Oclusão arterial aguda Flashcards

1
Q

Definição de doença arterial obstrutiva aguda

A

é a oclusão súbita de uma artéria levando ao desequilíbrio do território por ela irrigado. Mais comum em MMII

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2
Q

Fatores agravantes

A

falha no diagnóstico, retardo no tratamento, tratamento inadequado, tempo (principal fator de agravo; quanto antes for feito o diagnóstico e tratamento, maiores são as chances de recuperar o membro)

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3
Q

Em caso de diagnóstico e tratamento tardio

A

lesões irreversíveis: perda do membro ou órgão, alterações funcionais importantes, morte

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4
Q

Etiopatogenia

A

embolia, trombose ou trauma → implica na diminuição súbita ou piora da perfusão tecidual, com ameaça potencial à viabilidade do membro

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5
Q

Embolia arterial

A

progressão na corrente arterial de trombos, fragmentos de placas ateromatosas, células tumorais, gases ou corpos estranhos desprendidos de um local qualquer do aparelho cardiorrespiratório, que podem ocasionar oclusão total ou parcial de uma artéria em um ponto distante da sua sede de origem

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6
Q

A principal fonte embólica é o coração

A

(câmara cardíaca esquerda), seguido pelas artérias de maior calibre proximal

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7
Q

Locais mais afetados:

A

bifurcação da artéria femoral (36%), aorta e artérias ilíacas (22%), artéria poplítea (15%), artérias MMSS (a mais acometida é a artéria braquial) (14%), artérias viscerais (7%) e outras artérias (6%)

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8
Q

Causas desencadeantes da embolização de origem cardíaca:

A

alteração súbita do ritmo, esforços físicos, início de tratamento com digitálicos (inotrópicos) e cirurgia cardíaca → podem desprender os trombos pré-existentes na câmara cardíaca

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9
Q

Classificação quanto à etiologia da embolia:

A

Cardíacas (90-95%)

Fibrilação atrial (disritmias): principal causa de formação de trombos cavitários. Possíveis causas de fibrilação atrial: lesão/estenose mitral de origem reumática, hipertireoidismo, infarto do miocárdio e miocardioesclerose
IM: ventrículo esquerdo, mesmo sem arritmias, embolia a cavaleiro da aorta (formação de grandes êmbolos que seguem até a bifurcação da aorta com as ilíacas)
Lesões orovalvulares: principalmente a valvopatia mitral por FR. Estenose mitral reumática: localização subvalvular (abaixo da valva) e AE, geralmente em indivíduos jovens com histórico de fibrilação atrial
ICC
Aneurisma ventricular
Miocardiopatias
Cardioversão
Endocardites
Material protético
Mixoma atrial
Arteriais
Aneurismas: o turbilhonamento do sangue forma trombos murais, dos quais se desprendem fragmentos causando doença arterial obstrutiva. Trombos murais de aneurisma de aorta, ilíacas, femorais e poplíteas
Aterosclerose: aorta abdominal e carótida como fontes (0,03-10%). Pequenos agregados plaquetários formam microtrombos (úlceras de placas ateroscleróticas causam microembolismos), os quais podem seguir até os MMII, causando a síndrome do dedo azul (ataque isquêmico transitório dos dedos, oclusão das artérias digitais). Se os microtrombos seguirem para o cérebro, temos ataques isquêmicos transitórios, que regridem em 24 horas; se persistir, gera o AVC completo

Arterites: formação de microêmbolos
Injeções intra-arteriais: drogas inadvertidas
Trauma: fragmentos de gordura ou ar podem penetrar no vaso causando embolia gordurosa e embolia gasosa respectivamente
Corpo estranho
Venosa
Embolia paradoxal: persistência do forame oval. Ao invés do trombo seguir para o pulmão, o trombo segue para a câmara cardíaca esquerda, seguindo para uma artéria distal

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10
Q

Trombose arterial definição

A

obstrução total ou parcial de uma artéria, por trombo formado no próprio local, a partir de alterações patológicas que envolvem hemostasia como: estenoses arteriais/alteração do fluxo/estase, lesão endotelial e estado de hipercoagulabilidade

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11
Q

Fatores desencadeantes

A

Artérias locais: degenerativas (aterosclerose), inflamatórias
Doenças sistêmicas: existe já uma lesão aterosclerótica, ocorrência de estenoses múltiplas, provocando hipofluxo, doença cardíaca, por exemplo. São situações que provocam redução do fluxo

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12
Q

Formação da lesão aterosclerótica:

A

deposição de lipídeos na camada íntima, seguida da deposição de cálcio, formando o núcleo coberto por uma capa fibrótica

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13
Q

Locais mais acometidos pela aterosclerose:

A

Aorta distal
Ilíacas
Bifurcação poplítea (mais comum em embolia)
Artéria femoral do canal dos adutores (local em que a artéria femoral passa a ser chamada de artéria poplítea) → local mais frequente de acometimento pela trombose aterosclerótica em MMII

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14
Q

Mecanismo de trombose aterosclerótica

A

Endotélio: possui mecanismos reguladores que controlam adesão, ativação plaquetária, coagulação e fibrinólise. Assim, depreendemos que todo mecanismo hemostático é dado pelo endotélio e que qualquer lesão deste apresenta capacidade de causar desequilíbrio e consequente formação de trombo.

Lesão endotelial propicia interação plaqueto-parede, podendo ser de 2 tipos possíveis:

Lesão superficial (subendotélio): ativação do fator de Von Willebrand com ativação da cascata da coagulação

Lesão profunda: exposição da camada muscular, com exposição de colágenos tipo I e III que propiciam ativação plaquetária.

A adesão plaquetária à parede endotelial leva à liberação de ADP e produtos de ácido aracdônico (endoperóxido e tromboxano A2), que são fortes ativadores da agregação plaquetária e consequente formação de trombina. Forma-se um ciclo de agregação plaquetária, formação de trombina e fibrina, formando uma massa plaquetária estável.

Acrescido do fluxo alterado pela estenose → trombo oclusivo
Origem da trombose: placa ulcerada, protusão ou rotura da placa por hemorragia subintimal (esses mecanismos de lesão resultam em desequilíbrio da interação plaqueto-parede).

Associação com fatores predisponentes: ICC, hipovolemia, choque, policitemia, traumas, infecção e doenças graves → desestabilizam a hemodinâmica podem desencadear a trombose

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15
Q

Classificação das tromboses

A

Degenerativas: aterosclerose obliterante, aneurisma, dissecção da aorta, doença arterial cística.

Displásicas: displasia fibromuscular

Inflamatórias:

Tromboangiite obliterante (mais comum): acomete indivíduos jovens (3ª e 4ª décadas de vida), do sexo masculino, tabagistas. Compromete pequenas e médias artérias de MMII. Muito mais grave
Arterite de células gigantes.

Poliarterite nodosa.

Lúpus Eritematoso Sistêmico.

Hematológicas: situações de hipercoagulabilidade em vasos, tanto arteriais quanto venosos. Decorrentes de trombofilias, poliglobulia.

Mecânicas: trauma local repetitivo, contusão arterial, procedimentos diagnósticos ou terapêuticos invasivos, compressão muscular, síndrome do desfiladeiro cérvico-torácico (compressão de artérias por costelas anômalas), esforço muscular incomum (hiperextensão do braço pode esgarçar a camada íntima arterial)

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16
Q

FISIOPATOLOGIA DA OCLUSÃO ARTERIAL AGUDA (trombose e embolia)

A

Local da oclusão / calibre da artéria: quanto maior o calibre da artéria acometida, mais grave.

Circulação colateral: quando dá tempo de sua formação, mantém a integridade dos tecidos à jusante à obstrução (acima e abaixo da obstrução).

Extensão da trombose ou trombose secundária: propagação distal e proximal, ocluindo ramos colaterais. Importância do diagnóstico precoce para impedir a formação de trombose secundária.

Trombose venosa associada: leva à alteração da íntima venosa e baixo fluxo venoso.

Condições hemodinâmicas do paciente: choque, hipotensão, ICC e arritmias, devem ser levadas em consideração para o tratamento/prognóstico.

Espasmo arterial na árvore distal e circulação contralateral: associação controversa com doença obstrutiva arterial aguda.

Resistência dos tecidos à isquemia: depende da necessidade metabólica do tecido acometido, da eficiência da circulação colateral e dos fatores humorais locais.

17
Q

Manifestações nos tecidos

A

Quanto mais nobre o tecido, menos resistente ele será à isquemia
Sistema nervoso: 1º tecido a ser acometido; resiste a < 4 horas
Musculatura esquelética: resiste de 4 a 6 horas
Pele, tecido subcutâneo, ossos e cartilagens: são os tecidos mais resistentes, resistem até 48 horas, pode ser revertido
Parede arterial: até 24 horas
Quanto mais tardio o início do tratamento, maior o acometimento da microcirculação (território arteríolo-capilar). Com a isquemia, ocorre o relaxamento esfincteriano, provocando alterações de permeabilidade, edema tecidual, diminuição de ATP e morte celular (início da gangrena, portanto, é quando acomete o território arteríolo-capilar)

18
Q

Quadro clínico

A

Síndrome dos 6 Ps da isquemia:
Pain - dor (principal manifestação, geralmente dor súbita e progressiva)
Paralysis - paralisia (por sofrimento dos nervos)
Poichylothermia - frialdade
Paresthesis - parestesia
Palor - palidez
Pulselessness - ausência de pulsos
Quadro clínico da isquemia avançada:
Flictenas: manifestações superficiais da pele
Paresia
Paralisia ou anestesia total
Musculatura rígida, dolorida e edemaciada
Palidez sem elevação do membro
Cianose fixa: não desaparece à digitopressão
Enchimento venoso e capilar retardados excessivamente
Quadro clínico da isquemia moderada:
Palidez à elevação do membro
Perda parcial da função motora e sensitiva
Tempo de enchimento venoso aumentado (< 60 segundos)
Enchimento capilar lento
Cianose não fixa
Quadro clínico da isquemia discreta:
Pequenos distúrbios de sensibilidade e motilidade (claudicação intermitente: dói quando anda, mas dor para quando descansa) → sinal patognomônico de isquemia discreta
Tempo de enchimento venoso pouco alterado (< 30 segundos)
Boa perfusão capilar
Evoluem para quadro de insuficiência arterial crônica

19
Q

Critérios de avaliação da viabilidade tecidual de Rutherford:

A

1 - Membro viável: dor de repouso, porém sem déficit neurológico ou fraqueza muscular, enchimento capilar normal, sinais de doppler arterial e venoso claramente audíveis
2 - Viabilidade ameaçada: membro salvável se a obstrução for tratada. 2 tipos:
2a - marginalmente ameaçado: dormência e pequena perda sensorial restrito aos artelhos, dor descontínua e frequentemente ausência de sinal de doppler arterial, porém venoso presente → tratamento imediato
2b - ameaça imediata: dor de repouso persistente, perda de sensibilidade além dos artelhos, algum grau de perda motora (paresia ou paralisia) e ausência de sinais de Doppler arterial e venoso → revascularizações imediatas
3 - Inviável: perda da sensibilidade, paralisia muscular acima do pé, ausência de enchimento capilar ou, eventualmente contratura muscular ou pele marmórea, sem sinais de doppler arterial e venoso → amputações maiores

20
Q

Diagnóstico

A

Clínico: sinais e sintomas locais, tempo de aparecimento dos sintomas, modo de início, fatores desencadeantes (doenças cardíacas, antecedentes pessoais e familiares, idade, sexo, HAS, tabagismo, obesidade).

Clínico topográfico: baseado na história + exame físico cuidadoso: palpação dos pulsos, temperatura cutânea (redução da temperatura distal), coloração cutânea e ultrassom-doppler
Etiológico: nem sempre fácil e/ou possível. Grande importância pois bases clínico-patológicos, história natural e tratamento cirúrgico são diferentes.

Métodos não invasivos:

USG-Doppler: útil para determinação de diagnóstico diferencial, gravidade do caso, local da oclusão, circulação colateral e TVP associada.

Mapeamento-Duplex: a combinação da imagem com a forma da onda, pode confirmar o diagnóstico da oclusão, o local e avaliar o estado das artérias e da circulação colateral, podendo substituir a arteriografia em muitos casos.

Angiorressonância magnética: usada em algumas situações como em alérgicos a contraste iodado, insuficiência renal

Métodos invasivos:
Arteriografia / angiografia (padrão-ouro): exame demorado, por isso está indicado em pacientes com extremidades viáveis (níveis 1 e 2a de Rutherford), em casos selecionados e de modo a não retardar o tratamento

21
Q

Sinais angiográficos da embolia

A

a embolia tende a ser um episódio súbito, não dá tempo de ter alterações arteriais. Por isso, normalmente encontra-se em:
Artérias com paredes lisas, regulares e calibre normal, sem formação de circulação colateral
Sinal da taça invertida ao nível da oclusão (sinal patognomônico)
Circulação colateral escassa ou ausente e localização com bifurcações arteriais

22
Q

Sinais angiográficos da trombose

A

Paredes arteriais proximais estão alteradas, com estenose, dilatações e/ou calcificações
Formação de circulação colateral
Imagem em ponta de lápis, vela invertida ou secção transversa ao nível da oclusão
Circulação colateral desenvolvida
Obs.: a arteriografia é útil nos casos de indicação de trombólise/fibrinólise

23
Q

Diagnóstico diferencial

A

TVP é a mais comum – phlegmasia cerulea dolens
Distúrbios neurológicos
Alterações hemodinâmicas, IM, choque, desidratação e embolia pulmonar
ICC + insuficiência arterial periférica crônica
Neuropatia compressiva aguda
Vasoespasmo intenso: ergotismo, ingestão de drogas (com drogas derivadas da ergotamina no tratamento das cefaleias)
Estados de hipercoagulabilidade

24
Q

Tratamento

A

Objetivo: preservação da vida e do membro do paciente. Portanto, o tratamento médico deve ser instituído mesmo antes da internação do paciente, até que o mesmo esteja em condições para uma eventual cirurgia; heparina endovenosa previne trombose secundária
Cuidados gerais:
Evitar traumas externos, como puncionar veias, instalar eletrodos de ECG
Repouso no leito em proclive
Proteger o membro contra perdas calóricas
Evitar aquecimento direto
Tratar doenças associadas e desencadeantes como ICC, arritmias, choques e IAM

25
Q

Medicamentoso

A

Sedação da dor: analgésicos e sedativos em doses adequadas
Bloqueio peridural (antes da heparinização): sedar a dor e vasodilatação efetiva
Heparinização:
Principalmente se houver retardo da cirurgia
Visa prevenir trombose secundária e TVP que pode se associar
Dose: 5.000 UI (1 ml) ou 10.000 UI (2 ml) EV em bolus
Contra-indicações: AVC recente, lesões gastrintestinais e respiratórias (potencialmente hemorrágicas), PO imediato de grandes cirurgias e neurocirurgia
Vasodilatadores: uso controverso. Altas doses por via endovenosa desde o diagnóstico até a cirurgia ou no tratamento conservadot. Usamos hoje em indivíduos claudicantes de ambulatório
Fibrinolíticos: usados para destruir os trombos / êmbolos existentes, agindo na árvore distal acometida, principalmente em casos de trombose superposta à placa aterosclerótica
Tipos: estreptoquinase, uroquinase e ativador tecidual de plasminogênio (TPA)
Indicações: depende das condições gerais do paciente, gravidade e duração da isquemia, localização da oclusão e causa da obstrução → indicado em casos bem selecionados: isquemias não avançadas, pois o gotejamento do fármaco demora de 12 a 18h; trombólise + angioplastia transluminal

26
Q

Cirúrgico

A

Revascularização cirúrgica imediata: membros com isquemia grave, com ameaça de perda do membro a curto prazo (a partir de Rutherford 2b)
Embolia arterial aguda: embolectomia com cateter de Fogarty, principalmente nos segmentos aorto-ilíacos, fêmoro-poplíteo e subclávio-axilar-umeral. Bons resultados, mesmo os tardios
Tromboses: tromboendarterectomia, derivação ou angioplastia transluminal; pequenas artérias = tratamento clínico / grandes artérias = arteriografia e cirurgia imediata
Outras cirurgias:
Fasciotomias: isolada ou associada → prevenir a síndrome compartimental
Amputação

27
Q

Pós operatório

A

Anticoagulação pós-operatória:
Longo prazo ou pelo resto da vida: fibrilação atrial ou quando a fonte não for identificada
Pós-revascularização: quando persistem as lesões de base, a longo prazo
Complicações pós-operatórias:
Associadas à idade: doenças cardíacas e cerebrais pré-existentes
IM e arritmias: mortalidade 10 a 20%
Síndrome compartimental: edema → aumento da pressão nos compartimentos musculares → liberação de substâncias vasoativas como o tromboxano A2 (forte indutor da agregação plaquetária) → isquemia irreversível dos músculos e nervos
Tratamento (o mais precoce possível: fasciotomia (lembrar dos 4 compartimentos musculares da perna: tibial anterior, fibular, gastrocnêmio ou posterior superficial, sóleo ou posterior profundo)
Síndrome de isquemia e reperfusão (síndrome metabólica mionefropática): acidose metabólica, hiperpotassemia, depressão miocárdica, insuficiência respiratória e insuficiência renal aguda
Rabdomiólise + acidose metabólica → hiperpotassemia + mioglobinúria → depósitos nos túbulos renais → insuficiência renal
Alterações laboratoriais: hiperpotassemia, aumento CPK, aumento LDH, aumento TGO, diminuição do pH (< 7,2), aumento pCO2 e diminuição pO2
Paciente geralmente vem a óbito
Cuidados em pacientes Rutherford 3

28
Q
A