Valvopatia Mitral Flashcards
O que compõe o aparelho valvar mitral?
Anel mitral (se fecha durante a sístole como se fosse um esfíncter), folhetos valvares, cordoalhas tendíneas e músculo papilar.
Como está a pressão no AE em relação à do VE quando a área valvar mitral está normal?
Não há resistência ao fluxo sanguíneo, portanto não há um grandiente de pressão diastólico entre o AE e o VE.
Defina estenose valvar mitral.
É uma restrição na abertura da valva mitral que promove diminuição da área valvar mitral e consequentemente uma resistência ao fluxo sanguíneo do AE para o VE, criando-se um grandiente de pressão transvalvar.
Como medir a gravidade da estenose mitral?
É medido pela área valvar mitral.
Como é o nome dessa diferença de pressão entre o AE e VE?
Gradiente de pressão transvalvar.
Qual a fisiopatogenia da congestão pulmonar por estenose mitral?
O aumento de pressão do AE durante a diástole dificulta o retorno venoso das veias pulmonares para o AE, fazendo com que o sangue se acumule nas vênulas e capilares pulmonares, dando origem à congestão pulmonar.
Como a congestão pulmonar se relaciona com os sintomas?
Na estenose mitral, há um aumento insidioso da pressão capilar pulmonar, sendo que a congestão é muito bem suportada pelo paciente.
A congestão pulmonar “pesa” o pulmão, aumentando o esforço respiratório (dispneia) e prejudica as trocas gasosas (fase mais avançada da congestão pulmonar).
O que determina o gradiente de pressão transvalvar na estenose mitral?
O DC e a FC.
Como o DC aumenta o gradiente de pressão transvalvar na estenose mitral?
O DC aumenta o retorno venoso para o coração, aumentando o sangue no AE e, consequentemente, a pressão nele, piorando a congestão pulmonar. Além disso, o aumento no DC aumenta o fluxo de sangue transvalvar, aumentando o grandiente de pressão. Gradiente = Fluxo x Resistência.
Como a FC aumenta o gradiente de pressão transvalvar na estenose mitral? Comente sobre a FA.
O aumento da FC diminui o tempo de diástole, havendo menor enchimento do VE e maior acúmulo de sangue no AE, piorando a congestão pulmonar.
Na FA aguda com alta resposta ventricular, pode haver descompensação da congestão pulmonar, podendo ocorrer até mesmo edema agudo de pulmão.
Por que a estenose mitral é a valvopatia menos tolerada na gestação?
Pois a gestação é uma situação em que há um aumento constante do DC, piorando o grau de congestão pulmonar, o que é menos tolerado pela gestante.
Como ocorre o desenvolvimento da Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP)?
A pressão elevada cronicamente no leito capilar pulmonar (congestão pulmonar) é transmitido retrogradamente para o leito arterial, havendo uma HAP passiva inicialmente. Além disso, há uma vasoconstrição das arteríolas e pequenas artérias pulmonares que ocorre com o passar dos anos de um pulmão congesto. Ocorre, portanto, uma hipertrofia por fibrodegeneração desses vasos com obliteração crônica deles, aumentando a pressão pulmonar HAP reativa.
Como ocorre o desenvolvimento de ICD?
Essa HAP exige um maior trabalho do VD para manter o DC, o que, à partir de uma pressão arterial pulmonar, não consegue mais ser atingido e o desenvolve-se as alterações da ICD.
Como se manifesta o quadro de estenose mitral após o desenvolvimento de ICD?
A congestão pulmonar se associa a congestão sistêmica e baixo DC.
Qual a principal causa de estenose mitral?
95% é por cardiopatia reumática crônica.
Qual a principal lesão reumática da mitral no Brasil?
É uma dupla disfunção mitral não balanceada, ou seja, existem graus variados de estenose e insuficiência mitral concomitantemente. Isso ocorre pois na cardite reumática, há insuficiência, e após várias recorrências de cardite reumática, há aparecimento de estenose também.
Como é o aspecto anatômico da valva mitral quando está cronicamente acometida por doença reumática crônica e quais são essas alterações que dão esse aspecto?
Aspecto em “boca de peixe”, pois há uma degeneração fibrótica e depois com calcificação dos folhetos, havendo redução de mobilidade e fusão das comissuras dos folhetos valvares.
Quais outras causas possíveis de estenose mitral e qual sua frequência?
São raríssimas: endocardite infecciosa, congênita.
Algumas alterações da valva mitral podem simular uma estenose mitral: mixoma atrial esquerdo, trombo atrial esquerdo pedunculado).
Qual o QC da estenose mitral?
Dispneia aos esforços (principal - sintoma cardinal da congestão pulmonar), síndrome do baixo débito (fadiga, cansaço e lipotímia por esforços - fase mais avançada).
Sintomas mais atípicos: tosse com hemoptise (ruptura de capilares pulmonares ou pequenas veias brônquicas pela ingurgitação e hipertensão desses vasos) + emagrecimento, dor torácica (as vezes de caráter anginoso por distensão da tronco pulmonar), rouquidão (AE dilatado comprime n. laríngeo recorrente - Sd de Ortner) e disfagia (compressão esofágica).
Como é o EF na estenose mitral?
Tríade clássica em foco mitral: estalido de abertura (protodiastólico - quando mais perto de B2, pior o grau de estenose), ruflar diastólico e hiperfonese de B1 (com a progressão da dç, torna-se hipofonética). Pode haver hiperfonese de P2 (primeiro sinal de HAP) até ocorrer ausência do desdobramento fisiológico de B2, havendo uma B2 hiperfonética.
Caracterize o sopro de estenose mitral.
É o ruflar diastólico: baixa frequência (mais audível com a campânula) e melhor audível em foco mitral. Intensidade aumenta com decúbito lateral esquerdo. Quanto maior a DURAÇÃO, maior o grau de estenose. Pode irradiar para axila e diminui com inspiração e Valsalva.
Quais sopros parecem o de estenose mitral e como diferenciar deles?
Carey-Coombs (febre reumática), insuf mitral grave (hiperfluxo pela mitral) e insuf aórtica grave (sopro de Austin-Flint). A diferenciação é que o sopro da EM há hiperfonese de B1 e estalido de abertura.
Existem bulhas acessórias na EM?
Pelo VE não, pois não há comprometimento dele, mas caso haja ICD, pode haver B3 e B4 de VD.
O que é a EM silenciosa?
É quando o ruflar diastólico não é audível pois o paciente: é idoso, DPOCítico, obeso, aumento do diâmetro AP do tórax ou em estado de baixo DC. Devo suspeitar por outros achados.
Quais as complicações da EM? Qual a frequência de cada uma na EM?
FA (até 50%, seja na forma crônica permanente ou paroxística intermitente), Tromboembolismo sistêmico (até 20% - AVE isquêmico é o mais comum) e endocardite infecciosa.