Doença do sistema linfático Flashcards
Linfedema definição
aumento do volume de determinado segmento corpóreo, originado por deficiência do sistema linfático
Principal causa de linfedema
secundária de erisipela (infecção que atinge o vaso linfático)
Linfedema é uma doença cronica..
Doença crônica que leva à deformidade estética e funcional, exigindo dedicação multiprofissional
Histologia linfedema
Os capilares linfáticos são compostos por uma única camada de célula, o que permite que macromoléculas adentrem o capilar linfático (as macromoléculas não conseguem atravessar o endotélio venoso, apenas linfático).
Durante seu percurso, o vaso linfático aumenta o número das suas camadas, e recebe uma camada muscular (linfangion), formando o vaso linfático propriamente dito.
Fisiologia/fisiopatologia
A linfa é formada no interstício através das junções endoteliais. As partículas de maior tamanho ganham a corrente linfática através da contração do linfangion (contratilidade intrínseca), da contratura da musculatura da panturrilha e da própria pulsatilidade da artéria, que impulsiona a linfa contra a gravidade. Temos também o processo de fagocitose na formação da linfa. Esta linfa caminha pelo sistema linfático, ganha os linfonodos e vai cair na veia subclávia.
Partes / funções:
Parte vascular: executa o sistema de drenagem da linfa, garantindo a homeostase e o transporte da linfa.
Parte linfóide: funciona como filtro da linfa, desencadeando um importante papel imunológico.
Fisiopatologia:
Insuficiência mecânica: bloqueio do linfático → redução da capacidade de absorção → aumento de líquido e proteínas no interstício = linfedema .
Insuficiência dinâmica: aumento de proteínas → aumento da pressão coloidosmótica → aumento de líquido e proteínas no interstício = linfedema.
Diagnóstico clínico
Alterações: pele, distribuição do edema e aspecto do membro
Edema frio, indolor e duro / não depressível (embora no começo ainda seja mole).
Sinais de Stemmer: não consegue fazer a dobra da pele no 2º pododáctilo de tão duro.
Nas fases iniciais, o linfedema passa por despercebido, com um pouco de inchaço nos pés ao fim do dia e que regride com repouso. No entanto, com o passar do tempo, o paciente refere que já acorda com os MMII inchados, podendo progredir para a deformação dos membros.
Diagnóstico de exclusão → afastar causas sistêmicas (insuficiência renal, insuficiência hepática, IC, metabólicas, medicamentos), ortopédicas e vasculares (insuficiência venosa crônica - varizes, TVP aguda ou síndrome pós trombótica).
Diagnóstico diferencial
ICC, estase venosa, malformação vascular, lipedema (acúmulo de gordura da raiz da coxa ao tornozelo, poupando o pé na maioria dos casos, em geral em mulheres, bilateral, que não regride com o emagrecimento), tumor de partes moles, edema por artrite, tendinite
Avaliação do edema crônico
Exame clínico
Exames laboratoriais:
Causas sistêmicas: sangue (insuficiência hepática, renal, hipoproteinemia), urina (proteinúria)
Causas locais: Doppler (afastar insuficiência venosa), TC, linfocintilografia
Complicações
Infecção (mais comum)
Malignidade: não cicatrização de lesões, úlceras persistentes, Sd. de Stewart e Treves (nomenclatura atribuída à malignização do linfedema em MMSS após tratamento do câncer de mama)
Alterações psicológicas
Classificação etiológica
Linfedema primário: malformações embriológicas . Congênito (Doença de Milroy: primário congênito com incidência familiar).
Precoce: aparecimento súbito até 35 anos (Doença de Meigs: primário precoce com incidência familiar).
Tardio: aparecimento súbito após 35 anos.
Linfedema secundário: erisipela de repetição (mais comum), filariose, trauma, tumor, invasivo, excisão de linfonodos, radioterapia.
CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA DE MOWLEM
Grau I: reversível com a elevação do membro, depressível
Tratamento: medicações, drenagem e meia elástica. Orientamos a prática de exercícios físicos e a movimentação do membro.
Grau II: linfedema já instalado, irreversível, dorme e acorda com o edema, com ou sem fibrose (se tiver fibrose, o linfedema tem consistência dura).
Tratamento: medicações, drenagem e meia elástica, mas o linfedema duro tem pior prognóstico.
Grau III: irreversível, fibrose, com deformação (elefantíase)
Tratamento: medidas de higiene e prevenção de quadros de infecção (ATB profilático)
Exames diagnósticos
Linfocintilografia (1ª escolha): exame radioisotópico com dextran albumina ou material radioativo (Tc99). Fornece avaliação clínica e funcional. Sempre solicitar linfocintilografia bilateral.
Linfografia: exame muito usado no passado. Exige a dissecção dos vasos linfáticos e injeção de contraste para radiografias para pré-operatório de anastomose linfovenosa.
TC: afastar neoplasias, massas e tumores
RNM: afastar malformações e diferenciar lipedema e linfedema
Tratamento
Eminentemente clínico, cirúrgico é exceção
Objetivo: diminuição do edema e de complicações para uma recuperação estética e funcional
Não tem cura! Chamamos de cura se as manifestações regridem e se estabilizam por 2 anos = doença compensada
Pensamos em tratamento em graus I e II sem fibrose
Tratamento medicamentoso:
Drogas linfocinéticas: Diosmina 500 mg 3x/dia (nas fases iniciais / graus I ou II sem fibrose), 5,6-Benzopirona (menos usado, pode causar insuficiência hepática em crianças e idosos)
Antibióticos: Penicilina (tratamento de erisipela), eritromicina (alérgicos à penicilina), sulfas
Penicilina procaína 400.000 UI IM 12/12h por 14 dias, profunda na nádega, para tratar erisipela (Streptococcus beta-hemolítico do grupo A é o principal agente, mas pode ser Staphylococcus aureus em flora hospitalar)
Penicilina benzatina a cada 21 dias para evitar recorrências por um período de 6 meses para paciente com linfedema secundário a erisipela de repetição e uso contínuo para paciente com linfedema e porta de entrada até o fechamento
Antifúngicos: Cetoconazol (tratar micose interdigital)
Diuréticos: só é usado se houver HAS, pois logo depois o edema se refaz
Tratamento físico (de escolha) - Terapia física complexa: cuidados com a pele para prevenção de infecção e diminuição do edema, exercícios linfocinéticos, drenagem linfática manual ou com compressão pneumática (contenção inelástica) e contenção
Terapia física complexa - Foldi e Leduc: drenagem linfática manual seguida de enfaixamento inelástico 5x na semana nos pacientes com Grau II
1º mês = 5x/sem (fase de descongestão)
2º mês = 3x/sem
3º mês = 2x/sem
4º mês = 1x/sem
É importante vigiar cuidadosamente se o paciente possui portas de entrada, para impedir o desenvolvimento de erisipela. Por isso, as medidas de higiene e hidratação da pele são tão importantes
Para grau III, basicamente vigiamos e administramos Penicilina benzatina a cada 21 dias, além de incentivarmos a movimentação e atividade física
Cirúrgico: pode ser feito nos casos de linfedema penoescrotal e de linfedema gigante. Pode ser feita uma cirurgia de derivação (anastomose linfovenosa). Complicações: amputações e enxertos
conclusão
é uma doença crônica que leva à deformidade estética e funcional, necessitando de dedicação integral do médico, paciente e fisioterapeuta. Não tem cura, mas tem tratamento.