: decorrem de algum problema no sistema venoso profundo (TVP, fístula arteriovenosa, malformações), dilatando o sistema venoso superficial para compensar a drenagem → não operar, se não prejudica ainda mais o retorno sanguíneo. Suspeitar quando é unilateral, antecedente prévio de eventos tromboembólicos
Diagnóstico varizes
- Anamnese
Identificação
Antecedentes
Queixas: varizes não doem, mas podem causar um peso nas pernas, queimação e cansaço, principalmente no final do dia (vespertina) e no período pré-menstrual, que melhora com o movimento
Perna começa a ficar escura: estase venosa → extravasamento de hemácias para o subcutâneo → degradação da hemoglobina → liberação de hemossiderina, que pigmenta a pele = dermatite ocre
Ocorre liberação de histamina, causando prurido, e a pele fica ressecada (enfisema) → paciente coça perna ressecada e forma úlcera
- Exame físico
Posição ortostática (em DDH as varizes desaparecem), examinar o membro e palpar o trajeto das veias safenas
Pode-se realizar a manobra Valsalva e fazer a palpação das veias e, na presença de varizes, pode-se sentir um frêmito
- Duplex scan / doppler venoso: mais usado na prática clínica, examinador-dependente
Veia normal = 0,4 mm
Veia 0,8 mm com refluxo = varizes
Safena dilatada, tortuosa →indicação para safenectomia
Safena só com refluxo segmentar → podemos manter a veia e fazer tratamento conservador
Técnica de exame: início na virilha e segue todo o caminho da veia safena magna e vai comprimindo para ver se há refluxo
Durante o exame, pode-se solicitar para o paciente fazer a manobra de Valsalva, de forma que aumenta a pressão nos vasos, possibilitando a avaliação de uma insuficiência das valvas, com a mudança do sentido do fluxo.
Safena fica entre duas fáscias
Podemos saber com o Doppler o diâmetro da veia por todo o trajeto da veia, além de saber se o sangue está indo só em um sentido ou se está refluindo
Venografia ou flebografia:
padrão-ouro pela literatura, mas na prática, não é utilizado devido aos riscos de choque anafilático e por ser invasivo. Não é examinador dependente, é visto nas imagens. É injetado contraste iodado em uma veia do pé e é feita a dorsi-flexão e com isso, acompanhamos com imagem o retorno venoso pela subida do contraste
Fundamental o diagnóstico diferencial de dor ortopédica
Complicações
Aguda:
Varicoflebite: trombo em veia superficial, trajeto fica avermelhado por inflamação pelo trombo. Diagnóstico diferencial de linfangite, onde a vermelhidão é causada pelo processo infeccioso. Se tiver em veias laterais, tratamos com compressa com calor local e anti-inflamatório. Se estiver na safena, tomar cuidado com o fluxo ascendente, porque o trombo pode cair na femoral (TVP).
Varicorragia: varizes começam a sangrar espontaneamente sem ter sofrido qualquer trauma na região. Colocar paciente deitado com perna levantada, fazendo curativo compressivo depois de uns 15 minutos
Linfangite: processo infeccioso que deixa vermelhidão na pele pelo trajeto do vaso.
Crônica: edema, hiperpigmentação (dermatite ocre), dermatite fibrose, eczema
Tratamento
Conservador:
Orientar a alteração dos hábitos de vida, hidratação da pele, uso de meia elástica (contenção elástica, altura da meia a depender de onde temos o trombo por exemplo), drenagem postural e exercícios de dorsiflexão dos pés
Alguns medicamentos flebostáticos que ajudam no retorno venoso, ajudam na contração das veias.
Indicações:
Varizes secundárias (tratamentos cirúrgicos podem piorar o retorno venoso)
Varizes primárias quando o paciente não tem desejo de realizar a cirurgia
Cirúrgico (mais usado atualmente)
Excelente tratamento, deixa menos marcas
No cirúrgico, fazemos a avaliação da retirada ou não da safena
Indicações: varizes exuberantes, sinais de estase venosa, flebites anteriores, incapacidade ao trabalho, problemas estéticos (mais comum)
Contra-indicações:
Temporárias: gestação, anemia, tromboflebite, celulite, alterações metabólicas.
Permanentes: varizes secundárias, idade avançada, insuficiência renal, neoplasias, insuficiência arterial, distúrbios metabólicos, vontade do doente.
Planejamento: exame físico + duplex, anestesia, técnica.
Anestesia: local em nível de consultório se veias menores (alçar com microganchos vasculares) e no hospital se a nível de safena.
Técnica: marcação com paciente em pé, anestesia (raqui ou peridural), antissepsia, posicionamento do paciente (posição de Trendelemburg - pernas elevadas para diminuir sangramento), tratamento da crossa (na união safeno-femoral, fazemos a ligadura de todos os ramos tributários, dissecamos a união), safenectomia distal, ressecção escalonada, fleboextração, sutura e enfaixamento.
Complicações: hemorragia (muito difícil), infecção (muito difícil), TVP (se paciente ficar em repouso constante → prevenir com a dorsiflexão do pé), embolia pulmonar, edema, linforréia (se não dissecar muito bem, vaso linfático e nervo pode ir junto), anestesia regional, hematoma
Tratamento esclerosante: injeção de substâncias (glicose 75%, polidocanol) que irritam o endotélio da veia e causam uma verdadeira flebite, colabando os vasos. Usado para telangiectasias, não para varizes.
Escleroterapia com espuma, quando para varizes, preferencialmente para CIAP 5 e 6 porque paciente já tem pele manchada e úlceras → não usamos sempre pois mancha a pele
Não é indicado do ponto de vista estético, pois mancha a pele. A substância também pode causar reação anafilática
Laser e radiofrequência: queimar internamente o endotélio. Não é o tratamento mais usado, pode manchar a pele (esteticamente é ruim)
Observações
Salto alto não dá varizes, prejudica retorno venoso pois limita a dorsiflexão.
Meia elástica não previne varizes.
Não existem varizes internas.
Escada não dá varizes, melhora retorno venoso (pois está circulando)
Varizes não causam dor e sim, sensação de queimação e peso ao final do dia.