Parasitologia II - Esquistossomose Flashcards
Sobre a Esquistossomose: Qual o agente etiológico da doença? Quais as características dele?
Pertence à classe Trematoda.
Esse verme possui dimorfismo sexual, isto é, os vermes apresentam-se de formas diferentes de acordo com o sexo.
Trata-se de um parasita de vasos sanguíneos de mamíferos e aves. Ele causa uma doença popularmente conhecida como “barriga d’água”.
O molusco presente no ciclo é o Biomphalaria.
Sobre a Esquistossomose: Quais são suas formas evolutivas e onde eles se encontram?
Macho (larva adulta).
Fêmea (larva adulta)
Ovo
- O ovo maduro possui um miracídio em seu interior.
Miracídio
- Penetra no molusco;
Cercária
- Penetra na pele;
Sobre a Esquistossomose: Qual é o habitat dos vermes adultos?
Habitat: os vermes adultos vivem no sistema porta. Ao chegar no fígado, ocorre um ganho de biomassa até que ocorra a maturidade sexual, quando migram para os ramos terminais da veia mesentérica inferior e inicia-se a postura dos ovos, no caso das fêmeas.
Sobre a Esquistossomose: Como é o ciclo biológico do patógeno?
Parasita alcança idade adulta nos vasos, onde ocorre a deposição de ovos pelas fêmeas nas veias mesentéricas. Os ovos amadurecem (miracídio) e chegam a luz intestinal. Os ovos são eliminados nas fezes e, ao atingirem alguma região com água e fatores climáticos favoráveis, liberam o miracídio.
O miracídio encontra o caramujo (algumas substâncias produzidas por ele auxiliam nessa aproximação) e adentra por meio da ativação da glândula de penetração (descarga enzimática) e movimentação ativa. Ao penetrar, perde estruturas e se transforma no esporocisto (estrutura com células germinativas). As células germinativas dão origem a cercária, que saem do organismo dos esporocistos-filhos, migram pelo sistema venoso do caramujo, saem do caramujo por regiões do epitélio e buscam um novo hospedeiro a partir do nado ativo e penetração ativa. A cercária penetra ativamente na pele pelo região pilosa com auxílio da ventosa e mucoproteínas.
Ao adentrar no humano, a cercária forma os esquistossômulos, que migram para o espaço subcutâneo até atingirem o vaso, onde fazem migração até os pulmões e depois vão para o fígado. Como? Podem perfurar o parênquima pulmonar, passando pela pleura, diafragma, cavidade peritoneal e indo para o fígado OU por meio da grande circulação, chegando ao sistema intra-hepático.
No fígado, os esquistossômulos vão se desenvolver em adultos. As fêmeas, após acasalarem, fazem ovoposição na veia mesentérica.
Sobre a Esquistossomose: Qual a principal forma evolutiva causadora de adversidades para o hospedeiro?
São os ovos. Por que?
As lesões hepatoesplênicas advém da hipersensibilidade do hospedeiro aos antígenos secretados pelos ovos. Essa hipersensibilidade decresce com a evolução da infecção e os granulomas tornam-se menores na fase crônica. Nos indivíduos imunossuprimidos, uma vez que não há formação granulomatosa, ocorre uma extensa região de necrose coliquativa.
Especificamente na fase toxêmica, o perfil Th2 já está acentuado;
Na fase aguda, de modo geral, há predomínio do perfil Th1. Enquanto, na fase crônica, há predomínio do perfil Th2 acentuado;
Sobre a Esquistossomose: Quais fatores auxiliam que ocorra a passagem dos ovos da veia mesentérica para a luz intestinal?
Fatores que possibilitam a passagem dos ovos para a luz:
Reação inflamatória promovida pelos ovos;
em indivíduos imunossuprimidos o número de ovos na luz intestinal aumenta;
Pressão exercida pelos ovos;
Enzimas proteolíticas produzidas pelo miracídio;
Parede do vaso mais fina e permeável devido ao número de ovos postos;
Perfuração da parede venular.
Sobre a Esquistossomose: Como ocorre a transmissão da doença?
A partir da penetração ativa na pele pelas cercárias.
Sobre a Esquistossomose: Quais são as apresentações clínicas e os sintomas da fase aguda?
Pode ser aguda ou crônica. Na aguda temos:
A aguda se divide em pré-postural (antes da fêmea colocar ovos) ou pós-postural (depois que ela os coloca).
Pré-postural: dermatite cercariana.
Sintomas: Sensação de comichão; Erupção urticariforme; Eritema; Edema; Pápulas; Dor.
Essa manifestação clínica tende a durar de 24 a 72 horas, entretanto, pode se estender por até 15 dias.
Pós-postural
Pode ser uma manifestação clínica leve ou uma manifestação toxêmica, chamada de Febre de Katayama. Aqui ocorre a deposição miliar dos ovos no intestino (principal causador das lesões), promovendo a enterocolite, ou no fígado e outros órgãos, provocando formação granulomatosa que, por sua vez, caracteriza a fase toxêmica. Ela pode apresentar os seguintes sintomas:
- Linfadenopatia;
- Mal-estar;
- Febre;
- Hiporexia;
- Tosse seca;
- Sudorese;
- Dor muscular;
- Dor na região do fígado ou intestino;
- Diarréia;
- Cefaléia;
- Prostração;
- Hepatomegalia e esplenomegalia dolorosas;
- Taquicardia;
- Hipotensão arterial;
- Eosinofilia;
Aumento das globulinas e alterações discretas nas funções hepáticas (transaminases);
A fase toxêmica pode ser fatal. Entretanto, a fase aguda apresenta manifestações menos intensas e evolui para a fase crônica com o passar do tempo.
Especificamente na fase toxêmica, o perfil Th2 já está acentuado;
Na fase aguda, de modo geral, há predomínio do perfil Th1. Enquanto, na fase crônica, há predomínio do perfil Th2 acentuado;
Sobre a Esquistossomose: Quais são as apresentações clínicas e os sintomas da fase crônica?
Pode ser de quatro formas:
Forma Hepatointestinal:
Possui sintomatologia variável, entretanto, diante das possibilidades, destacam-se:
- Sensação de plenitude;
- Flatulência;
- Dor epigástrica;
- Hiporexia (redução do apetite);
- Diarréia intercalada com momentos de constipação;
- Disenteria;
- Cefaléia;
- Apatia;
- Hepatomegalia; Sem alterações nas provas de função hepática. Sem esplenomegalia.
Forma Hepatoesplênica Compensada
Hepatoesplenomegalia;
- Sem sinais ou sintomas de insuficiência hepática;
- Hemorragia digestiva alta;
- Hipoevolutismo nos jovens;
- Hipergamaglobulinemia (IgG aumentada);
- Anemia, leucopenia, trombocitopenia;
- Circulação colateral anormal intra-hepática e anastomoses.
- Plexo hemorroidário, umbigo, região inguinal e esôfago.
Forma Hepatoesplênica Descompensada
**Redução do estado funcional do fígado;
- Ascite: barriga d’água;
- ** Icterícia;
- Aranhas vasculares;
- Coma;
- Fígado menor que na forma compensada;
- Comum a ocorrência de hemorragias digestivas altas;
- Tende a estar associada com a hepatite viral e o alcoolismo.
Mielorradiculopatia Esquistossomótica
Decorre da presença dos ovos no SNC. Tende a possuir os seguintes sintomas: Dor lombar ou em MMII;
- Fraqueza nos MMII;
- Anestesia ou hipoestesia nos MMII;
- Parestesia de MMII;
- Disfunção vesical;
- Disfunção intestinal;
- Distúrbio erétil.
Sobre a Esquistossomose: Como é a imunopatogênese da doença?
A esquistossomose é uma doença relacionada à resposta inflamatória granulomatosa que ocorre ao redor dos ovos do parasito. Quando o ovo está maduro, ocorre a secreção de antígenos a partir do envelope de Von Lichtenberg. Esses antígenos disseminam-se na circunvizinhança e induzem a resposta imunológica humoral e celular.
Durante a fase aguda da doença, a reação granulomatosa é exacerbada e de volume considerável. Na fase crônica, por sua vez, o granuloma possui menores dimensões. A formação granulomatosa é benéfica ao hospedeiro uma vez que as enzimas liberadas pelos ovos possuem ação proteolítica. Atualmente compreende-se que a produção de IL-10 promove a passagem do granuloma típico da fase aguda para o apresentado na fase crônica. Entretanto, os indivíduos com a forma hepatoesplênica (grave) não teriam essa capacidade de imunomodulação.
Sobre a Esquistossomose: como pode ser feito o diagnóstico?
EPF:
Método Uso de Kato-Katz: estimativa de carga parasitária;
Sedimentação espontânea;
Pesquisa de antígenos circulante: Reação em cadeia de polimerase para identificar o DNA de ovos, tegumento ou material de regurgitação.
Biópsia retal: nesse caso, podemos observar um granuloma eosinofílico que decorre da resposta imune a presença do ovo do parasito no centro do granuloma, envolvendo recrutamento de macrófagos e eosinófilos, incluindo linfócitos, plasmócitos e fibroblasto (formação granulomatosa).
Sobre a Esquistossomose: Como é feito o tratamento dessa doença?
Ivermectina, Albendazol, Praziquantel, Metilprednisolona, prednisona;
Prevenção: Tratamento Específico, Descarte Adequado das Fezes Controle dos Caramujos:
- Alteração ambiental: dessecação, aterro, retificação de cursos d’água, eliminação de micro-habitats, canalização etc;
- Controle Biológico: predadores ou competidores;
- Controle Químico: niclosamida, pentaclorofenato, de sódio ou cobre, ou tritilmorfolina.